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RECURSO ESPECIAL Nº 300.092 - DF (2001/0005267-3) RELATÓRIO EXMO. SR. MINISTRO VICENTE LEAL(Relator): Eldo Pereira Lopes, por possuir condenação anterior por crime contra a pessoa e contra o patrimônio, foi condenado à pena de 2 anos de reclusão, em regime semi-aberto, por crime de porte de arma qualificado. Contra essa decisão, o Ministério Público interpôs apelação, pugnando pela desclassificação para a figura do porte ilegal de arma simples, ao argumento de que a condenação anterior por crime contra a pessoa e contra o patrimônio ocorreram antes da entrada em vigor da Lei nº 9.437/97, sob pena de violação ao princípio da irretroatividade da lei penal mais grave. A eg. 2ª Turma do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios negou provimento ao recurso, ao argumento de que a majoração da pena derivada de condenação anterior não ofende o princípio da reserva legal. Eis o teor da ementa que condensou o julgado, verbis: "DIREITO PENAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. QUALIFICADORA. IRRETROATIVIDADE. AFASTAMENTO. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. Por integrar o tipo, porte ilegal de arma de fogo, a qualificadora derivada da condenação anterior por crime contra a pessoa e contra o patrimônio, a majoração da pena por esse fundamento não ofende o princípio da reserva legal, de molde a determinar o seu afastamento. " (fls. 103). Irresignado, o Parquet do Distrito Federal interpõe o presente recurso especial com suporte na alínea "a" do permissivo constitucional. Alega-se, em essência, que a majorante prevista no inciso IV, do Documento: 684410 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 1 de 6

3º, do art. 10, da Lei nº 9.437/97 somente incide na hipótese em que o crime contra o patrimônio tiver sido praticado na vigência da nova lei, sendo que, in casu, o paciente foi condenado pela prática do crime contra o patrimônio e contra a pessoa em data anterior a lei que regulamentou o porte ilegal de armas. Pede-se, ao final, a desclassificação para o delito de porte ilegal de arma simples. Com as contra-razões (fls.145/149), o recurso foi admitido na origem, ascendendo os autos a esta Corte. Nesta instância, a douta Subprocuradoria-Geral da República, em parecer de fls. 166/169, opina pelo provimento do recurso especial. É o relatório. Documento: 684410 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 2 de 6

RECURSO ESPECIAL Nº 300.092 - DF (2001/0005267-3) EMENTA PENAL. PORTE ILEGAL DE ARMA. LEI Nº 9.437/97, ART. 10, 3º, IV. FIGURA QUALIFICADA. PRINCÍPIO DA TIPICIDADE. DESCLASSIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. - Em Direito Penal tem exponencial relevo o princípio da reserva legal, do qual emana o princípio da tipicidade, que preconiza ser imperativo que a conduta reprovável se encase no modelo descrito na lei penal vigente na data da ação ou da omissão. - A Lei nº 9.437/97, que elevou à categoria de crime o porte não autorizado de armas, considerou, em seu artigo 10, 3º, como qualificadoras, a condenação anterior por crimes contra a pessoa, contra o patrimônio ou por tráfico ilícito de entorpecentes. - Se a conduta delituosa do porte não autorizado de armas ocorreu sob a égide da Lei nº 9.437/97, torna-se irrelevante a circunstância de que a condenação por crime contra a pessoa e contra o patrimônio seja anterior a vigência da nova lei. - Recurso especial não conhecido. VOTO O EXMº. SR. MINISTRO VICENTE LEAL (RELATOR):- Conforme anotado no relatório, o presente recurso especial tem por objeto o afastamento da qualificadora prevista no inciso IV, do 3º, do art. 10, da Lei nº 9.437/97. O tema agitado no apelo nobre, a desclassificação para a figura do Documento: 684410 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 3 de 6

porte de armas simples, funda-se na alegação de que os crimes contra o patrimônio e contra a pessoa foram praticados na vigência da nova lei. Sem embargos, é de conhecimento elementar que em sede de Direito Penal tem exponencial relevo, em tema de direito intertemporal, o princípio da aplicação da lei mais benigna, considerando-se ocorrido o crime na data da ação ou da omissão. Não se aplica pena mais grave a fatos anteriormente ocorridos. O princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa prevalece sobre o princípio de vigência imediata das normas processuais. E a Lei nº 9.437/97, ao instituir o Sistema Nacional de Armas, elevou à categoria de crime o porte não autorizado de arma de fogo, considerando, em seu artigo 10, 3º, IV, a condenação anterior por crimes contra a pessoa, contra o patrimônio ou por tráfico ilícito de entorpecentes como qualificadora do porte ilegal. Efetivamente, é extreme de dúvidas que o referido diploma legal não pode ser aplicado aos delitos praticados antes de sua entrada em vigor, quando o porte irregular de arma era punido como contravenção penal. Todavia, tal entendimento não tem aplicação em se tratando de agravamento da pena em razão de condenação anterior que qualifica a figura simples do tipo penal. É que o princípio da tipicidade preconiza ser imperativo que a conduta reprovável se encase no modelo descrito na lei penal vigente à data da ação ou da omissão. E o tipo penal que impõe a aplicação da Lei nº 9.437/97 é o do porte ilegal de armas. Na espécie, a conduta delituosa do porte não autorizado de armas ocorreu sob a égide da Lei nº 9.437/97, que em seu artigo 10, 3º, IV qualifica o crime em razão do agente ter sofrido condenação anterior por crime contra a pessoa, o patrimônio ou tráfico ilícito de entorpecentes. Daí porque pouco importa que a condenação tenha ocorrido em Documento: 684410 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 4 de 6

data anterior a vigência da nova lei, pois a conduta apenada é a do porte ilegal de armas e não a de crime contra o patrimônio ou contra a pessoa. Nesse sentido, merecem destaque os seguintes precedentes desta Corte, que situa com precisão a questão nos seguintes termos, in verbis: "PENAL. PORTE ILEGAL DE ARMA. FORMA QUALIFICADA. CONDENAÇÃO ANTERIOR POR CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. 1. Ao agravar a pena por porte ilegal de arma em virtude de condenação por crime contra o patrimônio (Lei 9.437/97, art. 10, 3º, IV), observou o legislador a necessidade de uma maior reprovação ao réu que possui essa circunstância pessoal, indicadora de maior periculosidade. Pelo que, desde que o porte ilegal tenha ocorrido sob a égide da Lei de Armas, a pena deve ser agravada mesmo que a condenação tenha ocorrido anteriormente à vigência dessa Lei. 2. Pedido de Habeas Corpus conhecido, mas indeferido" (HC 18.396/SP - DJ:11/03/2002 - PG:00267 - Relator Min. EDSON VIDIGAL). "PENAL. PORTE ILEGAL DE ARMA. LEI Nº 9.437/97, ART. 10, 3º, IV. FIGURA QUALIFICADA. PRINCÍPIO DA TIPICIDADE. DESCLASSIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. PENA. INDIVIDUALIZAÇÃO. CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE. INCIDÊNCIA OBRIGATÓRIA. FIXAÇÃO ABAIXO DO MÍNIMO LEGAL. - Em Direito Penal tem exponencial relevo o princípio da reserva legal, do qual emana o princípio da tipicidade, que preconiza ser imperativo que a conduta reprovável se encase no modelo descrito na lei penal vigente na data da ação ou da omissão. - A Lei nº 9.437/97, que elevou à categoria de crime o porte não autorizado de armas, considerou, em seu artigo 10, 3º, como qualificadoras, a condenação Documento: 684410 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 5 de 6

anterior por crimes contra a pessoa, contra o patrimônio ou por tráfico ilícito de entorpecentes. - Se a conduta delituosa do porte não autorizado de armas ocorreu sob a égide da Lei nº 9.437/97, torna-se irrelevante a circunstância de que a condenação por crime contra o patrimônio seja anterior a vigência da nova lei. - Fixada a pena-base no mínimo legal, descabe a redução por força do reconhecimento de circunstâncias atenuantes, que, de outra parte, não se compensam com causas especiais de aumento de pena. - Habeas-corpus denegado" (HC 11.877/SP - DJ:04/09/2000 - PG:00199 - Relator Min. VICENTE LEAL). À luz dessas considerações não vejo como acolher a pretensão. Isto posto, não conheço do recurso especial. É o voto. Documento: 684410 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 6 de 6