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Transcrição:

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR JOSÉ RICARDO PORTO ACÓRDÃO AGRAVO INTERNO N 073.2010.006325-1/001. Relator : Doutor Marcos William de Oliveira (Juiz Convocado). Agravante : José Francisco Regis. Advogado : Vanina C. C. Modesto, Walter Agra Júnior e outros. Agravado : Ministério Público do Estado da Paraíba. CAUTELAR PREPARATÓRIA DE AÇÃO POR ATO DE IMPROBIDADE. DANO AO ERÁRIO. REQUERIMENTO ACAUTELATÓRIO DE INDISPONIBILIDADE DOS BENS. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. APELAÇÃO CÍVEL. REQUISITOS AUTORIZADORES DA MEDIDA. PERICULUM IN MORA PRESUMIDO. JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. FUMUS BONI JURIS. DECISÃO DA CORTE DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA. IMPUTAÇÃO DE DÉBITO. ATO ADMINISTRATIVO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGALIDADE. MISTER DO PARTICULAR AFASTAR OS ÍNDICIOS. ART. 71, 3, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. EFICÁCIA DE TÍTULO EXECUTIVO. FUMAÇA DO BOM DIREITO EVIDENCIADA. ART. 557 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. NEGATIVA DE SEGUIMENTO. AGRAVO INTERNO. DESPROVIMENTO DO RECURSO. "Assim, como a medida cautelar de indisponibilidade de bens, prevista na LIA, trata de uma tutela de evidência, basta a comprovação da verossimilhança das alegações, pois, como visto, pela própria natureza d bem protegido, o legislador dispensou o requisito do perigo da demora. No presente caso, o Tribunal a quo concluiu pela existência do fumus boni iuris, uma vez que o acervo probatório que instruiu a petição inicial demonstrou fortes indícios da ilicitude das licitações, que foram suspostamente realizadas de forma fraudulenta. Ora, estando presente o fumus boni juris, como constatado pela Corte de origem, e sendo dispensada a demonstração do risco de dano (periculum in mora), que é presumido pela norma, em razão da gravidade do ato e a necessidade de garantir o ressarcimento do patrimônio público, conclui-se pela legalidade da decretação da indisponibilidade dos bens. Recurso especial não provido" (REsp 1319515/ES, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/08/2012, DJe 21/09/2012). ZL1

Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, nas medidas cautelares de indisponibilidade de bens, com fulcro no art. 7 0 da Lei n. 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa), o perigo da demora é presumido, sendo despicienda a prova de que o suposto improbo pretende sedesfazer de seu acervo patrimonial. Como todo e qualquer ato administrativo, as decisões dos Tribunais de Contas possuem presunção de veracidade e de legalidade, cabendo ao particular o ônus da prova para ilidir tais indícios. As decisões dos Tribunais de Contas que imputam débitos têm eficácia de título executivo e, por conseguinte, são exigíveis de plano, devendo o administrador condenado desconstitui-las. VISTOS, relatados e discutidos os autos acima referenciados. AC ORD A a Primeira Câmara Especializada Cível do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, desprover o recurso. RELATÓRIO Trata-se de Agravo Interno contra decisão monocrática de fls. 902/907, que negou seguimento ao Recurso Apelatório, ambos interpostos por José Francisco Regis, nos autos da Ação Cautelar Preparatória de Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público do Estado da Paraíba. Narra a exordial que o Promovido, na qualidade de Prefeito do Município de Cabedelo, fora "condenado pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba no ACÓRDÃO APL TC n 0941/2012, a ressarcir ao Erário Municipal a quantia de R$ 603.454,86 (seiscentos e três mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e oitenta e seis centavos) conforme comprova o documento em anexo, com certificação eletrônica de autenticidade" (fl. 02). O órgão Ministerial pretende, por meio da presente demanda, tornar o patrimônio do Requerido indisponível, como forma de evitar sua dissipação antes da propositura d futura causa, na qual se buscará o ressarcimento ao erário em razão do ato de improbidade. Na sentença de fls. 861/863, o Doutor Juiz de Direito julgou procedente o pedido, confirmando a liminar anteriormente concedida. Inconformado, o Promovido interpôs Apelação Cível (fls. 865/873), asseverando a ausência dos requisitos exigidos para o deferimento da medida acautelatória. Contrarrazões (fls. 877/880). A Procuradoria de Justiça emitiu fundamentado parecer (fls. 887/900), opinando pelo desprovimento da súplica. No decisório singular de fls. 902/907 fora obstado o processamento do Apelo. Entendeu-se que o comando sentencial estava de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. AI n. 073.2010.006325-1/001 2

Novamente irresignado, o Requerido manejou o presente Recurso Regimental. O Agravante reitera a falta do perigo da demora e da fumaça do bom direito, na hipótese em exame. É o breve relatório. VOTO Embora o Agravo Interno possua o chamado efeito regressivo, o qual permite ao Relator reconsiderar o entendimento agravado, mantenho -o pelos seus próprios fundamentos, os quais passo a transcrever: "Com efeito, o Apelante sustenta não haver 'dilapidação, desvio ou prejuízo ao erário como exige o art. 7 da referida norma' (fl. 872). Em síntese, o Recorrente busca infirmar a presença do periculum in mora que, juntamente com o fumus boni juris, são elementos necessários à concessão das cautelares em geral. No entanto, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, nos requerimentos preparatórios das ações civil públicas, com fulcro no art. 7 da Lei n. 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa), o perigo da demora é presumível, sendo despicienda a prova de que o suposto improbo pretende se desfazer de seu acervo patrimonial. Nesse sentido, alguns arestos: ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. MEDIDA CAUTELAR DE INDISPONIBILIDADE DE BENS. ART. 7 DA LEI N 8.429/92. TUTELA DE EVIDÊNCIA. COGNIÇÃO SUMÁRIA. PERICULUM IN MORA. EXCEPCIONAL PRESUNÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO NECESSÁRIA. FUMUS BONI IURIS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. CONSTRIÇÃO PATRIMONIAL PROPORCIONAL À LESÃO E AO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO RESPECTIVO. BEN IMPENHORÁVEIS. EXCLUSÃO. 1. Trata-se de recurso especial em que se discute a possibilidade de se decretar a indisponibilidade de bens na Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa, nos termos do art. 7 da Lei 8.429/92, sem a demonstração do risco de dano (periculum in mora), ou seja, do perigo de dilapidaç 'do do patrimônio de bens do acionado. 2. Na busca da garantia da reparação total do dano, a Lei n 8.429/92 traz em seu bojo medidas cautelares para a garantia da efetividade da execução, que, como sabemos, não são exaustivas. Dentre elas, a indisponibilidade de bens, prevista no art. 7 do referido diploma legal. 3. As medidas cautelares, em regra, como tutelas emergenciais, exigem, para a sua concessão, o cumprimento de dois requisitos: o fumus boni juris (plausibilidade do direito alegado) e o periculum in mora (fundado receio de que a outra parte, antes do julgamento da lide, cause ao seu direito lesão grave ou de difícil reparação). 4. No caso da medida cautelar de indisponibilidade, prevista no art. 7 0 da cu AI n. 073.2010.006325-1/001 3

LIA, não se vislumbra uma típica tutela de urgência, como descrito acima, mas sim uma tutela de evidência, uma vez que o periculum in mora não é oriundo da intenção do agente dilapidar seu patrimônio e, sim, da gravidade dos fatos e do montante do prejuízo causado ao erário, o que atinge toda a coletividade. O próprio legislador dispensa a demonstração do perigo de dano, em vista da redação imperativa da Constituição Federal (art. 37, _ 4 ) e da própria Lei de Improbidade (art. 7 ). 5. A referida medida cautelar constritiva de bens, por ser uma tutela sumária fundada em evidência, não possui caráter sancionador nem antecipa a culpabilidade do agente, até mesmo em razão da perene reversibilidade do provimento judicial que a deferir 6. Verifica-se no comando do art. 7 da Lei 8.429/1992 que a indisponibilidade dos bens é cabível quando o julgador entender presentes fortes indícios de responsabilidade na prática de ato de improbidade que cause dano ao Erário, estando o periculum in mora implícito no referido dispositivo, atendendo determinação contida no art. 37, 55' 4, da Constituição, segundo a qual "os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível". 7. O periculum in mora, em verdade, milita em favor da sociedade, representada pelo requerente da medida de bloqueio de bens, porquanto esta Corte Superior já apontou pelo entendimento segundo o qual, em casos de indisponibilidade patrimonial por imputação de conduta ímproba lesiva ao erário, esse requisito é implícito ao comando normativo do art. 7 da Lei n. 8.429/92. Precedentes: (REsp 1315092/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/06/2012, DJe 14/06/2012; AgRg no AREsp 133.243/MT, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/05/2012, DJe 24/05/2012; MC 9.675/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 03/08/2011; EDcl no REsp 1211986/MT, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/05/2011, Die 09/06/2011. 8. A Lei de Improbidade Administrativa, diante dos velozes tráfegos, ocultamento ou dilapidação patrimoniais, possibilitados por instrumentos tecnológicos de comunicação de dados que tornaria irreversível o ressarcimento ao erário e devolução do produto do enriquecimento ilícito por prática de ato ímprobo, buscou dar efetividade à norma afastando o requisito da demonstração do periculum in mora (art. 823 do CPC), este, intrínseco a toda medida cautelar sumária (art.789 do CPC), admitindo que tal requisito seja presumido à preambular garantia de recuperação do patrimônio do público, da coletividade, bem assim do acréscimo patrimonial ilegalmente auferido. 9. A decretação da indisponibilidade de bens, apesar da excepcionalidade legal expressa da desnecessidade da demonstração do risco de dilapidação do patrimônio, não é uma medida de adoção automática, devendo ser adequadamente fundamentada pelo magistrado, sob pena de nulidade (art. 93, IX da Constituição Federal), sobretudo por se tratar de constrição patrimonial. t O Z1. AI n. 073.2010.006325-1/001 4

14. Assim, como a medida cautelar de indisponibilidade de bens, prevista na LIA, trata de uma tutela de evidência, basta a compro vacão da verossimilhanca das alegações, pois, como visto, pela própria natureza do bem protegido, o legislador dispensou o requisito do perigo da demora. No presente caso, o Tribunal a quo concluiu pela existência do fumus boni iuris, uma vez que o acervo probatório que instruiu a petic'do inicial demonstrou fortes indícios da ilicitude das licitações, que foram suspostamente realizadas de forma fraudulenta. Ora, estando presente o fumus boni juris, como constatado pela Corte de origem, e sendo dispensada a demonstração do risco de dano (periculum in mora), que é presumido pela norma, em razão da gravidade do ato e a necessidade de garantir o ressarcimento do patrimônio público, conclui-se pela legalidade da decreta cão da indisponibilidade dos bens. 15. Recurso especial não provido. (REsp 1319515/ES, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/08/2012, DJe 21/09/2012). PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE. IIVDISPONIBILIDADE CAUTELAR DE BENS ART. 7 0 DA LEI 8.429/1992. REQUISITO. FUMUS BONI IURIS. ACÓRDÃO ASSENTADO EM FUNDAMENTO JURÍDICO EQUIVOCADO. 1. Cuida-se, na origem, de Ação Civil Pública ajuizada contra o ora recorrido, ao qual se imputou conduta ímproba por ter, na condição de ex-prefeito do Município de Rosário/MA, deixado de prestar contas de recursos repassados pela Fundação Nacional de Saúde. Além da omissão no dever legal, o Ministério Público aduz não ter havido execução completa das obras, as quais se direcionavam ao sistema de abastecimento de água e de melhorias sanitárias domiciliares, e acenou com dano ao Erário no montante de R$ 403.944,00 (quatrocentos e três mil e novecentos e quarenta e quatro reais). 2. O Tribunal a quo manteve a decisão que indeferiu o pedido liminar de indisponibilidade dos bens, por entender que tal medida cabe somente quando demonstrada "a efetiva intenção do demandado em dilapidar seu patrimônio" 3. A indisponibilidade cautelar dos bens prevista no art. 7 da LIA não está condicionada à comprovação de que os réus os estejam dilapidando, ou com intenção de fazê-lo, exigindo-se apenas a demonstração de fumus boni iuris, consistente em fundados indícios da prática de improbidade. Precedentes do STJ. 4. Recurso Especial parcialmente provido para afastar o óbice lançado no acórdão recorrido e determinar que o Tribunal de origem prossiga na análise do pedido de indisponibilidade dos bens. (REsp I 202024/MA, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/04/2011, Die 04/05/2011). Çr.1 ADMINISTRATIVO AÇÃO CIVIL PÚBLICA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA INDISPÓNIBILIDADE DE BENS ART. 7, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 8.429/1992 REQUISITOS PARA CONCESSÃO LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS POSSIBILIDADE. I. O provimento cautelar para indisponibilidade de bens, de que trata o art. 7, parágrafo único da Lei 8.429/1992, exige fortes indícios de responsabilidade do agente na consecução do ato ímprobo, em especial nas condutas que causem dano material ao Erário. 2. O requisito cautelar do periculum in mora está implícito no próprio AI n. 073.2010.006325-1/001 5

comando legal, que prevê a medida de bloqueio de bens, uma vez que visa a 'assegurar o integral ressarcimento do dano'. 3. A demonstração, em tese, do dano ao Erário e/ou do enriquecimento ilícito do agente, caracteriza o fumus boni iuris. 4. É admissivel a concessão de liminar inaudita altera pars para a decretação de indisponibilidade e sequestro de bens, visando assegurar o resultado útil da tutela jurisdicional, qual seja, o ressarcimento ao Erário. Precedentes do STI 5. Recurso especial não provido. (REsp 1135548/PR, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/06/2010, DJe 22/06/2010). Por conseguinte, de acordo com a orientação do Colendo STI, em hipóteses desse jaez, a probabilidade de lesão grave ou de difícil reparação é presumida, como forma de buscar a efetiva restituição do prejuízo causado aos cofres da Fazenda Pública. Em relação à fumaça do bom direito, não é demais ressaltar que o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba encontrou diversas irregularidades no balanço de gastos apresentado pelo Suplicante, na qualidade de gestor municipal. No decisório da Corte de Contas (fls. 06/14), foram apontados, entre outros: a) 'superfaturamento na contratação de um carro de som para divulgação pela Prefeitura dé Cabedelo'; b) 'despesas não comprovadas com a aquisição de bens no valor de R$ 441.97,97'; c) 'despesas com abastecimento indevido de veículos, sem previsão contratual, no valor de R$ 121.483,89'; d) 'excesso no consumo de combustíveis no valor de R$ 81.290,48' e; e) 'adiantamentos concedidos, sem a devida prestação de contas ao TCE no valor de R$ 66.500,00' (fl. 03). Nesse contexto, o órgão de controle externo imputou ao Prefeito a sanção de R$ 603.454,86 (seiscentos e três mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e oitenta e seis centavos). Sendo assim, está mais do que evidenciado o fumus boni juris necessário à concessão da medida cautelar. Não é demais destacar que, como todo e qualquer ato administrativo, as decisões do TCE possuem presunção de veracidade e de legalidade. Portanto, in casu, seria incumbência do Apelante comprovar a invalidade e os erros do acórdão do Tribunal de Contas, porém não o fez. Além disso, a Constituição da República prevê que as decisões da Corte Fiscalizadora, quando imputam débitos e multas, possuem natureza de título executivo. Vejamos: Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:,sç 3 - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa Al n. 073.2010.006325-1/001 6

terão eficácia de título executivo. Em consequência, deveria o Demandado produzir provas de que não ocorreram as irregularidades que deram causa à imputação da dívida, todavia, mais uma vez, manteve-se inerte. Desse modo, a verossimilhança da alegação abarca a pretensão autoral, razão pela qual a sentença não merece reparos. Observa-se, pois, que a jurisprudência do STJ não ampara as razões recursais, conforme se vislumbra nos precedentes acima citados. Desse modo, NEGO SEGUIMENTO À APELAÇÃO CÍVEL, conforme autoriza o art. 557 do Código de Processo Civil" (fls. 903/907). Em suma, como bem decidiu o Desembargador José Ricardo Porto, os elementos exigidos para a concessão de medidas liminares estão presentes no caso em exame. Ora, a jurisprudência do Superior Tribunal Justiça é enfática ao afirmar que o periculum in mora é presumido nessas hipóteses. Além disso, a decisão do Tribunal de Contas do Estado fora enfática ao apontar as irregularidades administrativas. Por conseguinte, há um ato formal do órgão fiscalizador imputando um débito em desfavor do Agravante, o que importa em aferição do fumus bonijuris. Ora, presentes os requisitos exigidos pela legislação vigente, cumpre deferir a medida cautelar requerida, mantendo incólume a decisão monocrática agravada, que preservou a sentença do Juízo de primeira instância. INTERNO. Com essas considerações, NEGO PROVIMENTO AO AGRAVO É como voto. o ct, Presidiu a sessão o Excelentíssimo Desembargador Leandro dos Santos. Participaram do julgamento, além do relator, o Exmo. Dr. Marcos William de Oliveira (Juiz convocado para substituir o Exmo. Des. José Ricardo Porto, com jurisdição limitada) Des.' Leandro dos Santos e a Exm. Dr. Aluízio Bezerra Filho (Juiz convocado para substituir o Exmo. Des. José Di Lorenzo Serpa). Presente à sessão a Procuradora de Justiça De. Otanilza Nunes de Lucena. Sala de Sessões da Pri Mário Moacyr Porto" do Egrégio Tribunal abril de 2013. a Câmara Especializada Cível "Desembargador tiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa, 16 de J103;J/04(R) Dr. REL de Oliveira ONVOCADO AI n. 073.2010.006325-1/001 7

TEfiJuiÀA L J;Jdiciária