Infância: o que dela esperar, o que nela nutrir



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Transcrição:

Infância: o que dela esperar, o que nela nutrir Através das reflexões propostas no livro A educação da criança pequena da Laura Monte Serrat Barbosa, e dos conceitos sobre o desenvolvimento infantil do Professor Doutor Egidio José Romanelli e Arnold Gesell,a Infância é o período de vida que acontece desde o nascimento até a puberdade, subdividido em 3 fases: Primeira (dividida em 3 subfases: recém nascido, bebê e criança), Segunda Infância e Terceira Infância. A fase do Recém-nascido da Primeira Infância tem duração de um mês e seu grande desafio é a adaptação ao novo meio-ambiente. Indefeso e frágil, o bebê depende inteiramente dos adultos para responder às suas necessidades fisiológicas básicas de alimentação, sono, higiene e proteção e assim nutre no adulto o vínculo de proteção, de cuidado, de dependência. A fase do Bebê: ocorre de um mês a um ano e se caracteriza por um desenvolvimento muito acelerado do Infante nas aquisições físicas de peso e estatura, mas principalmente através de seu domínio psicológico, do maior controle dos movimentos, do desenvolvimento dos sentidos e da crescente autonomia. Neste momento, o bebê está muito receptivo aos estímulos e corresponde-os pelas expressões. Assim, absorve da fala do adulto as expectativas que este tem para com ele, especialmente nos momentos de alimentação e higiene. Exemplificando: quando os pais relatam: esse bebê é impaciente para mamar, meu bebezinho é apressado como o vovô!, meu filho é dorminhoco como o pai.... Neste momento de intensa absorção de significados, o bebê percebe que a mãe relata características que lhe são importantes e cresce correspondendo ao que lhe é compreensível, isto é, à expectativa dos pais dentro do significado que lhe é compreendido. Desta forma, é de sua importância que os pais e educadores reflitam sobre o que está sendo dito para a criança, desde as primeiras expressões até as mais corriqueiras e constantes. Nas gerações anteriores, os filhos eram menos elogiados que na atualidade, mas é importante saber elogiar. Elogiar o esforço para uma conquista, é mais importante que a conquista em si. 1

A criança surge após os completar um ano de vida (última fase da Primeira Infância, fase da criança), por iniciar as primeiras palavras e a locomoção assemelhar-se à mesma forma que o adulto. É um momento de grande conflito ao adulto que aguarda seu crescimento na mesma proporção que deseja que seu filho permaneça um bebê. A segunda infância, dos 2 aos 7 anos, a criança também possui uma grande e visível ampliação de sua capacidade cognitiva, física e motora, o que propicia o desenvolvimento de duas habilidades fundamentais: a socialização e a psicomotricidade. A motricidade se desenvolve tanto no seu aspecto amplo (global) através do domínio do correr, do saltar, subir em árvores, brincar no parquinho; quanto no aspecto motor fino, presente na oposição polegar-indicador, que possibilita o movimento de pinça, essencial para a aprendizagem e o domínio da escrita, próximo aos 7 anos. No convívio social a criança vivência a sua própria identidade através da descoberta das diferenças entre ela e seus pares (as demais crianças as quais convive). É também o momento propício para aprender os próprios limites e as regras sociais. A descoberta dessas diferenças entre as crianças, muitas vezes nutre em seus pais sentimentos de superproteção ou de competitividade. O maior aprendizado para pais, crianças e educadores é como auxiliar na resolução de situações sociais: o que fazer quando a criança morde ou foi mordida? E quando cospe? E quando grita? É preciso lembrar que a criança passa por fases: fase de morder, fase de cuspir, fase de levar objetos para casa, fase de forçar o vômito, etc. Todas essas fase foram muito bem descritas pelo pediatra Arnold Gesell, que em seu livro do século passado, A Criança dos 0 aos 5 Anos, já nos alertava sobre o que esperar da Infância. A criança vai morder, e morderá as pessoas e objetos principalmente se sua necessidade de morder alimentos de maior consistência não esteja saciada, assim os adultos devem propiciar que as crianças mordam o que é para morder (alimentos sólidos e mordedores), bem como a criança cuspa onde pode cuspir (ao escovar os dentes ou no banho) e a criança bata/chute onde se pode bater/chutar (bater em bolas, balões de ar, almofadas, colchões, etc). Forçar o vômito, ou gritar em vez de chorar, não são comportamentos aceitos socialmente e a criança pode chorar e expressar suas frustrações sem vomitar ou gritar desde que o adulto lhe demonstre esse posicionamento com segurança. 2

Quando o ser humano resolve as situações de conflito através da conversa, sente-se mais forte e poderoso e justamente este diálogo que precisa ser nutrido na Infância através de 2 estratégias: exemplo e atitude dos adultos. Não resolve o adulto falar para a criança não gritar, se o grito estiver presente em suas atitudes. Concomitantemente as estas características do desenvolvimento infantil, há o temperamento, que é inato e manifesta-se desde os primeiros dias da criança. A personalidade da criança se constrói a partir de como os responsáveis (pais, familiares, responsáveis, educadores) aceitam e se relacionam em toda a expressividade do temperamento. As características de temperamento são: Explosivo / Controlado Ordeiro / Desordeiro Ativo / Passivo Colérico / Melancólico Emotivo / Fleugmático (apagado, compassivo) Decidido / Indeciso É preciso lembrar que essas características são em graus diferentes em todos os indivíduos e não existe um sujeito que possua 100% de uma característica (exemplo, não há ninguém 100% melancólico, nem 100% agitado, colérico). Através da observação de quais são as características que a criança mais manifesta, em que proporção, bem como as características dos pais, isto é, da compreensão das formas que cada um se posiciona na família e na sociedade, é que a família estabelece seu dinamismo. Exemplificando: se a criança é mais explosiva e a família compreende que esta é uma característica de temperamento o qual afasta outros colegas, nutrir a conversa sobre esse assunto, instigar a criança a resolver as situações em que essa característica explosiva se manifesta, auxilia a criança a buscar outras formas de se expressar que não afaste as pessoas, instiga na criança outras formas de expressão e de administração de seu temperamento. 3

Dentro deste aspecto, é preciso permitir a criança crescer no ritmo de suas possibilidades, superar os desafios característicos da formação do ser humano, pois tanto solicitar questões que a criança não está pronta (como escrever aos 5 anos), quanto negar-lhe a possibilidade de executar as atividades que pode, como se despir ou vestir sozinha, podem gerar dificuldade. Dificuldade é um sintoma onde há bloqueio afetivo, não tem déficit cognitivo, mas a criança não consegue expressar alguns aprendizados. Dificuldade é diferente de: Deficiência: onde a criança possui déficit cognitivo e sua causa é genética ou congênita (adquirida durante a gestação, ou logo após o parto), ou Distúrbios: nos quais ocorrem falhas neuronais, sendo estas nomeadas: dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, TDA/H. Nos distúrbios, o cérebro é diferente e a intervenção deve ser diferente para cada causa. Na chamada hiperatividade, há falta de estimulante no cérebro e a criança se agita porque se parar ela adormece. Há hiperatividade e transtorno de déficit de atenção sendo confundidos com agitação social (isto é, sintomas próximos ao transtorno de Hiperatividade e Déficit de Atenção) muito relacionado a crianças que possuem uma exigência além de sua idade cronológica ou maturacional, porém estes estudos, realizados na França, com pouca divulgação no Brasil esclarecem que muitas crianças estão sendo diagnosticadas como hiperativas e consequentemente medicadas por isso, sendo a causa primordial dessa agitação são as solicitações sociais ou cognitivas as quais sua fisiologia cerebral ainda não esta amadurecida. Assim como em uma Orquestra Sinfônica somente há harmonia se cada instrumento musical for inserido num momento específico, é importante lembrar que o cérebro amadurece progressivamente e por partes, conforme a mielina estimula a cada área cerebral. Dito de outra forma, na criança, o cérebro amadurece por partes e progressivamente, sendo que a junção das áreas necessárias para que a criança escreva com significado somente ocorre por volta dos 7 anos. 4

É preciso lembrar que o sono, a alimentação e a quantidade de atividade física influenciam ativamente no desenvolvimento infantil e se as mesmas não estiverem adequadas, a irritabilidade acontecerá. Crianças até 2 anos de idade conseguem permanecer concentradas numa mesma atividade por cerca de 10 minutos, após esse tempo precisam de uma outra estimulação porque senão, se agitarão e demonstrarão irritabilidade. Até esta mesma idade, a necessidade de sono é de cerca de 10 horas a noite e 2 cochilos de 40 minutos diários. Aos 3 anos, o sono do dia incorpora-se ao sono da noite, ampliando-o para 11 horas. Até os 7 anos, as crianças necessitam de alimentação a cada 3 horas, mas uma alimentação saudável, o menos industrializada possível. Frutas, legumes, grãos e cereais, assim como a água, estimulam o funcionamento saudável e equilibram o organismo. Excesso de doces, chocolates e sucos prontos, como os demais açucarados, estimulam a irritabilidade e agitam fisicamente a criança. Quanto mais os alimentos forem servidos de forma natural, quanto menos alimentos açucarados e industrializados a criança e o bebê ingerirem, menor a agitação da criança. Laura M. S. Barbosa nos alerta que nós adultos ensinamos a nossos filhos a serem como são, isto é, como nós adultos ensinamos nossos filhos através de como aceitamos que as crianças expressem as características de seu temperamento, como correspondemos às suas expressões e necessidades. Através da nossa linguagem e atitude é que a criança aprende a ser o que ela é. Se a criança somente recebe atenção quando faz birra, ela aprenderá a fazer mais birra. Quando ocorre a compreensão que a criança necessita mover-se muito, bem como necessita de um período maior de sono e de uma alimentação equilibrada, isto é, quando proporcionamos à criança saciar suas necessidades, refletir sobre seu temperamento, participar da família, propiciamos a criança a ser sujeito na família, isto é, ser corresponsável pelo dinamismo da mesma. Outro aspecto primordial é lembrar que, para a criança, toda a significação de mundo ocorre através da linguagem do adulto. Assim o tempo que o adulto reserva para a conversa com seu filho, buscando a compreensão do mesmo, é primordial. Nem sempre a palavra dita pelo adulto é compreendida da mesma forma pela criança. Neste momento histórico no qual as informações chegam de forma quase que imediata, reclamamos que a criança não sabe esperar... E os adultos, sabem esperar? Quem deve e como se ensina a criança esperar? 5

Laura M S Barbosa nos alerta que as crianças da atualidade estão sendo brincadas pelos dvd s e pelo tablet e compreendem que tudo ocorre de forma instantânea, assim como o acender da lâmpada. Neste sentido, relembra que brincar necessita de movimento, de fantasia, de preparar a brincadeira, de esperar o carrinho percorrer um espaço para chegar, de se frustrar porque a boneca não para na posição que se deseja e nem o carrinho corre com fogo conforme a propaganda. Para a criança brincar, precisa do outro, do adulto e de outras crianças e este é um dos momentos mais preciosos da Infância. Nutrir brincadeira e diálogo na Infância é fundamental para o desenvolvimento humano. Assim, espera-se da Infância que ela seja repleta de movimento, de brincadeira, de perguntas, de frustrações sendo que é através desse dinamismo que a criança consegue a atenção do adulto. Dialogar na infância requer muito mais que palavras: requer contato, olhar, fantasia, brincadeira, segurança de conceitos, questionamentos, principalmente porque é através da explicação que o adulto oferece à criança que ele organiza o próprio pensamento, também propiciando o dinamismo famíliar. Se a brincadeira e o diálogo forem priorizados ao menos 15 minutos todos os dias entre pares (15 minutos entre pai e filho 15 minutos entre mãe e filho ao menos 15 minutos entre pai e mãe), bem 15 minutos de família reunida, a Infância será harmoniosa a todos. Porém diálogo não significa alterar regras. É importante que a criança se sinta ouvida e tenha uma função, uma participação na família, para compreender que guardar os brinquedos é chato, como guardar as roupas, louças, etc, mas que a casa somente terá uma organização se todos participarem, pois família compartilha, isto é, partilha momentos de lazer e de trabalho. 6

Haja vista o que o Armandinho nos ensina: Assim, pode-se esperar que a Infância seja muito trabalhosa e repleta de movimentos e indagações. Pode-se nutrir na Infância muito tempo e diálogo para que o desenvolvimento do ser humano, bebê, criança, pais e responsáveis, ocorram em maior harmonia. Rachel Cantelli Psicologia Clinica, Escolar e Neuropsicóloga Referencias bibliográficas utilizadas na palestra: Barbosa, Laura Monte Serrat, A educação de Criança Pequena, São Jose dos Campos, PUC, 2006. Dorothy Briggs, A Auto-estima do Seu Filho, Editora: MARTINS FONTES Egidio José Romanelli, Apostila: Neuropsicologia do Desenvolvimento Humano - Prof Doutor Egidio José Romanelli, 2006. Faber, Adele, Como falar para seus filhos ouvirem e como ouvir para seus filhos,, Summus Editora. 7