1. Os herdeiros de mutuaria são partes legítimas para aforar ação envolvendo o bem imóvel objeto do mútuo.



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Transcrição:

PROCESSO Nº: 0801924-39.2013.4.05.8000 - APELAÇÃO APELANTE: CAIXA SEGURADORA S/A ADVOGADO: THIAGO DE SOUZA MENDES APELADO: VANUZIA AVILA ALMEIDA ADVOGADO: LAMARX MENDES COSTA RELATOR(A): DESEMBARGADORA FEDERAL CONVOCADA HELENA DELGADO FIALHO MOREIRA - 2ª TURMA RELATÓRIO Trata-se de apelação interposta pela CAIXA SEGURADORA S/A contra sentença, de parcial procedência, em ação ajuizada por VANÚZIA ÁVILA DE ALMEIDA objetivando o reconhecimento do direito à proteção securitária pela morte de seu esposo. Eis a ementa do ato combatido: Ementa: Civil. Sistema Financeiro de Habitação. Financiamento habitacional. Óbito da mutuária. Sucessores. Legitimidade ativa. Seguro. Cobertura. Legitimidade passiva. Caixa Econômica Federal e Caixa Seguradora s.a. Doença preexistente. Período de carência. Não cumprimento. Cobertura securitária. Impossibilidade. 1. Os herdeiros de mutuaria são partes legítimas para aforar ação envolvendo o bem imóvel objeto do mútuo. 2. A CEF e a Caixa Seguradora S/A são legitimadas para figurar no pólo passivo de ação em que se busca cobertura securitária, em face de sinistro, em contratos de financiamentos de imóvel através do SFH. 3. Não é devida a cobertura do seguro em razão de doença preexistente e quando não decorrido o prazo de carência de 12 (doze) meses, mas tão somente a restituição dos valores que compuseram a reserva técnica (art. 797 CC). 4. Ação parcialmente procedente. Em seu recurso, a seguradora alega que, ao determinar a devolução da reserva técnica, teria o magistrado julgado extra petita. Mais adiante, alega que não haveria constituição de reserva técnica de maneira individualizada, haja vista tratar-se de apólice coletiva (e não individual), pelo que sua devolução seria juridicamente indevida. Contrarrazões apresentadas (id. 4058000.289823). É o que importa relatar. PROCESSO Nº: 0801924-39.2013.4.05.8000 - APELAÇÃO APELANTE: CAIXA SEGURADORA S/A ADVOGADO: THIAGO DE SOUZA MENDES APELADO: VANUZIA AVILA ALMEIDA ADVOGADO: LAMARX MENDES COSTA RELATOR(A): DESEMBARGADORA FEDERAL CONVOCADA HELENA DELGADO FIALHO MOREIRA - 2ª TURMA

VOTO O caso é muito, muito simples. A lei permite que os contratantes negociem cláusula de carência em "seguro de vida para o caso de morte". Foi isso o que houve no caso concreto, sendo certo que o sinistro debatido aconteceu justamente no período dentro do qual a seguradora, por livre pactuação, ainda não se responsabilizara. Daí, então, a devolução da reserva técnica, determinada nos termos do CC, Art. 797, único: Art. 797. No seguro de vida para o caso de morte, é lícito estipular-se um prazo de carência, durante o qual o segurador não responde pela ocorrência do sinistro. Parágrafo único. No caso deste artigo o segurador é obrigado a devolver ao beneficiário o montante da reserva técnica já formada. Por outro lado, a sentença, ao determinar a devolução da "reserva técnica" (em ação na qual o sucessor do falecido pretende a quitação do financiamento garantido através de seguro de vida), não proferiu julgado fora dos limites delineados na petição inicial, mas aplicou ao caso a consequência jurídica decorrente do fato narrado, obedecendo estritamente ao comando previsto no Art. 797, Parágrafo Único, do Código Civil, assinalando, pois, a parcial procedência da pretensão autoral (entregando menos do que postulado). Quanto à alegação de que não haveria constituição de reserva técnica de maneira individualizada, haja vista tratar-se de apólice coletiva, é dever registrar que o referido artigo não faz qualquer ressalva à restituição quanto ao tipo de seguro (se individual ou em grupo), pelo que, não tendo a lei distinguido, não cabe ao intérprete fazê-lo. Transcrevo trecho do voto da lavra do Ministro Massami Uyeda, do Superior Tribunal de Justiça, em ação semelhante: "No mérito, melhor sorte não assiste à recorrente no que se refere à obrigação de restituir a reserva técnica formada à beneficiária do seguro de vida. Isso porque a argumentação aduzida pelo recorrente, no sentido de ser inviável a devolução da reserva técnica, quando se trata de contrato de seguro de vida em grupo, além de não possuir respaldo legal, ao menos no tocante à matéria ora prequestionada, não se revela a melhor exegese. Oportuna se mostra a transcrição do parágrafo único do artigo 797 do Código Civil, que impõe à seguradora, na hipótese de morte do segurado dentro do prazo de carência, a obrigação de restituir a reserva técnica ao beneficiário, sem apontar, contudo, qualquer ressalva quanto à espécie de seguro, se em grupo ou individual (...) Bem de ver, assim, que, por inexistir disposição expressa no referido dispositivo legal no sentido de restringir a aplicação da norma aos seguros de vida em grupo, não se confere ao intérprete a possibilidade de adotar interpretação restritiva, distinguindo onde a norma não tenha sido suficientemente clara ao restringir (ubi lex non distinguit nec nos distinguere debemus - onde a lei não distingue, não devemos distinguir)."(stj - REsp: 1038136 MG 2008/0052114-4, Relator: Ministro MASSAMI UYEDA, Data de Julgamento: 03/06/2008, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 23.06.2008 p. 1. Esta Corte, manifestando-se no mesmo sentido do Superior Tribunal de Justiça, assim já decidiu

(destaquei): CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. SFH. COBERTURA SECURITÁRIA. DOENÇA PREEXISTENTE. CARÊNCIA. NÃO CUMPRIMENTO. REVISÃO CONTRATUAL. UTILIZAÇÃO DO FGTS. ADOÇÃO DA TÉCNICA DA MOTIVAÇÃO REFERENCIADA ("PER RELATIONEM"). AUSÊNCIA DE NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. ENTENDIMENTO DO STF. 1. Cuida-se de apelações apresentadas pelas partes contra sentença a quo, a de julgar parcialmente procedentes os pedidos do autor. Declarou o magistrado de primeiro grau a inexistência de direito à utilização proporcional da indenização do seguro por morte para a quitação parcial do contrato, condenando a CEF ao pagamento da restituição da reserva técnica prevista no único do art. 797 do CC. Alfim, liberou o juiz as contas do FGTS das autoras para o fim de quitação de parte do débito contraído com a CEF. 2. A CEF, em suas razões de recurso,aduz a suposta impossibilidade de utilização do FGTS das autoras para quitação da dívida. A Caixa Seguradora pleiteia a nulidade da sentença, sob o argumento de que não teria sido pedida a devolução da reserva técnica, acrescentando que não haveria obrigação legal de se proceder com tal devolução. Argumenta, ainda, pela ilegitimidade das autoras para comporem o pólo ativo da ação. As autoras, por sua vez, insistem na possibilidade de cobertura por parte do seguro contratado, defendendo a inaplicabilidade da teoria da imprevisão ao presente caso. 3. A mais alta Corte de Justiça do país já firmou entendimento no sentido de que a motivação referenciada ("per relationem") não constitui negativa de prestação jurisdicional, tendo-se por cumprida a exigência constitucional da fundamentação das decisões judiciais. Adota-se, portanto, os termos da sentença como razões de decidir. 4. (...) "A despeito disso, em consonância com o parágrafo único do art. 797 do Código Civil, é de ser determinada a restituição, à beneficiárias, dos valores que compuseram a reserva técnica - e nem se alegue que estariam sendo desrespeitados os limites delineados na petição inicial, porque a devolução da reserva técnica é uma consequência jurídica de se considerar legítima a cláusula que estipula prazo de carência. Cito precedente do Superior Tribunal de Justiça: RECURSO ESPECIAL - SEGURO DE VIDA - SUICÍDIO NO PRAZO DE CARÊNCIA - DEVOLUÇÃO DA RESERVA TÉCNICA À BENEFICIÁRIA - JULGAMENTO EXTRA PETITA - INOCORRÊNCIA - CONSEQÜÊNCIA JURÍDICA DO PROVIMENTO JUDICIAL FAVORÁVEL À PRETENSÃO DA RECORRENTE - DEVOLUÇÃO DA RESERVA TÉCNICA PREVISTA NO PARÁGRAFO ÚNICO DO 797 DO CC - ADOÇÃO DE INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA PARA IMPOR A OBRIGAÇÃO APENAS NOS SEGUROS DE VIDA EM GRUPO - IMPOSSIBILIDADE - RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO. I - O Tribunal de origem não proferiu julgamento fora dos limites delineados na petição inicial, mas sim, aplicou o direito à espécie, com a fixação das conseqüências jurídicas decorrentes dos fatos narrados pelas partes - Precedentes; II - O artigo 797 do Código Civil impõe à seguradora, na hipótese de morte do segurado dentro do prazo de carência, a obrigação de restituir a reserva técnica ao beneficiário, sem apontar, contudo, qualquer ressalva quanto à espécie de seguro, se em grupo ou individual, não se conferindo ao intérprete proceder a uma interpretação restritiva; III - Recurso Especial não conhecido. (RESP 200800521144, MASSAMI UYEDA, STJ - TERCEIRA TURMA, DJE DATA:23/06/2008.)"

5. (...) "Afasto, de início, a argüição feita pela Caixa Seguradora S/A de ilegitimidade ativa de Maryfrance Dias Lopes e Francydja Dias Lopes, uma vez que são filhas e sucessoras de Maria Salete Dias, mutuária que celebrou o contrato objeto do presente feito, falecida em 12.06.2008. Com a morte da mãe, pois, constituem herdeiras legítimas dela, no que concerne ao bem imóvel objeto do mútuo, possuindo legitimidade para aforar a presente ação. Nesse sentido segue precedente jurisprudencial:" 6. (...) "No mérito, quanto à possibilidade de quitação parcial do contrato, com a utilização proporcional do seguro contratado, saliento que o pacto resta disciplinado no Código Civil, mais precisamente nas regras gerais do contrato de seguro, cujo art. 797 assim dispõe: "no seguro de vida para o caso de morte, é lícito estipular-se um prazo de carência, durante o qual o segurador não responde pela ocorrência do sinistro". 3. No entanto, o parágrafo único do referido dispositivo legal disciplina que "no caso deste artigo o segurador é obrigado a devolver ao beneficiário o montante da reserva técnica já formada". Assim, embora o segurador seja o garante do risco segurado, não tem a obrigação legal de assumir todo e qualquer risco, nem está impedido de delimitar a obrigação assumida. 4. Entendo que a seleção dos eventos cobertos, assim como a limitação da obrigação, não constituem renúncia de direitos do consumidor, mas parte inerente do contrato de seguro. Não se trata, na hipótese, de cláusula abusiva (artigo 6º, inciso IV, artigo 51, incisos I e IV, do CDC2), mas limitativa de risco. E sendo uma restrição anterior à configuração da responsabilidade, é lícito. Atinge a obrigação, não a responsabilidade normal dela decorrente. 5. Desse modo, se o sinistro ocorreu durante o prazo de carência contratualmente estipulado, decerto que o pagamento da indenização fica condicionado à circunstância de a doença causadora não ser preexistente ao contrato." 7 (...) "Quanto à questão relativa à possível prática de anatocismo, pela utilização do Sistema de Amortização Constante - SAC, verifico que restou elucidada pela perícia contábil. Segundo o laudo, "o Sistema de Amortização Constante - SAC, adotado pela CEF, em conformidade com o contrato às fls. 46/60 dos autos, não favorece a capitalização de juros, tendo em vista que os juros mensais, embutidos no valor de cada prestação (amortização + juros), serão pagos mensalmente, não sendo capitalizados ao capital principal, conforme demonstrado por este Perito no anexo III - Evolução do Financiamento. Da mesma forma, este perito afirma que na evolução do saldo devedor do capital, consoante cálculos da CEF na Planilha de Evolução do Financiamento, às fls. 234/237 dos autos, não há evidência da prática de anatocismo" (cf. fl. 242)." 8 (...) "Quanto ao pleito de utilização do saldo do FGTS das autoras para a quitação da dívida, entendo que merece ser deferido, uma vez que o rol do art. 20, da Lei nº 8.036/90 é exemplificativo, assistindo-lhes razão quando afirmam que tal dispositivo deve ser interpretado em consonância com o direito fundamental à moradia. Assim vêm decidindo os Tribunais, conforme precedentes assim ementados (grifos de ora): PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. FGTS. ART. 20, VII, DA LEI 8.036/90. ROL EXEMPLIFICATIVO. LIBERAÇÃO DO VALOR DA CONTA VINCULADA PARA QUITAÇÃO DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE IMÓVEL DO CÔNJUGE QUE NÃO É CO-PROPRIETÁRIO. REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS. POSSIBILIDADE. DIREITO À MORADIA. BEM-ESTAR DA FAMÍLIA. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO. ART. 944 DO CÓDIGO CIVIL (2002). FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. INCIDÊNCIA, POR ANALOGIA, DAS SÚMULAS 282 E 356/STF. 1. Hipótese em que se

questiona a violação: (a) ao artigo 20 da Lei 8.036/90, ao fundamento de que seu rol seria taxativo e a liberação do FGTS do cônjuge da mutuária para quitação do imóvel não estaria contido entre as hipóteses apresentadas em seus incisos, eis que o marido não seria co-adquirente e o matrimônio se deu pelo regime da comunhão parcial de bens; (b) ao artigo 944 do Código Civil de 2002, pois o dano moral não teria sido fixado de forma moderada. 2. Não se conhece do recurso especial no atinente à violação ao artigo 944 do Código Civil de 2002, uma vez que ausente o imprescindível prequestionamento. Incidem, por analogia, as Súmulas 282 e 356/STF. 3. Esta Corte Superior possui entendimento pacífico no sentido de que o rol do artigo 20 da Lei 8.036/90 não tem natureza jurídica taxativa. Precedentes: REsp 664.427/RN, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 22.11.2004; REsp 659.434/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 24.4.2006; REsp 796.879/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 30.8.2006; REsp 716.089/RS, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 23.5.2006. 4. Assim, é possível a utilização do saldo fundiário de um cônjuge para quitação de contrato de mútuo habitacional firmado através do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) titularizado pelo outro, em que pese serem casados no regime da comunhão parcial de bens. Além do caráter social do artigo, observa-se que a ratio assendi dos incisos V, VI e VII reflete a preocupação em se assegurar ao fundista o exercício do seu direito de moradia (art. 6º, caput, da Constituição) e, por conseguinte, o bem-estar de sua entidade familiar. 5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta extensão, não provido. (RESP 200802282286, BENEDITO GONÇALVES, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:16/09/2009.)"Apelações improvidas. (PROCESSO: 00022803820114058000, AC557876/AL, RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ MARIA LUCENA, Primeira Turma, JULGAMENTO: 05/09/2013, PUBLICAÇÃO: DJE 12/09/2013 - Página 147)" Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO À APELAÇÃO. É como voto. HELENA DELGADO FIALHO MOREIRA Desembargador Federal Relatora Convocada lhsg

PROCESSO Nº: 0801924-39.2013.4.05.8000 - APELAÇÃO APELANTE: CAIXA SEGURADORA S/A ADVOGADO: THIAGO DE SOUZA MENDES APELADO: VANUZIA AVILA ALMEIDA ADVOGADO: LAMARX MENDES COSTA RELATOR(A): DESEMBARGADORA FEDERAL CONVOCADA HELENA DELGADO FIALHO MOREIRA - 2ª TURMA EMENTA CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. COBERTURA SECURITÁRIA. DEVOLUÇÃO DE RESERVA TÉCNICA. INOCORRÊNCIA DE JULGAMENTO EXTRA PETITA. IMPOSSIBILIDADE DE ADOÇÃO DE INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. APELAÇÃO IMPROVIDA. 1. A lei permite que os contratantes negociem cláusula de carência em "seguro de vida para o caso de morte". Foi isso o que houve no caso concreto, sendo certo que o sinistro debatido aconteceu justamente dentro do período em que a seguradora ainda não se responsabilizara. Daí, então, a devolução da reserva técnica, determinada nos termos do CC, Art. 797, único; 2. A sentença, ao determinar a devolução da reserva técnica (em ação na qual o sucessor do falecido pretende a quitação do financiamento garantido através de seguro de vida), não proferiu julgado fora dos limites delineados na petição inicial, mas aplicou ao caso a consequência jurídica decorrente do fato narrado, obedecendo estritamente ao comando previsto no Art. 797, parágrafo único, do Código Civil, assinalando, pois, a parcial procedência da pretensão autoral (entregando menos do que aquilo que fora postulado); 3. Quanto à alegação de que não haveria constituição de reserva técnica de maneira individualizada, haja vista tratar-se de apólice coletiva, é dever registrar que o referido artigo não faz qualquer condicionamento ou ressalva à restituição quanto ao tipo de seguro (se individual ou em grupo), pelo que, não tendo a lei distinguido, não cabe ao intérprete fazê-lo. Precedentes do STJ e desta Corte; 4. Sentença mantida. Apelação improvida. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, em que figuram como partes as acima indicadas. DECIDE a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, à unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO APELO, nos termos do voto do Relator e das notas taquigráficas, que passam a integrar o presente julgado.

Recife, 12 de maio de 2015. HELENA DELGADO FIALHO MOREIRA Desembargador Federal Relatora Convocada