SONDAGEM INDUSTRIAL Dezembro de 2015 Indústria espera que as exportações cresçam no primeiro semestre de 2016 A Sondagem industrial, realizada junto a 154 indústrias catarinenses no mês de dezembro, mostrou que as expectativas da indústria em relação ao mercado interno, para o primeiro semestre, mantêm-se negativas. Os indicadores de demanda, compras de matérias-primas e número de empregados continuam abaixo dos cinquenta pontos, o que corrobora com a conjuntura de recessão econômica. No que se refere às exportações, os dados apontam que haverá expansão na quantidade exportada nos próximos seis meses. O câmbio desvalorizado proporcionou maiores margens ao setor produtivo, que busca crescer no mercado externo, apesar da conjuntura econômica adversa, caracterizada pelo baixo crescimento econômico nos países desenvolvidos e da desaceleração e desvalorização cambial dos países emergentes. Perspectivas da indústria para os próximos seis meses (pontos) 56 54 52 53,4 50 48 46 44 42 40 49,1 49,3 47,4 46,9 43,8 42,4 42,7 42 41,5 41,8 nov.14 dez.14 jan.15 fev.15 mar.15 abr.15 mai.15 jun.15 jul.15 ago.15 set.15 out.15 nov.15 dez.15 demanda de produtos compras de matéria-prima número de empregados quantidade exportada Fonte: FIESC/DIRIN e CNI O Indicador varia no intervalo de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam expectativa de crescimento e abaixo de 50 perspectiva de queda. A intenção de investir continua abaixo dos cinquenta pontos, o que sugere que haverá retração de investimentos nos próximos seis meses. Entretanto, o indicador mantém a trajetória ascendente em relação ao menor nível que ocorreu em agosto/15. Somente 12% das empresas pesquisadas afirmou
dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez que realizará investimentos nos próximos 6 meses, definitivamente. Das demais, 32% respondeu que provavelmente investirá e 56% não realizará investimentos nos próximos meses. Quando considerado o porte das empresas, observa-se que as grandes indústrias apresentam indicador positivo para intenção de investimentos (56 pontos) e revelam que possuem intenção de continuar investindo, apesar do cenário adverso. Das 59 grandes empresas que participaram da pesquisa, 22% afirmou que fará investimentos definidamente, e outros 39% respondeu que provavelmente investirá. Portanto, mais de 60% das grandes empresas mantém a perspectiva de realizar novas inversões no parque produtivo, como forma de preparar-se para a retomada do crescimento econômico que ocorrerá no próximo ano. Intenção de investir nos próximos seis meses (pontos) 70 65 60 50 45 40 62,9 66,4 64,6 61,2 60,8 57,4 56,3,8 57,1 54,9 53,6 52,6 51,7 52,5 49,2 48,2 47,2 44,7 43,9 45 41,3 45,5 46,7 43,7 Acima de 50 pontos = intenção de investir 2014 2015 Fonte: FIESC/DIRIN e CNI. O Indicador varia no intervalo de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam intenção de investir nos próximos seis meses. Valores abaixo de 50 indicam que não há intenção de investir nos próximos seis meses. Em dezembro de 2015, o indicador de volume de produção foi de 33,7 pontos, o que sinaliza retração da quantidade produzida em relação ao mês anterior, o que é típico para esse período do ano. Mas, o dado revela que foi o pior dezembro dos últimos 4 anos. O indicador das grandes empresas foi de 36,3 pontos e mostrou que as maiores indústrias também registraram menor volume de produção em relação a novembro.
jan. fev. mar. abr. mai. jun. jul. ago. set out nov. dez. jan fev mar abr. mai jun jul ago set. out. nov. dez Evolução da Produção em dezembro de 2015 comparada a novembro de 2015 e a dezembro de 2014 (pontos) QUEDA AUMENTO GRANDE 36,3 37,1 46,1 MÉDIO PEQUENO TOTAL 33,2 35,9 40,5 29,6 34 36,9 33,7 35,9 42,1 DEZ.15 DEZ.14 NOV.15 Fonte: FIESC/DIRIN e CNI. O Indicador varia no intervalo de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam aumento de produção frente ao mês anterior e abaixo de 50, queda. Os estoques indesejados mantiveram-se acima da linha divisória dos 50 pontos, mas recuaram em relação ao mês anterior. O indicador situou-se em 57,4 pontos, abaixo dos 58,4 pontos de novembro de 2015. É um nível de estoques alto para o mês. Na comparação com o mesmo mês dos anos anteriores, dezembro de 2015 registrou o maior nível de estoques dos últimos cinco anos. Estoque efetivo em relação ao planejado, janeiro de 2014 a dezembro de 2015 (pontos) 60 59 58 57 56 54 53 52 51 50 52,4 53,2 57 56,9 54,4 52,1 57,3,9 54 57,1 57,4 52,8 53,7 57,7,5 57 59,4 59,3 58,4 58 58,4 57,4 Fonte: FIESC/DIRIN e CNI Acima de 50 pontos significa estoque acima do planejado. 2014 2015 Estoque efetivo/planejado 3
O indicador de utilização da capacidade instalada efetiva em relação ao usual situou-se em 32,9 pontos em dezembro, mostrando que a capacidade produtiva está abaixo do normal para o mês, sobretudo para as empresas de pequeno porte (30,4 pontos). Utilização da capacidade instalada em dezembro (efetiva/usual) por porte de empresa (pontos) ABAIXO DO USUAL ACIMA DO USUAL GRANDE 35,2 34,6 40,8 MÉDIO 31,4 33,7 35,5 PEQUENO 30,4 33,1 36,1 TOTAL 32,9 34 38,1 dez.15 nov.15 dez/14 Fonte: FIESC/DIRIN e CNI. O Indicador varia no intervalo de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam capacidade instalada acima do usual para o mês e menor que 50 pontos, abaixo do normal para o período. Do total de empresas pesquisadas, 35% revelou atuar com a capacidade instalada igual ao usual, enquanto 62% informou estar operando com capacidade abaixo do normal e somente 3% está operando acima do usual para o mês. Das grandes empresas pesquisadas, 40% ou 24 indústrias afirmaram estar operando com nível igual ao normal, enquanto 57% (ou 35 empresas) está com capacidade abaixo do usual. Duas das 61 grandes empresas pesquisadas está com capacidade acima do usual. No quarto trimestre de 2015, a indústria catarinense operou com margens reduzidas, com situação financeira insatisfatória e dificuldades de acesso ao crédito. Nos últimos trimestres, as empresas tiveram redução de margens e mais dificuldade de acesso ao crédito, além de pior situação financeira em relação ao ano passado. 4
Situação Financeira, margem de lucro operacional e acesso ao crédito (pontos) ACESSO AO CRÉDITO SITUAÇÃO FINANCEIRA 29,8 31,4 32,7 39,1 49,1 43,2 42,2 41,9 MARGEM DE LUCRO OPERACIONAL 41,7 35,8 35,3 36,3 DEZ.14 DEZ.15 SET.15 JUN.15 Fonte: FIESC/PEI e CNI. O Indicador varia no intervalo de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam situação financeira e margem operacional boa e, abaixo de 50, indicam que os indicadores são considerados ruins. Valores acima de 50 indicam acesso ao crédito facilitado e abaixo de 50 indica dificuldade de ter acesso ao crédito. Dentre os principais problemas enfrentados pelas empresas pesquisadas, a elevada carga tributária foi indicada como o mais relevante, citado com maior frequência. Na sequência, problemas relativos à demanda insuficiente e alto custo da energia foram destaque. Observa-se que a inadimplência dos clientes e a elevada taxa de juros passaram a figurar como importantes obstáculos, algo que não ocorria em anos anteriores e revela o aperto de liquidez do ambiente recessivo que vivenciamos. Principais Problemas enfrentados pela Indústria Catarinense 4 O trimestre de 2015 (% de respostas). Elevada carga tributária Demanda interna insuficiente Falta ou alto custo de energia Inadimplência dos clientes Taxas de juros elevadas Taxa de câmbio Falta ou alto custo da matéria prima Falta de capital de giro Competição desleal Falta de financiamento de longo prazo Burocracia excessiva Demanda externa insuficiente Dificuldades na logística de transporte (estradas, Falta ou alto custo de trabalhador qualificado Outros Insegurança jurídica Competição com importados 31,1 25,2 23,2 19,2 17,2 11,9 9,9 9,9 9,3 8,6 7,3 6 6 4,6 4 44,4 51 5 Fonte: FIESC e CNI
O preço das matérias-primas está acima da linha dos cinquenta pontos para todos os portes de empresas pesquisadas, o que indica que os preços dos insumos continuam além do usual para o mês da pesquisa, contribuindo para compressão das margens. Entretanto, o indicador apresenta recuo em relação aos trimestres anteriores de 2015. Preço da Matéria-Prima, por porte de empresa (pontos) ABAIXO DO USUAL ACIMA DO USUAL grande médio pequeno total 66,5 69,6 63,6 64,8 71,3 65,9 69,4 72,3 69,6 66,8 70,8 65,8 jun.15 set.15 dez.15 Fonte: FIESC/PEI e CNI. O Indicador varia no intervalo de 0 a 100. Valores acima de 50 indicam preços médios acima do usual para o mês e menor que 50 pontos, abaixo do normal para o período. Os dados sinalizam, portanto, que as expectativas para os próximos seis meses são de baixo crescimento do nível de atividade no mercado interno, o que justifica a perspectiva negativa para os investimentos futuros. Observa-se que a maioria das grandes empresas pretende manter a perspectiva positiva para os investimentos futuros. Logo, a conjuntura de 2016 será decisiva para a magnitude da retomada do crescimento que é esperada para o ano que vem. O controle inflacionário acompanhado pela estabilidade cambial devem configurar o cenário econômico deste ano para que possamos melhorar as expectativas. A perspectiva positiva para o futuro próximo advém da demanda externa, sobretudo para as grandes empresas. Dentre os indicadores financeiros, todos sinalizaram deterioração, e mostram que principalmente as pequenas e médias empresas tendem a sofrer com a recessão prolongada, a inadimplência de clientes e a elevação do custo do capital, que se somam aos obstáculos estruturais da economia brasileira, como o sempre citado complexo sistema tributário. GM Consultoria 22.01.2016 6