A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NA GESTÃO DO ESTOQUE



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Transcrição:

A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NA GESTÃO DO ESTOQUE Elias Garcia Brasil Universidade Estadual do Oeste do Paraná e-mail: egarcia@unioeste.br Osmarina Pedro Garcia Garcia Brasil Universidade Estadual do Oeste do Paraná e-mail: osmarinagarcia@bol.com.br Udo Strassburg Brasil Universidade Estadual do Oeste do Paraná e-mail: strassburg@unioeste.br Palavras-chave - gestão de custos logística integrada tecnologia de informação Tema do trabalho: El Costo y la toma de decisiones Recursos Audiovisuais: projetor multimidia

2 A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NA GESTÃO DO ESTOQUE Palavras-chave - gestão de custos logística integrada tecnologia de informação Tema do trabalho: El Costo y la toma de decisiones Resumo O presente trabalho foi idealizado com o objetivo de apresentar aos leitores um pouco mais da utilização dos conceitos de logística no processo de gestão empresarial, mais especificamente no tocante a gestão de estoques. O trabalho mostra a origem e evolução do estudo e aplicação da logística nos processos gerenciais, apresenta também os conceitos básicos de estoques e suas principais classificações, abordando a necessidade de cada um no contexto empresarial. Apresenta também os conceitos de custos relacionados aos estoques e sua gestão. Na seqüência, o estudo faz uma abordagem rápida sobre a tecnologia de informação e sua aplicação na logística, analisando de forma sucinta cada conceito tecnológico, finalizando com a aplicação do conceito de logística integrada e seus benefícios. Portanto, sem querer esgotar o assunto, este opúsculo teve como objetivo principal chamar a atenção dos gestores para a necessidade da boa gestão de estoques através dos conceitos de logística para o atendimento dos objetivos da organização, a lucratividade.

3 Introdução A logística nos últimos tempos se tornou uma ferramenta que proporciona a empresa, quando bem utilizada, vantagem competitiva e conseqüentemente uma fatia maior do mercado, onde somente os inovadores e arrojados, conseguem alcançar os seus objetivos em sua totalidade. Além de estar ligada à agilidade com que ela irá manusear, armazenar, deslocar, adquirir, controlar seus produtos e reduzir seus custos. A sua utilidade não está limitada ao que foi apresentado acima, o seu enfoque atual encaminha-se na direção de agregar a tudo isto as necessidades dos clientes, que podem ser diferenciadas, sejam elas para repor o estoque regulador, seja para produção imediata ou para atender a um pedido especial de algum consumidor. Esta visão está relacionada à satisfação daqueles que são parte fundamental dentro do processo de comercialização, proporcionando a empresa perspectivas de aumento de receitas de vendas e margens de lucro. A logística está a cada dia sendo mais estudada e até mesmo lançada como curso superior, oferecido pela Escola Superior de Ciências Empresariais (Instituto Politécnico de Setúbal) em Portugal, sendo um dos poucos daquele país. Os recursos provenientes da logística poderão ser utilizados nos diversos ramos de atividades das empresas, isto é que lhe dá ainda mais significância para que seja utilizada por todos. O objetivo do presente estudo é mostrar aos diversos interessados a importância que a logística tem, de forma ampla, englobando tanto o meio ambiente interno como o externo, a ser incluído no sistema de gestão do negócio. 1. Origem, conceitos e Características da logística A história conta que a logística teve origem militar, designando estratégias de abastecimento aos exércitos enquanto nos campos de guerras, visando suprir as necessidades de armamentos, munições, medicamentos, alimentos, vestuários adequados, nas quantidades certas e no momento certo, evitando que o exército no campo de batalha fique sem suprimentos suficientes para manter as estratégias de guerra. Na seqüência, já na década de cinqüenta, professores da Harvard Business School desenvolveram, em conjunto com a Inteligência Americana (CIA) estratégias para a Segunda Guerra Mundial, tornando na seqüência, matéria obrigatória nas cadeiras de Administração de Empresas e Engenharia daquela Universidade. No início de 1991, o mundo presenciou um exemplo prático e dramático da importância da logística. Como preparativos para a Guerra do Golfo, os Estados Unidos e seus aliados tiveram que deslocar quantidades enormes de materiais a grandes distâncias, o que se pensava fazer em um tempo extremamente curto. Meio milhão de pessoas e mais de meio milhão de materiais e suprimentos tiveram que ser transportados através de 12.000 quilômetros por via aérea, e

4 mais de 2,3 milhões de toneladas de equipamentos transportados pelo mar, tudo isto feito em questão de meses. Ao longo da história do homem, as guerras têm sido ganhas ou perdidas através do poder e da capacidade da logística, ou a falta deles. 1.2 Conceitos Muitos autores já tentaram conceituar o termo logística, porém, pela concepção desse trabalho, buscou-se a definição do Council of Logistics Management, descrita por FILHO ( 2001:3): Logística é a parte do processo da cadeia de suprimento que planeja, implementa e controla o eficiente e efetivo fluxo e estocagem de bens, serviços e informações relacionadas, do ponto de origem ao ponto de consumo, visando atender aos requisitos dos consumidores. Na definição de FERREIRA (1986), Logística, do francês Logistique, significa a parte da arte da guerra que trata do planejamento e da realização de atividades de projeto e desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição, reparação, manutenção e evacuação de material, tanto para fins operativos como administrativos. Como se percebe pela definição do termo, a função da logística é principalmente ser o elo de ligação em um processo que pode começar com um fornecedor e encerrar com um cliente em outra ponta da cadeia. Atualmente, o termo logística tem sido muito utilizado, pois o processo de gestão da cadeia de suprimentos nas empresas pode significar a diferença entre a empresa lucrativa e a deficitária. A gestão do processo logístico tem sido hoje grande diferencial competitivo, pois com o passar dos tempos os consumidores tornaram-se também mais exigentes com relação a qualidade dos produtos, tempo de produção e ciclo de vida dos produtos, prazo de entrega e mais recentemente, com o índice de inovações tecnológicas incorporados aos produtos. O que no passado eram pequenos incômodos do consumidor, tornaram-se hoje em rotina de preocupação para as organizações. O fator preço do produto, na maioria das vezes era sequer questionado pelo consumidor, como bem pode-se lembrar das famosas máquinas de remarcar preços nos supermercados, pois os altos índices inflacionários, em grande parte encobriam a incompetência administrativa das organizações e iludiam os consumidores, pois o dinheiro perdia seu valor a todo dia. Com a implantação do plano real e o controle da inflação sendo conseguido, mais a vontade do consumidor em colaborar com a estabilidade da nova moeda, restou às empresas investirem em novos processos de gestão de custos, pois em não mais existindo taxas exorbitantes de aplicações no mercado financeiro, os excedentes de caixa passaram a ser aplicados nas empresas, através de novos produtos, novas máquinas e novos processos produtivos. Após isso, a logística começou a se desenvolver, auxiliando grandemente no processo de gestão das empresas.

5 2. A Logística nos Estoques Conforme já citado anteriormente, a logística está voltada para a gestão do processo produtivo, ou seja, a cadeia de suprimentos, e nessa cadeia, destaca-se para os objetivos deste trabalho, os estoques das empresas. Muito se tem discutido sobre as atribuições dos estudos logísticos, porém quanto mais se discute, mais necessidade de discussão aparece. O gerenciamento da relação entre custo e nível de serviço tem sido considerado hoje como o principal desafio da logística moderna. A redução do prazo de entrega com maior disponibilidade de produtos sem aumentar a quantidade exageradamente e os custos, o cumprimento do prazo de entrega e maior facilidade de colocação de pedidos têm sido a busca constante dos estudiosos da logística. 2.1 Estoque Por estoques, entende-se todo e qualquer depósito de mercadoria ou matéria-prima para produção ou venda em data futura. Na concepção de CORRÊA et all (2000:45), estoques são acúmulos de recursos materiais entre fases específicas de processos de transformação. Logicamente, que a definição retro está voltada muito mais para empresas industriais, onde se concebe a transformação de uma matéria-prima qualquer em um produto, todavia, existem também os estoques de mercadorias para revenda, que também podem ter tratamentos diferenciados. Algumas das razões da existência dos estoques segundo CORREA et all (2000) são a impossibilidade ou inviabilidade de coordenar suprimento e demanda, quer por incapacidade, pelo alto custo de obtenção ou por restrições tecnológicas; com fins especulativos, pela escassez ou pela oportunidade; com a finalidade de gerenciar incertezas de previsões de suprimento e/ou demanda, na formação de estoque de segurança. 2.2 Tipos de Estoques Os estoques podem ser classificados em diversos tipos, conforme se observa a seguir. a) matéria-prima: esse tipo de estoque requer alguma forma de processamento para ser transformada em produto acabado. A utilização é diretamente proporcional ao volume de produção; b) Produtos em processo: em um processo de produção, considera-se produtos em processo os diversos materiais que estão em diferentes fases do processo produtivo. Corresponde a todos os materiais que sofreram algum tipo de transformação, porém não atingiram a forma final do produto a ser comercializado; c) Materiais de embalagem: correspondem as caixas para embalar produtos, recipientes, rótulos etc. d) Produto acabado: compreendem os produtos que sofreram um processo de transformação e estão prontos para ser vendidos;

6 e) Suprimentos: neste tipo de estoque, estão inseridos todos os itens não regularmente consumidos pelo processo produtivo. São os componentes utilizados para a manutenção de equipamentos, instalação predial, dentre outros. 2.3 Custos dos estoques A boa gestão de estoques passa obrigatoriamente pelo conhecimento de todos os custos que envolvem o seu controle. Alguns custos que estão diretamente ligados aos estoques podem ser assim classificados: a) Custo de pedir: este item compreende os custos fixos administrativos relativos ao processo de aquisição da quantidade requerida para reposição do estoque. Esses custos são medidos em termos monetários por pedido; b) Custos de manter estoque: corresponde a todos os custos necessários para manter certa quantidade de mercadorias por determinado período de tempo. São medidos monetariamente por unidade e por período. Normalmente para manter estoques, estão inclusos custos de armazenagem, custo de seguro, deterioração e obsolescência e o custo de oportunidade, que significa o custo de investir em outro investimento que não a empresa. c) Custo total: é a soma dos custos de pedir e o custo de manter estoques. Todo controle de estoques passa invariavelmente pelo estabelecimento do nível adequado e a localização dos estoques. O ideal é balancear o custo de pedir com o custo de manter estoques. 2.4 Gestão de Estoques A gestão dos estoques tem sido considerada a base para o gerenciamento da cadeia de suprimentos, apesar de pouco explorada na literatura especializada. Simplesmente manter baixos níveis de estoques não significa que a empresa terá altos ganhos, mas outros aspectos devem ser considerados para que o processo logístico seja bem gerenciado e traga resultados positivos. A adequada gestão dos estoques deve passar pela resposta às seguintes perguntas: a) quanto pedir? b) quando pedir? c) quanto manter em estoques de segurança? d) onde localizar? Para responder cada uma destas perguntas de forma adequada, devem ser observados fatores como o valor agregado do produto, à previsibilidade da demanda e às principais exigências dos consumidores finais em termos de prazo de entrega e disponibilidade de produto. Ao decidir pela contínua redução dos níveis de estoque na cadeia de suprimentos, a empresa deve antes analisar seu houve aumento da eficiência operacional nas áreas de transporte, armazenagem e processamento de pedidos, caso não seja constatado esse aumento da eficiência, a empresa poderá ter grandes problemas no atendimento aos clientes. Alguns dos pontos cruciais que buscam responder o quanto pedir estão diretamente ligados ao menor nível de estoques possível e em condições de atender aos consumidores. Com o aumento dos custos de estocagem, as empresas estão buscando definir seus níveis de estoque com base em três fatores principais, que são:

7 1) O aumento do número de produtos; 2) O alto custo de oportunidade no uso de capital, em virtude das elevadas taxas de juros praticadas no Brasil; 3) Necessidade de gerenciar adequadamente o capital circulante líquido. Estes três fatores, se mal dimensionados podem causar transtornos irreversíveis à empresa, pois se o ramo de atividade possuir grande variedade de itens e a empresa tiver que manter grande quantidade de cada item, todo o capital de giro poderá ser gasto somente em estoque, desfalcando as demais necessidades a serem atendidas. Isso pode acontecer com todos os três fatores citados acima. Alguns dos aspectos que têm colaborado para o aumento da eficiência dos processos de movimentação de estoque são a gestão do transporte, armazenagem e processamento de pedidos, que podem ser gerenciados através de formação de parcerias entre empresas na cadeia de suprimentos, fato iniciado com as montadoras e fornecedores na indústria automobilística japonesa, que tem permitido redução de custos com a eliminação de atividades que não agregam valor ao processo, tais como controle de qualidade no recebimento, licitações e cotações de preços. Outro aspecto é através do surgimento de operadores logísticos, que são empresas especializadas em transportes de cargas fracionadas, tais como FedEx, TNT entre outras, e finalmente com a adoção de novas tecnologias de informação para a captura e troca de dados entre empresas, através da aplicação do código de barras, EDI, Internet e outros tipos de automação, com a redução de processos de retrabalhos, através da eliminação da interferência humana na colocação de pedidos. O aspecto do quando pedir, a empresa busca determinar se a empresa vai seguir ou não a metodologia sugerida de ponto de pedido. Na localização dos estoques na cadeia de suprimentos, o que se procura é definir se centraliza ou não os estoques, visando o melhor atendimento aos clientes. 2.5 A tecnologia e a Logística A tecnologia da informação, os recursos tecnológicos materiais e os serviços oferecidos para o processo logístico estão evoluindo constantemente e desta forma as empresas podem fazer as suas escolhas, diante de diversas opções, tanto de software como de equipamentos, indo em busca daquilo que mais se adequa às suas necessidades. Dentre estes recursos disponíveis no mercado pode-se citar diversos, os quais abrangerão as necessidades de todos os tipos de usuários como: - Consultoria e treinamento (Assessoria, projetos, palestras e eventos); - Recursos de movimentação e armazenagem (Balanças, revestimentos de pisos, demarcações, faixas, portas especiais, cortinas, escadas, rampas, produtos de segurança, alimentadores, redutores e imóveis); - Estruturas de estocagem (Armazéns, galpões, reservatórios, tanques, silos mezaninos, pontes rolantes, transelevadores, armários modulares, gaveteiros, carrosséis verticais e horizontais e sistemas de estocagem). - Serviços de logística (Operadores logísticos, armadores, desembaraço aduaneiro, terminais diversos, armazéns gerais, motoboys, distribuição física, transportes marítimos, aéreo, ferroviário, rodoviário, terceirização

8 de mão-de-obra para movimentação, gestão de embalagens retornáveis, seguros e escoltas de cargas; - Identificação e automação industrial e comercial (Código de barras (etiquetas impressoras, coletores, scanners, terminais de radiofreqüência, software), softwares (WMS, estoque, ERP, MRP, SCM, de simulação, sistemas logísticos e otimização de cargas, de transporte e frota, rastreadores); - Transportadores contínuos (correias, correntes, canecas, elevadores, assessórios para transportadores contínuos, carregadores, transportadores diversos); - Embalagens, recipientes e utilizadores (Racks, caçambas, paletes e acessórios, estrados, caixas engradados, aplicadores diversos, cantoneiras para reforço de embalagens, estabilizadores de caixas, embalagens (impressoras, máquinas para fechamento, separadores) - Veículos e máquinas industriais (Empilhadeiras, carrinhos, carretas, caminhões, carros elétricos, escavadeiras, guindastes, páscarregadeiras, retroescavadeiras, guinchos, rebocadores, tratores). A combinação desses aplicativos conduz para a otimização do sistema logístico e melhora o processo de gestão integrada dos diversos componentes, ou seja, estoques, armazenagem, transporte, processamento de pedidos, compras e manufatura. 2.6 Gestão da Cadeia de Suprimentos Supply Chain Management O conceito de Cadeia de Suprimentos surgiu por volta dos anos de 1970 e 1980, porém ainda é algo novo para os gestores de empresas, despontando através de fabricantes japoneses de automóveis, que administravam o fornecimento de insumos além dos contratos convencionais com os fornecedores diretos. Na concepção de FLEURY et all (2000:42) o SCM é uma abordagem sistêmica de razoável complexidade, que implica alta interação entre os participantes, exigindo a consideração simultânea de diversos trade-offs. Isso significa que a função do SCM é a coordenação e interação dos diversos fatores que compõem o canal de distribuição dos processos desde o fornecedor até o consumidor final e vice-versa. O processo de implantação do conceito de suppy chain management passa invariavelmente por sete fases ou processos-chaves, conforme descreve FLEURY et all (2000:45): 1- Relacionamento com os clientes; 2- Serviço aos clientes; 3- Administração da demanda; 4- Atendimento de pedidos; 5- Administração do fluxo de produção; 6- Compras / suprimento; 7- Desenvolvimento de novos produtos. É importante focar estes processos chaves nos objetivos pré-definidos, ou seja, o desenvolvimento de equipes focadas nos clientes estratégicos, buscando entendimento comum sobre características de produtos e serviços, fornecer um ponto de contato único para todos os clientes, atendendo de forma eficiente as

9 suas consultas e requisições, captar compilar e atualizar dados de demanda, com o objetivo de equilibrar a oferta com a demanda, atender aos pedidos dos clientes sem erros e dentro do prazo de entrega, desenvolver sistemas flexíveis de produção que sejam capazes de responder às mudanças no mercado, gerenciar relações de parceria com fornecedores para garantir respostas rápidas e melhoria de desempenho, buscar o mais cedo possível o envolvimento dos fornecedores no desenvolvimento de produtos. Embora a quebra de paradigmas internos e o comprometimento da equipe sejam importantes para o sucesso do SCM, o envolvimento dos participantes internos e externos ao processo também será fator preponderante no processo de implantação dessa importante ferramenta. 2.7 Logística Integrada Como já descrito alhures sobre os conceitos de logística, pode-se complementar que para a completa satisfação dos seus objetivos, devem atender pelo menos a seis pontos considerados básicos, quais sejam, a busca do sucesso do cliente, a integração interna e externa da cadeia de suprimentos, processos baseados no tempo, mensuração abrangente e benchmarking. Para entender o processo de logística integrada, a empresa precisa primeiro entender ou definir qual o nível de relacionamento que ela deseja ter com seus parceiros, ou seja, cliente e fornecedor, pois é importante para a empresa entender que o seu sucesso depende também do sucesso dos seus clientes, pois fazem parte da cadeia de suprimento. O sucesso da integração logística é dependente do bom gerenciamento integrado dos diversos sistemas internos, eliminando retrabalhos, e externos, através de parcerias e relacionamentos cooperativos com os vários participantes da cadeira de suprimentos, baseados na confiança, capacitação técnica e troca de informações, para reduzir custos, eliminar duplicidades e acelerar o aprendizado. Diante dessas afirmações, é importante concluir que, apesar de a maioria das empresas sempre terem avaliado seus processos de forma separada, o novo contexto empresarial recomenda que a avaliação seja de forma integrada e as mudanças culturais e organizacionais devem ser feitas e acompanhadas. A persistência, a paciência e habilidade de negociação são fundamentais para o sucesso da aplicação. 3 Considerações Finais Ao encerrar este opúsculo, resta fazer um apanhado geral das abordagens aqui expostas, ou seja, reafirmar que a adequada gestão de estoques passa obrigatoriamente pela adoção de novas tecnologias, a utilização dos conceitos de logística, logística integrada, bem como novas filosofias de gestão, como o Supply Chain Management dentre outros. As novas tecnologias de informação aplicáveis a logística tendem a tornar-se rotina nas organizações. A logística empresarial é um assunto vital, pois exerce a função de estudar e dar formas de como a administração pode obter cada vez mais eficácia e eficiência em seus serviços de distribuição a seus clientes e consumidores, levando em consideração

planejamento, organização e controle efetivos para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos. A própria definição de gestão de estoques evidencia seus objetivos, que são planejar os estoques, as quantidades de materiais que entram e saem, as épocas em que ocorrem as entradas e saídas, o tempo em que decorre entre essas épocas e os pontos de pedido de materiais. Portanto, sem querer aqui esgotar o assunto, compete somente reafirmar que esses objetivos acima colocados podem ser atingidos se a empresa mantiver uma adequada aplicação dos conceitos de logística em seus processos de gestão. 10

11 Bibliografia BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. Bookman, 2002. CORREA, H. L. Planejamento Programação e Controle da Produção MRP II / ERP, Conceitos, uso e implantação, São Paulo: Atlas, 2000. DRUCKER, Peter F. Administrando em tempos de grandes mudanças. São Paulo: Pioneira, 2000. FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa, 2ª ed. Rio de Janeiro: ed. Nova Fronteira. 1986. FILHO, Armando Oscar Cavanha. Logística - novos modelos. RJ. Ed. Qualitymark: 2001. FLEURY, Paulo Fernando, WANKE, Peter, FIGUEIREDO, Kleber Fossati (organizadores). Logística Empresarial: Ed. Atlas São Paulo, 2000. São Paulo: Pioneira, 2001. MENDES, M. L. Vanguarda Logística, Revista Exame. REVISTA TECNOLOGÍSTICA. O Boticário mapeia seus custos logísticos com o ABC: ago., 2002. TORRES, L. MILLER, J. Alinhamento estratégico com o cliente, HSM Management, nº21, ano 4, jul/ago de 2000.