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27/02/2014 PLENÁRIO : MINISTRO PRESIDENTE

SÍNTESE DO MEMORIAL:

Transcrição:

Processo nº 2003.38.00.719260-5 Origem: Seção Judiciária de Minas Gerais Pedido de Uniformização de Interpretação da Lei Federal Relator: Juiz Ricardo Teixeira do Valle Pereira Requerente: INSS Advogado: Roberto da Cunha Barros Júnior Requerido: Delcídio Pedro Paulo Advogada: Andreísa Angélica Moura Sanfins R E L A T Ó R I O Delcídio Pedro Paulo propôs ação contra o INSS postulando a revisão de seu benefício de aposentadoria por tempo de serviço, com DIB em 30.01.86. Requereu, em suma:... b) a revisão da RMI do autor, derivado da não aplicação da IRTN/OTN nas 24 parcelas anteriores às 12 últimas utilizadas para seu cálculo, com o pagamento das diferenças apuradas desde a concessão do benefício até a presente data; c) a partir da correta apuração da RMI, seja refeito o cálculo do benefício do autor, na forma do art. 58 do ADCT/CF, procedendo o pagamento das diferenças apuradas a partir da paridade do benefício com o número de salários mínimos de concessão; d) incidência dos expurgos inflacionários referentes aos meses de janeiro/89 (42,72%) e abril/90 (44,80%), sobre o reajuste do benefício no período (quadrimestre) e suas diferenças até a presente data; e) pagamento da correção monetária e os juros de mora decorrentes do pagamento parcelado do reajuste de 147,06% concedido pelas Portarias MPAS 302/92 e 485/92, face a utilização de índices de correção monetária de mês anterior ao devido, na forma do explanado no item 6 desta peça, com o

pagamento das diferenças corrigidas nos termos da Lei 6.899/81, desde a data em que se tornaram devidas;... (fl. 07) Ultimada a instrução, o feito foi decidido pelo Juiz de primeiro grau. A sentença reconheceu a prescrição no que toca às diferenças dos 147,06%, afastou a pretensão quanto aos expurgos inflacionários e afirmou que o critério do artigo 58 do ADCT vigorou provisoriamente. Assim, julgou parcialmente procedente o pedido acolhendo a pretensão de revisão da RMI nos seguintes termos: Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO, para determinar a revisão da RMI do autor, aplicando-se na correção dos 24 (vinte e quatro) salários-decontribuição anteriores aos 12 (doze) últimos, a variação da ORTN/OTN/BTN. Como conseqüência, condeno o réu a recalcular a renda mensal do respectivo benefício, na forma dos cálculos apresentados em anexo pela Contadoria do Juízo (fl. 47) Inconformados, interpuseram recursos inominados o INSS e a autora. O primeiro pugnando pela improcedência da pretensão. O segundo, defendendo a não-caracterização da prescrição em relação às diferenças dos 147,06%, o direito à revisão pelo artigo 58 do ADCT e incidência dos expurgos no reajustamento do benefício. A Turma Recursal negou provimento ao recurso do INSS e deu parcial provimento ao recurso do segurado para determinar a inclusão na condenação dos expurgos inflacionários relativos a janeiro de 1989 e abril de 1990, bem como para computar as diferenças de correção monetária relativas ao reajuste de 147,06% (fl. 81). 2

Interpôs na seqüência o INSS pedido de uniformização. Alega que o reconhecimento do direito aos expurgos, bem como às diferenças do reajuste de 147,07%, contraria a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça. Referiu os seguintes precedentes: RESP 192447, Rel. Min. Gilson Dipp; RESP 228.805, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca; e RESP 434341, Rel. Mion. Fernando Gonçalves. O autor não ofertou contra-razões. Admitido o incidente, subiram os autos. É O RELATÓRIO. 3

Processo nº 2003.38.00.719260-5 Origem: Seção Judiciária de Minas Gerais Pedido de Uniformização de Interpretação da Lei Federal Relator: Juiz Ricardo Teixeira do Valle Pereira Requerente: INSS Advogado: Roberto da Cunha Barros Júnior Requerido: Delcídio Pedro Paulo Advogada: Andreísa Angélica Moura Sanfins V O T O O JUIZ RICARDO TEIXEIRA DO VALLE PEREIRA (Relator): O pedido de uniformização deve ser conhecido em parte. Quanto às diferenças de correção monetária referentes ao reajuste de 147,06%, vê-se que nenhum dos paradigmas apontados versa sobre essa matéria. É indispensável ao conhecimento do pedido a indicação de pelo menos um paradigma para demonstrar a contrariedade, consoante precedentes desta Turma. uniformização. Assim, no particular, não conheço do pedido de Quanto aos expurgos inflacionários referentes aos meses de janeiro/89 (42,72%) e abril/90 (44,80%) a situação é um pouco diferente. Percebe-se que o autor postulou na inicial (v. fls. 05/07) o reconhecimento do direito aos percentuais no reajuste de seu benefício, o que foi 4

negado na sentença. No recurso o autor voltou a insistir no direito à consideração dos índices indicados para o reajuste de seu benefício (fls. 58/59). O voto condutor da 2ª Turma Recursal de Minas Gerais, todavia, teve, no particular, a seguinte fundamentação: Quanto à pretensão de se incluir na condenação os denominados expurgos inflacionários veerificados nos meses de janeiro de 1989 e abril de 1990, o E. TRF/1ª Região editou, a propósito do assunto, a Súmula 41, cuja dicção é a seguinte: Os índices integrais de correção monetária, incluídos os expurgos inflacionários, a serem aplicados na execução de sentença condenatória de pagamento de benefícios previdenciários, vencimentos, salários, proventos, soldos e pensões, ainda que nela não haja previsão expressa, são de 42,72% em janeiro de 1989, 10,14% em fevereiro de 1989, 84,32% em março de 1990, 44,80% em abril de 1990, 7.87% em maio de 1990 e 21,87% em fevereiro de 1991. (fl. 80) consta no acórdão, consignou o Relator: No dispositivo do voto, de teor idêntico ao da decisão que...e dou PARCIALMENTE PROVIMENTO ao recurso interposto pelo segurado para determinar a inclusão na condenação dos expurgos inflacionários relativos a janeiro de 1989 e abril de 1990, bem como para computar as diferenças de correção monetária relativas ao reajuste de 147,06%. (fl. 81) (sublinhei) A fundamentação utilizada no voto vencedor em princípio não guarda pertinência com a questão em discussão, uma vez que para justificar a aplicação dos percentuais discutidos no reajustamento de benefício previdenciário, o voto vencedor valeu-se de súmula do Tribunal Regional Federal da 1ª Região que trata de índices de correção monetária a serem aplicados na execução de sentença 5

condenatória de pagamento de benefícios previdenciários, vencimentos, salários, proventos, soldos e pensões. De qualquer sorte, o fato é que ainda que se valendo de fundamento equivocado, a Turma condenou o INSS genericamente à inclusão na condenação dos expurgos inflacionários relativos a janeiro de 1989 e abril de 1990. Mais do que isso, expressamente deu provimento parcial ao recurso do autor, atendendo pretensão tendente à incidência dos expurgos no reajuste. Assim, é de se entender que a Turma realmente reconheceu o direito aos reajustes postulados, mesmo porque, se assim não fosse, teria julgado extra petita, pois o autor não postulou no recurso o reconhecimento do direito à aplicação dos expurgos na composição de índice de correção monetária. Diante de tal situação, tenho que o pedido de uniformização deve ser conhecido, uma vez que a orientação adotada pela Turma sem dúvida contraria a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, bem representada pelo RESP 192.447, Rel. Min. Gilson Dipp, que foi apontado como paradigma. uniformização se impõe. Maria Wickert Theisen: 6 Quanto ao mérito, o provimento do pedido de No particular, pertinente o escólio Juíza Federal Ana Pleito bastante comum em juízo é o que respeita à aplicação, nos benefícios previdenciários, de índices de correção expurgados da inflação oficial, por força de planos econômicos do Governo Federal, nos meses de janeiro de 1989, março, abril e maio de 1990 e fevereiro de 1991 (o que não se confunde com o repasse destes índices nos cálculos de liquidação, que compreendem valores em atraso e não reajuste dos benefícios). Como se nota, todos os períodos estão abrangidos no interregno que medeou a promulgação da Constituição

7 Federal, de 05 de outubro de 1988, e o advento das Leis 8.212/91 e 8.213/91, ambas de 24 de julho de 1991. Improcede, todavia, a irresignação dos segurados. Especificamente em relação a janeiro de 1989, cabe lembrar que estavam os benefícios previdenciários sujeitos à sistemática do Decreto-Lei 2.335/87, compreendendo o repasse da URP do trimestre anterior ao trimestre subseqüente. E janeiro de 1989 integrou o trimestre dezembro-88/fevereiro/89. Ainda que a URP fosse obtida pela média mensal da variação do IPC ocorrida no trimestre anterior (art. 3º do Decreto-Lei 2.335/87), o pagamento de janeiro/89 não compreendeu o IPC daquele mês, senão aquele concernente ao trimestre anterior (setembro-novembro/88). E depois de janeiro de 1989 restou revogado o Decreto-Lei 2.335/87, pela Lei 7.730/89, que instituiu nova forma de reajuste aos benefícios para o mês de fevereiro de 1989 (art. 5º). Mesmo a Lei nº 7.787/89, cujo art. 15 tratou do reajuste dos benefícios a contar de fevereiro de 1989, não previu o direito ao reajuste pela variação do IPC do mês de janeiro de 1989. Portanto, os pedidos que aportam em juízo referentes ao índice de 70,28% (ou 4,72%) na correção dos benefícios previdenciários nessa competência, são totalmente descabidos. Os expurgos posteriores estão abarcados no período de vigência do art. 58 do ADCT, que vinculou os benefícios previdenciários à variação do salário-mínimo. Ocorre que a Lei 7.789, de 03 de julho de 1989, atrelou a correção do salário mínimo ao índice de Preços ao Consumidor do mês anterior (art. 2º). Por outro lado, os benefícios não sujeitos à sistemática do art. 58 do ADCT vinham sendo corrigidos pelo índice oficial de inflação (art. 15, II, da Lei 7.787/89). O Exame destas regras, assim, poderia conduzir à conclusão de estarem corretos os segurados, quando buscam a recomposição de expurgos ocorridos do índice oficial de inflação. Porém, antes de implementado o lapso temporal que daria direito à percepção dos proventos, em março de 1990, sobreveio alteração legislativa, que modificou a forma de correção dos benefícios. Com efeito, a Lei nº 8.030, de 12 de abril de 1990, precedida da Medida Provisória nº 154, de 15 de março de 1990, revogou o art. 2º da Lei 7.789/89 (art. 14), deixando o salário mínimo de encontrar-se atrelado ao IPC. E como a alteração veio no curso do mês de março, (contados seus efeitos desde a MP 154/90), quando ainda não se implemetara

o lapso temporal que daria direito ao reajuste naquele mês, pelo critério anterior, não podem os segurados cogitar de direito adquirido à majoração de seus benefícios pelo IPC. E nos meses posteriores já se encontrava em pleno vigor a nova sistemática, vigorando o Bônus do Tesouro Nacional como índice oficial de inflação (Leis 7.777/89 e 7.801/89). (in FREITAS, Vladimir Passos de (organizador). Direito previdenciário. Aspectos materiais, processuais e penais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999. p. 179/180) A orientação acima transcrita, saliente-se, encontra amparo na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, como demonstram os precedentes que seguem: PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO. REVISIONAL. ÍNDICES. INCORPORAÇÃO. Descabe direito adquirido à incorporação ao benefício do IPC de junho 87 (26,06%), do IPC de janeiro 89 (42,72%), dos IPC's de abril/maio 90 (44,80% e 7,87%) e do IGP de 02.91 (21,05%). Precedente do STJ e STF. Recurso conhecido e provido. (RESP 192447. QUINTA TURMA DO STJ. Relator(a) Min. GILSON DIPP) (grifei) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. REAJUSTE DE BENEFÍCIO. IPC DE JANEIRO DE 1989 (42,72%). INCORPORAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. É firme o entendimento deste Superior Tribunal de Justiça no sentido de que os índices inflacionários são devidos, tão-somente, na apuração da correção monetária da conta de liquidação, não podendo incorporar-se no cálculo de reajustamento de benefícios previdenciários, a exemplo do que já foi decidido pela Suprema Corte, em relação aos vencimentos dos servidores públicos. 2. Embargos acolhidos. Recurso especial conhecido e provido. (EDRESP 156165. SEXTA TURMA DO STJ. Relator Min. HAMILTON CARVALHIDO) (grifei) 8

PREVIDENCIÁRIO. REAJUSTE DE BENEFÍCIO. ORTN/OTN. URP DE FEVEREIRO DE 1989 (26,05%). CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL. IPCs. INCORPORAÇÃO AO BENEFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. 1 - É devida a aplicação da ORTN/OTN para o reajuste de benefícios concedidos antes da Lei 8.213/91. 2 - Segundo jurisprudência, do STF e STJ, não é devido o reajuste de 26,05% relativo a fevereiro de 1989 (Plano Verão). 3 - Na correção monetária dos benefícios previdenciários em atraso há de se observar o critério estabelecido pela Lei 6.899/81, com ressalva do termo inicial, que deve ser a partir de quando devida a prestação, aplicando-se simultaneamente a Sum. 148 e Sum. 43/STJ. 4 - Os expurgos inflacionários (IPC), consoante iterativa jurisprudência da Corte, são devidos em liquidação de sentença, entretanto, não podem incorporar-se no cálculo de reajustamento de benefícios previdenciários, a exemplo do que já foi decidido pela Suprema Corte, em relação aos vencimentos dos servidores públicos. Precedente do STJ. 5 - Recurso especial conhecido em parte, e nesta extensão, provido, apenas para afastar a URP de fevereiro de 1989 e a incorporação dos IPCs nos benefícios. (RESP 178733. Relator(a) Ministro FERNANDO GONÇALVES. SEXTA TURMA DO STJ) (grifei) Regional Federal da 4ª Região: No mesmo sentido os seguintes precedentes do Tribunal PREVIDÊNCIA SOCIAL. REAJUSTE DE BENEFÍCIO. 1. É indevida a correção integral dos salários-de-contribuição àqueles que se aposentaram antes do promulgação da CF/88, eis que implicaria em aplicação retroativa dos novos comandos constitucionais. 2. Não se conhece de parte do apelo que introduz postulação inexistente na inicial ou que deixar de investir contra o decreto de inépcia da vestibular, abordando o mérito respectivo. 3. Ausência de direito adquirido aos reajustes pelos IPC s de junho/87 e março / 90. Precedentes do Egrégio STF. 9

4. Ausência de direito adquirido aos reajustes pelos IPC s de janeiro/89, abril/90 e fevereiro / 91 por falta de base legal. Precedentes da Egrégia 3a. Turma deste Tribunal. 5. Apelo parcialmente conhecido e, no ponto, improvido. (AC 9504337643. TERCEIRA TURMA DO TRF4. Relator(a) JUIZA VIRGÍNIA SCHEIBE) PREVIDENCIÁRIO. RENDA MENSAL INICIAL. ATUALIZAÇÃO DOS SALÁRIOS-DE-CONTRIBUIÇÃO. APLICAÇÃO, NO VALOR DOS BENEFÍCIOS, DE ÍNDICES INFLACIONÁRIOS EXPURGADOS. 1. Inexiste amparo legal na pretensão de se corrigirem todos os salários-de-contribuição do período básico de cálculo no tocante aos benefícios previdenciários concedidos anteriormente à CF-88. 2. A SUM-2 deste Tribunal é inaplicável aos benefícios concedidos anteriormente à vigência da LEI-6423 /77, que instituiu a variação da ORTN / OTN como padrão geral de correção monetária. 3. É indevido o reajuste do valor dos benefícios previdenciários mediante a aplicação da URP de junho de 1987. 4. É indevido o reajuste do valor dos benefícios previdenciários mediante a aplicação da variação do IPC em janeiro de 1989. 5. Inexiste direito adquirido a reajuste do valor dos benefícios previdenciários mediante a aplicação da variação do IPC em março e abril de 1990, a teor da SUM-36 desta Corte. 6. É inaplicável o IGP de fevereiro de 1991 como fator de reajustamento de benefícios previdenciários. 7. Apelação desprovida. (AC 9704185910. SEXTA TURMA DO TRF4. Relator(a) JUIZ JOÃO SURREAUX CHAGAS) (grifei) Referido Tribunal, a propósito, editou a Súmula de nº 36, que diz respeito especificamente ao IPC de abril de 1990, vazada nos seguintes termos: 10

Súmula 36 - Inexiste direito adquirido a reajuste de benefícios previdenciários com base na variação do IPC - Índice de Preços ao Consumidor - de março e abril de 1990. Considerando tudo o que foi exposto conheço em parte do pedido de uniformização, e, na parte conhecida, dou-lhe provimento a fim de afastar a determinação para inclusão na condenação dos expurgos inflacionários relativos a janeiro de 1989 e abril de 1990. É o voto. 11

Processo nº 2003.38.00.719260-5 Origem: Seção Judiciária de Minas Gerais Pedido de Uniformização de Interpretação da Lei Federal Relator: Juiz Ricardo Teixeira do Valle Pereira Requerente: INSS Advogado: Roberto da Cunha Barros Júnior Requerido: Delcídio Pedro Paulo Advogada: Andreísa Angélica Moura Sanfins EMENTA PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. PREVIDENCIÁRIO. REAJUSTE DE BENEFÍCIOS. IPCS DE FEVEREIRO/89 E ABRIL/90. - Não há direito adquirido a reajuste de benefícios previdenciários com base na variação do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) de janeiro/89 (42,72%) e abril/90 (44,80%). ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos entre as partes acima indicadas, decide a Turma de Uniformização dos Juizados, por unanimidade, conhecer em parte do pedido de uniformização, dando-lhe provimento na parte conhecida, tudo nos termos do voto do relator, que fica fazendo parte integrante do presente julgado. Brasília, 30 de agosto de 2004. Juiz Federal RICARDOTEIXEIRA DO VALLE PEREIRA Relator 12