Política Social no Brasil e o desenvolvimento: desafios e perspectivas. Professor: Jorge Abrahão de Castro Período: Julho de 2013.

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Transcrição:

Política Social no Brasil e o desenvolvimento: desafios e perspectivas Professor: Jorge Abrahão de Castro Período: Julho de 2013.

Política Social no Brasil e o desenvolvimento: desafios e perspectivas Jorge Abrahão de Castro Diretor da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do IPEA Brasília, 06 de setembro de 2012

Política Social e o processo de desenvolvimento

Circuito de influencia Fatores do desenvolvimento Ampliação da participação política e social Consumo (Novo padrão de consumo das famílias, grupos e indivíduos) POLÍTICO Ampliação da Democracia Demanda ECONÔMICO Investimento (Ampliação da infraestrutura social) Diminui/aumenta custos produção Crescimento da economia + Aumento da produtividade Oferta Aumento da Inovação e Produtividade Política Social Igualdades Oportunidades/resultados (Geração, utilização e fruição das capacidades de indivíduos e grupos sociais) Solidariedade ( indivíduos e grupos em resposta a direitos, risco, contingências e necessidades sociais) Promoção social Proteção social (seguridade social) SOCIAL Justiça e coesão social AMBIENTAL Conservação e recuperação ambiental Proteção

Política Social brasileira

Fatores importantes dos últimos vinte anos: Ampliação e extensão dos direitos sociais; Concepção de seguridade social como forma mais abrangente de proteção; Afrouxamento do vínculo contributivo como princípio estruturante do sistema; Universalização do acesso e a expansão da cobertura; Recuperação e redefinição de patamares mínimos dos valores dos benefícios sociais; Maior comprometimento do Estado com o sistema, projetando um maior grau de provisão estatal pública

POLÍTICAS SETORIAIS POLÍTICAS TRANSVERSAIS Previdência Social Geral e do Servidor público Solidariedade e seguro social a indivíduos e grupos em resposta a direitos, risco, contingências e necessidades sociais Proteção social (seguridade social) Saúde Assistência Social e Segurança Alimentar e Nutricional Igualdade Gênero Igualdade Racial POLÍTICA SOCIAL Infraestrutura Social (Habitação, Urbanismo, Saneamento Básico) Crianças e adolescentes Trabalho e Renda Juventude Geração, utilização e fruição das capacidades de indivíduos e grupos sociais Promoção social (Oportunidades e Resultados) Educação Desenvolvimento Agrário Idosos Cultura

Políticas Setoriais Riscos, contingências e necessidades Proteção social (seguridade social) Previdência Social Geral e Servidor público Saúde Aposentadorias, pensões, auxilio funeral e outros auxilios Incapcidades físicas ou mentais para se ocupar em atividades sociais e economicas Acidentes de trabalho e enfernidades profissionais Assistência Social Gravidez, nascimento, adoção, cuidados a crianças e outros membros da familia Habitação e Urbanismo Manter, restaurar e melhorar a condição nutricional POLÍTICA SOCIAL Trabalho e Renda Saneamento Básico Manter, restaurar e melhorar a saude. Enfermidades físicas ou mentais Desemprego, saida cedo do mercado de trabalho por razões de mercado Promoção social (Oportunidades e Resultados) Educação Desenvolvimento Agrário Cultura Intermediação, treinamento e incentivos a criação de empregos e renda Habitações precarias, saneamento basico, dificuldades no transporte Acesso, permanencia na escola. Analfabetismo. Acesso a serviços culturais

Tipos de políticas envolvidas nas políticas sociais Monetária Aposentadorias Pensões Seguro família Etc. Bolsa Família BPC Abono salarial Seguro desemprego Transferências monetárias RGPS 28 milhões de beneficios (19 milhões = SM) RPPS 4,3 milhões (> SM) BPC 3,4 milhões de beneficios (= SM) PBF 13,4 milhões de beneficios (<SM) Garantia de renda Nãomonetária PROGER Pronaf Programa de Aquisição de Alimentos Cestas Básicas Consumo - Pessoal Técnicos/profissionais da área social (técnicos administrativos, professores, médicos, assistentes socias, psicologos, engenheiros, etc..) 4,7 milhões de empregos gerados diretamente ( > ou = SM) Consumo intermediário (Bens e materiais de consumo necessários aos serviços sociais) Política Social Garantia de bens e serviços Produção e/ou provisão Escolas, universidades, centros de pesquisa, alimentação ao educando, livros, materiais e etc. Hospitais, ambulatórios, posto de saúde, medicamentos Centros de atendimento social Pontos de cultura Habitação Esgoto, Água, Luz 117 milhões de livros/ano; 7,3 bilhões de merendas/ano; 10,6 milhões de cestas básicas; remédios; material de escritorio, de atendimento hospitalar e outros, etc. Capital Obras e equipamentos necessários aos bens/serviços sociais Salário mínimo Pisos salariais Jornadas de trabalho. Salario mínimo Setor Público (Aposentadorias, pensões, BPC, Seguro desemprego, emprego público) Regulação 21,9 milhões de benficios ( > ou = SM) Atividade privada nas áreas sociais saúde, educação, previdência, etc. Mercado de Trabalho Emprego privado ( = SM) 8,8 milhões de empregos

POLÍTICAS SETORIAIS GESTÃO/ORGANIZAÇÃO APARATO DISPONÍVEL Proteção social (seguridade social) Previdência Social Regime Geral e Servidor público Saúde Sistema Previdenciário RGPS (Centralizado) RPPS (descentralizado) Sistema Único de Saúde SUS Ministério da Previdência Social 2.320 Agências da Previdência 193 Prev cidades agencias do RPPS Ministério da Saúde Secretarias de estados e municípios 63.267 ambulatórios 6.101 internações 7.162 urgências 21.357 diagnose e terapia Assistência Social Sistema Único de Assistência Social SUAS Ministério do Desenvolvimento Social Secretarias de estados e municípios 5.142 Cras cadastrados 4.244 Cras c/cofinanciamento fed. 3.635 Cras C/cofinanciamento PAIF Habitação e Urbanismo Não tem sistema Ministério das Cidades Agências da Caixa Econômica Federal Secretarias de estados e municípios Política Social Saneamento Básico Não tem sistema Ministério das Cidades Secretarias de estados e municípios Companhias de Saneamento estaduais Companhias de Saneamento municipais Trabalho e Renda Sistema Público de Empregos (SPE) (frágil e centralizado/descentralizado) Ministério do Trabalho Secretarias de estados e municípios 1.266 postos do Sine Rede de qualificação Agencias de microcrédito Promoção social (Oportunidades e Resultados) Educação Sistema Federativo de Educação (Descentralizado) Ministério da Educação Secretarias de estados e municípios 244 escolas federal 39.833 escolas Estadual 133.844 escolas municipais Desenvolvimento Agrário Não tem sistema (estratégia dos Territórios da cidadania) Ministério do Desenvolvimento Agrário 23 agências do incra Territórios da cidadania Cultura Não tem sistema (Sistema em processo de discussão) Ministério da Cultura Secretarias de estados e municípios 252 fundações de cultura 7.048 bibliotecas públicas

Circuito de influência do SM no Brasil Pensões e aposentadorias Idosos persoas em idade ativa BENEFICIÁRIOS (em 2009) Seguridade Social Assistência Social Beneficiários de Prestação Continuada Persnas com deficiência Idosos pobres 13,8 milhões de pessoas diretamente 38,6 milhões de pessoas (diretos e indiretos) Seguro de desemprego Empregados formais 20% da população Salário Mínimo BENEFICIARIOS (em 2009) Regulação Direta Empregados formais Funcionários públicos Empregados domésticos formaisa 9,5 milhões de pessoas diretamente Mercado de Trablho 34,2 milhões de pessoas (diretos e indiretos) Regulação Indireta Empregados informais Conta propria Empregados domésticos informais 18% da população BENEFICIARIOS TOTAL ( 2009) 23,3 milhões de pessoas diretamente 72,8 milhões de pessoas (diretos e indiretos) 38% da população Gasto Público e Privado (2009) 6% do PIB

1985,01 1987,01 1989,01 1991,01 1993,01 1995,01 1997,01 1999,01 2001,01 2003,01 2005,01 2007,01 2009,01 2011,01 Salário Mínimo (R$ setembro/2011) 700 600 550 500 400 300 200 100 231 Jan/1995 a Jun/2011: +138%, ou 5.4% a.a. 0 Fonte: Ipeadata. Deflator: INPC. Hoje, para quase todas as famílias, ter um membro que recebe o SM garante por si só que a família estará acima da linha de pobreza extrema. Mas quão viável é a continuidade dessa política?

Em % do PIB Gasto Público Social (GPS) 30,0 19,0 19,2 20,6 21,9 25,2 13,9 13,3-1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 Gasto Público Social Fontes: Para 1980,1985 e 1990: Médici e Maciel (1996); Para 1995: Fernandes et alli (1998); 2005: elaboração própria

% do PIB % do PIB GPS por esfera de governo 30% 20% 10% 19,2% 21,9% 25,2% 30% 20% 10% 11,4% 13,5% 15,5% 4,6% 4,8% 5,3% 3,2% 3,6% 4,4% 0% GPS_Total 0% Federal Estadual Municipal 1995 2005 2010 1995 2005 2010

% do PIB GPS por área de atuação 10,00 7,00 7,40 5,00-4,98 Previdência Social - RGPS 4,31 4,30 4,40 Beneficios a Servidores Públicos 3,08 3,33 3,80 0,41 1,04 1,40 3,96 4,05 Saúde Assistência Social Educação Trabalho e Renda Habitação e Saneamento 5,00 0,43 0,63 0,90 1,70 1,10 1,80 0,33 0,45 0,50 Outros 1995 2005 2010

Carga Tributária e décimos de renda 2008/2009 40 40 30 20 10 32 25 23 23 22 22 21 21 21 21 30 20 10 28 22 19 4 4 4 18 17 16 5 5 5 15 15 6 7 13 8 11 10 0 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 0 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Tributação Total Tributação direta Tributação Indireta

Características da Abrangência: Previdência: aumento da cobertura, mas abrangência ainda é restrita para a população urbana; Saúde: universalização com dificuldades para a integralização; Educação: universalização e baixa qualidade; Assistência Social: oferta de serviços em ampliação e focalização nos programas de transferência de renda; Trabalho e renda: voltada principalmente para os empregados formais; Desenvolvimento Agrário: cobertura insuficiente. Gênero/Raça/juventude: oferta de serviços e ações em ampliação.

Outras características... Ampliação da privatização em algumas áreas da política social (Previdência; Saúde, Educação); Descentralização de responsabilidades com pouca sinergia entre os entes federados; Transversalidade é um modo de gestão e organização das políticas muito confuso; Participação social em ampliação; Gestão de políticas, programas e ações burocrática de baixa eficiência e sem cultura de avaliação; e Estrutura de financiamento altamente regressiva no que diz respeito a renda e pouco atuante no que diz respeito aos estoques de riqueza.

Desafios: Previdência: ampliar acesso e garantir permanência com melhoria de benefícios e sustentabilidade; Saúde: assegurar a universalização e integralidade e intensificar a promoção da saúde; Educação: alcançar a universalização do acesso na educação básica e progressividade com qualidade; Assistência social: garantir o direito a renda e aos serviços básicos da assistência social; Trabalho e renda: garantir empregos para todos; Desenvolvimento agrário: ampliar a distribuição de terra e implementar políticas integradas de geração de renda e inclusão produtiva; Gênero/Raça/juventude: ampliar alcance e garantir a efetivação da transversalidade.

Características.. Características Previdência (RGPS) Sáude Assistência Social Rural Urbana Cobertura Ocupacional/universal Ocupacional Universal Focalizada Destinatários Principais Trabalhadores Trabalhadores Cidadão Pobres Tipo Institucional Ocupacionalismo/universalismo Ocupacionalismo Universalismo Segmentação Fragmentação Institucional Baixa Baixa Média Média Beneficios Médios/extensos Médios/extensos Extensos Limitados Estrutura de beneficios Não Contributivo Contributivo Cidadania Não contributivo Critérios de Elegibilidade Cidadania/residência Participação Securitária Cidadania Prova de meios Financiamento Fiscal/contributivo Contributivo Fiscal Fiscal Componente predominante Transferências monetárias Transferências monetárias Bens e serviços Transferências monetárias/ bens e serviços Robustez do direito Alta Média Alta Baixa Papel do 3º Setor Baixo Baixo Baixo Baixo Grau de mercantilização Baixo Baixo Alto Baixo Redistribuição Alta/vertical Neutra Média Alta/vertical

Política Social: conexão social

POLÍTICAS SETORIAIS INDICADORES SOCIAIS Proteção social (seguridade social) Previdência Social Regime Geral e Servidor público Saúde 64,9% de cobertura da PIA (16 a 64 anos) 93,3% de cobertura da pop. de 65 anos ou mais 73% de domicílios com indivíduos de mais de 60 anos que recebem aposentadoria ou pensão 21,3 por mil nascidos vivos é a taxa de mortalidade infantil 72,1 anos é a Esperança de Vida Assistência Social 5,0% é a Proporção da população vivendo abaixo da linha de pobreza extrema Política Social Saneamento Básico 91,3% de abastecimento de água (Urbano) 81,0% de esgoto Sanitário (Urbano) 97,6 % de coleta de lixo (Urbano) Trabalho e Renda 7,9% é a taxa de desemprego 62,9 % é a Taxa de Cobertura Efetiva do seguro-desemprego Promoção social (Oportunidades e Resultados) Educação 98% é a Taxa de freqüência liquida à escola (7 a 14 anos) 9,7% é Taxa de analfabetismo (15 anos ou mais) 7,5 anos é Número médio de anos de estudos (15 anos ou mais) Desenvolvimento Agrário 0,816 é o índice de Gini para propriedade da terra (Concentração Fundiária)

Dimensão da pobreza no Brasil

Evolução da pobreza no Brasil 1995-2009 50,0 45,6 45,5 45,3 44,9 45,8 45,4 44,5 46,6 44,1 40,6 PBF 100 = 131 1/2 SM = 232 PBF 50 = 66 40,0 30,0 27,3 27,1 27,3 25,0 26,1 26,1 25,3 25,9 23,6 21,2 36,2 35,1 32,0 29,2 20,0 17,4 16,3 14,6 13,7 10,0 0,0 10,7 11,5 11,4 10,0 10,2 10,3 9,1 9,9 8,1 7,1 5,9 5,7 4,8 4,9 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Evolução da pobreza no Brasil NÃO POBRES renda per capita R$ 465 ou mais 51,3 + 26,6 = 77,9 milhões em 2009 Renda média: 2004 R$ 1.207,99 2009 R$ 1.189,32 (-2%) 51 2004 2009 78 VULNERÁVEIS renda per capita R$ 134 a R$ 465 82,0-1,2 = 80,8 milhões em 2009 Renda média: 2004 R$ 267,49 2009 R$ 278,82 (+4%) 82 81 POBRES renda per capita R$ 67 a R$ 134 28,2-10,8 = 17,5 milhões em 2009 Renda média: 2004 R$ 101,61 2009 R$ 104,04 (+2%) EXTREMAMENTE POBRES renda per capita até R$ 67 15,0-6,3 = 8,7 milhões em 2009 Renda média: 2004 R$ 101,61 2009 R$ 104,04 (+2%) 28 15 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Milhões de pessoas 9 18 BRASIL Renda média: 2004 R$ 495,12 2009 R$ 634,65 (+28%) Desigualdade (Gini): 2004 0.565 2009 0.538 (-6%)

Aspectos demográficos # moradores por domicílio famílias com 4 ou mais crianças (%) 6 4,9 4,6 4,6 4,2 3,5 3,8 2,8 2,7 30 23 11 15 13 0 2004 2009 Extremamente pobres Pobres Vulneráveis Não Pobres 0 2 2 0 0 2004 2009 Extremamente pobres Pobres Vulneráveis Não Pobres pretos, pardos e indígenas (%) famílias sem crianças (%) 80 73 74 66 51 27 72 59 36 80 16 43 68 25 15 14 35 73 0 2004 2009 Extremamente pobres Pobres Vulneráveis Não Pobres 0 2004 2009 Extremamente pobres Pobres Vulneráveis Não Pobres

Composição da renda em 2009 R$ 38 per capita Extremamente pobres Previd 1.7% PBF e BPC 39.1% Outras 6.8% Trabalho 52.4% PBF e BPC 13.9% Previd 8.7% Pobres Trabalho 72.4% Outras 5.1% R$ 104 per capita R$ 279 per capita PBF e BPC 3.6% Vulneráveis Previd 15.7% Trabalho 77.7% Outras 3.0% PBF e BPC 0.4% Não pobres Outras 3.8% Previd 19.7% Trabalho 76.1% R$ 1189 per capita

Educação (15-60 anos) Anos de estudo (15-60 anos) Analfabetismo funcional (16-60 anos; %) 12 3,7 4,3 5,9 9,8 9,7 6,3 4,9 4,3 60 51 44 32 8 43 38 27 12 0 2004 2009 0 2004 2009 Extremamente pobres Pobres Vulneráveis Não Pobres Extremamente pobres Pobres Vulneráveis Não Pobres

Mercado de trabalho (%) Fonte Extremamente Pobres Pobres Vulneráveis Não Pobres 2004 2009 2004 2009 2004 2009 2004 2009 Empregadores 0,1 0,3 0,4 0,5 1,4 1,2 8,1 6,0 Produtores agrícolas 28,9 34,0 21,8 22,6 14,7 11,4 3,6 5,1 Empreendedores 10,9 5,8 9,9 10,8 13,7 14,2 15,5 15,0 Empregados formais 1,6 0,2 9,8 6,6 22,4 22,4 38,1 41,1 Empregados informais 19,3 16,0 24,4 27,0 20,2 23,2 10,6 11,5 Desocupados 12,4 14,4 8,9 8,6 6,2 6,6 4,5 4,0 Inativos 26,8 29,2 25,0 23,8 21,3 21,1 19,5 17,2 PIA 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 PIA como % da Pop. 41,6 45,3 48,3 48,5 57,1 58,3 65,7 63,8

Distribuição relativa (em %) da população total e dos estratos de renda segundo tipos de família. Brasil, 2009 Total 7,9 Extr. pobre 3,1 29,0 22,9 Pobre 10,3 35,5 24,8 21,4 45,4 32,5 58,4 Vulnerável Não pobre 6,6 6,5 8,9 14,7 Sem Conexão Conexão agrícola Conexão Precária Outras 55,6 29,1 3,3 8,7 75,5 Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios em microdados.

população (%) Evolução da população 1995-2009 50 Adultos 40 30 Crianças 20 10 25-29 anos 18-24 anos 0 15-17 anos 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 Mudanças demográficas até agora afetaram principalmente participação relativa de crianças e adultos. Nas próximas duas décadas cenários deve ser outro: projeção do IBGE é de que em 2030 os jovens sejam apenas 21% da população, contra 26% em 2009.

extrema pobreza %) Extrema pobreza por faixa etária 15 10 15-17 anos 18-24 anos 25-29 anos Brasil 5 0 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 Apenas entre jovens de 15 a 17 anos o percentual de extrema pobreza é maior do que a média nacional. As crianças (0 a 15 anos) são o grupo mais afetado.

Desigualdade no Brasil

Renda domiciliar per capita (R$ setembro/2009) 700 600 500 400 521 1995-2003: -1% a.a. 2003-2009: +4.8% a.a 637 300 200 100 0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1995-2009. Exclusive área rural da Região Norte (exceto Tocantins). Crescimento real da renda 1995-2009: +22.4%

Desigualdade (Índice de Gini) 0,650 0,625 0,600 0,575 0,599 1995-2001: -1% 0,594 2001-2009: -9% 0,550 0,525 0,539 0,500 0,475 0,450 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1995-2009. Exclusive área rural da Região Norte (exceto Tocantins). Desigualdade começa a cair lentamente nos anos 1990, mas ritmo acelera a partir de 2001 - antes da retomada do crescimento.

Crescimento da renda, 1995-2009 (%) 75 65,0 56,2 46,7 31,1 11,6 0 20% mais pobres 20-40 40-60 60-80 20% mais ricos Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1995 e 2009. Exclusive área rural da Região Norte (exceto Tocantins). Renda aumentou para todos, mas crescimento entre os mais pobres foi muito maior

Mas... O Brasil ainda é extraordinariamente desigual 50% mais pobres 5% mais ricos Percentual da renda total (%) 15.7 30.0 Renda média (R$ set/2009) 200 3822 Razão 19.1 Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 1995-2009. Exclusive área rural da Região Norte (exceto Tocantins). É fundamental manter a trajetória recente: no ritmo atual, demoraríamos ainda pelo menos duas décadas para chegar a níveis desenvolvidos de desigualdade

Comparação internacional (i) Comparações internacionais são sempre imprecisas, mas está claro que os anos 2000 foram excepcionalmente bons para os grandes países latino-americanos como um todo Países Crescimento do PIB, 2002-2009 (% por ano) Variação do Índice de Gini nos anos 2000 (%) Argentina 3.7-15 Brasil 3.7-9 Chile 4.2-6 Colômbia 4.4-1 México 2.8-6 Peru 5.6-13 Venezuela 4.4-1 Sources: GDP Growth: United Nations. World Economic Situation and Prospects 2011. Inequality: Socio-Economic Database for Latin America and the Caribbean (CEDLAS and The World Bank). Note that in order to ensure comparability CEDLAS makes a wide range of adjustments to the original data sets. The years used to estimate the Gini coefficient are as follows: Argentina, 2003-2009; Brazil, 2001-2009; Chile, 2000-2009; Colombia, 2001-2004; Mexico, 2000-2008; Peru, 2003-2009; Venezuela, 2000-2006.

Comparação internacional (ii) Luxembourg Income Study (LIS): dados não comparáveis com os anteriores. Só têm dados para 2006 no Brasil. Dentre 25 países de alta renda, 17 tiveram crescimento ou estagnação da desigualdade entre meados dos anos 1990 e dos 2000. Ainda assim... Gini médio dos 25 países nos anos 2000: 0.293 Gini do Brasil, 2006: 0.486 (+66%) Bélgica ('92-'00) Finlândia ('95-'04) Luxemburgo ('94-'04) Canadá '94-'04 Israel ('97-'05) Taiwan ('95-'05) Noruega ('95-'04) Suécia ('95-'05) EUA ('94-'04) Dinamarca ('95-'04) República Tcheca ('96-'04) Alemanha ('94-'04) Holanda ('94-'04) Reino Unido ('94-'04) Austrália ('95-'03) Polônia ('95-'04) Itália ('95-'04) França ('94-'05) Eslovênia ('97-'04) Áustria ('94-'04) Grécia ('95-'04) Irlanda ('95-'04) Hungria ('94-'05) Espanha ('95-'04) Suíça ('92-'04) -11-11 -13-2 -3-4 -6-7 5 5 3 3 2 2 1 1 0 8 7 16 14 12 10 10 25-20 30 Variação do Índice de Gini (%) Fonte: Luxembourg Income Study.

Por que a desigualdade caiu? Muitos motivos podem ser enumerados: crescimento econômico, mudanças demográficas, maior integração do mercado de trabalho...... mas é muito importante destacar o papel de algumas políticas sociais: educação, salário mínimo, previdência, assistência.

Domicílios beneficiários (%) Assistência Social Domicílios que recebem Bolsa Família e BPC por centésimos (%) - 2009 80 70 60 Programa Bolsa Família 50 40 30 20 10 BPC 0 1 100 Centésimos da renda domiciliar per capita (líquida do PBF/BPC) Valor médio domiciliar per capita Bolsa Família: ~ R$ 23.5 BPC: ~ R$ 136.4 Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2009

Decomposição da queda da desigualdade, 2001-2009 São menos de 1% da renda, mas foram responsáveis por 18.4% da queda do Gini Trabalho Previdência Fontes de renda Contribuição (%) Salário mínimo 17.9 Outros 45.5 Salário mínimo 10.5 Outros 1.0 Programa Bolsa Família e afins 12.7 BPC 5.7 Outras 6.7 Queda da desigualdade 100% Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2001 & 2009 46.8% da queda do Gini 28.4% da queda do Gini

Política Social: conexão econômica

Circuito econômico da Política Social no Brasil Incremento de 1,0% de PIB no GPS Transferências monetárias RGPS 24 milhões de beneficios (18 milhões = SM) RPPS 4,3 milhões (> SM) BPC 3,4 milhões de beneficios (= SM) PBF 12,4 milhões de beneficios (<SM) Consumo - Pessoal Técnicos/profissionais da área social (técnicos administrativos, professores, médicos, assistentes socias, psicologos, engenheiros, etc..) Consumo intermediário Bens e materiais de consumo necessários aos serviços sociais 43,2 milhões de beneficios transferidos mensalmente (33,8 milhões = SM) 4,7 milhões de empregos gerados diretamente ( > ou = SM) 117 milhões de livros/ano; 7,3 bilhões de merendas/ano; 10,6 milhões de cestas básicas; remédios; material de escritorio, de atendimento hospitalar e outros, etc. Multiplicador = 1,37% de crescimento no PIB = 1,85% de crescimento da renda das familias. Sistema Tributário Nacional: 56% do incremento inicial do GPS volta ao Estado em impostos e contribuições

Efeito multiplicador de PIB: gastos públicos selecionados 2,5 2,5 1,85 1,70 1,44 1,38 1,23 1,54 1,40 0,88 0,71 0,0 Educação Saúde PBF BPC RGPS RPPS 0,0 Construção Civil Exportação Commodities Juros da Dívida Pública Áreas sociais Outras

Efeito multiplicador da renda das familias: gastos públicos selecionados 3,0 3,0 1,67 1,44 2,25 2,20 2,10 1,86 1,14 1,04 1,34 0,0 Educação Saúde PBF BPC RGPS RPPS Áreas sociais 0,0 Construção Civil Exportação Commodities Outras Juros da Dívida Pública

Efeito distribuição de renda Juros sobre a Dívida Pública Exportações de Commodities Investimento em Construção Civil 0,1% 0,05% 0,04% -1,2% -1,1% Educação RGPS -1,5% Saúde -2,3% -2,2% Programa Bolsa Família Benefício de Prestação Continuada -2,50% -2,00% -1,50% -1,00% -0,50% 0,00% 0,50% Variação do Gini em relação a renda inicial

Variação do PIB (%) Efeito crescimento/distribuição Maior crescimento Menor desigualdade PBF Saúde Pública BPC Previdência Social Educação Pública 2,0% 1,0% Investimento Construção Civil Exportação Commodities Juros da Dívida Pública -2,4 0 2,4 Variação do Gini "estizado" (%) Menor crescimento Maior desigualdade