A C Ó R D Ã O. Desembargador SÉRGIO BITTENCOURT Relator P.J. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS APR 2004.05.1.



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Transcrição:

Órgão : Primeira Turma Criminal Classe : APR Apelação Criminal Num. Processo : 2004.05.1.007137-9 Apelante : AERONILSON GONÇALVES DA SILVA Apelado : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS Relator Des. : SÉRGIO BITTENCOURT E M E N T A PENAL DELITO DE TRÂNSITO ARTIGO 306 DA LEI 9.503/97 DIREÇÃO EM ESTADO DE EMBRIAGUEZ DANO À INCOLUMIDADE PÚBLICA E PRIVADA COMPENSAÇÃO DE CULPAS INADMISSIBILIDADE PENA DE SUSPENSÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO IMPOSSIBILIDADE DE SUPRESSÃO. Demonstrada pelas provas pericial e oral que o réu praticou a conduta tipificada no art. 306 da Lei 9.503/97, mantém-se a condenação. A embriaguez ao volante em via pública constitui crime de perigo, cujo objeto jurídico tutelado é a incolumidade pública ou privada, a sociedade em geral. Não há falar em desconsideração do concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes previstas no art. 67 do Código Penal, devendo ser mantido o aumento da pena em um (1) mês por conta da reincidência, preponderante sobre a confissão espontânea. Ainda que se cogite de culpa concorrente, não fica afastada a responsabilidade do réu, tendo em vista ser inadmissível a compensação de culpas em matéria penal. O art. 302 do Código de Trânsito prevê, além da pena privativa de liberdade, cumulativa e expressamente, a suspensão da habilitação para dirigir automóvel.

A C Ó R D Ã O Acordam os Senhores Desembargadores da Primeira Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, SÉRGIO BITTENCOURT Relator, IRAN DE LIMA e JOÃO TIMÓTEO Vogais, sob a Presidência do Senhor Desembargador LECIR MANOEL DA LUZ, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas. Brasília (DF), 10 de maio de 2007. Desembargador SÉRGIO BITTENCOURT Relator Gabinete do Desembargador SÉRGIO BITTENCOURT 2

R E L A T Ó R I O Aeronilson Gonçalves da Silva, qualificado nos autos, apela da r. sentença de fls. 128/134 que o condenou, como incurso nas penas do art. 306, da Lei 9.503/97, a oito (8) meses de detenção, regime semi-aberto, e trinta (30) dias-multa, à razão de 1/30 do salário mínimo, e suspensão da CNH pelo prazo de dois (2) meses e quinze (15) dias. A pena privativa de liberdade foi substituída por uma restritiva de direitos, consistente na prestação de serviços à comunidade, a ser fixada pelo Juízo das Execuções Criminais. Alega o apelante, em resumo, que as provas são frágeis para a condenação, pois além de não ter sido comprovada objetivamente a suposta embriaguez, o laudo de exame de local de tráfego não foi conclusivo a respeito do acidente. Acrescenta que o condutor do veículo GM/Vectra contribuiu para o sinistro, pois trafegava a 100km/h. Pugna, alternativamente, pela desconsideração do concurso de circunstâncias previstas no art. 67 do Código Penal, reduzindo a pena em um mês, e pela revogação da suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (fls. 148/154). 157/164. Contra-razões do Ministério Público às fls. A douta Procuradoria de Justiça oficiou pelo conhecimento e desprovimento do apelo (fls. 169/172). É o relatório. V O T O S O Senhor Desembargador SÉRGIO BITTENCOURT Relator conheço do recurso. Presentes os pressupostos de admissibilidade, O apelante foi condenado por ter, em 20/12/03, por volta das 7 horas, na BR 020, km 40, sentido Formosa-Brasília, invadido Gabinete do Desembargador SÉRGIO BITTENCOURT 3

a pista em sentido contrário com o veículo GOL/GTS KBI 4797/DF que conduzia, colidindo com a lateral do GM/Vectra dirigido por José Caro Torres Viademonte, que perdeu o controle da direção, batendo frontalmente em um ônibus, que seguia na mesma direção do réu. Consta da inicial que este se encontrava alcoolizado no momento do sinistro e que os ocupantes do veículo GM/Vectra sofreram apenas dores musculares, não tendo havido vítimas entre as pessoas que se encontravam no coletivo. Ausente, portanto, laudo cadavérico ou de lesões corporais nos autos, eis que não houve morte e as vítimas não foram lesionadas. Materialidade evidenciada pela portaria (fls. 4/5), comunicação de ocorrência policial (fls. 6/8), laudo de exame de corpo de delito - embriaguez (fls. 31/32) e informação pericial (fls. 38/41). O apelante declarou em Juízo que é professor e na noite anterior ao fato tinha dado aula em Formosa/GO até às 23h30. Depois foi a uma festa com amigos, ingerindo bebida alcoólica. Não dormiu e voltava para a casa, em Sobradinho, quando ocorreu o acidente. Acha que dormiu na direção do veículo (fl. 90). Bastante esclarecedor o depoimento judicial de Maria Esméria Guanais Aguiar Viademonte. Encontrava-se no Vectra conduzido por José Caro Torres Viademonte, seu marido, quando um veículo que trafegava em sentido contrário, foi ultrapassar um ônibus, colidindo no seu. Levaram-na de ambulância para o HRP, para onde o motorista causador do acidente também foi conduzido. Percebeu que o mesmo estava embriagado (fl. 111). José dos Reis Faria declarou na delegacia que trafegava na BR 020, fazendo a rota Formosa-Brasília, conduzindo o ônibus Mercedes Benz, quando na altura do km 40, percebeu que um veículo VW/Gol vermelho ultrapassava o coletivo. Terminada a ultrapassagem, viu o carro invadir a faixa contrária à sua e bater na lateral de um GM/Vectra. Desgovernado, este veículo colidiu frontalmente com o ônibus que dirigia. O Gabinete do Desembargador SÉRGIO BITTENCOURT 4

VW/Gol saiu da pista, abalroando uma árvore. O motorista desse carro ou estava bastante embriagado ou dormiu no volante. Não houve vítimas (fls. 42/43). Em audiência, contou que o réu saiu trôpego do veículo. Exalava odor de bebida e parecia embriagado (fl. 112). O condutor do GM/Vectra não foi ouvido em virtude de seu falecimento, ocorrido dois meses após o evento, por motivos alheios ao acidente (fl. 33). Os peritos que elaboraram o laudo de exame de embriaguez, atestaram que o réu apresentava marcha, equilíbrio estático e coordenação motora alterados. Em resposta aos quesitos, consignaram que estava embriagado, espécie embriaguez alcoólica, e que seu estado colocava em risco a segurança própria e alheia. Os experts não encontraram vestígios de relação material entre os acidentes envolvendo o VW/Gol e os demais veículos, o ônibus Mercedes Benz e o GM/Vectra. Não descartaram, porém, a possibilidade dos eventos estarem correlacionados. Ressaltaram que a velocidade máxima na via, sinalizada por placas, é de 80km/h e que os três veículos desenvolviam velocidade acima da permitida. No tocante à causa determinante do acidente entre os dois últimos veículos, concluíram que o GM/Vectra e o MB/Ônibus foi a derivação do GM/Vectra à esquerda, levada a efeito por seu condutor, por motivos que não se pôde precisar, disto resultando a invasão da faixa de trânsito de sentido oposto ao seu deslocamento, na qual trafegava o MB/Ônibus, e a conseqüente colisão entre eles, nas circunstâncias analisadas (fls. 38/40). Com efeito, o conjunto probatório é coerente e harmônico, fortalecendo unicamente a tese da acusação. As declarações do próprio réu, que admitiu ter ingerido bebida alcoólica antes do evento, aliadas aos depoimentos das testemunhas, coincidentes entre si, mostram-se em perfeita sintonia com o laudo de exame de corpo de delito e a informação pericial. O apelante ministrou uma aula em Formosa até às 23h30, seguiu para uma festa, onde passou a ingerir bebida alcoólica. Ficou sem dormir e Gabinete do Desembargador SÉRGIO BITTENCOURT 5

tomou o rumo de casa ao amanhecer, conduzindo seu veículo embriagado. Ultrapassou o ônibus e invadiu a pista contrária à que trafegava, batendo na lateral do GM/Vectra. Esse veículo ficou desgovernado e deslocou-se, atingindo o coletivo que transitava em direção oposta à sua. Patente que deu causa ao acidente ao dirigir alcoolizado. Certo, ainda, que a embriaguez ao volante configura crime de perigo, independentemente de lesão corporal causada a outrem. O objeto jurídico visado é a segurança viária, a incolumidade pública ou privada, a sociedade em geral, atingidas pelo réu. eg. Tribunal: Nesse sentido, os seguintes precedentes deste DIREITO PENAL DIREÇÃO EM ESTADO DE EMBRIAGUEZ DANO À INCOLUMIDADE E DE TERCEIROS CONDENAÇÃO QUE SE MANTÉM, UMA VEZ COMPROVADO O ESTADO DE EMBRIAGUEZ. Para a comprovação da direção sob o efeito de substância etílica, suficiente o exame clínico e a prova testemunhal, não sendo necessário o exame de Alcoolemia. A direção de veículo em estado de embriaguez comprovada expõe a dano a incolumidade própria e de terceiros, fato suficiente a sustentar a condenação pelo art. 306, da Lei n. 9.503/97. Apelação não provida. Unânime. (APR 2001.09.1.006494-4, 1ª Turma, relatora Des. MARIA BEATRIZ PARRILHA, DJU 10/3/04, p. 70) (Grifei) PENAL DELITO DE TRÂNSITO INFRAÇÃO AO ARTIGO 306 DA LEI 9.503/97 EMBRIAGUEZ AO VOLANTE E DIREÇÃO PERIGOSA CRIME DE PERIGO ABSTRATO CONDENAÇÃO RECURSO PROVAS ROBUSTAS IMPROVIMENTO. 1. Incorre nas penas do artigo 306 do Código de Trânsito o agente que, em estado de embriaguez etílica, dirige veículo automotor com apenas uma das mãos, fazendo zigue zague na pista e chegando a dormir ao volante conforme cabalmente comprovado pela prova oral e pelo laudo pericial, situação em que coloca em risco a incolumidade física de um número indeterminado de pessoas 2. Recurso a que se nega provimento. (APR Gabinete do Desembargador SÉRGIO BITTENCOURT 6

2002.07.1.014635-5, 1ª Turma, relator Des. EDSON ALFREDO SMANIOTTO, DJU 2/2/05, p. 42) (Grifei) Outrossim, ainda que se cogite de culpa concorrente, não fica afastada a responsabilidade do réu, tendo em vista ser inadmissível a compensação de culpas em matéria penal. Correta a reprimenda, estipulada em conformidade com os artigos 59 e 68 do Código Penal. A ilustre julgadora fixou a pena-base pouco acima do mínimo legal, sete (7) meses de detenção, eis que as circunstâncias judiciais não eram, de todo, favoráveis ao réu. Em virtude da reincidência e da confissão espontânea, majorou a sanção em um (1) mês, salientando, com base no art. 67 do Código Penal, que aquela agravante prepondera sobre essa atenuante. Logo, não há falar em redução da pena, com a pretendida desconsideração do concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes. Tornou-a definitiva em oito (8) meses de detenção, pois ausentes causas de aumento ou diminuição. Postula, ainda, o recorrente, a exclusão da penalidade de suspensão do direito de dirigir, alegando que o veículo é indispensável para o seu sustento e o de sua família, pois o utiliza como instrumento de trabalho. Brasileiro: Reza o artigo 302 do Código de Trânsito Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Além da pena privativa da liberdade, o preceito secundário acima transcrito impõe como punição, cumulativa e expressamente, a suspensão da habilitação para dirigir automóvel. Portanto, frente à determinação legal, o julgador não pode deixar de aplicá-la. Justiça: Confira-se precedente do e. Superior Tribunal de RECURSO ESPECIAL. CRIME DE TRÂNSITO. Gabinete do Desembargador SÉRGIO BITTENCOURT 7

mantendo, in totum, a r. sentença guerreada. HOMICÍDIO CULPOSO. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE COM A DE SUSPENSÃO OU PROIBIÇÃO DO DIREITO DE DIRIGIR VEÍCULO. OBRIGATORIEDADE. MOTORISTA PROFISSIONAL. CAUSA DE AUMENTO DE PENA. 1. O art. 302, caput, da Lei n.º 9.503/97, por tratar de hipótese evidentemente mais reprovável, além da sanção corporal, impõe concomitantemente a pena de suspensão da habilitação ou proibição de obter a permissão para dirigir veículo automotor. 2. Segundo o disposto no inciso IV, do parágrafo único, do art. 302, o fato de ser o infrator motorista profissional, ao invés de se constituir como uma regalia, afigura-se como causa de aumento de pena, uma vez que, segundo Damásio Evangelista de Jesus, nessa hipótese é maior o cuidado objetivo necessário, mostrando-se mais grave o seu descumprimento. (in: Crimes de Trânsito, 5ª edição, 2002, p. 91 ). 3. Recurso provido para determinar a aplicação da pena de suspensão ou proibição do direito de dirigir veículo automotor ao réu, bem como a majorante prevista no inciso IV, do parágrafo único, do art. 302, do Código de Trânsito Brasileiro. (REsp. 685.084/RS, 5 a. Turma relatora Min. LAURITA VAZ, 1º/3/05. Unânime, in DJ de 28/3/05, p. 309) (Grifei). Ante o exposto, nego provimento ao recurso, É o voto. O Senhor Desembargador IRAN DE LIMA Vogal Com o Relator. O Senhor Desembargador JOÃO TIMÓTEO Vogal Com o Relator. D E C I S Ã O Gabinete do Desembargador SÉRGIO BITTENCOURT 8

Desprovida. Unânime. Gabinete do Desembargador SÉRGIO BITTENCOURT 9