AFINAL, O QUE É SITUAÇÃO DIDÁTICA? O planejamento consiste em sistematizar o trabalho docente na intenção de ajudar o aluno a desenvolver competências e habilidades que deem significação para efetivação do seu processo de aprendizagem. Numa visão de crescimento pedagógico, a orientação para emprego do termo situação didática nos planejamentos de aulas dos professores, torna-se um ganho, porque tem a premissa de garantir uma efetiva participação dos alunos durante as aulas ministradas pelos professores. A situação didática é formada por atividades que podem ser definidas como sendo os meios usados pelo professor a fim de que o aluno vivencie as experiências necessárias ao desenvolvimento de competências e habilidades fazendo com que a aprendizagem seja significativa. Valoriza a investigação, a integração, a cooperação e incentiva a ação do aluno. É o estímulo à cooperação entre o grupo (alunos e professor) e busca o desenvolvimento de habilidades como características básicas do processo de aprendizagem. A situação didática deve ser planejada pelo professor, de forma a tratar cada conteúdo de maneira específica e singular, oportunizando ao aluno o desenvolvimento da autonomia para que empregue seus próprios mecanismos na construção e reconstrução do seu conhecimento e arquitetar formas para a resolução e formulação criativa de problemas. Criar uma situação didática é programar situações e circunstâncias em que o estudante realmente construa seu conhecimento. A finalidade, portanto, é possibilitar ao aluno a construção de seu conhecimento por meio da articulação de diversas teorias didáticas, como a noção de objetivo-obstáculo a ser desvelada. Apesar de a situação didática ser pensada para que o aluno construa o saber, cabe ao professor planejar os dispositivos didáticos que propiciem a evolução intelectual dos alunos.
Entende-se aqui que na ação pedagógica, professores e alunos devem agir reciprocamente quanto ao conteúdo trabalhado numa situação didática onde os alunos encaram a realidade, relacionando o teórico com o prático. Na abordagem do tema, na situação-problema onde todos participam do processo abertamente, havendo, assim, um trabalho sócio-interativo e crítico. Para isso, defendemos uma ação didática baseada na relação teoriaprática, enfocando fundamentalmente a questão da transposição didática em situação autêntica de sala de aula. Sendo assim, a situação didática é uma ação educativa concreta, que por sua vez é entendida como uma didática escolar dialética, cuja ação políticopedagógica é sempre circunstancial-contextual. Para que ocorra uma situação didática é necessário seguir a tríade: professor, aluno e conhecimento. Neste sentido a ação educativa estará centrada em atividades práticas num processo de sistematização centrado na açãoreflexão-ação. A partir desta tríade, ao planejar sua ação o professor deve atentar para: Qual o questionamento que o aluno fará para desenvolver suas habilidades e competências? Quais procedimentos ele tomará para assimilá-lo? Que ação ele realizará, sob o foco da situação didática, para concretizar sua aprendizagem? No intuito de contribuir com a elaboração da situação didática em cada planejamento, os apontamentos, a seguir, formam um campo amplo de reflexão para o professor, por isso a contemplação destas situações no plano de conteúdo que será trabalhado a partir do 1º semestre de 2009, formatado no planejamento de 2009, torna-se a ação urgente de cada professor. Por isso, serve como primeiro passo para que os professores, segundo suas disciplinas, tenham condições de formular a situação didática a que os alunos se submeterão para atingir a efetiva aprendizagem. As situações didáticas destinam-se a atender três premissas básicas dos componentes curriculares, que são: práticas de linguagem oral; práticas de leitura e práticas de produção de texto.
1. Práticas de linguagem oral. Para que as expectativas de aprendizagem dos alunos em relação às práticas de linguagem oral (competência concernente a todas as disciplinas) possam ser concretizadas, é necessário que se planejem e organizem situações didáticas, tais como: Rodas de conversa em que os alunos possam escutar e narrar fatos conhecidos ou relatar experiências e acontecimentos do cotidiano. Nessas situações, é necessário garantir que os alunos possam expressar sensações, sentimentos e necessidades; Saraus literários para que os alunos possam narrar ou recontar histórias, declamar poesias, parlendas e trava-línguas; Apresentações em que os alunos possam expor oralmente um tema, usando suportes escritos, tais como roteiro para apoiar sua fala, cartazes, transparências ou slides; Participação em debates, palestras e seminários; Conversas em torno de textos que ajudem os alunos a compreender e distinguir características da linguagem oral e da linguagem escrita. 2. Práticas de leitura. Para que as expectativas de aprendizagem dos alunos em relação às práticas de leitura (em todas as áreas) possam ser concretizadas, é necessário que se planejem e organizem situações didáticas, tais como: Leitura diária para os alunos de contos, lendas, mitos e livros de história em capítulos de forma a repertoriá-los ao mesmo tempo em que se familiarizam com a linguagem que se usa para escrever, condição para que possam produzir seus próprios textos; Rodas de leitores em que os alunos possam compartilhar opiniões sobre os livros e textos lidos (favoráveis ou desfavoráveis) e indicá-los (ou não) aos colegas; Leitura pelos alunos de diferentes gêneros textuais (em todas as séries do Ciclo) para dotá-los de um conhecimento procedimental sobre a
forma e o modo de funcionamento de parte da variedade de gêneros que existem fora da escola, isto é, para conhecerem sua forma e saberem quando e como usá-los; Momentos em que os alunos tenham que ler histórias para os colegas ou para outras classes para que melhorem seu desempenho neste tipo de leitura e possam compreender a importância e a necessidade de se preparar previamente para ler em voz alta; Atividades em que os alunos consultem fontes em diferentes suportes (jornal, revista, enciclopédia, internet, etc.) para aprender a buscar informações; Atividades de leitura com diferentes propósitos (para se divertir, se informar sobre um assunto, localizar uma informação específica, realizar algo), propiciando que os alunos aprendam os procedimentos adequados aos propósitos e gêneros; Atividades em que os alunos, após a leitura de um texto, comuniquem aos colegas o que compreenderam, compartilhem pontos de vista sobre o texto que leram e sobre o assunto e façam relação com outros textos lidos; Leitura de textos, com o propósito de ler para estudar, em que os alunos aprendam procedimentos como reler para estabelecer relações entre o que está lendo e o que já foi lido, para resolver uma suposta contradição ou mesmo para estabelecer a relação entre diferentes informações veiculadas pelo texto, utilizando para isto anotações, grifos, pequenos resumos etc. 3. Prática de produção de texto. Para que as expectativas de aprendizagem dos alunos em relação à Prática de produção de texto (em todas as áreas) possam ser concretizadas, é necessário que se planejem e organizem situações didáticas, tais como:
Atividades em que os diferentes gêneros sejam apresentados aos alunos através da leitura pelo professor, tornando-os familiares, de modo a reconhecer as suas diferentes funções e organizações discursivas; Atividades em que o professor assuma a posição de escriba para que os alunos produzam um texto oralmente com destino escrito, levando-os a verificar a adequação do escrito do ponto de vista discursivo, relendo em voz alta e levantando os problemas textuais; Atividades de escrita ou reescrita em duplas em que o professor orienta os papéis de cada um: quem dita, quem escreve e quem revisa, alternadamente; Atividades de produção de textos definindo o leitor, o propósito e o gênero de acordo com a situação comunicativa; Atividades de revisão de textos em que os alunos são chamados a analisar a produção do ponto de vista da ortografia das palavras; Atividades em que os alunos são convidados a analisar textos bem escritos de autores consagrados, com a orientação do professor, destacando aspectos interessantes no que se refere à escolha de palavras, recursos de substituição, de concordância e pontuação e marcas que identificam estilos, reconhecendo as qualidades estéticas do texto; Atividades em que os alunos revisem textos (próprios ou de outros), coletivamente ou em pequenos grupos, buscando identificar problemas discursivos (coerência, coesão, pontuação e repetições) a ser resolvidos, assumindo o ponto de vista do leitor; Atividades para ensinar procedimentos de produção de textos (planejar, redigir rascunhos, reler, revisar e cuidar da apresentação); Projetos didáticos ou seqüências didáticas em que os alunos produzam textos com propósitos sociais e tenham que revisar distintas versões até considerarem o texto bem-escrito, cuidando da apresentação final. Ante ao desafio do trabalho pedagógico, a intenção das sugestões aqui contidas é a de colaborar com cada professor no planejamento de suas aulas, bem como na sua execução, sobretudo no desenvolvimento das competências e
habilidades dos alunos como resultado de suas participações nos conteúdos ministrados pelos professores. 4. Sugestões bibliográficas. ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Transposição didática: por onde começar? São Paulo: Editora Cortez, 2007. FAINGUELERNT, Estela Kaufman. Educação Matemática: representação e construção em geometria. Porto Alegre: ARTMED, 1999. MACHADO, Nilson José. A relação do professor e aluno é vista de forma diferente na psicopedagogia, quando se fala em ensinante e aprendente. Disponível http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrid=736. em 14/01/2009. em: Acesso Tudo o que sei, é que nada sei. (Sócrates) Contato: Assessores de Currículo: 3411-5023 Formadores do Gestar: 3411-5009