AUTISMO E INCLUSÃO: LEVANTAMENTO DAS DIFICULDADES ENCONTRADAS PELO PROFESSOR DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO EM SUA PRÁTICA COM CRIANÇAS COM AUTISMO Angelo Antonio Puzipe PAPIM Universidade Estadual Paulista (UNESP) FFC Eixo Temático: 1) Práticas pedagógicas inclusivas Palavras-chave: Autismo. Professores de AEE. Dificuldades Pedagógicas. Inclusão 1. Introdução Educar a pessoa com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma tarefa árdua e dinâmica para pais e professores e que deve ser norteada, para além dos aspectos socioculturais, pelas características sintomáticas que compõem o transtorno. O TEA, atualmente é definido pelo DSM-V como um transtorno de ordem neurobiológico com significativa afetação em três áreas do desenvolvimento, como: relações sociais alteradas (socialização), competências pré-linguísticas e linguísticas (comunicação) e comportamentos e interesses repetitivos (imaginação). A tríade de sintomas pode se apresentar em graus variados, entre leve a severo (APA, 2013). Existem diversas métodos de ensino que visam orientar o professor e auxiliá-lo em sua tarefa de educar o aluno com autismo. Estes métodos auxiliam o professor a entender a demanda cognitiva, comportamental e afetiva apresentada pelo aluno e que acompanha o transtorno. O professor ao lidar com este panorama de forma adequada possibilita ao aluno desenvolver adequadamente as suas competências cognitivas, sociais e afetivas, pois a demanda trazida por ele, em seus diferentes graus, receberá o apoio adequado para promover o aprendizado (SILVA, 2012). Para Silva (2012) as crianças com o TEA iniciam sua vida escolar com o diagnóstico que passa a ser um estigma que cadenciará sua rotina escolar, às vezes de forma inadequada, pois professor pode vê-la com inadequada em acompanhar com as outras crianças a demanda pedagógica, e não demonstrar avanço mesmo com tratamento educacional especializado. O quadro de sintomas e patologias associadas ao transtorno configura o desenvolvimento do indivíduo com TEA de atípica das demais crianças de mesma faixa etária. A zona de interesse da pessoa com autismo será antagônica a de uma criança dentro do
desenvolvimento típico e, portanto, o parâmetro que o professor precisar adotar para entender o modo de agir da pessoa com autista, deve compreender o modo impar como a criança apreende o mundo e como a tríade sintomática se manifesta. Pois, geralmente, ela pode ser inexpressiva ou apresentar expressões faciais inadequadas ao contexto; não compreender os limites interpessoais, apresentar dificuldades em desenvolver o freio inibitório; evitar ou rechaçar o contato físico, ter ataques de ansiedade e dificuldade para compreender seus sentimentos e os alheios (FARRELL, 2008). Cada pessoa com autismo apresentará um ritmo distinto de aprendizagem e necessidades especificas nas áreas de desenvolvimento, como: linguagem, socialização e aprendizagem, além de apresentar atrasos na aquisição de uma ou mais competências nessas áreas. A dificuldade de aprendizagem ocasionadas pelo transtorno pode causar impacto negativo em professores e tornar a tarefa de ensinar fonte de estresse e desgaste emocional (BOSA, 2003). De acordo com Sprovieri e Assumpção (2001) ter um aluno com autismo em sala de aula, dependendo da sua gravidade, interrompe e transforma o clima afetivo da sala e suas atividades sociais normais de tal forma que as pessoas envolvidas unissem-se em torno da disfunção apresentada pela pessoa com autismo e desloca a atenção da inclusão para conter os comportamentos desadaptados. Professores conscientes do modo de operar e desenvolver da pessoa com autismo terão devido cuidado de não ser um estimulo a mais que reforce o comportamento inadequado, mas, por conhecer a topografia de desenvolvimento autista, voltará sua atenção e das demais pessoas do contexto para promover e estimular o desenvolvimento da comunicação, da interação social e do afeto. Oferecer o ensino adequado a pessoa com autismo é resultado legar de uma política inclusiva, porém os esforços não devem servir apenas para incluir a pessoa nos espaços municipais, estaduais e federais de educação, mas para torná-los capazes de usufruir plenamente desses espaços, beneficiando-se. E para cumprir com esta finalidade os professores e a escola devem, além de assegurar o acesso dessas pessoas, garantir recursos físicos, financeiros e formativos para os professores saber auxiliar o processo de aprendizagem de forma satisfatória e que promova seu desenvolvimento (SELAU E HAMMES, 2009).
2- Objetivo Essa pesquisa tem o objetivo de levantar as dificuldades pedagógicas e afetivas enfrentadas por professores de AEE e identificar a metodologia escolhida, ou as propostas pedagógicas que elegem para enfrentar as dificuldades que as crianças com autismo apresentam e as estratégias e métodos que escolhem para o ensino da criança. 3- Método O método utilizado para realizar a pesquisa foi estudo de caso realizado com dois professores de Atendimento Educacional Especializado, que prestam tratamento educacional especializado a pessoas com TEA em sala de recurso das escolas municipais. A metodologia escolhida para fazer coleta dos dados foi questionário. Ele contém 12 questões abertas cuja finalidade era avaliação o conhecimento dos professores sobre autismo, identificar as dificuldades encontradas na sua relação com o aluno, a forma de avaliação e o modo que elabora as atividades educativas a fim de suprir as demandas apresentadas pelo aluno. 4- Resultados As 12 questões provocaram nos professores reações adversas, porém, destacam, entre os resultados os mitos que envolvem o transtorno como modo mais adequado de explicar o modo como eles lidam com problemas decorrentes ao ensino e, consequentemente, a dificuldade em propor métodos que sejam significativos para a aprendizagem da pessoa com autismo, que sejam adotadas pelos professores de sala regular e cuidadores, como também pelos pais para estender à casa o trabalho iniciado na escola. Posto isso, a formação do professor, mesmo aqueles que se especializam para educar este público, mostra-se insuficiente e pouco realista. Rodriguês (2006) apresenta que durante a formação dos professores o tema não é apresentado de forma que se apresenta na realidade. O resultado dessa dicotomia entre teoria e prática do professor cria um celeuma que incomoda e auxilia a atuação prática. 5-Conclusões Verificou-se com a análise do questionário a falta de sintonia entre a teoria e a prática. Esse panorama prejudica a sintonia do professor com a criança com autismo e impossibilita que suas manifestações sejam compreendidas. Percebeu-se que o professor possui conhecimento teórico sobre o transtorno e os déficits decorrentes de sua sintomatologia.
Contudo, a prática com direta com a criança autista promove a distonia com a teoria por possuir particularidades especificas a realidade da criança. Pinho (2009) descreve um atraso no modelo de formação do professor em educação especial adotado pela maior parte das instituições de ensino superior, que são criticados por não satisfazer as demandas das crianças com autismo e a realidade docente. Com uma formação de natureza mais teórica, o professor que tem que na prática educar a pessoa com autismo sente-se insegura e ansiosa ao deparar com a criança e suas necessidades reais, isso colocada em xeque os conceitos aprendidos ao longo de sua formação. Para Weiss (2012), a ideia de aprendizagem é um processo de construção que se dá na interação constante e permanente do indivíduo com o meio escolar e, portanto, necessita estabelecer parcerias entre professores e alunos para que ela aconteça. Para isso não basta conhecer o transtorno e sua manifestação, isto é apenas um passo entre outros para se realizar aprendizagem. O professor precisa organizar-se e sistematizar o tratamento prestado para que ele não seja apenas uma forma de contenção, mas que constitua um espaço de formação e aprendizagem significativo. Referências APA, American Psychiatric Association. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª ed.. São Paulo: Artmed, 2013. BOSA C. A. As Relações entre Autismo, Comportamento Social e Função Executiva. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2001. FARRELL, M. Dificuldades de relacionamento pessoal, social e emocional. Porto Alegre: Artmed, 2008. PINHO, S.Z. Formação de educadores: o papel do educador e sua formação. Editora UNESP, 2009. RODRIGUES, D. Inclusão e educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo: Summus, 2006.
SILVA, A. B. B. Mundo singular: entenda o autismo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. SPROVIERI, M. H. S., ASSUMPÇÃO JR, F. B. Dinâmica familiar de crianças autistas. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v.59, n. 2A, 2001. WEISS, M. L. L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Lamparina editora, 2012.