DESENVOLVIMENTO LINGUISTICO NA PERTURBAÇÃO DO ESPECTRO DO AUTISMO - EYE TRACKING METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DA PERCEÇÃO DA FALA

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LABFON - CLUL EXCL/MHC-LIN/0688/2012 DESENVOLVIMENTO LINGUISTICO NA PERTURBAÇÃO DO ESPECTRO DO AUTISMO - EYE TRACKING METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DA PERCEÇÃO DA FALA Bandeira de Lima 1,2, C., Severino,C. 2, Butler, J. 2, Oliveira, G. 3, Vigário, M. 2 1 Centro de Neurodesenvolvimento CHLN e Centro de Neurodesenvolvimento - LogicaMentes; 2 Laboratório Fonética & Lisbon BabyLab CLUL; 3 Centro de Desenvolvimento da Criança - CHC VI Congresso Internacional de Psicologia da Criança e do Adolescente 22 e 23 Abril de 2015

INTRODUÇÃO O bebé quando nasce tem uma capacidade universal para discriminar os sons da fala, independentemente da sua língua materna. Capacidade universal ativa até 6-8 meses declina 12 meses aumenta Capacidade especifica de descriminação dos sons da língua materna

INTRODUÇÃO Será este afunilamento ou sintonia para os sons da língua materna que irá permitir que o bebé aprenda a falar uma determinada língua. A investigação tem demonstrado que quanto mais tempo o bebé permanece na fase inicial de perceção universal, mais tardia é a aquisição da linguagem (Tsao et al 2004; Kuhl 2004). Tsao et al, 2004 6 meses - discriminação duas vogais (tea/two) forte correlação com posterior desenvolvimento da linguagem (13,16,24 m) Kuhl, 2004 7,5 meses - discriminação de contrastes nativo (/pa/,/ta/) e não nativo (/çi/; /tç h i) forte correlação com posterior desenvolvimento da linguagem (14,18,24 e 30 m)

INTRODUÇÃO O reconhecimento de palavras no contínuo sonoro da fala é uma competência que surge de uma forma precoce ao longo do primeiro ano de vida (Saffran et al 1996). Os bebés entre os 13 e os 15 meses são já capazes de fazer a aprendizagem de novas palavras e de as associar a novos objetos/imagens (Werker & Yung 2005).

INTRODUÇÃO Colocam-se então várias questões sobre o modo como é feito o desenvolvimento da perceção da fala (PF) nas crianças com Perturbação do Espectro do Autismo (PEA): A criança com PEA desenvolve estas competências? Terá uma perceção já específica dos sons da língua materna? Com que facilidade consegue aprender novas palavras? Este trabalho faz parte de uma investigação maior no âmbito de uma tese de doutoramento do Programa Voz, Linguagem e Comunicação, Bandeira da de UL, Lima e et no al âmbito - CIPCA -do Abril projecto 2015 EBELa (FCT), do Lisbon BabyLab - CLUL

OBJECTIVO Foram construídas duas tarefas de perceção da fala (PF) com recurso à metodologia de Eye Tracking (ET) visando a identificação de competências de PF nas crianças com PEA. O ET é um processo de medição do movimento ocular em resposta a estímulos visuais projetados num ecrã, permitindo estabelecer padrões de comportamento em função dos estímulos apresentados.

METODOLOGIA A escolha da metodologia de ET justifica-se pelo facto de: não exigir uma resposta oral por parte da criança com PEA; não implicar a interação social; ser um instrumento avaliativo motivante.

METODOLOGIA Para este trabalho em especifico, foi selecionada uma amostra composta por 12 crianças com diagnóstico de PEA (DSM5) e sem oralidade, que foram acompanhadas longitudinalmente por 2 anos, tendo sido avaliada a sua PF no final deste período; Grupo controlo: 36 bebés com um desenvolvimento típico (DT) que se dividem por cada uma das tarefas de PF: 1a - contraste nativo; 1b - não nativo; (6 meses) 2 - aprendizagem de palavras (14m)

METODOLOGIA Tarefas de P.F. 1 Tarefa 1 - Discriminação do contraste nativo vs não nativo Construída com base nas investigações de Kuhl, 2004;2005 e Tsao et al, 2006 e Werker e Tees,1984ª/1988. Tem por objetivo avaliar a capacidade da criança para discriminar sons da sua língua materna (PE) e sons de outras línguas. Os estímulos auditivos foram selecionados criteriosamente com base em investigações anteriores e experiências para o Português Europeu. Foram também escolhidos dois estímulos visuais. Foram definidos dois estímulos auditivos para: contraste nativo: /pa/ - /ka/ (labial vs. velar) Contraste não-nativo - /da/ - /d a/ (oclusiva dental vs retroflexa)

METODOLOGIA Tarefas de P.F. 1 Tarefa 1 - Discriminação do contraste nativo vs não nativo (Kuhl, 2004;2005 e Tsao et al, 2006) 4 contrastes iniciais: 1.Alemão - fricativa pós alveolar e fricativa palatal: S/ç. 2. Mandarin - çi/tç h i 3. Checo - Contraste oclusiva palatal vs dental 4. Árabe - contraste oclusiva uvular vs velar Exp. 5s-81%

METODOLOGIA Tarefas de P.F. 1 Tarefa 1 - Discriminação do contraste nativo vs não nativo Frota, S.,, Severino, C., Butler, J., Bandeira de LIma & Vigário, 2013; Werker e Tees (1984ª/1988 ); Tsao et al, 2006 Hindi : oclusiva dental vs retroflexa: /da/ -/d a/ ) Adultos PE nativos 18s 35,1% (erro) A one-way ANOVA diferenças sign. (F(1,35) = 10.47, p <.01, η2 =.24). Adultos Hindi nativos 18s 20,3% (erro) Metodologia ABX/ Metodologia ET Bebés metodologia ET Eye tracker da d a

METODOLOGIA Tarefas de P.F. 1 Tarefa 1 - Discriminação do contraste nativo vs não nativo 8 blocos Treino 6 trials Teste 2 trials 3 trials de um som /pa/ ou /da/ Lado direito 3 trials de um som /ka/ ou /d a/ Lado esquerdo Olhar antecipatório para o lado em que deve aparecer imagem do som ouvido

METODOLOGIA Tarefas de P.F. Contraste não nativo (Português/Hindi) /da/ - /d a/ Contraste nativo (Português/Português) /pa/ - /ka/

METODOLOGIA Tarefas de P.F. 2 Aprendizagem de palavras (Word learning) A construção desta tarefa teve como base a investigação de Yoshida et al (2009) Avaliação da capacidade dos bebés de 14 meses para associar duas palavras fonologicamente semelhantes a dois novos objetos. Foram selecionados os estímulos verbais (palavras a aprender) com base em critérios específicos;

METODOLOGIA Tarefas de P.F. 2 Aprendizagem de palavras (Word learning) Yoshida et al (2009). 14 m - contraste do ponto de articulação bilabialdental /b/- /d/; escolha do para usar 'bida' / dida'. Teve-se em conta a frequência das vogais e consoantes, formato silábico e formato de palavra (e.g. base de dados FrePOP; Vigário, Martins e Frota 2006; Vigário, Freitas e Frota, 2006 ) Os critérios para a construção dos novos estímulos foram os seguintes: a) a) O som inicial ter uma alta frequência na língua PE; b) b) Ser um contraste de ponto de articulação: bilabial/dental; c) O par distinguir-se apenas num único segmento; d) A vogal ter uma alta frequência na língua PE.

METODOLOGIA Tarefas de P.F. 2 Aprendizagem de palavras (Word learning) Yoshida et al (2009). Foram construídos estímulos visuais de dois objetos sem representação real e desconhecidos para as crianças: bida dida bida distractores

METODOLOGIA Tarefas de P.F. 2 Aprendizagem de palavras (Word learning) Yoshida et al (2009). /bida/ 6 trials imagem com movimento (cimabaixo/esq-dta Treino 12 trials Cada estimulo sonoro repetido 6 vezes, surge associado a uma imagem isoladamente /dida/ 6 trials imagem com movimento (cimabaixo/esq-dta Controlos (bebe, carro, sapato, cão) 8 trials Teste 16 trials Os estímulos visuais são emparelhados em pares, mas apenas um estimulo sonoro é ouvido e a criança terá de olhar para a imagem correta. Alvo - /bida/- /dida/ 8 trials

METODOLOGIA Tarefas de P.F. 2 Aprendizagem de palavras (Word learning) Yoshida et al (2009). Bebé 14m com DT Criança com PEA

RESULTADOS Amostra PEA à data da 1ª recolha dados clínicos Descriptive Statistics N Mean Std. Deviation idade 12 31,91 6,25 QG 12 64,46 11,13 QLinguagem 12 46,25 18,05 QRealização 12 76,24 20,45 CARS 12 34,08 6,38 CSBS 12 26,16 11,55 CDI 12,00,00 Valid N (listwise) 12 Bateria de testes aplicados: Escala de Desenvolvimento de Ruth Griffiths Childhood Autism Rating Scale (CARS) Communication and Symbolic Behaviour Scale (CSBS) MacArthur-Bates para o Português Europeu (CDI) Características da amostra à data de inclusão no estudo: 1- A média de idade no primeiro momento de recolha foi de 32 meses; 2 - Perturbação do Desenvolvimento Intelectual de nível ligeiro 3 - Perturbação de Linguagem de nível moderado/grave (todas as crianças tinham 0 a <5 palavras à data 1ª recolha) 4 Sintomas de autismo de nível ligeiro/moderado

RESULTADOS Amostra PEA após 24 M recolha dados clínicos Após dois anos de follow up: Desenvolvimento intelectual estável Periodo recolha QG QG LING QG Rea INICIAL 64,43 46,26 76,24 APÓS 2 ANOS 60,72 47,44 74,27 Linguagem em termos médios permanece estável, mas na análise por sujeito existe heterogeneidade de resultados; Sintomas de autismo variabilidade de evoluções (melhoria/agravamento sintomas)

RESULTADOS Diferenças entre a tarefa de contraste nativo e não nativo entre os bebés com DT e as crianças com PEA 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Proporção do olhar - tarefas contraste nativo/não nativo Português Hindi Nativo Não nativo DT PEA As crianças com DT e 6 meses de idade tiveram um desempenho significativamente superior na discriminação do contraste não nativo (concordante com a literatura) (z=- 2.36, p <.05) Não se observam diferenças significativas entre as duas amostras as crianças com PEA permanecem numa fase de discriminação universal dos sons das línguas.

RESULTADOS Aprendizagem de palavras Word Learning - DT 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 DT_Distrator _alvo BEBE CÃO CARRO SAPATO BIDA DIDA DT_médias_proporção do olhar Controlos Bida Dida As crianças com DT aos 14 meses são capazes de aprender uma nova palavra, associando a um novo objeto. DIDA foi a palavra com melhores resultados de aprendizagem. Descriptive Statistics DT N Mean Std. Deviation Minimum Maximum bida 11,4551,10709,34,66 dida 11,5651,12280,37,78 distrator 11,5666,06632,45,68 Test Statistics a dida - bida distrator - bida distrator - dida Z -1,511 b -2,134 b -,889 b Asymp. Sig. (2-tailed),131,033,374 a. Wilcoxon Signed Ranks Test b. Based on negative ranks.

RESULTADOS Aprendizagem de palavras Word Learning - PEA 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 PEA_controlo_alvo BEBE CAO CARRO SAPATO BIDA DIDA PEA_médias_proporção do olhar Controlos Bida Dida As crianças com PEA são capazes de aprender uma nova palavra, associando a um novo objeto. Descriptive Statistics PEA N Mean Std. Deviation Minimum Maximum bida 12,5184,12947,17,69 dida 12,5533,14380,22,82 controlo 12,5351,08644,37,69 Test Statistics a dida - bida controlo- bida controlo- dida Z -,863 b -1,000 b -,235 c Asymp. Sig. (2-tailed),388,317,814 a. Wilcoxon Signed Ranks Test b. Based on negative ranks. c. Based on positive ranks.

RESULTADOS Significâncias de resultados na tarefa de aprendizagem de palavra entre a população com DT e com PEA 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Diferenças entre DT e PEA distrator bida dida DT PEA controlo bida dida Ranks DT_PEA N Mean Rank Sum of Ranks DT 11 13,45 148,00 PEA 12 10,67 128,00 Total 23 DT 11 9,55 105,00 PEA 12 14,25 171,00 Total 23 DT 11 11,64 128,00 PEA 12 12,33 148,00 Total 23 Não se verificam diferenças significativas entre o desempenho das duas amostras. As crianças com PEA aos 5 anos têm um desempenho igual aos bebés de 14 meses com DT Test Statistics a controlo bida dida Mann-Whitney U 50,000 39,000 62,000 Wilcoxon W 128,000 105,000 128,000 Z -,985-1,662 -,246 Asymp. Sig. (2-tailed),325,097,806 Exact Sig. [2*(1-tailed Sig.)],347 b,104 b,833 b a. Grouping Variable: DT_PEA b. Not corrected for ties.

RESULTADOS Correlação entre o desempenho na tarefa de aprendizagem de palavra e os dados do neurodesenolvimento à data da primeira recolha: QG QLinguagem QRealização DISTRATOR BIDA DIDA Pearson Correlation -,544 -,563 -,480 Sig. (2-tailed),068,057,115 N 12 12 12 Pearson Correlation -,561 -,450 -,359 Sig. (2-tailed),058,142,252 N 12 12 12 Pearson Correlation -,190 -,319 -,354 Sig. (2-tailed),553,313,259 N 12 12 12 CARS CSBS DISTRATOR BIDA DIDA Pearson,413,190 -,415 Correlation Sig. (2-tailed),182,555,180 N 12 12 12 Pearson -,206 -,123,191 Correlation Sig. (2-tailed),521,703,551 N 12 12 12 Sig. (2-tailed)... N 12 12 12 O nível de neurodesenvolvimento das crianças com PEA no ponto inicial de recolha não se correlacionou significativamente com a sua capacidade de aprendizagem de palavras 2 anos depois.

CONCLUSÃO Considera-se que o ET é uma metodologia facilitadora para a avaliação de competências relacionadas com a perceção da fala e pode ser aplicada em idades muito precoces no desenvolvimento da criança; Na PEA a metodologia ET também se revelou facilitadora da aprendizagem de novas palavras através da associação de sons a imagens, e propícia à avaliação do desempenho destas crianças em tarefas de aprendizagem de palavras; As crianças com PEA permanecem numa fase universal de perceção dos sons da língua, tendo um desempenho semelhante aos bebés com 6 meses; O nível de neurodesenvolvimento inicial das crianças com PEA não foi determinante para a sua posterior capacidade de aprendizagem de palavras.

Futuras orientações da investigação O presente trabalho apresenta dados preliminares que colocam hipóteses sobre o desenvolvimento da perceção linguística das crianças com PEA. Os dados serão reforçados com a inclusão de uma amostra mais alargada que está na fase final e recolha, quer para as crianças com PEA, quer crianças com DT; Poderá ser relevante a aplicação destas tarefas em crianças com PEA em idades mais precoces para avaliar o seu comportamento; Será ainda estabelecido uma correlação com os dados da produção de fala ao longo de um período de dois anos nas crianças com PEA e Bebés; Refletir sobre a potencialidade das presentes tarefas de perceção poderem ser usadas como rastreio no desenvolvimento linguístico do bebé.

BIBLIOGRAFIA Kuhl, P. K.. Early language acquisition: cracking the speech code. Nature Reviews Neuroscience, 2004, 5, 831-843; Saffran et al 1996. Statistical Learning by 8th month-old infants. Science, Vol. 274, 1926-1928; Tsao et al 2006. Perception of native and non native affricate-fricative contrast: cross language test on adults and infants. J. Acoust. Souc. Am. 120(4). Werker & Yung 2005. Speech Perception as a Window for Understanding Plasticity and Commitment in Language Systems of the Brain. Wiley Periodicals, Inc.