DANO MORAL PRÁTICA ABUSIVA DE SUSPENSÃO E DESCONTO SALARIAL SEM A COMPROVAÇÃO DA CULPA



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Transcrição:

Acórdão 5ª Turma DANO MORAL PRÁTICA ABUSIVA DE SUSPENSÃO E DESCONTO SALARIAL SEM A COMPROVAÇÃO DA CULPA A Ré não reconheceu que a autora tenha furtado o dinheiro, porque não conseguiu comprovar, mas por suposta negligência em seu serviço puniu-a com suspensão e aplicou desconto salarial. Tratam-se de sucessivos atos arbitrários da Ré. Embora não tenha havido uma acusação formal de que a autora furtou, restou claro que a autora foi punida injustamente, o que sem dúvida lhe causou dano moral. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de RECURSO ORDINÁRIO, interposto da sentença de fls. 489/490, proferida pelo M.M. Juízo da 3ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, na pessoa do Juiz ALVARO LUIZ CARVALHO MOREIRA, em que figuram como recorrente ÉRICA APARECIDA SOARES DE CARVALHO e com recorrido BRINK'S SEGURANÇA E TRANSPORTE DE VALORES LTDA. Inconformada com a sentença que julgou improcedentes os pedidos formulados na inicial recorre ordinariamente a reclamante pelas razões de fls. 492/498 sustentando sua reforma quanto a gratuidade de justiça, reintegração, horas extras, descontos indevidos, dano moral e honorários advocatícios. Contrarrazões da reclamada às fls. 502/527. 20418 1

Sem Parecer do douto Ministério Público do Trabalho, por não se vislumbrar qualquer das hipóteses previstas no anexo ao Ofício PRT/1ª Reg. Nº 27/08-GAB, de 15.01.2008. CONHECIMENTO É o relatório. recurso. Presentes os pressupostos recursais, conheço o NÃO CONHECIMENTO GRATUIDADE DE JUSTIÇA 500. O pleito encontra-se prejudicado, eis que deferido à fl. Não conheço. DA REINTEGRAÇÃO A reclamante afirma que quando foi dispensada estava em tratamento médico decorrente de agravamento de doença profissional por esforço repetitivo, além de ser portadora de síndrome depressiva ansiosa. Diz que se encontrava inapta para o exercício de suas funções quando de sua dispensa, em razão de atestados médicos acostados com a inicial, estando, inclusive com indicação de procedimento cirúrgico. Argumenta que em momento algum renunciou, quer tácita ou expressamente, à sua estabilidade e que a questão não pode ser suprimida de apreciação pelo judiciário, conforme artigo 5º, XXXV da Constituição Federal. Examina-se. Não há nos autos notícia de que a reclamante estivesse em gozo de qualquer benefício previdenciário ou gozasse de estabilidade. Os únicos documentos que recomendam o seu afastamento encontram-se às fls. 23 e 24. Tratam-se de atestados firmados por médico de rede particular, 20418 2

informando a necessidade de afastamento até o dia 15/1/2011. A reclamante foi dispensada sem justo motivo no dia 17/1/2011, considerada apta, conforme exame demissional de fl. 79, juntado pela própria reclamante, o que, ressalte-se, contrariou sua tese inicial de não realização do exame pela reclamada. A autora não goza de qualquer estabilidade, não havendo falar em renúncia tácita ou expressa. Não houve violação ao dispositivo constitucional invocado. Nego provimento. DAS HORAS EXTRAS Não se conforma a reclamante com a sentença que julgou improcedente o pedido de horas extras. Reitera que o horário de trabalho extrapolava a jornada prevista na Constituição Federal. Diz que embora tenha reconhecido em depoimento pessoal a idoneidade dos cartões de ponto, do seu cotejo com os recibos de pagamento, verifica-se que somente parte das horas extras eram pagas, sendo que aproximadamente 30% delas foram computadas no sistema de banco de horas, conforme rodapé dos controles de fls. 229/252. Argumenta que embora a norma coletiva que rege a categoria determine que o pagamento das horas suplementares não compensadas no prazo de 2 meses a reclamada não as adimpliu. Requer a reforma da sentença para vê-las pagas, com os reflexos requeridos. Não há razão para reforma da sentença. Com efeito à fl. 482 foi deferido às partes prazo para manifestação sobre os documentos acostados aos autos, todavia a reclamante silenciou a respeito, esperando que o juízo fizesse a busca por eventuais diferenças. Ocorre que o nobre magistrado verificou que o trabalho extraordinário desenvolvido foi corretamente quitado. Mantenho a sentença. Nego provimento. 20418 3

DO PEDIDO DE DEVOLUÇÃO DE DESCONTOS A reclamante, que laborava na função de conferente de numerário na reclamada, afirmou na emenda substitutiva à inicial de fls. 149/159 que sofreu 3 descontos. O primeiro, no dia 16/4/2009, no valor de R$200,00 (duzentos reais), o segundo no dia 21/5/2009, de R$100,00 (cem reais) e no TRCT, no importe de R$600,00 (seiscentos reais). Disse que todos foram efetuados para ressarcimento de divergência de numerário em malotes, não obstante as suspensões aplicadas. Nega que tenha praticado qualquer desvio. Em sua defesa a reclamada alegou que todos os descontos efetuados nos recibos salariais e no TRCT foram feitos de acordo com o disposto no artigo 462 da CLT, com base no contrato de trabalho firmado e com a autorização expressa da reclamante. Argumentou que a obreira descumpriu normas procedimentais da empresa e que desde o seu ingresso em seu quadro sabia que deveria cumprir uma séria de procedimentos de segurança, justamente para evitar o desaparecimento de quantias e o consequente desconto em seus recibos salariais. Ressalta que todas as punições aplicadas à reclamante, bem como os descontos efetuados foram justos e em consonância com a legislação vigente. Analisa-se. É incontroverso os descontos no salário da autora em razão do desaparecimento de valores. Considerando que a autora negou qualquer culpa ou que tenha causado dano à Ré, competia a esta comprovar a culpabilidade daquela. Não consta qualquer prova a respeito, sendo que a própria Ré afirma que o inquérito não foi conclusivo (fl.187). O art. 462 da CLT permite o desconto salarial desde que o empregado seja culpado pelo dano. A cláusula contratual de desconto é aplicada desde que o empregador tenha comprovado o dano causado pelo empregado. No caso, não constam nem que a autora tenha reconhecido a culpa e nem prova contra ela. Dessa 20418 4

forma, se caracteriza ilegal o desconto. Dou provimento ao recurso para julgar procedente o pedido de devolução dos valores descontados do salário da reclamante, no montante de R$900,00, conforme item 8 da peça de emenda de fl.158. DO DANO MORAL A reclamante alegou que durante todo o pacto laboral foi vítima de constrangimentos causados pela conduta da ré de imputar-lhe a responsabilidade pelo pagamento de supostas diferenças de malotes. Disse que também passou pelo constrangimento de ser acusada pelo desaparecimento da quantia de R$7.188,00 (sete mil, cento e oitenta e oito reais), participando inclusive de inquérito administrativo. Requereu indenização por danos morais em razão das suspensões que lhe foram aplicadas, da acusação pelo sumiço dos valores que lhe foram descontados indevidamente, e pela acusação de desvio ou conivência com outro empregado pelo desparecimento de R$7.188,00, sob o fundamento de que seu nome e honra foram feridos perante os demais funcionários. Vê-se, com clareza, a atuação dúbia e abusiva do empregador. Ao mesmo tempo que afirma que seu inquérito não foi conclusivo, afirma que puniu todos os envolvidos (fl. 187): Infelizmente o inquérito não foi conclusivo, uma vez que não conseguiu encontrar o responsável pelo desaparecimento. A conclusão foi no sentido de punir individualmente cada empregado pela negligência e desatenção com os procedimentos de segurança da reclamada, que são conhecidos por todos. Ou seja, a Ré não reconheceu que a autora tenha furtado o dinheiro, porque não conseguiu comprovar, mas por 20418 5

suposta negligência em seu serviço puniu-a com suspensão e aplicou desconto salarial. Trata-se de sucessivos atos arbitrários da Ré. Embora não tenha havido uma acusação formal de que a autora furtou, restou claro que a autora foi punida injustamente, o que sem dúvida lhe causou dano moral. Dou provimento em parte ao apelo e ao pedido inicial para condenar a Ré a pagar à autora a quantia de R$30.000,00 (trinta mil reais) na data a publicação deste acórdão, a título de indenização por dano moral, mais correção monetária e juros de 1% ao mês a contar de então. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Devidos, pois preenchidos os requisitos da Súmula Nº 219/TST, conforme fls. 15 e 16. Dou provimento para deferir 15% de verba honorária a favor do Sindicato assistente. CONCLUSÃO PELO EXPOSTO, CONHEÇO o apelo e DOU-LHE PROVIMENTO PARCIAL para julgar procedente o pedido de devolução dos valores descontados do salário da reclamante, no montante de R$900,00, conforme item 8 da peça de emenda de fl.158, condenar a Ré a pagar à autora a quantia de R$30.000,00 (trinta mil reais) na data a publicação deste acórdão, a título de indenização por dano moral, mais correção monetária e juros de 1% ao mês a contar de então, além de honorários advocatícios ao sindicato a base de 15% do valor da condenação. Inverto o ônus da sucumbência. Fixo o valor da causa em R$35.000,00 e custas pela Ré de R$700,00. 20418 6

ACORDAM os Desembargadores que compõem a 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região,por unanimidade, CONHECER o apelo e DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL para julgar procedente o pedido de devolução dos valores descontados do salário da reclamante, no montante de R$900,00, conforme item 8 da peça de emenda de fl.158, condenar a Ré a pagar à autora a quantia de R$30.000,00 (trinta mil reais) na data a publicação deste acórdão, a título de indenização por dano moral, mais correção monetária e juros de 1% ao mês a contar de então, além de honorários advocatícios ao sindicato a base de 15% do valor da condenação; inverter o ônus da sucumbência; fixar o valor da causa em R$35.000,00 e custas pela Ré de R$700,00. Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2011. JUIZ IVAN DA COSTA ALEMÃO FERREIRA Relator 20418 7