PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO TOCANTINS SENTENÇA



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Transcrição:

Classe 2100 : MANDADO DE SEGURANÇA Impetrante : CONSTRUMIL CONSTRUTORA E TERRAPLANAGEM LTDA Impetrado : SUPERINTENDENTE REGIONAL DO DNIT Sentença tipo A SENTENÇA I RELATÓRIO Trata-se de MANDADO DE SEGURANÇA impetrado por CONSTRUMIL CONSTRUTORA E TERRAPLANAGEM LTDA contra ato do SUPERINTENDENTE REGIONAL DO DNIT NO ESTADO DO TOCANTINS, objetivando, em sede de liminar, a suspensão do Procedimento Licitatório nº 0377/2012 do DNIT/TO, impedindo a assinatura do contrato entre o DNIT e a empresa CSN, ou, subsidiariamente, caso o contrato tenha sido firmado, ordene a impossibilidade de expedição de ordem de serviço à contratada. No mérito, requer seja a impetrante declarada vencedora do referido certame licitatório. Insurge-se a impetrante, basicamente, contra o resultado da licitação na modalidade Concorrência Pública nº 0377/2012-23, voltada à contratação de empresa que realize as obras necessárias à implantação e construção da Rodovia BR-242/TO, que refletindo as conclusões da Comissão de Licitação, classificou a proposta ofertada pela CSN Engenharia Ltda em primeiro lugar, sob o critério do menor preço, conferindo à impetrante o sétimo lugar na classificação final. Sustenta a impetrante que, após apresentar a melhor proposta, a Comissão de Licitação do DNIT alterou sua proposta original em quase 6 milhões de reais, o que, por consequencia, tornou a proposta da empresa CSN Engenharia Ltda de menor preço (até então a segunda colocada no certame), conferindo-lhe o primeiro lugar na classificação final. Continua alegando que a decisão proferida pela autoridade coatora, ao negar provimento ao seu recurso administrativo, cometeu duas ilegalidades: a) deixou de escolher a proposta mais vantajosa à Administração; b) alterou sua proposta original, sem qualquer respaldo no Edital ou na legislação de regência. Juntou documentos e recolheu custas. Ad cautelam, foi determinada a suspensão do Procedimento Administrativo Pág. 1/5

Licitatório nº 0377/2012, com base nos artigos 798 e 799 do CPC, inclusive de eventual assinatura do respectivo contrato com quaiquer das empresas concorrentes (fls. 174/175). As informações foram prestadas às fls. 181/190. A empresa CSN Engenharia Ltda, vencedora da licitação em epígrafe, passou a integrar o polo passivo na qualidade de litisconsorte passiva necessária, apresentando contestação às fls. 225/242. O DNIT manifestou interesse em integrar a lide (fl. 374). O MPF opinou pela concessão parcial da segurança (fls. 386/395). II FUNDAMENTAÇÃO Presentes os pressupostos processuais e as condições da ação. Não existe nulidade a ser saneada. Pretende a impetrante a suspensão do Procedimento Licitatório nº 0377/2012 do DNIT/TO, impedindo a assinatura do contrato entre o DNIT e a empresa CSN, ou, subsidiariamente, caso o contrato tenha sido firmado, ordene a impossibilidade de expedição de ordem de serviço à contratada. No final, requer seja a impetrante declarada vencedora do referido certame licitatório. A) Do procedimento licitatório nº 0377/2012-23 Da análise dos documentos acostados pelas partes, verifica-se que, quando da abertura das propostas de preços da Concorrência Pública nº 0377/2012-23 (ocorrida em novembro/2012), a proposta apresentada pela empresa Construmil Construção e Terraplenagem Ltda no valor de R$ 36.550.038,01 (trinta e seis milhões, quinhentos e cinquenta mil, trinta e oito reais e um centavo), era de fato a de menor valor em comparação às apresentadas pelas demais empresas licitantes. Ocorre que, ao analisar a proposta da impetrante a fim de aferir sua viabilidade, a Comissão de Licitação verificou que nas composições de preços de alguns serviços constavam DMTs (Distâncias Médias de Transportes) de brita inferiores às DMTs previstas no Projeto Executivo (projeto básico) disponibilizado na licitação pelo DNIT. Na tentativa de justificar a utilização de DMTs diversas das previstas no Projeto da licitação em foco, a impetrante alegou que após informações do representante da pedreira ITAFÓS (indicada como fornecedora pelo projeto licitado) que a mesma não estava mais fornecendo o insumo brita para construção, o que levou a impetrante a procurar outra pedreira, mais próxima e capaz de atender os anseios do material brita para as obras na BR-242/TO, de modo que, após negociar com o seu proprietário, foi possível reduzir os custos de fornecimento Pág. 2/5

desse insumo, o que teve impacto nas DMTs e, consequentemente, no valor global da proposta de preços. Assim, com a informação da impetrante de ter encontrado nova jazida mais próxima do local do obra, após efetuar diligências no local e contatar o DNPM a fim de verificar a regularidade da referida jazida, o DNIT concluiu que a mesma jazida não possui autorização de uso e licença ambiental junto aos entes públicos competentes, razão pela qual ainda não se encontra pronta para ser utilizada na obra licitada. Em 10/04/2013, a Comissão de Licitação julgou as propostas de preços ofertadas pelas empresas licitantes. Quanto à proposta apresentada pela impetrante, após fazer algumas correções na Planilha Orçamentária, a proposta de preços da empresa Construmil Construção e Terraplenagem Ltda., que era de R$ 36.550.038,01 (trinta e seis milhões, quinhentos e cinqüenta mil, trinta e oito reais e um centavo), passou a ser de R$ 42.502.115,08 (quarenta e dois milhões, quinhentos e dois mil, cento e quinze reais e oito centavos). Sagrou-se vencedora a empresa CSN Engenharia Ltda, com a proposta de menor preço, no valor de R$ 39.405.217,19 (trinta e nove milhões, quatrocentos e cinco mil, duzentos e dezessete reais e dezenove centavos). B) Da pretensão da impetrante Pretende a impetrante obter provimento judicial que invalide a decisão que homologou o objeto do Procedimento Licitatório nº 0377/2012 do DNIT/TO e a declare vencedora do referido certame. Para isso, a impetrante se fundamenta em dois argumentos: a) sua proposta é a mais vantajosa para a Administração, pois reflete o menor preço; b) não poderia a Comissão ter alterado de ofício sua proposta. A proposta da impetrante, após as correções feitas pela Comissão de Licitação, não foi a de menor preço. A de menor preço ficou com a empresa CSN Engenharia Ltda, conforme visto anteriormente. Vale anotar que a incerteza quanto à adequação do projeto de licitação, no que toca aos custos envolvidos com o fornecimento de brita, dificulta a análise de qual das propostas ofertadas pelas licitantes é, realmente, a mais vantajosa para a Administração. Além disso, a impetrante apenas logrou apresentar proposta inicialmente inferior às demais por ter calculado com base em custos que levaram em consideração DMT (Distância Média de Transporte) diversa da prevista no Projeto da licitação, relativa à jazida mais próxima do local da obra licitada, a qual não se encontra ainda regularizada. Ademais, acerca das correções feitas pela Comissão de Licitação, verifica-se que foram substituídas as DMTs (Distâncias Médias de Transportes) constantes da proposta originária da empresa (que eram menores e se baseavam na nova jazida encontrada) pelas DMTs fornecidas pelo Projeto de licitação (que se baseavam na pedreira apontada como fornecedora no projeto) e, a partir daí, foram recalculados os custos unitários de vários serviços que compõem o Pág. 3/5

valor global da obra licitada. Com isso, conforme dito anteriormente, a proposta de preços da impetrante que era de R$ 36.550.038,01 (trinta e seis milhões, quinhentos e cinqüenta mil, trinta e oito reais e um centavo), passou a ser de R$ 42.502.115,08 (quarenta e dois milhões, quinhentos e dois mil, cento e quinze reais e oito centavos), o que lhe conferiu o sétimo lugar na lista final de classificação. É o que se infere do documento de fl. 126. Pois bem. Essas correções/alterações promovidas pela Comissão de Licitação na proposta apresentada pela impetrante, ao contrário do que sustenta a autoridade apontada como coatora, não encontram respaldo nos artigos 17.3.1 e 17.4, letra c do Edital, que estabelece: "17.3.1 - Após a análise da proposta de preços da licitante que tiver apresentado o menor preço, serão analisadas suas composições de preços unitários. As planilhas de composição de preços unitários que contiverem erros ou discrepâncias relativos a quantitativos ou consumos de insumos serão corrigidas pelo DNIT na forma indicada a seguir no item 17.4." (...) "c. Erros de transcrição das quantidades do Projeto para as planilhas de preço unitário ou composições de preços unitários: o produto será devidamente corrigido, mantendo-se o preço unitário do insumo e corrigindo-se a quantidade e o preço total;" Verifica-se que tais dispositivos apenas autorizam que a Comissão de Licitação altere propostas de preços que apresentem erros ou discrepâncias, ou seja, descuidos meramente formais por parte das licitantes, como erros de cálculo, de transcrição ou grafia. Ao contrário dos presentes autos, as discrepâncias da proposta apresentada pela impetrante que foram corrigidas pela Comissão de Licitação não constituem meros erros formais, sanáveis nos moldes dos dispositivos supracitados. Tais discrepância derivam, na verdade, de opção voluntária e deliberada da impetrante de oferecer uma proposta de preço global baseada em DMTs (Distâncias Médias de Transportes) diversas das previstas no Projeto da licitação, que tomaram como parâmetro a nova jazida encontrada. E essa opção adotada pela impetrante, consubstanciada na proposta de preço por ela apresentada, por não derivar de um mero erro, por óbvio não é passível de correção por parte da Comissão Licitante. Com efeito, a Comissão de Licitação, ao rejeitar a possibilidade de a impetrante utilizar no cálculo dos seus custos unitários DMT (Distância Média de Transporte) diversa das previstas no Projeto da licitação, deveria ter simplesmente desclassificado a proposta da licitante, por desconformidade substancial, com fundamento no art. 48, I, da Lei nº 8.666/93. Assim, forçoso reconhecer que houve vício na fundamentação do julgamento das propostas de preço realizado pela Comissão de Licitação, e, consequentemente, em todos os atos posteriormente praticados no curso do procedimento licitatório, inclusive na decisão que indeferiu o recurso administrativo interposto pela impetrante e na decisão que homologou o objeto da licitação. Pág. 4/5

Diante da ilegalidade verificada no julgamento das propostas de preço, impõe-se a sua anulação, para que outra decisão de julgamento seja proferida em seu lugar, desta vez sem a mácula ora comentada. Ressalte-se que o resultado desse novo julgamento não deve, necessariamente, conduzir à vitória da proposta apresentada pela impetrante. III DECISÃO Ante o exposto, CONCEDO PARCIALMENTE A SEGURANÇA tão somente para anular o julgamento das propostas de preços realizado pela Comissão de Licitação, bem como de todos os atos posteriormente praticados no curso do procedimento licitatório em tela (inclusive a decisão que homologou o objeto da licitação em favor da empresa CSN Engenharia Ltda), devendo em seu lugar ser proferido outro julgamento. Revogo a suspensão do procedimento licitatório deferido às fls. 174/175, facultando à autoridade impetrada a sua continuidade, desde que obedecidos os termos desta decisão. simples (fl. 374). Proceda-se à inclusão do DNIT no polo passivo, na qualidade de assistente Custas ex lege. Sem condenação em honorários (Súmulas 105/STJ e 512/STF). 12.016/2009). Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição (art. 14, 1º, da Lei nº Publique-se. Registre-se. Intimem-se. UBIRATAN CRUZ RODRIGUES Juiz Federal Substituto da 2ª Vara Pág. 5/5