Apelação Cível e Remessa Ex-Officio nº 1-92169-6



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Transcrição:

Órgão : 2ª TURMA CÍVEL Classe : APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA EX-OFFICIO N. Processo : 2000 01 1 092169 6 Apelante : DISTRITO FEDERAL Apelados : FRANCISCO MASCARENHAS MENDES, SANDRA MARIA REIS MENDES Relatora Desa. : ADELITH DE CARVALHO LOPES Revisor Des. : MÁRIO-ZAM BELMIRO EMENTA AÇÃO DE RESSARCIMENTO LOTE INSERIDO EM ÀREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DESAPROPRIAÇÃO - INVASÃO BENFEITORIAS CONSTRUÍDAS POR TERCEIROS - INDENIZAÇÃO RESPONSABILIDADE DOS PROPRIETÁRIOS INEXISTÊNCIA DE NEXO CAUSAL ENTRE A EXPROPRIAÇÃO E A INVASÃO HAVIDA. 1. O fato de um imóvel estar inserido em Área de Proteção Ambiental não impede que os proprietários tomem as medidas judiciais cabíveis, no sentido de protegê-lo. 2. Se os proprietários, no entanto, preferiram ficar em silêncio diante da agressão havida, não podem requerer posteriormente indenização em razão desse mesmo fato. 3. Não tendo restado demonstrado o nexo causal entre o pleito dos requerentes e a conduta do réu, 1

inexiste qualquer razão para o pagamento da indenização pretendida. 3. Recurso voluntário e Remessa Oficial providos à unanimidade. ACÓRDÃO Acordam os Desembargadores da SEGUNDA TURMA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, ADELITH DE CARVALHO LOPES - Relatora, MÁRIO-ZAM BELMIRO - Revisor, SILVÂNIO BARBOSA, Vogal, sob a presidência da Desembargadora ADELITH DE CARVALHO LOPES, em CONHECER E DAR PROVIMENTO AOS RECURSOS, NOS TERMOS DAS NOTAS TAQUIGRÁFICAS. UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas. Brasília (DF), 29 maio de 2003. Desa. ADELITH DE CARVALHO LOPES Presidente/Relatora 2

RELATÓRIO Trata-se de Ação de Ressarcimento, movida por FRANCISCO MASCARENHAS MENDES e outros em face do DISTRITO FEDERAL, por meio da qual pretendem os autores ser ressarcidos pelos prejuízos suportados em razão de conduta omissiva do réu. Aduzem os requerentes que são proprietários de uma área que o Réu pretendia desapropriar, sob a justificativa de interesse social e de utilidade pública, mas o processo expropriatório não se concretizou em razão da desistência da CAESB, no final de 1983. Afirmam que, na ocasião, noticiaram a invasão do imóvel por pessoas que destruíram parte da mata nativa existente no local, mas, como o réu não tomou nenhuma providência para interromper a mencionada agressão, ingressaram com Ação Indenizatória de Perdas e Danos em desfavor deste, na qual postularam indenização pela ocupação da propriedade. Acrescentam que moveram ainda Ação Reivindicatória contra os invasores, para reaver o domínio das terras ocupadas, tendo o pleito sido parcialmente provido para resguardar a estes o direito à indenização pelas benfeitorias construídas. Entendendo que têm direito ao ressarcimento dos prejuízos advindos da condenação, uma vez que foi o Distrito Federal quem deu oportunidade à ação dos esbulhadores quando impediu os proprietários de proteger seu domínio, pugnam pela procedência do pedido. Na contestação de fls. 77/94, o Distrito Federal argüiu preliminares e, no mérito, impugnou os valores postulados pelos requerentes, requerendo, ao final, a improcedência do pedido. Réplica às fls. 100/104. Não tendo as partes requerido provas, foi proferida a sentença de fls. 140/150, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o Distrito Federal a ressarcir aos autores a indenização que tiveram de 3

pagar aos invasores de suas terras em virtude das benfeitorias por estes erigidas enquanto a propriedade estava sob a guarda do réu. Inconformado, apela o Distrito Federal às fls. 152/164, oportunidade em que reagita a preliminar de litispendência e coisa julgada anteriormente aviada e, no mérito, requer a reforma do r. decreto a quo apenas para tentar se livrar da condenação ao ressarcimento dos prejuízos suportados pelo autor em razão da sua inércia. Sem contra-razões, consoante atesta a certidão de fls. 167v. É o relatório. VOTOS A Senhora Desembargadora ADELITH DE CARVALHO LOPES Presidente/Relatora. Conheço do recurso e da remessa oficial, presentes os pressupostos de admissibilidade. Insurge-se o apelante contra a r. sentença recorrida, que o condenou a restituir aos autores os valores que estes tiveram de pagar às pessoas que invadiram suas terras, enquanto estas estavam sub judice, pelas benfeitorias construídas. PRELIMINAR Argúi o Distrito Federal, primeiramente, preliminar de litispendência e coisa julgada, por considerar que a indenização a que foi condenado nestes autos é idêntica àquela decorrente da ação de Reparação de Danos, anteriormente ajuizada pelos autores em seu desfavor. Malgrado as considerações do recurso, não vejo como conferir-lhes suporte. 4

Ocorre litispendência ou coisa julgada quando a parte instaura ação idêntica a outra anteriormente proposta ou quando repete ação que já foi decidida por sentença já transitada em julgado. No entanto, consoante bem entendeu o culto julgador singular, isto não ocorreu com relação ao pedido de ressarcimento das despesas suportadas pelos requerentes em razão da condenação que lhes foi imposta para pagamento das benfeitorias erigidas pelos invasores que ocuparam suas terras durante certo período, uma vez que tal pleito não estava entre aqueles requeridos na Ação de Reparação de Danos anteriormente manejada pelos autores. Na referida ação, o pedido limitou-se à condenação do Distrito Federal à indenização por perdas e danos, não havendo qualquer menção ao ressarcimento pelas benfeitorias ora reclamadas pelos autores. Tanto assim que a decisão proferida por esta mesma E. 2ª Turma Cível naquela ocasião teve os seguintes fundamentos: "(...) A sentença se houve com acerto quando estabeleceu a indenização pelo decréscimo do valor, ou pelo prejuízo ocorrido com a invasão, com a vulnerabilidade que a propriedade e a posse dos autores enfrentaram, tanto que, desde a petição inicial, os requerentes evidenciaram, na sua posse, de seus limites, depois que o Distrito Federal impediu, aos mesmos requerentes, de diligenciarem as cercas da propriedade. (...) Assim, a toda evidência, os atos danosos que advieram à propriedade dos autores são decorrentes de ato do Distrito Federal e, conseqüentemente, merece a 5

devida indenização, que me parece correta, nos termos expostos no voto do eminente Relator, aos quais adiro.(...) " Claro está, portanto, que a condenação do Distrito Federal naquela oportunidade não englobou os prejuízos materiais ora perquiridos. Assim, tenho por evidenciado que a causa de pedir daquela ação é completamente diferente desta, embora ambas tratem do mesmo objeto e tenham as mesmas partes, razão pela qual rejeito a preliminar argüida. O Senhor Desembargador MÁRIO-ZAM BELMIRO - Revisor. Conheço do recurso, porquanto estão presentes os de sua admissibilidade. lnicialmente, analiso as preliminares de litispendência e coisa julgada e inépcia da inicial. Com relação as duas primeiro, em princípio, uma exclui a outra. Não há prova da ocorrência nem de nem de litispendência nem de coisa julgada, vez que a causa de pedir é diversa. No que diz respeito à inépcia da inicial, o direito também não socorre o réu. Malgrado não seja um primor em termos técnicos, da simples leitura da petição inicial é possível extrair a pretensão da parte autora. A lide seguiu corretamente o procedimento comum. À vista do exposto rejeito todas as preliminares. BARBOSA - Vogal. O Senhor Desembargador SILVÂNIO De acordo. MÉRITO 6

A Senhora Desembargadora ADELITH DE CARVALHO LOPES Presidente/Relatora. No que tange ao mérito do recurso, no entanto, tenho que razão assiste ao Distrito Federal. Muito embora argumentem os autores que o GDF é quem deve indenizar os terceiros-invasores pelas benfeitorias por eles erigidas no lote sub judice, uma vez que, expedido o decreto expropriatório, caberia ao Distrito Federal zelar pelo imóvel, os apelados já receberam indenização pela depreciação do bem em questão, não podendo fazer jus, portanto, a nova reparação. Ademais, o fato do referido imóvel estar inserido em Área de Proteção Ambiental não impede que os proprietários tomem as medidas judiciais cabíveis, no sentido de protegê-lo. Mesmo que estes não pudessem ter impedido a invasão havida e a conseqüente construção das benfeitorias, poderiam, por exemplo, ter movido ação reivindicatória para afastar a agressão dos terceiros, ao invés de preferirem ficar em silêncio para, posteriormente, requerer indenização. Além disso, não restou demonstrado, nos presentes autos, o nexo causal entre o pleito dos requerentes e a conduta do réu, sobretudo se considerarmos que as benfeitorias foram construídas por terceiros. Por tudo isto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO E À REMESSA OFICIAL para reformar a r. sentença e julgar improcedente o pedido inicial. Condeno ainda os autores ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, que ora fixo em R$ 500,00, ficando tal cobrança, no entanto, sobrestada pelo prazo de 5 anos, nos termos do art. 12 da Lei nº 1060/50. É como voto. BELMIRO - Revisor. O Senhor Desembargador MÁRIO-ZAM 7

Cuida-se de recurso de apelação interposto pelo DISTRITO FEDERAL contra r. sentença que conferiu indenização aos autores, porque, expedido decreto expropriatório, o GDF não vigiou o imóvel. Este foi ocupado por invasores que ali construiram benfeitorias. Ajuizada ação reivindicatória contra determinado casal, a demanda foi julgada procedente. Contudo, os autores foram obrigados a indenizar as benfeitorias necessárias e úteis. Saliente-se que os autores já ganharam indenização pela depreciação do bem imóvel. Agora pretendem nova indenização sob a alegação de que foram condenados a ressarcir benfeitorias erigidas no imóvel, quando ganhou ação reivindicatória movida contra GERSINO RIBEIRO DA SILVA E SUA MULHER, para restituição de 3 (três) hectares de terra. Como bem afirmou o MM. Juiz singular, o proprietário não está inibido de intentar ação reivindicatória, ainda que o imóvel sub judice esteja dentro de Área de Proteção Ambiental. Estende-se tal entendimento enquanto não se consumar a desapropriação, mormente porque há informação nos autos no sentido de que os autores comprou o imóvel quando o mesmo já estava ocupado por invasores. Se foi negligente, deixando invasores construirem no local, não pode agora postular indenização do Distrito Federal. Não há nexo de causalidade entre o pedido dos autores e o ato do réu. As benfeitorias foram erigidas por terceiros. Com essas considerações, dou provimento ao recurso para reformar a sentença e julgar improcedente o pedido inicial. Condeno os autores ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, estes arbitrados em R$500,00 (quinhentos reais), atento ao disposto no art. 20, 4º do Código de Processo Civil, cuja cobrança fica suspensa por serem os autores beneficiários da assistência judiciária, de acordo com os art. 12 da Lei 1060/50. É como voto. BARBOSA - Vogal. O Senhor Desembargador SILVÂNIO 8

Não há nexo de causalidade entre a ocupação e a conduta do réu? O Senhor Desembargador MÁRIO-ZAM BELMIRO Revisor Não estou vendo nexo de causalidade. Há jurisprudência no sentido de que mesmo em processos de desapropriação, a parte continua tendo legitimidade para mover os interditos possessórios. Então, se ela tem legitimidade, deveria ter vindo à Justiça, e não postular, agora, indenização do GDF. A parte, inclusive, já ganhou uma grande indenização devido à desvalorização da área durante a ocupação por invasores. A Senhora Desembargadora ADELITH DE CARVALHO LOPES Presidente e Relatora. Eminente Revisor, Vossa Excelência está negando provimento ao recurso? O Senhor Desembargador MÁRIO-ZAM BELMIRO Revisor. Estou dando provimento ao recurso do Distrito Federal e à remessa oficial, julgando, assim, improcedente o pedido inicial. BARBOSA Vogal. O Senhor Desembargador SILVÂNIO Acompanho a eminente Relatora. DECISÃO notas taquigráficas. Unânime. Deu-se provimento aos recursos, nos termos das 9