Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete do Des. Manoel Soares Monteiro DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO N 200.2009.043121-0/ 001 RELATOR: AGRAVANTE: ADVOGADOS: AGRAVADO: ADVOGADO: Des. Manoel Soares Monteiro HSBC BANK BRASIL S.A. - BANCO MULTIPLO Victor Andrade Duarte e Jullyanna Karla V. Albino Jorge Guilherme Mauricio de Lima Américo Gomes de Almeida AGRAVO DE INSTRUMENTO Ação de Revisão contratual Exibição de contrato Decisão cumprida tempestivamente Ausência de utilidade recursal Seguimento negado - Aplicação do art.557, "caput" do CPC. " O interesse em impugnar os atos decisórios acudirá ao recorrente quando visar a obtenção de situação mais favorável do que a plasmada no ato sujeito ao recurso e, para atingir semelhante finalidade, a via recursal se mostra caminho necessário..."(araken DE ASSIS, Manual dos Recursos, Editora Revista dos Tribunais, 2 edição, pág.158) Vistos, etc. Trata-se de Agravo de Instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto contra decisão proferida pelo Juizo da 5' Vara Cível da Comarca da Capital que, nos autos da Ação Revisional de Contrato c/c Repetição de Indébito ajuizada pelo recorrido, deferiu o pleito liminarmente formulado, determinando ao Banco HSBC BANK BRASIL S.A. - BANCO MULTIPLO a juntada
aos autos do contrato de financiamento firmado entre as partes, no prazo de 05 (cinco) dias, sob pena de multa diária no importe de R$1.000,00 (mil reais reais) (fls.58) Alegou, em suas razões recursais, a inocorrência de revelia ante a ausência de citação válida, a exiguidade de tempo para cumprimento da determinação judicial, a inaplicabilidade das "astreintes", em razão do não preenchimento dos requisitos autorizadores da antecipação de tutela, bem como a exorbitância do seu valor. Afirmou estar diante da possibilidade de sofrer dano grave e de difícil reparação, ante a incidência da multa diária. É o relatório. DECIDO: No que se refere à insurgência recursal acerca da decretação da revelia, em razão da irregularidade na citação efetuada, verifico que não fora esta o conteúdo da decisão impugnada (fls.58), limitando-se a Magistrada "a quo" a determinar a exibição do contrato de financiamento firmado entre as partes litigantes, no prazo de 05 (cinco) dias, sob pena de multa diária no importe de R$1.000,00 (hum mil reais). Desta forma, levando em consideração que o agravo é meio recursal que permite a devolutividade do que fora abarcado pela decisão impugnada, não apresentando o efeito devolutivo amplo inerente ao recurso apelatório, deixo de conhecer do recurso, neste ponto, por ausência de dialeticidade. O agravante também alega, em sede recursal, que a decisão impugnada, antecipatória dos efeitos da tutela, não preenche os requisitos legais, bem como que o prazo para cumprimento da decisão é exíguo, sendo descabida e exorbitante a multa imposta. Ocorre que o próprio recorrente informa às fls.04, que cumpriu, tempestivamente, a ordem judicial de apresentação do contrato, carecendo o presente recurso de utilidade prática, sendo irrelevante a discussão acerca do preenchimento dos requisitos da antecipação de tutela, da exiguidade de tempo para o cumprimento da decisão judicial, bem como no que diz respeito à exorbitância da multa imposta. Neste ponto, transcrevo os ensinamentos de ARAKEN DE ASSIS, em seu Manual dos Recursos, Editora Revista dos Tribunais, 2 4 edição, pág.158: " O interesse em impugnar os atos decisórios acudirá ao recorrente quando visar a obtenção de situação mais favorável do que a plasmada no ato sujeito ao recurso e, para atingir semelhante finalidade, a via recursal se
Mostra caminho necessário..." "Da interposição do recurso porventura cabível há de resultar ao recorrente situação mais favorável que a defluente do ato impugnado. É óbvio que alguém recorre para obter uma vantagem. O recurso deve servir para alguma coisa. Por tal motivo a noção de proveito do recurso expressa corretamente o requisito da utilidade que compõe o interesse, superando as dificuldades existentes na fórmula mais vulgar de sucumbência (prejuízo ou gravame)..." No presente caso, não subsiste utilidade no manejo do recurso, uma vez que, cumprindo o recorrente a decisão judicial de forma tempestiva, afasta-se a parte do decisório que diz respeito à aplicação da multa, justamente, em razão do s u caráter coercitivo. Acerca da admissibilidade dos recursos, pontifica Nelson Nery Júnior, em sua obra Código de Processo Civil Comentado (8 4 ed., São Paulo: RT, 2005): "Juízo de admissibilidade. Natureza jurídica. A matéria relativamente à admissibilidade dos recursos é de ordem pública, de modo que deve ser examinada ex officio pelo juiz, independentemente de requerimento da parte ou interessado, não se sujeitando à preclusão. Ainda que o recorrido não haja levantado a preliminar de não conhecimento do recurso, o tribunal pode e deve examinar a questão de ofício. Mesmo que o juiz tenha recebido o recurso e determinado o seu processamento, se posteriormente verificar ser inadmissível, poderá revogar sua decisão anterior e indeferir o recurso (art. 518 par. ún)." (p. 933) "Juízo de admissibilidade: conteúdo. Compõe-se do exame e julgamento dos pressupostos ou requisitos de admissibilidade dos recursos: a) cabimento; b) legitimidade recursal; c) interesse recursal; d) tempestividade; e) regularidade formal; f) inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer; g) preparo." (p. 934) grifei O art. 557, do Código de Processo Civil, a seu turno, prescreve que "O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior."
Por tais razões, ante a sua manifesta inadmissibilidade, NEGO SEGUIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO.. Publique-se. Intime-se. João Pessoa, 94 J 0 4( de 2011. Át,./() Des. Matiioel Soares Monteiro Relator
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