Grupos de Trabalho de Humanização (GTH) INCA -2005 (espaços coletivos, de autonomia e protagonismo dos profissionais de saúde) Oficinas de Comunicação de Notícias Difíceis Projeto Construção de novas práticas de trabalho face ao adoecimento e às sequelas dos tratamentos Busca por formas solidárias de cuidado aos profissionais
1º Momento do Projeto - Diagnóstico inicial ( doença avançada); - Recidivas Má notícia (Oncologia) - Efeitos adversos do tratamento ( quimio e radioterapia) - Sequelas das cirurgias (mutilações e desfigurações) - o esgotamento dos recursos de tratamento específico e a passagem aos cuidados paliativos
Situações limite e adoecimento dos profissionais A gente precisa muito de atendimento e apoio porque os pacientes passam, mas a gente fica. (depoimento de uma médica) Situações limite - constatar doença avançada em mulheres grávidas - prescrever tratamentos esterilizantes ou gravemente incapacitantes - anunciar aos pais a morte iminente de seus filhos Adoecimento Para a equipe, o desgaste físico e mental é intenso: AVC, estafas físicas e mentais, absenteísmo, quadros psiquiátricos (depressão, surtos psicóticos) problemas de coluna, dores musculares, enxaquecas, estados crônicos de tensão, além do uso abusivo de substâncias psicoativas ).
A solidão do profissional Isolamento dos profissionais - assistência, compartimentada e fragmentada; - ausência de espaços de decisões conjuntas seja com os pacientes, seja com a equipe. Sobrecarga compromete a qualidade da assistência Falta de preparo para a comunicação e o suporte emocional aos pacientes torna-se evidente. Consequências - aumento das defesas emocionais ( rigidez excessiva e frieza ) - maior distanciamento por parte da equipe em relação ao paciente. - silenciamentos ou comunicações abruptas de prognósticos adversos com sérios prejuízos à relação terapêutica.
Balint e a droga médico Droga-médico A forma de lidar com e/ou atender a um paciente interfere nele tal qual uma medicação. O valor terapêutico da escuta ou a escuta sensível Vínculo na relação médico-paciente Instrumento fundamental, que pode funcionar como facilitador ou dificultador na busca pela saúde - os sintomas físicos apresentados pelo paciente; - os sentimentos e diferentes percepções que o paciente tem sobre eles; - os sentimentos e percepções que o médico tem sobre seu paciente (a paciente chata).
Do isolamento à experiência compartilhada Transmissão de más notícias (território tabu, uma região de silêncio) O sentimento profundo de impotência é externalizado na forma do seu oposto: a competência absoluta, ou até mesmo a plena onipotência (os casos vitrine). A angústia compartilhada vai muito além dos benefícios de uma catarse (se transforma na construção coletiva de estratégias de trabalho) Compartilhamento não é lua de mel Compartilhar com responsabilidade é uma etapa mais avançada do compartilhar como desabafo; a queixa paralisante que, acolhendo diferenças e disputas de ideias se transforma em produção de novos conhecimentos.
Da alienação à implicação Verbo Alienar - transferir para outrem o domínio ou a propriedade; - tornar(-se) louco, doido; - alucinar(-se) - perder a estima, a amizade; renunciar a; - afastar-se, isolar-se - abandonar um direito, um privilégio (os direitos trazem consigo a responsabilidade A postura queixosa como resultado da alienação Rosana Onoko A desumanização existente nos serviços de saúde é também um produto humano. Assumir este paradoxo é para mim o início de uma implicação séria e comprometida com a luta pela vida. Implicação Envolver-se, reconhecendo o pertencimento a uma realidade, com as devidas responsabilidades. Não há uma verdade última do humano, uma essencia a ser buscada, mas sim uma construção ininterrupita da experiência do presentre e aí incluidos todos os aspectos que compõe determinada realidade. G9
O Valor da Equipe A experiência deixa de ser traumática (isolada e não socializada e por isso muitas vezes paralisante) quando compartilhada A importância da interdisciplinaridade A compreensão da notícia difícil pelo paciente/familiar é como maré: vem em ondas... E por isso envolve muito mais do que o profissional que comunicou a má notícia. Envolve toda a equipe e todos precisam estar preparados O conceito de Paidéia (Gastão Wagner) - Desenvolvimento integral das pessoas - Fazer Saúde Coletiva com as pessoas e não sobre elas aumenta a capacidade de análise e de intervenção.
A implicação do paciente Quanto mais ampla e integral for a compreensão que se tiver do paciente e da sua doença, mais amplos e certeiros podem ficar o diagnóstico e o tratamento. Todos precisam estar implicados, inclusive o paciente Implicar o paciente é tirá-lo da condição passiva diante do que lhe acontece. O médico pode até não falar, mas o paciente pode e deve perguntar. O papel da humanização está bem distante do assistencialismo. Passa muito mais pela conscientização de direitos e retomada de cidadania.
O Protocolo S.P.I.K.E.S. (falando do ideal) ETAPA 1: Planejando a Entrevista (S Setting Up the Interview) - o ensaio mental - a privacidade - a participação da família Etapa 2: Avaliando a Percepção do Paciente (P Perception) - Antes de contar, pergunte!. - moldando a má notícia ETAPA 3: Obtendo o Convite do Paciente (I Invitation) - como o paciente quer receber a notícia? - quanto o paciente quer saber?
O Protocolo S.P.I.K.E.S. (falando do ideal) ETAPA 4: Dando Conhecimento e Informação ao Paciente (K Knowledge) - Não usar termos técnicos: conversar no nível de compreensão e vocabulário do paciente - Não usar frases como Não há mais nada que possamos fazer por você. ETAPA 5: Abordar as Emoções dos Pacientes com Respostas Afetivas (E Emotions) - Identificar a emoção do paciente e o seu por quê. - Validar os sentimentos do paciente ETAPA 6: Estratégia e Resumo (S Strategy and Summary - Apresentar opções de tratamento - Compartilhar responsabilidades na tomada de decisão - Enquadrar a esperança em termos do que é possível ser alcançado.
Para uma comunicação de notícias difíceis de maneira eficaz para todos os envolvidos nessa relação, é necessário voltar o olhar, em primeiro lugar, para si mesmo e posteriormente colocar-se no lugar do outro. Constatamos que esse processo não pode se dar de maneira isolada, tendo na equipe interdisciplinar uma ferramenta que potencializa esse conhecimento de si em simultaneidade com o conhecimento compartilhado. A conversa é um instrumento de promoção de saúde da maior potência, na medida em que possibilita o processo de socialização e subjetivação, recuperando o exercício pleno da cidadania (MERQUIOR, 2009).