Dimensão Ambiental no Planejamento de Atividades do V Salão Gaúcho de Turismo: Informações de Expositores e Organizadores.



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Transcrição:

Dimensão Ambiental no Planejamento de Atividades do V Salão Gaúcho de Turismo: Informações de Expositores e Organizadores. Álvaro Luis Machado 1 Suzana Maria De Conto 2 Universidade de Caxias do Sul RESUMO: O presente estudo analisa as informações de 15 expositores e 10 organizadores sobre o planejamento de práticas ambientais no V Salão Gaúcho do Turismo realizado em Caxias do Sul. A entrevista foi a técnica de pesquisa realizada. Os resultados indicam que em geral a adoção de práticas ambientais não foi concebida ainda na fase de planejamento do evento turístico. Constata-se a importância de implantar programas de Educação Ambiental para organizadores, expositores e visitantes, possibilitando a sensibilização dos mesmos e a socialização de conhecimento, no sentido de contemplar a dimensão ambiental no planejamento do Salão Gaúcho do Turismo. Palavras-chave: Eventos; planejamento ambiental; Salão Gaúcho do Turismo; planejamento do turismo; educação ambiental. 1 Introdução Como os expositores e organizadores do V Salão Gaúcho de Turismo foram incentivados a adotar práticas ambientais no planejamento e execução do evento? Que informações são disponibilizadas aos visitantes sobre ações ambientais que são desenvolvidas no evento? Há programas de educação ambiental destinados aos organizadores, expositores e/ou visitantes? Há preocupação em diminuir e recuperar materiais impressos e decorativos produzidos para o evento? Os expositores e organizadores julgam importante adotar práticas ambientais corretas para a realização do evento? Essas questões merecem uma análise e respostas no sentido de contribuir 1 Professor das Faculdades Integradas de Taquara - FACCAT, Especialista em Ecologia Social e Educação Ambiental pela ULBRA-RS, Mestrando em Turismo na Universidade de Caxias do Sul (UCS). Contato: Rua Israel Wolf, 301/601, e-mail: alvaromm@faccat.br. 2 Engenheira Química, Doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos. Professora no Departamento de Engenharia Química e no Mestrado em Turismo da Universidade de Caxias do Sul. Contato: Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130, 95070-560 Caxias do Sul-RS; e-mail:smcmande@ucs.br.

para a diminuição da complexidade da gestão dos resíduos oriundos das atividades turísticas, especialmente na implantação e operacionalização do evento. O presente estudo busca analisar as informações de organizadores e expositores do V Salão Gaúcho do Turismo sobre práticas ambientais previstas no planejamento do evento. Estudos dessa natureza são importantes sob o ponto de vista socioambiental, contribuindo para um novo pensar e agir no planejamento de eventos turísticos. 2 O turismo e os eventos turísticos A área de eventos representa o segmento que mais cresce no mercado mundial de turismo, possibilitando transformar esse setor na mais importante atividade econômica do mundo (PEREIRA; DE CONTO, 2006). Como um fenômeno complexo, o turismo não pode ser analisado somente sob a ótica econômica. Os impactos e aspectos ambientais precisam ser considerados no planejamento das atividades turísticas, incluindo os eventos turísticos. Para Pugen (2008), os eventos são (...) dependentes de variáveis ambientais, culturais, sociais e econômicas (p. 25). Martin (2003) define evento como qualquer acontecimento que foge da rotina, sempre programado para reunir um grupo de pessoas (p.35). Como evento turístico, um salão pode ser entendido como um evento destinado a promover e divulgar produtos e informar sobre eles com o intuito de criar para os consumidores uma imagem positiva da instituição promotora (BRITTO; FONTES, 2002). Ao analisar a relação dos eventos com a responsabilidade ambiental, De Conto (2004) destaca: Um evento do turismo (festa, rodeio, show musical, entre outros) só é bem planejado se considerar os custos ambientais. Portanto, a contabilidade ambiental deve ser clara nesse planejamento para evitar surpresas. Quem planeja, organiza, apóia, patrocina, executa e fiscaliza um projeto em turismo deve saber que a responsabilidade é solidária. Assim, todos são responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos resultantes da atividade. É necessário entender que a responsabilidade ambiental pressupõe uma responsabilidade legal, social, moral e ética. (DE CONTO, 2004, p.2). Com relação à organização de eventos, Watt (2007) identifica que talvez a busca de uma abordagem geral dos princípios e das práticas aplicáveis às organizações em um campo tão amplo tenha deixado alguns setores um tanto de lado (WATT, 2007, p. 10). Talvez esse seja o caso do planejamento ambiental em muitos eventos.

Pereira (2007) chama a atenção para o fato de um evento turístico possuir características de um empreendimento já que consome energia, água e demais recursos, gerando resíduos sólidos, emissões atmosféricas e efluentes líquidos (PEREIRA, 2007, p. 13). Tal responsabilidade está expressa no código de ética da Associação Brasileira de Empresas de Eventos ABEOC quando em seu artigo 20º determina que Com a sociedade em geral, a associada deverá manter atitude de colaboração, sem prestar o concurso de sua especialidade profissional em atividades que contribuam para a degradação social ou ambiental (ABEOC, 2009). A responsabilidade ambiental de um evento fica mais evidente ao se perceber que além da geração de empregos diretos pela organização, os eventos impulsionam os setores produtivos, por meio da cadeia do turismo e geram empregos em vários ramos de atividades (TOMAZZONI; BUHLER; SIMÃO, 2008) disseminando seus impactos por vários setores da economia. Para Pugen (2008) quanto maior a abrangência, maior será a interferência econômica e social, no nível local e regional (p. 14), que poderia representar também uma maior abrangência de seus impactos positivos e negativos, entre eles, os impactos ambientais. Para Pereira (2007) todo empreendimento, evento, produto ou serviço do turismo deve estar em conformidade com a legislação ambiental, assegurando assim seu compromisso ético para as questões ambientais (p. 36). A importância da dimensão ambiental no planejamento de uma empresa é também ressaltada por Carvalho e Alberton (2008) ao afirmarem que hoje as empresas investem em aspectos como confiabilidade, produtos ambientalmente corretos, relacionamento ético das empresas com fornecedores e clientes, além da observância das leis quanto ao tratamento correto para com os seus funcionários (p. 33). Como aspectos ambientais da responsabilidade social de uma empresa, Carvalho e Alberton (2008) sugerem a adoção de atitudes como: Ter um programa para reduzir o desperdício de energia e materiais; Promover coleta seletiva de lixo e direcionar os ganhos com tal atividade; Fazer uso racional da água; Realizar programas de educação ambiental com os funcionários e/ou comunidade. (CARVALHO; ALBERTON, 2008, p. 42). Tais aspectos parecem ser úteis na análise da dimensão ambiental no planejamento de um evento com as características do Salão Gaúcho do Turismo,

buscando conhecer as informações de expositores e organizadores quanto ao uso de programas para redução do desperdício de energia (luz, maquinário e combustível) e materiais (folderes, estandes, cartazes, impressos, CDs, mapas, entre outros). Também é importante identificar informações sobre processos de geração, seleção e destino dos resíduos gerados e possíveis programas de educação ambiental direcionados aos expositores, organizadores e visitantes de eventos dessa natureza. A expressão educação ambiental é definida na Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795 de 1999 (BRASIL, 1999) como: Os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 1999). Cabe destacar que, independente da forma de educação (formal ou não-formal) é importante no planejamento do turismo ter presente os objetivos fundamentais da educação ambiental conforme apresentado na Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL,1999): I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; II - a garantia de democratização das informações ambientais; III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social; IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. Ainda, na referida Lei, em seu Art. 3º, é declarado que todos têm direito à educação ambiental, incumbindo:

I ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem; III aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; IV aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação; V às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente; VI à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais. (BRASIL, 1999). A partir do art. 3º é possível constatar que a responsabilidade pela incorporação da dimensão ambiental na gestão das organizações é notória. Todos os segmentos da sociedade precisam conhecer de fato a Política de Educação Ambiental e assumirem seu papel no cumprimento da mesma, e isso diz respeito também aos eventos turísticos. 3 Metodologia Na pesquisa realizada de caráter exploratório a técnica de coleta de dados foi a entrevista. O roteiro de entrevista utilizado foi adaptado de Pereira (2007), que examinava, em seu estudo as relações estabelecidas entre a variável ambiental e os eventos turísticos. As principais situações destacadas no instrumento foram: a) adoção de práticas ambientalmente corretas no planejamento e execução do evento; b) elaboração de programa de educação ambiental para expositores, organizadores e visitantes; c) geração, composição e destino de resíduos sólidos; d) recuperação de materiais utilizados na divulgação do evento; e) uso de papel reciclado para a confecção dos folderes; f) diminuição da geração de resíduos no Salão, entre outras. Para a realização das entrevistas foram selecionados os coordenadores regionais de turismo, representando as 24 microrregiões turísticas do Estado e com estande institucional presente no evento, além de 10 organizadores da Secretaria do Turismo, Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul SETUR/RS com diversas funções de planejamento, organização e acompanhamento. A entrevista com os coordenadores

regionais foi realizada durante o evento, totalizando 15 expositores. Os organizadores foram entrevistados após o evento na SETUR/RS, totalizando o número de 10 entrevistados. O período de coleta de dados foi de 18 a 30 de março de 2010. O número total de entrevistas foi de 25. O Salão Gaúcho de Turismo O Salão Gaúcho do Turismo surgiu no ano de 2002 como resultado das ações desenvolvidas a partir da implantação da política de desenvolvimento turístico, por meio do Plano Viajando pelo Rio Grande, que buscava preencher uma lacuna na divulgação e apresentação do produto turístico gaúcho, em seus diversificados segmentos e níveis de organização para o público interno no principal mercado emissor do Estado situado na região metropolitana de Porto Alegre. O Projeto foi considerado inédito no mercado turístico gaúcho. Desta forma, a SETUR/RS acreditava estar desencadeando um processo qualificado de comercialização turística, como resposta às exigências de um mercado altamente competitivo" (SETUR, 2002). O I Salão Gaúcho de Turismo ocorreu no Shopping Center DC Navegantes, na zona norte de Porto Alegre, no período de 21 a 24 de junho de 2001, organizado pela equipe técnica da SETUR/RS e teve como promotora a Câmara de Turismo do Rio Grande do Sul. O Salão foi planejado na intenção de potencializar o produto turístico presente nas regiões turísticas entregando um estande individualizado a cada microrregião turística do Estado. Além da área de exposição das regiões, foi criado um espaço específico para apresentar o segmento do Turismo de Aventura e Ecoturismo e um ambiente rústico para apresentar o programa de Turismo Rural do Estado. Não foi encontrada junto à SETUR/RS dados que fizessem referência ao número de participantes do evento. Além da exposição e das apresentações culturais, o Salão apresentava como atividades uma rodada de negócios, organizada pelo SEBRAE-RS e um Núcleo de Conhecimento com palestras diversas na área de turismo e serviu como modelo para o Salão Brasileiro de Turismo. O II Salão foi realizado no período de 24 a 28 de abril de 2002, no mesmo local do anterior. Houve poucas modificações com relação ao projeto do I Salão. As mudanças ficaram restritas ao aumento do espaço de exposição, com novas empresas turísticas inseridas. A rodada de negócios contou com 120 agências de turismo inscritas, com 1.440 encontros pré-agendados, sendo que no ano anterior, haviam participado 140

empresas (118 agências gaúchas, 17 nacionais e 5 internacionais) e realizados 545 contatos comerciais. O III Salão teve sua realização no período de 25 a 29 de agosto de 2004, no DC Navegantes com um público estimado, de acordo com a SETUR/RS, de 17 mil pessoas. O evento foi organizado pela primeira vez pelo SEBRAE- RS com o objetivo de fomentar, de forma integrada, ações de desenvolvimento setorial regional, tendo como atividades: Programa de Qualificação dos Agentes de Turismo Receptivo, Exposição das nove Zonas Turísticas, Workshops, Famtours e divulgação dos principais segmentos turísticos do Estado. A organização do evento contava com um espaço institucional destinado aos parceiros e ao co-realizador SEBRAE/RS, além de patrocinadores do evento, sala de imprensa, central de pesquisa, centro de informações turísticas e demais órgãos oficiais. Foi reservado espaço para a mostra das 22 regiões políticas do Estado, agrupadas em 9 Zonas Turísticas 3 com estandes individualizados para cada região que ficaria encarregada do projeto de engenharia, responsabilidade técnica, ambientação e decoração. Além dos estandes, havia também espaço para vivência dos segmentos turísticos de aventura, ecológico e rural, ocupado por empreendedores desses segmentos, organizados de acordo com a proposta da SETUR: Os pólos de aventura do RS, atividades especiais com toda a oferta de produtos de aventura e programas especiais, como esportes de aventura para portadores de necessidades especiais. Turismo Rural estava organizado em Casas de Fazenda, Casas de Colônia, Fazendas hospedarias, Hospedarias Coloniais, Programas Especiais (Rotas e Roteiros Rurais, Propostas Pedagógicas, Cavalgadas e pontos de venda de produtos coloniais e artesanato). O Salão contava ainda com espaço para a mostra e comercialização dos produtos típicos representativos das Zonas Turísticas, obedecendo aos critérios do Programa Mãos Gaúchas, do Sebrae, da Fundação Gaúcha de Trabalho e Ação Social/Casa do Artesão e do Programa Sabor Gaúcho, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento/Emater. Foi criado um espaço destinado aos shows, apresentações culturais e lançamentos de produtos turísticos das regiões, conforme critérios definidos pela Setur- RS e Sebrae-RS. Quanto a divulgação foi desenvolvida uma campanha publicitária com 3 Metropolitana, Serra, Litoral Norte, Central, Vales, Hidrominerais, Pampa, Missões e Sul

plano de mídia para todo o Estado e a criação de peças como slogan, volante, cartaz, anúncios, cadernos especiais, TV, spot de rádio e outros e desenvolvido um plano de distribuição promocional de sacolas do evento, folderes, passaporte do Salão, tarifário, uniforme, crachás, blocos de notas, convites, jornal/boletim, brindes e kit imprensa. A avaliação realizada pela equipe técnica da SETUR-RS apresenta pela primeira vez um questionamento quanto à distribuição exagerada de sacolas plásticas durante o evento, porém, não propõe nenhuma ação capaz de corrigir tal fato. Outro fato negativo identificado pela equipe foi a retirada dos painéis temáticos e Seminário Técnico da programação. Houve críticas também ao formato da Feira de Artesanato e agroindústrias já que não eram representativas das regiões turísticas. O IV salão ocorreu no período de 03 a 06 de maio de 2006 e pela primeira vez foi utilizado o Cais do Porto Mauá como local do evento, onde foram ocupados quatro armazéns do cais com espaço para artesanato, exposição das regiões turísticas, exposição dos parceiros no Salão e espaço para o Turismo Rural e para o Turismo de Aventura, realizado em parceria com a Fundação de Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul FUNDERGS. Como uma das novidades do evento ocorreu a 1ª Mostra de Roteiros Integrados do Mercosul, para promoção de roteiros das regiões gaúchas com o Mercosul, com destaque para: Roteiro da Erva-Mate, Camiño del gaucho, Internacional Iguassu/Misiones e o Roteiro Arquitetônico de Jaguarão. A rodada de negócios contou com 120 rodadas de negócios entre 12 operadoras do Brasil e 48 agências receptivas do Estado. O V Salão Gaúcho do Turismo foi realizado entre os dias 18 e 21 de março de 2010 e pela primeira vez o evento foi deslocado da capital para o interior, tendo como local os pavilhões da Festa da Uva, localizado no Parque Mário Bernardino Ramos, em Caxias do Sul e como promotora do evento a Prefeitura Municipal de Caxias do Sul. No evento 24 microrregiões turísticas do Estado 4 estavam presentes com exposição de seus produtos. Havia, também espaço reservado para: Parques de Turismo de Aventura, Ecoturismo, Turismo Rural, artesanato, agricultura familiar, parceiros institucionais, universidades. Durante a realização do evento foi realizada uma Rodada 4 Vale do Rio dos Sinos, Porto Alegre e Delta do Jacuí, Litoral Norte Gaúcho, Campos de Cima da Serra, Hortênsias, Uva e Vinho, Vale do Paranhana, Rota das Araucárias, Águas e Pedras Preciosas, Termas e Lagos, Cultura e Tradição, Rota do Yucumã, Rota do Rio Uruguai, Missões, Campanha, Fronteira Gaúcha, Central, Rota das Terras, Jacuí Centro, Vale do Caí, Vale do Rio Pardo, Vale do Taquari, Centro Sul e Sul.

de Negócios especificamente entre agências receptivas do Estado e representantes da hotelaria gaúcha. De acordo com o SEBRAE-RS, responsável pela operacionalização da atividade, foram recebidos 72 pedidos para agendamento de reuniões, por cada uma das empresas que fizeram sua inscrição durante o prazo estabelecido, considerados encontros formais. (SECRETARIA DO TURISMO DE CAXIAS DO SUL, 2010). 4 Resultados As Tabelas 1 a 6 apresentam os dados obtidos a partir das entrevistas realizadas durante o V Salão Gaúcho de Turismo com os expositores e organizadores. A Tabela 1 apresenta a distribuição de frequência e porcentagem de indicações dos expositores e organizadores sobre a motivação para a adoção de práticas ambientalmente corretas no planejamento do V Salão Gaúcho de Turismo. Tabela 1 Distribuição de frequência e porcentagem de indicações dos expositores e organizadores sobre a motivação para a adoção de práticas ambientalmente corretas no planejamento do V Salão Gaúcho de Turismo Indicação sobre a motivação para a adoção de práticas ambientalmente corretas no planejamento do evento f % houve motivação 3 26,7 Expositores não houve motivação 12 73,3 houve motivação 1 10,0 Organizadores não houve motivação 9 90,0 Conforme é possível observar na tabela 1, 73,3% dos expositores e 90% dos organizadores declaram que não houve motivação para a adoção de práticas ambientalmente corretas ainda no planejamento do evento. Cabe destacar que qualquer atividade na área ambiental a ser contemplada no planejamento de um evento, além da demonstração de seu desempenho social, econômico e ambiental, precisa ser estimulada e passível de convencimento de toda a equipe responsável pela organização desse evento. As Tabelas 2 e 3 apresentam a distribuição de frequência e porcentagem de indicações dos expositores e organizadores respectivamente referente a elaboração de programas de educação ambiental dedicados aos organizadores, aos expositores e aos visitantes do Salão. Tabela 2 Distribuição de frequência e porcentagem de indicações dos expositores referente ao planejamento de programa de educação ambiental para os organizadores, expositores e visitantes do Salão Indicação dos expositores sobre a elaboração de programa f % de educação ambiental

Programa de Educação Foi considerado 1 6,6 ambiental para os organizadores Não foi considerado 14 93,4 Programa de Educação Foi considerado 1 6,6 ambiental para os expositores Não foi considerado 14 93,4 Programa de Educação Foi considerado 5 33,3 ambiental para os visitantes Não foi considerado 10 76,7 Como pode ser observado nas tabelas 2 e 3, a educação ambiental em geral não foi contemplada no planejamento do Salão. Cabe destacar que, a proposição de um Programa de Educação Ambiental surge da necessidade de esclarecer e sensibilizar os expositores, organizadores e visitantes sobre a responsabilidade socioambiental do Salão Gaúcho de Turismo. Na implantação de um Programa de Educação Ambiental, o desenvolvimento de ações integradas em prol da preservação ambiental surge como importante instrumento de formação e, como decorrência, de sensibilização de todos os responsáveis pelo Salão, para que os mesmos assumam suas responsabilidades com o meio ambiente. As mudanças de condutas de todos esses agentes precisam ocorrer, e isso só é possível quando são estabelecidas as relações entre diferentes setores públicos e privados (Secretaria Municipal do Turismo, Secretaria Municipal do Meio ambiente, Secretaria Municipal de Educação, Secretaria Estadual do Turismo, Secretaria Estadual do Meio ambiente, Agências, Operadoras, Meios de Hospedagem, entre outros) e as políticas ambientais e de turismo no âmbito nacional, estadual e municipal. Tabela 3 Distribuição de frequência e porcentagem de indicações dos organizadores referente ao planejamento de programa de educação ambiental para os organizadores, os expositores e visitantes do Salão Indicação dos organizadores sobre a elaboração de programa de educação ambiental f % Programa de Educação ambiental para os Não foi considerado 10 100 organizadores Programa de Educação Foi considerado 1 10 ambiental para os expositores Não foi considerado 9 90 Programa de Educação ambiental para os visitantes Não foi considerado 10 100

A tabela 4 apresenta a frequência e porcentagem de indicações dos expositores e organizadores referentes à geração, composição e redução de resíduos sólidos gerados durante o Salão. Pela análise da tabela 4, observa-se que 53,3% dos expositores indicaram ter havido preocupação em diminuir resíduos gerados no Salão enquanto apenas 10% dos organizadores indicaram tal preocupação. Cabe destacar que contemplar a geração de resíduos sólidos no planejamento de um evento significa contabilizá-lo antes de sua geração no sentido de definir as melhores opções de gerenciamento dos mesmos (priorizando a não geração), como também a definição de responsabilidades dos agentes que organizam, expõem e apóiam a atividade turística. O conhecimento das diferentes frações dos componentes que fazem parte da composição dos resíduos sólidos também possibilita definir as etapas de gerenciamento dos mesmos (acondicionamento, coleta, reuso, reutilização, reciclagem, tratamento e destino final). As Tabelas 5 e 6 apresentam informações de expositores e organizadores respectivamente sobre a recuperação de materiais utilizados no Salão e uso de papel reciclado. Tabela 4 Distribuição de frequência e porcentagem de indicações dos expositores e organizadores referentes à geração, composição e redução de resíduos sólidos gerados durante o Salão Indicação dos expositores e compositores sobre a geração, composição e destino dos resíduos sólidos f % Foi contemplada no 3 20 Geração de resíduos sólidos (expositores) Geração de resíduos sólidos (organizadores) Composição de resíduos sólidos (expositores) Composição de resíduos sólidos (organizadores) planejamento Não foi contemplada no 11 73,4 planejamento Não foi pensado no assunto 1 6,6 Foi contemplada no 1 0 planejamento Não foi contemplada no 9 90 planejamento Há preocupação em conhecer 15 100 Há preocupação em conhecer 8 80 Não há preocupação em conhecer 2 20

Diminuição da geração de resíduos sólidos (expositores) Diminuição da geração de resíduos sólidos (organizadores) Houve preocupação em 8 53,3 diminuir a geração Não houve preocupação em diminuir a geração 6 40 Não foi pensado no assunto 1 6,7 Houve preocupação em diminuir a geração 1 10 Não houve preocupação em 9 90 diminuir a geração Tabela 5 Distribuição de frequência e porcentagem de indicações dos expositores sobre a recuperação de materiais utilizados no Salão e uso de papel reciclado Recuperação de materiais utilizados no Salão e uso de papel reciclado f % Foi contemplada a 13 86,6 Material utilizado recuperação Não foi pensado no assunto 2 13,4 Planejamento do uso de papel Foi planejado 6 40 reciclado Não foi planejado 9 60 As indicações dos sujeitos sobre contemplar a recuperação de materiais utilizados na divulgação do Salão (tabela 5) são maiores para os expositores (86,6%), revelando uma prática que deve aumentar nos eventos turísticos. È importante a comparação entre as indicações da falta de planejamento na geração de resíduos e a preocupação em conhecer tais resíduos. Enquanto a falta de planejamento apresenta uma porcentagem de 90% para os organizadores, a intenção de conhecer tais resíduos atinge uma porcentagem de 80% no mesmo grupo, indicando a necessidade de uma organização melhor quanto à geração dos resíduos do salão. O fato de planejar a recuperação desses materiais indica uma preocupação com a minimização de recursos naturais e geração de resíduos, como também com o destino dos mesmos após o seu descarte. Já os organizadores, revelam (80%) que não houve essa preocupação no planejamento de recuperação de material e uso de papel reciclado (tabela 6). Tabela 6 Distribuição de frequência e porcentagem de indicações dos organizadores sobre a recuperação de materiais utilizados no Salão e uso de papel reciclado Recuperação de materiais utilizados no Salão e uso de papel reciclado f %

Foi contemplada a 1 10 recuperação Material utilizado Não foi contemplada a recuperação 8 80 Não foi pensado no assunto 1 10 Planejamento do uso de papel Foi planejado 3 30 reciclado Não foi planejado 7 70 5 Conclusão Considerando que a informação é uma variável que determina o comportamento das pessoas em relação ao meio ambiente (MANDELLI, 1997), é importante que a mesma seja de qualidade e que possa ser disponibilizada de forma contínua junto aos organizadores, expositores e visitantes. Nessa direção, o Salão Gaúcho de Turismo ao inserir a dimensão ambiental no planejamento e operacionalização (programas de educação ambiental, práticas de prevenção da geração de resíduos sólidos, reaproveitamento de materiais, controle de desperdícios, identificação dos aspectos e impactos ambientais relacionados à implantação e operacionalização), contribuirá com a construção de condições para a mudança de comportamentos dos seus agentes em relação ao meio ambiente. Nesse sentido, a proposta de implantação de um Programa de Educação Ambiental no Salão Gaúcho de Turismo, significa disponibilizar um espaço de reflexão e de aprendizagem, possibilitando a capacitação de todos os atores envolvidos, no sentido de melhor lidarem com novas situações e novas responsabilidades em relação à prevenção da poluição resultante de suas atividades. Como contribuição apresenta-se diferentes formas de pensar e de agir que podem ser utilizadas pelos organizadores do Salão para a próxima edição: - Criação de um espaço ambiental no Salão com exposição de fotos, vídeos, resultados de pesquisas científicas de práticas ambientais dos municípios que fazem parte do evento (expositores); - Inserção na divulgação do Salão na internet de informações relacionadas a animais em extinção no estado do Rio Grande do Sul, ao uso racional da água, minimização de desperdícios de energia, prevenção da geração de resíduos, segregação de resíduos sólidos, situação do saneamento ambiental dos municípios dos expositores e a responsabilidade socioambiental dos visitantes;

- Apoio ao desenvolvimento de pesquisas, como por exemplo: dissertações, teses e trabalhos de conclusão de curso. O Salão Gaúcho do Turismo pode ser objeto de estudo dessas pesquisas e tornar-se referência de responsabilidade socioambiental; - Confecção de convites e crachás em papel reciclado; - Determinação da composição dos resíduos sólidos gerados no próximo Salão. Isso permite ao evento conhecer e contabilizar o impacto das atividades. O fato dos organizadores e expositores informarem sobre o interesse em realizar essa atividade, já sinaliza a possibilidade de concretizar a quantificação. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE EVENTOS ABEOC. Código de ética. Disponível em: <http://www.abeoc.org.br/nacional/download/codigo_etica.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2010. BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm>. Acesso em: 20 mai. 2006. BRITTO, J.; FONTES, N. Estratégias para eventos: uma ótica do marketing e do turismo. São Paulo: Aleph, 2002. CARVALHO, A.; ALBERTON, A. Um estudo em estabelecimentos de hospedagem na Estrada Real/MG: as variáveis social e ambiental. Revista Hospitalidade, São Paulo, n. 1, p. 31-57, jun. 2008. Disponível em: <http://www.revistas.univerciencia.org/turismo/index.php/hospitalidade/article/view/17 1/193>. Acesso em: 12 abr.2010. DE CONTO, S. M. Turismo ambientalmente responsável. Tempo Todo, Caxias do Sul, 30 jan. a 05 fev. 2004, p. 2. MANDELLI, S. M. de C. Variáveis que interferem no comportamento da população urbana no manejo de resíduos sólidos domésticos no âmbito das residências. 1997. 267 f. Tese (Doutorado em Educação) Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 1997. MARTIN, V. Manual prático de eventos. São Paulo: Atlas, 2003. PEREIRA, G.; DE CONTO, S.M. A Gestão Ambiental como Objeto de Estudos no Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul. In: Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul, 4., 2006, Caxias do Sul. Anais eletrônicos... Caxias do Sul: UCS, 2006. Disponível em: <http://www.ucs.br/ucs/tplsemmenus/posgraduacao/strictosensu/turismo/seminarios/se minario_4/arquivos_4_seminario/gt12-2.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2010.

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