RECOMENDAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE GERENCIAMENTO DE AQUISIÇÕES EM PROCESSOS DE IMPORTAÇÃO PARA EQUIPAMENTOS DE GERAÇÃO DE ELETRICIDADE



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Transcrição:

GUSTAVO FERNANDO DORREGARAY PORTILLA RECOMENDAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE GERENCIAMENTO DE AQUISIÇÕES EM PROCESSOS DE IMPORTAÇÃO PARA EQUIPAMENTOS DE GERAÇÃO DE ELETRICIDADE Rio de Janeiro Fevereiro/2016

GUSTAVO FERNANDO DORREGARAY PORTILLA RECOMENDAÇÕES E BOAS PRÁTICAS DE GERENCIAMENTO DE AQUISIÇÕES EM PROCESSOS DE IMPORTAÇÃO PARA EQUIPAMENTOS DE GERAÇÃO DE ELETRICIDADE Trabalho apresentado ao Curso MBA em Gerenciamento de projetos, Pós- Graduação lato sensu, da Fundação Getulio Vargas como requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialista em Gerenciamento de Projetos. ORIENTADOR: Prof. Dr. Arnaldo Lyrio Barreto Rio de Janeiro Fevereiro/2016

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS PROGRAMA FGV MANAGEMENT MBA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS Trabalho de Conclusão de Curso Recomendações e boas práticas de Gerenciamento de Aquisições em processos de importação para equipamentos de geração de eletricidade. Elaborado por Gustavo Fernando Dorregaray Portilla E aprovado pela Coordenação Acadêmica do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu, MBA em Gerenciamento de Projetos, foi aceito como requisito parcial para a obtenção do certificado do curso de pós-graduação, nível de especialização do Programa FGV Management. Rio de Janeiro, 29 de fevereiro de 2016. Dr. André Barcaui Coordenador do MBA em Gestão de Projetos Dr. Arnaldo Lyrio Barreto Professor Orientador

TERMO DE COMPROMISSO O aluno Gustavo Fernando Dorregaray Portilla, abaixo assinado, do Curso de Pós- Graduação Lato Sensu, MBA em Gerenciamento de Projetos, Turma GP 104 do Programa FGV Management, realizado no período de 17/09/2014 a 03/02/2016, declara que o conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado Título do trabalho, é autêntico, original e de sua autoria exclusiva. Rio de Janeiro, 29 de fevereiro de 2016. Gustavo Fernando Dorregaray Portilla

A sorte favorece os audazes (Virgílio)

AGRADECIMENTOS Existem várias pessoas que me bridaram seu apoio para a execução deste trabalho, pelo qual gostaria de agradecer a senhora Juliana Grilli Arena da empresa Light Serviços de Eletricidade e para o senhor Aldenir Novais da empresa Cargo Victory do Brasil pelo tempo disponibilizado para me receber nas instalações da empresa e via Skype respetivamente, e responder minhas dúvidas com o maior profissionalismo. Além disso, não posso deixar de mencionar o meu profundo agradecimento ao coordenador do MBA da Fundação Getulio Vargas, Dr. André Barcauí, ao meu orientador Dr. Arnaldo Lyrio Barreto, a todos os mestres da FGV pelo aprendizado e atenção que obtive na Instituição. A todos os colegas da FGV GP-104, com quem pude compartilhar ideias e bons momentos, sei que agora tenho grandes amigos com os quais manterei contato ao longo da minha vida profissional. A mi amada família peruana que apesar da distância souberam me motivar para seguir dando o melhor de mim no âmbito acadêmico e a mi amada esposa Alessandra que sempre esta comigo em cada passo que dou. Obrigado por tudo.

RESUMO Na atualidade foi identificado que existe uma necessidade na indústria por energia mais barata e confiável, devido ao aumento das tarifas do mercado cativo, ante isto, surgem oportunidades de projetos de geração distribuída e cogeração que requerem equipamentos fabricados no exterior para poder ser implementados. Infelizmente ainda não houve uma transferência tecnológica que viabilize a produção nacional destes equipamentos, pelo qual a importação destes equipamentos resulta ser uma necessidade. Neste trabalho, realizou-se a identificação e abordagem de conceitos e procedimentos cotidianos da área de importação aplicada a equipamentos desta índole e atrelar eles com os conceitos de gerenciamento de aquisições em projetos com o intuito de chegar a recomendações de boas práticas que possam servir para profissionais que trabalham na área de gerenciamento de aquisições. Este é um trabalho bibliográfico onde se apresenta uma visão muito geral sobre logística, tributação e direito da importação para poder ilustrar as dificuldades que se enfrentam nesta área, como também foram incluídas recomendações de dois especialistas na área de importação que já evidenciaram projetos que passaram por tais riscos. PALAVRAS-CHAVE: Importação; Comercio exterior; Gerenciamento de aquisições; Gerenciamento de projetos; Geração de eletricidade.

ABSTRACT At the present time it was identified that there is a need in the industry for cheaper and reliable power, due to increased rates of regulated market, compared to this, there are opportunities for distributed generation and cogeneration projects that require equipment manufactured abroad in order to be implemented. Unfortunately there has not been a technology transfer that enables the national production of this equipment, for which the import of such equipment turns out to be a necessity. This work was carried out to identify and approach to everyday concepts and procedures of import area applied to equipment of this nature and tow them to the procurement management concepts in projects in order to get the good practice recommendations which may serve to professionals working in the procurement management area. This is a bibliographic work which presents a very general view of logistics, taxation and right of importation in order to illustrate the difficulties that they face in this area, as were also included recommendations from two specialists in the field of import already demonstrated projects that have undergone such risks. KEYWORDS: Import; Global trade; Procurement management; Project management; Electricity generation.

LISTA DE ABREVIATURAS BACEN Banco Central do Brasil. CAMEX Câmara de Comercio Exterior. CCI Câmara de Comercio Internacional. CFR Cost and Freight. CIF Cost, Insurance and Freight. CIP Carriage and Insurance Paid To. CNSP Conselho Nacional de Seguro Privados. COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. CPT Carriage paid To. DAF Delivery at Frontier. DAP Delivery at Place. DAT Delivery at Terminal. DDP Delivery Duty Paid. DDU Delivery Duty Unpaid. DECEX Departamento de Operações de Comercio Exterior. DEQ Delivery Ex-Quay. DES Delivery Ex-Ship. DI Declaração de Importação. EXW Ex-Works. FAS Free Alongside Ship. FCA Free Carrier. FOB Free on Board. ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços II Imposto de Importação. IPI Imposto sobre Produtos Industrializados. LI Licença de Importação. NCM Nomenclatura Comum do Mercosul. ONS Operador Nacional do Sistema. PIS/PASEP Programa de Integração Social e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público. PMBOK Project Management Body of Knowledge

RADAR Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros. RFQ Request for Quotation. SH Sistema Harmonizado. SISCOMEX Sistemas de Comercio Exterior. SRF Secretaria da Receita Federal. SUSEP Superintendência de Seguros Privados. TIPI Tabela de Incidência sobre Produto Industrializado.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 - RESPONSABILIDADE E CUSTOS DA SIGLA DDP... 10 FIGURA 2 - RESPONSABILIDADE E CUSTOS DA SIGLA CIP... 11 FIGURA 3 - RESPONSABILIDADE E CUSTOS DA SIGLA CIF... 11 FIGURA 4 - RESPONSABILIDADE E CUSTOS DA SIGLA CPT.... 12 FIGURA 5 - RESPONSABILIDADE E CUSTOS DA SIGLA CFR.... 13 FIGURA 6 - RESPONSABILIDADE E CUSTOS DA SIGLA EXW... 14 FIGURA 7 - VISÃO GERAL DO GERENCIAMENTO DE AQUISIÇÕES.... 22 FIGURA 8 - FLUXOGRAMA DA IMPORTAÇÃO... 34

LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Principais INCOTERMS... 8 Quadro 2 - Imposto de Importação (II)... 16 Quadro 3 - Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)... 17 Quadro 4 - Programa de Integração Social e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (PIS/COFINS)... 18 Quadro 5 - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS)... 18 Quadro 6 - Canais de parametrização do SISCOMEX... 32

LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Informações do produto importado... 26 Tabela 2 - Alíquotas aplicáveis... 27

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 1 1.1. O problema... 1 1.2. Objetivo... 1 1.2.1. Objetivo Geral... 2 1.2.2. Objetivos Específicos... 2 2. JUSTIFICATIVA DO TRABALHO... 2 3. DELIMITAÇÃO DO TRABALHO... 3 4. METODOLOGIA DO TRABALHO... 3 5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 4 5.1. Comercio Exterior Internacional... 4 5.2. Comercio Exterior Brasileiro... 5 5.2.1. Sistema Integrado de Comercio Exterior (SISCOMEX)... 6 5.2.2. Sistema RADAR ou registro da empresa... 6 5.2.3. INCOTERMS e NCM... 7 5.2.4. Documentos necessários de Importação... 15 5.2.4.1. Declaração de Importação (DI)... 15 5.2.4.2. Licença de Importação (LI)... 15 5.2.5. Impostos nas Operações de Importação e ex-tarifário aplicado às maquinas de alta tecnologia... 15 5.2.6. Entreposto Aduaneiro, porto molhado e porto seco.... 20 5.3. UM GUIA DO CONHECIMENTO EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS (GUIA PMBOK) Gerenciamento de Aquisições em projetos... 21

6. ESTUDO DE CASO DE GERENCIAMENTO DE AQUISICÕES NA IMPORTAÇÃO... 23 6.1. Processo de Importação num estudo de caso... 25 6.1.1. Identificação do equipamento que deverá ser importado... 26 6.1.2. Cálculo de custo e negociação da Importação... 27 6.1.3. Avaliação de formas de pagamento da mercadoria... 31 6.1.4. Contratação de um frete e de um seguro... 31 6.1.5. Despacho Aduaneiro e Desembaraço da mercadoria... 32 6.1.6. Procedimentos recomendados para a importação... 33 6.1.7. Fluxo da Importação... 34 7. CONCLUSÕES... 35 BIBLIOGRAFIA... 37

1 1. INTRODUÇÃO O comercio internacional tem se tornado de grande importância para a evolução das trocas entre nações (CAMPOS, 1990). Diante disto faz-se necessário que as organizações possuam uma estrutura administrativa e operacional adequada para essa atividade. Segundo Maluf (2000) ressalta que a evolução histórica do comercio internacional nos diferentes países requer certa profissionalização no trato de questões de comercio exterior. A ELECRIO é uma companhia carioca que necessita importar, por via marítima, equipamentos de geração de energia elétricos aplicáveis à geração distribuída e cogeração como, por exemplo: Moto-geradores e turbinas a gás natural, devido a que eles são de grande importância para os projetos que a empresa desenvolve e que infelizmente não tem similares nacionais no Brasil. 1.1. O problema Nosso país possui uma matriz principalmente hidrelétrica, isto é, que utiliza as usinas hidrelétricas para atender a demanda de base das indústrias e residências. Nos últimos anos, o Brasil está enfrentado uma crise hídrica que gerou um impacto sensível na população brasileira, devido ao aumento nas tarifas de eletricidade. Devido a que as indústrias utilizam a eletricidade como insumo, elas têm um custo operacional maior e, portanto, menos lucro. (IBRE/FGV, 2015) Algumas indústrias avaliam a implementação de uma geração distribuída ou cogeração como estratégia de redução de custos operacionais e garantia de suprimento energético, ante um risco de racionamento. Entretanto, os principais equipamentos são de origem estrangeira, fazendo com que seja necessário um conhecimento sobre os processos importação de forma a poder gerenciar um projeto de forma adequada. (COSENZA e NOBRE, 2015) 1.2. Objetivo O trabalho de pesquisa está direcionado a um objetivo geral e aprofundado em propósitos específicos, que ajudaram a resolver a pergunta da pesquisa bibliográfica.

2 1.2.1. Objetivo Geral O objetivo geral do projeto será identificar os principais conceitos utilizados nas operações de importação e avaliar qual pode ser o impacto no gerenciamento de projetos aplicados à área de gerenciamento de aquisições. O presente trabalho mostrará também, quais os principais problemas e riscos associados ao processo de importação, os quais comumente são desconhecidos na hora da negociação junto aos fornecedores, tendo assim um melhor controle no orçamento do projeto. 1.2.2. Objetivos Específicos Para o atingimento do objetivo geral acima exposto, serão necessários os seguintes objetivos específicos para comporem a solução final: a) Estudo geral sobre Gerenciamento de Aquisições sob a ótica do PMBOK; b) Levantamento dos itens considerados fundamentais e desejáveis de gerenciamento de aquisições para área de importação de equipamentos de geração de energia, tais como: Impostos, taxas, alíquotas, entre outros; c) Entrevista com alguns responsáveis de empresas na área de Importações e também algumas empresas especializadas em importação e logística; d) Proposição de recomendações para realizar um processo de importação bem sucedido. 2. JUSTIFICATIVA DO TRABALHO A geração distribuída e cogeração são de grande importância no estado do Rio de Janeiro devido à seca que o Brasil vem enfrentando fazendo que a capacidade de geração de energia hidroelétrica tenha sido fortemente afetada (IBRE/FGV, 2015). Assim, o ONS (Operador Nacional do Sistema) está acionando as usinas térmicas (Gás Natural, Carvão, Diesel, gasóleo, etc.), para poder suprir a demanda base. Isto fez com que o preço da eletricidade sofresse reajustes e o cenário atual parece esperar dias piores. Os grandes consumidores temem que o racionamento possa prejudicar os negócios.

3 Neste trabalho, procura-se identificar os procedimentos de importação no Brasil e entender como são feitas as importações de maneira que os gerentes de projeto consigam entender como isto pode afetar o gerenciamento de aquisições e tomar a medidas adequadas evitando atrasos no cronograma e/ou multas desconhecidas atreladas ao contrato de aquisição dos equipamentos junto aos fornecedores. A negociação das condições de compra é de vital importância para evitar problemas de sobre custo futuros. Durante a negociação dos equipamentos que a ELECRIO usualmente instala, deve-se levar em consideração que existem riscos advenientes da condição de compra negociada com o fornecedor, pudendo prejudicar o prazo de entrega do equipamento e ser passível de multas contratuais com o cliente final. Sendo assim, o objetivo geral do projeto será identificar os principais impostos que incidem sobre o processo de importação dos equipamentos de geração de energia que são objeto de nosso estudo. O projeto analisará os cuidados que devem ser aliviados durante o processo de desembaraço aduaneiro de maneira que os tempos de aquisição sejam otimizados. 3. DELIMITAÇÃO DO TRABALHO O Analise será realizado levando em consideração o estado do Rio de Janeiro como ponto receptor das importações. Os equipamentos serão importados por via marítima e limitados a Motores de combustão Interna de ignição por faísca que utilizam como combustível o gás natural e que possuem um alternador elétrico. 4. METODOLOGIA DO TRABALHO O presente trabalho será realizado através de uma pesquisa bibliográfica sobre os principais conceitos da importação de equipamentos, comercio exterior e problemas comuns no processo de importação para poder compara-los com os critérios do PMBOK na área de conhecimento de Gerenciamento de Aquisições. Estas informações serão apresentadas dentro do capitulo 5.

4 Serão realizadas entrevistas com professionais envolvidos diretamente na área de importação para poder identificar os riscos, tempo, custos e melhores práticas. Finalmente, será apresentado um estudo de caso sobre a importação de um equipamento de cogeração. 5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Na fundamentação teórica apresenta-se o ponto de vista de diversos autores sobre os principais assuntos em questão. Com isso, pretende-se proporcionar bases científicas com a finalidade de oferecer credibilidade ao presente trabalho de conclusão de curso. 5.1. Comércio Exterior Internacional As trocas de produtos e serviços, como nos tempos pré-históricos, seguem acontecendo para a obtenção de benefícios mútuos. Difere que, ao longo do tempo, seu campo de ação cresceu. Porém, por parte de cada um dos países negociadores e visando uma futura troca, valoriza-se uma vantagem comparativa (e não absoluta) quando da especialização na elaboração de algum produto ou serviço. (MAIA, 2008). No comércio internacional, cada país pode utilizar seus recursos de uma forma mais eficiente, especializando-se em algumas atividades e obtendo sensíveis economias de escala em sua produção. Os países procuram se especializar em atividades produtivas nas quais possuam vantagens comparativas em relação a outros países, estabelecendo, a partir daí, as trocas internacionais. (FOSCHETE, 1999). Essas transações com o exterior tornaram-se muito necessárias, pois são decorrentes de diversos fatores, dentre os quais podem ser citados: a desigualdade na distribuição geográfica dos recursos naturais, as diferenças de clima, de solo e as diferenças de técnicas de produção. (RATTI, 1997). Segundo Maluf (2000), alguns fatores como: o fornecimento de recursos, a necessidade de equilibrar a balança de pagamentos, a atualização tecnológica, a

5 busca de recursos para financiar as atividades internas, a diversificação de mercado, a ampliação da pauta de importações e exportações, e o desenvolvimento social através da geração de empregos, influenciam na decisão de uma nação de realizar transações internacionais. A importação é definida na compra de produtos no exterior por países que deles necessitam, e assim, as empresas podem oferecer diferentes alternativas aos consumidores, evoluindo no quesito competitividade diante de seus concorrentes, suprindo a constante necessidade de inovação e aumentando sua capacidade produtiva. (BICHELS, 2011). 5.2. Comércio Exterior Brasileiro Segundo Labatut (1994), o nosso país passou a ter autonomia no comércio exterior a partir da proclamação da independência em 1822. Essa autonomia surgiu somente após muitos anos, pois todas as empresas comerciais ainda estavam nas mãos de empresários principalmente portugueses. De acordo com Maluf (2000), a política de importação brasileira baseia-se em fatores como momento político, momento econômico, mercado interno, situações de balança comercial e deficiências nacionais. O lançamento de diferentes produtos, de qualidade superior e com preços competitivos fez com o que brasileiro se conscientizasse da importância da abertura da economia para o desenvolvimento do país, obrigando as indústrias a reformular seu parque industrial, completamente obsoleto, com o intuito de poder competir no novo mercado. (SEBRAE-MG, 2005). Aliás, a importação é uma arma fundamental para reduzir as a inflação, pois coloca mais produtos no mercado interno e, por conseguinte, os preços caem. Segundo Vazquez (2009, p. 141-142), o Governo Federal determinou o desenvolvimento de um sistema de informações que integrasse as atividades dos principais órgãos públicos envolvidos com o Comércio Exterior: DECEX, BACEN e SRF, de modo a uniformizar o tratamento dado ao fluxo de informações de importação e de exportação.

6 Foi por isto que foi criado o sistema integrado de comercio exterior ou SISCOMEX, que será abordado no seguinte item. (VAZQUEZ, 2009) 5.2.1. Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) O SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior) representa uma sistemática administrativa para o comércio exterior brasileiro, através da integração das atividades de várias instituições governamentais, referente à orientação, acompanhamento e controle das diversas etapas das operações de importação e de exportação. (VAZQUEZ, 2009). Para Maluf (2000), os importadores ou agentes credenciados têm à sua disposição um software, SISCOMEX, com interface gráfica, para elaboração dos documentos eletrônicos das operações de comércio exterior e respectivas transmissões para a central. Segundo Vazquez (2009), o SISCOMEX importação, compreende um salto qualitativo na direção da informatização dos procedimentos para importação de mercadorias e dos controles administrativos da área aduaneira, com adoção de novos procedimentos de trabalho, ao encontro das necessidades da sociedade brasileira e do processo de globalização da economia internacional. A implantação do SISCOMEX iniciou uma nova fase nas operações relacionadas ao comércio internacional, integrando diversas atividades administrativas, via sistema informatizado, auxiliando na elaboração de diversos documentos utilizados na área aduaneira, como registro de importação, licença de importação, entre outros. (BICHELS, 2011). 5.2.2. Sistema RADAR ou registro da empresa Também conhecida como habilitação (ou senha) no Radar, a habilitação para utilizar o SISCOMEX consiste no exame prévio daqueles que pretendem realizar operações de comércio exterior. Toda pessoa física ou jurídica, antes de iniciar suas operações de comércio exterior deve comparecer a uma unidade da Receita Federal para obter sua habilitação. Atualmente, a legislação que trata da habilitação de importadores e exportadores está disciplinada pela Instrução Normativa SRF nº 650,

7 de 12 de maio de 2006 e pelo Ato Declaratório Executivo Coana nº 3, de 1º de junho de 2006. Segundo Vazquez (2009), são estabelecidas quatro modalidades de habilitação: 1) ordinária, a mais completa das modalidades, para pessoas jurídicas que atuam constantemente no comércio exterior ou na internação de mercadorias oriundas da ZFM (Zona Franca de Manaus); 2) simplificada, para pessoas físicas (inclusive a qualificada como produtor rural, artesão, artista ou assemelhado), pessoas jurídicas (Linha Azul, Sociedade Anônima de Capital Aberto, Encomendante, Ativo Permanente e Pequena Monta), empresa pública ou sociedade de economia mista, e entidade sem fins lucrativos; 3) especial, destinada aos órgãos da administração pública direta, autarquia e fundação pública, órgão público autônomo e organismo internacional; e 4) restrita, para pessoa física ou jurídica que tenha operado anteriormente no comércio exterior, para a realização exclusiva de consulta ou retificação de declaração. 5.2.3. INCOTERMS e NCM Os Incoterms são a abreviatura de International Commercial Terms, ou seja, termos utilizados no comércio internacional. Definem os direitos e obrigações do vendedor (exportador) e comprador (importador) em relação à entrega e pagamento das mercadorias do intercâmbio. (SEBRAE-MG, 2005). Representados através de três siglas, os termos internacionais de comercio se tratam efetivamente de condições de venda, pois definem os direitos e obrigações mínimas do vendedor e do comprador quanto a fretes, seguro, movimentação em terminais, liberações em alfandegas e obtenção de documentos de um contrato internacional de venda de mercadorias, por isto, podem vir a ser chamados como clausulas de preços, pois cada termo determina a composição do preço da mercadoria. Uma vez agregados ao contrato podem passar a ter forca legal.

8 Esse conjunto de termos é oriundo dos vários usos e costumes de diversos países, e define o ponto de entrega da mercadoria nas vendas e compras, portanto, o local exato da divisão das responsabilidades entre as partes e intervenientes de um contrato no comércio exterior, ou seja, os direitos e obrigações de vendedor e comprador. (KEEDI, 2007). Conforme Vazquez (2009), os INCOTERMS foram publicados pela primeira vez em 1936, pela CCI (Câmara de Comércio Internacional), sediada em Paris e com alterações e emendas em 1953, 1967, 1976, 1980, 1990 e 2000. Esses termos, que são facultativos, são aplicados somente nas relações comprador e vendedor. A seleção e escolha do INCOTERM do produto importado é de suma importância para a estimação de custos. É por meio desta escolha que se identifica a forma de contrato a ser estabelecida, definindo quem é o responsável pelo frete no exterior; como se dá o frete entre os países e território nacional; e como proceder sobre o pagamento das tarifas alfandegarias no exterior e território nacional. (OLIVEIRA, DE SOUZA, et al., 2004). Isto deverá ser cuidadosamente avaliado durante a negociação junto ao fornecedor internacional. Os principais INCOTERMS são mostrados no Quadro 1, explicando o significado de cada um deles e as relações entre o comprador e vendedor. Quadro 1 - Principais INCOTERMS Tipo Significado Siglas Por extenso 1 Na partida ou na EXW Ex-Works. origem Transporte FCA Free Carrier; 2 principal por FAS Free Alongside Ship; conta do FOB Free On Board; comprador Transporte CFR Cost and Freight; 3 principal por CIF Cost, Insurance and Freight; conta do CPT Carriage Paid To; vendedor CIP Carriage and Insurance Paid To. 4 DAF Delivered at Frontier; Na chegada ou DES Delivered Ex-Ship; no destino DEQ Delivered Ex Quay;

9 DDU Delivery Duty Unpaid; DDP Delivery Duty Paid. Fonte: OLIVEIRA et al. (2004) SEBRAE-MG (2005) descreve o significado para cada grupo, conforme relacionado abaixo: Tipo 1: Significa a obrigação mínima para o vendedor, pois apenas se limita a colocar em seu próprio estabelecimento a mercadoria à disposição do comprador. Este tipo de INCOTERMS representa grande risco para o projeto, pudendo acontecer muitas coisas erradas no processo de importação; Tipo 2: O vendedor é responsável pelo transporte até o ponto indicado para transferência ao comprador ou seu representante, e a contratação do frete principal (internacional) até o ponto de destino é obrigação do comprador; Tipo 3: O vendedor contrata o transporte principal, podendo ou não assumir custos sobre danos e perdas; Tipo 4: O vendedor cumpre todas as obrigações no país do importador. Este tipo de INCOTERM representa nenhum risco para o projeto, pois o risco é transferido para o fornecedor, pudendo inclusive punir com multas em caso de atrasos. Dos INCOTERMS mencionados acima, no Brasil nem todos podem ser utilizados baseados na legislação. Utilizando como base as informações apresentadas até então, retomamos a problemática inicial. Não são todos os INCOTERMS que podem ser utilizados em sua íntegra fundamentada pela Câmara do Comércio Internacional (CCI) nas operações de importação e exportação de produtos no Brasil. Segundo Polis (2012), A Resolução CAMEX n 21, de 07 de abril de 2011, fundamenta a utilização e validade dos incoterms no Brasil. A Resolução explicita que nas exportações e importações brasileiras serão aceitas quaisquer condições de venda praticadas no comércio internacional, desde que compatíveis com o ordenamento jurídico nacional.

10 Além disso, a Resolução CAMEX n. 21 estabelece notas para o termo DDP, em virtude de o vendedor estrangeiro não dispor de condições legais para providenciar o desembaraço para entrada de bens do País, este termo não pode ser utilizado na importação brasileira, devendo ser escolhido o DAT ou DAP, onde o vendedor completa suas responsabilidades quando a mercadoria é colocada à disposição do comprador, dentro do período acordado, num terminal de destino nomeado, descarregada do veículo transportador, mas não desembaraçada para importação, sendo utilizado em todos os modais no caso de preferência por condição disciplinada pela CCI. Figura 1 - Responsabilidade e Custos da Sigla DDP R Riscos / Responsabilidade C Custos Fonte: COMEX (2016) EXPORTADOR IMPORTADOR Outros termos que não podem ser utilizados nas importações brasileiras são conforme Morini et al (2010), CIF e CIP, pois não é permitida a contratação de seguro internacional no exterior. Isso se fundamenta conforme a Resolução CNSP n. 197, de 2008, que só permite a contratação e validação de seguro internacional quando (BRASIL, 2008) para a cobertura de riscos não exista a oferta de seguro no País.

11 Figura 2 - Responsabilidade e Custos da sigla CIP Fonte: COMEX (2016) Em casos de contratação de seguros no exterior, somente para os casos exposto acima, deverá ser respeitado, para validação do seguro, a Circular SUSEP n. 392, de 16 de outubro de 2009. Como os termos CIF e CIP dependem de contratação do seguro por parte da empresa estrangeira, esses termos tornam-se inválidos em operações brasileiras de importação, excetuando-se os casos em que a companhias seguradoras brasileiras não possam atender, devendo ser substituídos por termos equivalentes, CFR e CPT. A empresa importadora brasileira deverá assumir o custo do seguro, contratando-o em instituição federada ao nosso país, portanto, ser analisada a elegibilidade de esta sigla. Figura 3 - Responsabilidade e Custos da sigla CIF CIF - A responsabilidade sobre a mercadoria é transferida do vendedor para o comprador no momento da transposição da amurada do navio no porto de

12 embarque. A carga deverá ser entregue desembaraçada pelo exportador no porto de origem. O vendedor é o responsável pelo pagamento dos custos, frete e seguro necessários para levar a mercadoria até o porto de destino indicado. Fonte: COMEX (2016) No CPT, o vendedor contrata e paga o frete para levar as mercadorias ao local de destino designado. A partir do momento em que as mercadorias são entregues à custódia do transportador, os riscos por perdas e danos se transferem do vendedor para o comprador, assim como possíveis custos adicionais que possam incorrer. O vendedor ou exportador é o responsável pelo desembaraço das mercadorias para exportação. Figura 4 - Responsabilidade e Custos da sigla CPT. Fonte: COMEX (2016)

13 Figura 5 - Responsabilidade e Custos da sigla CFR. Fonte: COMEX (2016) O CFR, onde o vendedor é o responsável pelo pagamento dos custos necessários para colocar a mercadoria a bordo do navio. O vendedor é responsável pelo pagamento do frete até o porto de destino designado. O vendedor é responsável pelo desembaraço da exportação. Os riscos de perda ou dano da mercadoria, bem como quaisquer outros custos adicionais são transferidos do vendedor para o comprador no momento em que a mercadoria cruza a murada do navio. Caso queira se resguardar, o comprador deve contratar e pagar o seguro da mercadoria no Brasil. Também, pode ser uma boa estratégia utilizar a sigla EXW, pois tudo será contratado pelo comprador, mas poderá ter-se um maior controle sobre cada passo e o timing dos processos intermediários. Como é verificado na Figura 6, o risco e responsabilidade do importador são altos, mas o custo em compensação é baixo.

14 Figura 6 - Responsabilidade e Custos da sigla EXW R Riscos / Responsabilidade C Custos Fonte: COMEX (2016) IMPORTADOR EXPORTADOR O NCM é um método internacional de classificação para ordenar e codificar as mercadorias baseado em uma estrutura de códigos em ordem numérica lógica, crescente e nível de especificidade de descrições, tais como origem, matéria constitutiva e aplicação. A nomenclatura ou classificação fiscal ordena por códigos as mercadorias de acordo com sua natureza e características, relacionando as informações básicas necessárias à transação comercial, como incidência de impostos (Tabela de Incidência sobre Produto Industrializado - TIPI, por exemplo), contingenciamentos, acordos internacionais e normas administrativas. No Brasil existem dois tipos de nomenclatura. A Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e a Nomenclatura Aduaneira para a Aladi (Naladi-SH). As duas são semelhantes, já que se baseiam no Sistema Harmonizado de Codificação de Mercadorias (S.H.), têm a mesma estrutura e número de dígitos. Os produtos são classificados por códigos numéricos de oito dígitos. Os primeiros referem-se às características mais genéricas e os últimos se relacionam a detalhes mais específicos.

15 5.2.4. Documentos necessários de Importação 5.2.4.1. Declaração de Importação (DI) Segundo SISCOMEX, o registro da Declaração de Importação no SISCOMEX representa o início do Despacho Aduaneiro e geralmente é providenciado após a chegada da mercadoria ao país. O objetivo é permitir ao importador o despacho aduaneiro de importação. 5.2.4.2. Licença de Importação (LI) Para alguns produtos é feito o Licenciamento não-automático (LI). Por esse procedimento, o importador deve prestar informações mais detalhadas de sua carga. Vide de regra, a LI é solicitada antes do desembaraço da mercadoria, mas em determinados casos ela deve ser solicitada antes do embarque no exterior. Pré-embarque A licença de importação pré-embarque passará por anuência do órgão estabelecido para tal, antes do embarque da carga. O importador pagará multa pela carga que tiver a data de embarque anterior à data de anuência da Licença de importação pré-embarque. Pós-embarque A licença de importação pós-embarque passará por anuência do órgão estabelecido para tal, após embarque da carga. Quando há uma Licença de Importação (LI) para a operação, os respectivos dados migrarão automaticamente para a DI quando for informado o respectivo número durante a formulação deste documento no SISCOMEX (OLIVEIRA, DE SOUZA, et al., 2004). 5.2.5. Impostos nas Operações de Importação e ex-tarifário aplicado às máquinas de alta tecnologia O primeiro passo, para a determinação dos impostos para operações de importação é a determinação do Valor Aduaneiro (VA), o qual serve como base de

16 calculo, segundo o art. 7º da Lei nº 10.865, de 1º de maio de 2004. O Valor aduaneiro esta composto pelo custo de transporte, os gastos relativos à carga, descarga e manuseio, e o custo do seguro internacional da mercadoria até a entrada no território aduaneiro, somado a Taxa de Utilização do SISCOMEX. A importação de bens estrangeiros constitui fato gerador para tributação de Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) de competência federal, como também o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) de competência estadual, eles utilizam como base de calculo o Valor Aduaneiro (VA). O fato gerador, a base de cálculo, a alíquota aplicável e a legislação vigente de cada um dos impostos, são vistos nos quadros a seguir. Imposto de Importação (II): Quadro 2 - Imposto de Importação (II) Fato gerador Entrada de produtos estrangeiros em território nacional, desde que destinado ao consumo. Concretiza-se com o registro da declaração de importação. Base de Calculo É o valor aduaneiro, composto pelo custo de transporte, os gastos relativos à carga, descarga e manuseio, e o custo do seguro internacional da mercadoria até a entrada no território aduaneiro, somado a Taxa de Utilização do SISCOMEX. Alíquota Consta na TEC (Tarifa Externa Comum do Mercosul), para o produto importado devidamente classificado na NCM/SH (Nomenclatura Comum do Mercosul/Sistema Harmonizado). Legislação art. 153, I e 1º da Constituição Federal de 1988; Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional), artigos 19 a 22; Decreto-Lei nº 37/66; Regulamento Aduaneiro (RA): Decreto nº 6.759/09 (artigos 69 a 211); Tratados Internacionais, Resoluções Camex, Instruções Normativas, etc. Fonte: Legislação incluída no quadro acima

17 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): Quadro 3 - Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) Fato gerador Desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira. Base de Calculo É o valor da base de cálculo do I.I., somado ao próprio valor do I.I. Alíquota Constante na TIPI, para o referido produto, de acordo com a classificação na NCM/SH. Legislação art. 153, IV e 3º da Constituição Federal de 1988; Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional), artigos 46 a 51; Lei nº 4.502/64; Regulamento do IPI (RIPI): Decreto nº 4.544/02 - Tabela de Incidência do IPI (TIPI): Decreto nº 6.006/06; Instruções Normativas, Pareceres, Portarias, Atos Declaratórios, etc. Fonte: Legislação incluída no quadro acima

18 Programa de Integração Social e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (PIS/COFINS): Quadro 4 - Programa de Integração Social e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (PIS/COFINS) Fato gerador Base de Calculo Data do registro da declaração de Importação (DI), ou na data do pagamento no caso de prestação de serviços. Valor aduaneiro (VA) + ICMS "fictício" (utilizado apenas para cálculo dessas contribuições) + PIS/Pasep + COFINS. FÓRMULA: =(((VA+II+IPI)/0,83 ICMS)-II-IPI)/0,9075 PIS E COFINS. Alíquota PIS = 2,1% e COFINS = 9,65% Legislação Lei Nº 13.137, De 19 de Junho de 2015 Fonte: Legislação incluída no quadro acima Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS): Quadro 5 - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) Fato gerador Base de Calculo Alíquota Desembaraço aduaneiro de mercadorias, bens e serviços prestados no exterior ou que tenha iniciado no exterior. Valor da mercadoria, bem ou serviço, conforme valores da declaração de importação (D.I.), somando ao valor o I.I., IPI e Imposto sobre Operações de Câmbio (IOC), além das demais despesas aduaneiras, além do montante do próprio imposto. FÓRMULA: = (VA+II+IPI+PIS+COFINS+TAXA_SISCOMEX)/0,83 ICMS Considera-se o estado de destino da mercadoria, ou seja, no estado do Rio de Janeiro, a alíquota interna é de 19%. Legislação art. 155, II e 2º da Constituição Federal de 1988; Lei Complementar nº 87/96 Fonte: Legislação incluída no quadro acima Segundo Abel (2013), o ex-tarifário é um regime aduaneiro para empresas que pretendem investir em alta tecnologia para suas linhas de produção, tecnologias não encontradas no mercado brasileiro. Esse regime foi implantado para ajudar os empresários a reduzirem custos e ganhar destaque no mercado nacional e internacional.

19 O Ex-tarifário, é uma concessão tarifária que reduz a alíquota do imposto de importação para Bens de Capital ou maquinários (BK) e Bens de Informática (BIT). O Ex-tarifário é um estimulo ao processo de investimento produtivo. Pode-se dizer também que é a ordenação do processo de redução de alíquotas do imposto de importação de Bens de Capital e Bens de Informática, sem que haja produção nacional (DALSTON, 2005). O ex-tarifário, substitui ao Imposto de Importação (I.I.) e devido à falta de conhecimento dos regimes especiais para importação de grupos geradores sem similar nacional e principalmente ao Ex-tarifário, empresas brasileiras incorrem em custos adicionais desnecessários nos projetos que involucram equipamentos de geração distribuída e cogeração, que poderiam ser beneficiados com suspensão ou até mesmo isenção dos impostos, que no caso do regime Ex-tarifário para equipamento de geração de eletricidade referenciados neste trabalho, reduzem o imposto de 14% para 0% (isenta o imposto) e proporciona um efeito redutor sobre os demais impostos, gerando assim um desembolso menor no projeto. No processo de internalização das mercadorias, o SISCOMEX utiliza um sistema de luz verde, amarela e vermelha para a verificação das mesmas, sendo: Verde, sem risco e sendo liberada imediatamente; Amarela, que deve ser avaliada com cuidado e; vermelha, sendo uma mercadoria de risco e deverá ser revisada por um auditor de maneira obrigatória. Cabe mencionar que todas as mercadorias que enquadram-se no regime ex-tarifário recebem luz vermelha, pelo qual devem passar pela verificação de um auditor da receita federal.

20 5.2.6. Entreposto Aduaneiro, porto molhado e porto seco. Entreposto Aduaneiro é o regime especial que permite, nas operações de importação e exportação, a armazenagem de mercadoria estrangeira em recinto alfandegado de uso público, com suspensão dos pagamentos dos impostos e contribuições federais e ICMS incidentes na importação. A mercadoria admitida no regime poderá ser nacionalizada pelo importador, consignatário ou adquirente, despachada para consumo ou exportada (MAGALHÃES e MOREIRA, 2013). A utilização de um entreposto aduaneiro é de grande utilidade quando a mercadoria foi internalizada no país, mas ainda não foi paga pelo cliente, nem é necessária na obra, pudendo ficar ate por um ano nesta condição. Em caso de necessidade, pode ser renovado por mais um ano (MAGALHÃES e MOREIRA, 2013). Logo depois da chegada do equipamento de geração de eletricidade no porto de destino, ele é desovado (tirado do container) e retirado do navio, ficando no chamado porto úmido, é aqui que o equipamento realizará o processo de desembaraço aduaneiro. Segundo a especialista em importação da ELECRIO, a senhora Juliana Grilli Arena, o dono da mercadoria deve pagar por um prazo mínimo de 05 dias de armazenagem no porto seco, que é default e costuma ser um preço fixo, no entanto, depois deste primeiro período o preço começa a incrementar de forma significativa e pode onerar o orçamento do projeto, coisa que deve ser vigiada pelo gerente de projeto. Se o processo for ágil, pode ser realizado no porto seco, mas se a mercadoria tiver ex-tarifário recomenda-se transferir a mercadoria para um porto seco (DTA), onde os preços de armazenagem são bem menores. Por outro lado, o porto seco é um espaço de armazenagem da carga onde o custo de estada é bem mais barato do que no porto úmido. O gerente de projeto deve buscar saber se tem greves ou paralizações na receita federal, pois em caso de utilizar o ex-tarifário para a internalização dos equipamentos de geração elétrica, a mercadoria deve ir obrigatoriamente para um porto seco (DTA), pois o fiscal da receita federal pode demorar muito mais de 05 dias em verificar as documentações

21 do projeto. Se o equipamento for de soma urgência, poderia abrir-se mão do extarifário e pagar a tarifa cheia. Estes aspetos serão abordados no desenvolvimento do trabalho. 5.3. UM GUIA DO CONHECIMENTO EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS (GUIA PMBOK) Gerenciamento de Aquisições em projetos O Guia PMBOK identifica esse subconjunto do conhecimento em gerenciamento de projetos que é amplamente reconhecido como boa prática. Dentre dessas linhas de conhecimento esta o conhecimento sobe gerenciamento de aquisições, o qual será abordado neste trabalho de encerramento de curso. Segundo o Guia PMBOK, quinta edição de 2013, o gerenciamento das aquisições do projeto inclui os processos necessários para comprar ou adquirir produtos, serviços ou resultados externos à equipe do projeto. A organização pode ser tanto o comprador quanto o vendedor dos produtos, serviços ou resultados de um projeto. Também diz que o Gerenciamento das aquisições do projeto também inclui a administração de todos os contratos emitidos por uma organização externa (o comprador) que está adquirindo os resultados do projeto da organização executora (o fornecedor), e a administração das obrigações contratuais atribuídas à equipe do projeto pelo contrato (PMI, 2013). Os processos de gerenciamento das aquisições do projeto envolvem acordos, incluindo contratos, que são documentos legais entre um comprador e um fornecedor. Um contrato representa um acordo mútuo que obriga o fornecedor a oferecer algo de valor (por exemplo, produtos, serviços ou resultados especificados) e obriga o comprador a fornecer uma compensação monetária ou de outro tipo. Neste ponto resulta sumamente importante ter os cuidados para negociar o tipo de contrato com os fornecedores para que o contrato de aquisições e clausulas de obrigações sejam coerentes com a legislação brasileira e processos do SISCOMEX. Segundo o PMBOK, os processos do projeto de aquisições são: Primeiro: Planejar o Gerenciamento de aquisições;

22 Segundo: Conduzir as aquisições; Terceiro: Controlar as aquisições; Quarto: Encerrar as aquisições. A Figura 7 fornece uma visão geral dos processos do gerenciamento das aquisições do projeto Figura 7 - Visão Geral do Gerenciamento de Aquisições. Fonte: PMI (2013)

23 Muitas vezes, de maneira errônea, considera-se que a área de compras da empresa deve ser responsável pelas compras e qualquer problema não devera ser atribuída ao Gerente de Projeto. Na Figura 7, evidencia-se que existe sim um envolvimento do Gerenciamento de projetos no processo de contratação e que muitos problemas na importação podem ser evitados. A equipe de gerenciamento do projeto pode buscar desde o início o apoio de especialistas em contratos, compras, aspectos jurídicos e disciplinas técnicas. Esse envolvimento pode ser exigido pelas políticas da organização. As diversas atividades envolvidas nos processos gerenciamento das aquisições do projeto compõem o ciclo de vida de um contrato. Através do gerenciamento ativo do ciclo de vida do contrato e uma redação cuidadosa dos termos e condições de uma aquisição, alguns riscos identificáveis do projeto podem ser compartilhados ou transferidos para um fornecedor. Firmar um contrato de produtos ou serviços é um método de alocar a responsabilidade pelo gerenciamento ou compartilhamento dos riscos potenciais. 6. ESTUDO DE CASO DE GERENCIAMENTO DE AQUISICÕES NA IMPORTAÇÃO Durante o desenvolvimento do presente trabalho surgiram várias duvidas sobre a fonte das informações a serem utilizadas no processo de importação. Para poder ter um norte, foi necessário consultar com especialistas que estão envolvidos diretamente com o processo de importação, como por exemplo, a senhora Juliana Grilli Arena, especialista na área de importações do grupo LIGHT, que me orientou sobre quais são as siglas existentes nos INCOTERMS e quais são utilizadas pelo grupo LIGHT na importação de equipamentos de geração de eletricidade. Por outro lado, também tive a oportunidade de conversar com Aldenir Novais, Diretor da empresa CARGO VICTORY DO BRASIL, sobre a importância da correta identificação do NCM da mercadoria a ser importada. Ele mencionou que a seleção errada de um NCM, pode-se enquadrar como um delito e é multado pela receita federal, portanto, deve-se trabalhar com empresas com experiência na área de

24 importações que possam realizar o desembaraço aduaneiro de maneira ágil e correta. A empresa carioca ELECRIO é um nome fictício de uma empresa que opera na área de prestação de serviços para indústrias, shopping centers, centros de convenções e aeroportos. Ela tem base no Rio de janeiro e tem mais de 15 anos de presencia no mercado brasileiro. Durante a entrevista com Juliana Grilli, foi identificado um projeto da ELECRIO onde houve um sobre custo na importação de 03 moto-geradores de 4 MW (4 Megawatts), pois desconhecia-se que tais equipamentos eram isentos do imposto de Importação, por não terem similar nacional, entretanto, precisava de ser feita uma consulta pública e um trâmite junto a ABIMAQ - Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, onde seria feita uma consulta entre os fabricantes nacionais sobre inexistência de equipamentos similares sendo produzidos no Brasil, caso este processo seja favorável, o Ex-tarifário poderia ter sido solicitado e obtido um redução da alíquota de importação de 14% para 0%. (ABIMAQ, 2015). Considerando um custo unitário por moto-gerador de aproximadamente R$ 1.575.000,00 1, temos um sobre custo de R$ 220.500 a mais por moto-gerador, totalizando R$ 661.500 pelos três equipamentos. Segundo Aldenir Novais, já teve casos de empresas que tiveram grandes prejuízos por terem tentado fazer o processo de desembaraço por conta própria, pois existe uma legislação tributarista por trás de todo processo de importação, pelo qual precisa-se do suporte de uma equipe de advogados com amplo conhecimento do assunto. No exemplo que ele comentou, a empresa recorreu para eles, pois a mercadoria estava travada na receita federal, pois os fiscais tinham achado irregularidades na declaração de importação (DI) e as evidencias apresentadas, pelo qual tinham urgência em resolver o impasse. Ante a complexidade do processo, e a gravidade dos erros, o cliente viu se forcado a abrir mão da mercadoria importada, perdendo o investimento. Isto pode ser muito serio para um projeto de cogeração. 1 O custo unitário do moto-gerador é aproximadamente 350.000, foi utilizada a cotação do dia 20/02/2015 de 4,5 BRL/EUR.

25 O SISCOMEX é um sistema bastante complexo, mas por sua vez bastante eficiente na função de classificar as mercadorias que estão entrando no país, barrando produtos proibidos ou que causem uma concorrência desleal para com os produtores locais. Esta complexidade faz com que muitas vezes os importadores cometam erros na hora da seleção do NCM do produto que esta sendo importado, mas para o SISCOMEX não existe erro por desconhecimento ou ingenuidade, muito pelo contrario, todo erro cometido é interpretado como uma tentativa de fraude e os importadores podem ser atuados com severas multas. Ante isto, sempre se recomenda buscar apoio jurídico de uma despachante aduaneiro quando se esteja importando algum produto de difícil classificação no sistema da receita federal, pois ele pode requerer também outras permissões que possam requerer maior tempo de liberação. Normalmente esta documentação é realizada anteriormente para mitigar qualquer inconveniente. Aldenir Novais, explicou que as empresas trade possuem especialistas jurídicos que podem auxiliar ao projeto. Vale a pena fazer uma primeira vez o processo em conjunto para que talvez futuramente a área de compras possa realizar de conta própria. 6.1. Processo de Importação num estudo de caso O Processo de Importação se enquadra dentro do segundo processo do gerenciamento de aquisições, que seria a condução das aquisições, onde são negociadas as clausulas do contrato junto ao fornecedor. Entende-se que durante o primeiro processo, planejamento de aquisições, foram elaborados os documentos de aquisição do projeto e o Request for Quotation (RFQ) com suporte interno ou externo de especialistas. Posteriormente, durante a condução das aquisições, foram recebidas pelo menos 03 propostas para o mesmo equipamento e foi escolhido um vencedor da licitação internacional. Dentro do RFQ mencionada deve constar a descrição técnica do equipamento junto às recomendações feitas ao longo deste estudo, no entanto, algumas vezes pode ser necessário deixar algumas especificações em aberto para dar maior flexibilidade ao processo licitatório, pois a licitação pode ficar deserta em caso fique muito restritiva, é de boa praxe incluir uma minuta do contrato contendo as clausulas padrão da empresa. As recomendações deste trabalho são muito uteis tanto no planejamento quando a condução das aquisições.

26 A seguir são listados os passos adotados no processo de importação pela empresa fantasia ELECRIO, utilizada no estudo de caso, identificando o produto e contato com fornecedores, cálculo de custo e negociação, pedido de compra e negociação, habilitação no SISCOMEX e RADAR, documentação, despacho aduaneiro e desembaraço da mercadoria. 6.1.1. Identificação do equipamento que deverá ser importado Devido ao fato da possibilidade de se iniciar uma relação comercial em outro idioma, a diversidade de produtos ofertados no mercado internacional exige uma correta identificação do produto a ser importado. Portanto o passo inicial do processo de importação é a adequada identificação da classificação fiscal do produto desejado. No Brasil a classificação das mercadorias é denominada de NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul), e é estruturada pelo SH (Sistema Harmonizado) método de classificação de mercadorias mundialmente utilizado. O produto desejado pela ELECRIO é um Gerador elétrico motor pistão Ignição por centelha com alternador descrito na Tabela 1, e está classificada no NCM de nº 8502.20.19. Esta informação esta disponível na pagina da receita federal. (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2011). Tabela 1 - Informações do produto importado NCM 8502.20.19 Preço Ex-works 297.000,00 DESCRIÇÃO MODELO POTENCIA INFORMAÇÕES ELÉTRICAS Gerador elétrico motor pistão Ignição por centelha com alternador Jenbacher tipo 4, J412 850 kw 480 V / 60 HZ Fonte: Elaboração do autor É de suma importância possuir a correta classificação, pois influencia em: