ACÓRDÃO ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO GAB. DES. SAULO HENRIQUES DE SÁ E BENEVIDES Apelação Cível n Relator Apelante Advogado Apelado Advogado 200.2008.022178-7/001 14" Vara Cível de João Pessoa : Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides : Lan Airlines S.A. : Sandra Valéria Marques Fernandes e outro : Juliana Medeiros Cime Pedrosa : Victor Andrade Duarte e outro APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS CANCELAMENTO DE VOO CHEGADA AO DESTINO COM MAIS DE 24 (VINTE E QUATRO HORAS) HORAS DE ATRASO AUSÊNCIA DE ASSISTÊNCIA ADEQUADA DEVER DE INDENIZAR PROCEDÊNCIA IRRESIGNAÇÃO APLICAÇÃO DA CONVENÇÃO DE MONTREAL ALEGAÇÃO DE CASO FORTUITO PROBLEMAS TÉCNICOS NA AERONAVE REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO REJEIÇÃO SENTENÇA MANTIDA NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO A jurisprudência dominante desta Corte Superior se orienta no sentido de prevalência das normas do CDC, em detrimento das disposições insertas em Convenções Internacionais, como a Convenção de Varsóvia ou a Convenção de Montreal, às hipóteses de atraso em transporte aéreo internacional (STJ; AgRg no Ag 1334215; Relator: Ministro Vasco Delia Giustina Desembargador convocado; Julgado em 26/04/2011; Publicado em 10/05/2011) A responsabilidade das empresas de transporte aéreo é objetiva (art. 14 do CDC), somente podendo ser elidida por culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro desconexo do serviço, caso fortuito ou força maior. Excludente suscitada pela ré, que teriam impedido a prestação do serviço contratado, que não restou comprovada. Ônus probatório que recaía sobre a demandada e do qual não se desincumbiu. (Apelação Cível n 70041002619, Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Roberto Imperatore de Assis Brasil, Julgado em 18/05/2011; Publicado em 25/05/2011) Quando cancelado o voo, a empresa aérea tem obrigação de fornecer serviço adequado, eficiente e seguro e fornecer ao
consumidor todas as atenções necessárias, o que, em absoluto, não retrata o episódio vivenciado pela demandante. (TJPB; Processo: 0012006009324001; Des. José Di Lorenzo Serpa; Data do julgamento: 25/06/2009) Ao fixar o valor do montante indenizatório, deve se guiar pelos critérios da prudência e moderação, visando, sobretudo, evitar o enriquecimento ilícito da vítima e desestimular a indústria das indenizações, bem como que a reparação se torne insuficiente. acima identificados. VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS os presentes autos ACORDA a Egrégia Terceira Câmara Cível do Colendo Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, à unanimidade, em negar provimento ao recurso. RELATÓRIO Trata-se de Apelação Cível interposta por Lan Airlines S.A., contra sentença de fls. 180/184, proferida pela MM Juíza da 14 Vara Cível da Comarca de João Pessoa, na Ação de Indenização por Danos Morais. A magistrada julgou procedente o pedido formulado na inicial, condenado as promovidas (Lan Airlines S.A. e Qantas Airways Limited) ao pagamento, solidariamente, de indenização a título de dano moral no valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais), corrigido monetariamente pelo INPC a partir da publicação da sentença, acrescidos de juros de mora de 1% (um por cento) a contar da citação. Por fim, condenou as promovidas ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 15% (quinze por cento) sobre o valor da indenização. Inconformado com a sentença, a empresa Lan Airlines S/A apresentou recurso apelatório, fls. 194/217, sustentando que, no caso, não deveria ter sido aplicado o Código de Defesa do Consumidor, e sim, a Convenção de Montreal, que se refere à atividade de transporte aéreo internacional. Argumenta, ainda, que não caracterizou o dano moral, tendo em vista que o atraso no voo foi decorrente de caso fortuito, portanto, estaria excludente da responsabilidade a empresa. Ao final, pugna pela redução do quantum indenizatório, para que seja fixado de acordo com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade Apesar de intimada, a apelada não apresentou contrarrazões, conforme certidão à folha 219-v. A Douta Procuradoria, em seu parecer, fls. 225/227, opinou pelo prosseguimento do recurso sem nenhuma manifestação atinente ao mérito, em razão da ausência de interesse público norteador da intervenção ministerial. É o relatório. VOTO
Trata-se de ação indenizatória em que a autora pretende a reparação pelos danos oriundos de uma série de cancelamentos de voos operados pelas demandadas, Qantas e Lan Chile, com destino à Austrália. Em razão do ocorrido, chegou àquele país com mais de 24 (vinte e quatro horas) de atraso, sem que lhe tenha sido oferecido adequada assistência por parte das empresas responsáveis. O Juizo de primeiro grau acolheu os pedidos da autora, condenado as empresas, solidariamente, ao pagamento de indenização por danos morais em R$ 6.000,00 (seis mil reais). Irresignada, a empresa Lan Airlines S.A. interpôs recurso apelatório pugnando a aplicação da Convenção de Montreal, sustentando ser incabível a utilização do CDC; a descaracterização do dano moral, tendo em vista que o cancelamento do voo ocorreu devido a problemas mecânicos na aeronave, o que excluiria a responsabilidade da empresa; por fim, requer, acaso seja mantida a condenação, a redução do valor indenizatório. seguir. Entendo que não assiste razão a apelante, como veremos a 1 Da legislação aplicável Defende a empresa recorrente a aplicação a Convenção de Montreal no caso concreto. Aduz que, havendo regramento específico, este é que deve ser observado. Entretanto, ao contrário do asseverado por parte da companhia aérea ré em suas razões, incide, no caso, as disposições constantes no Código de Defesa do Consumidor, por se tratar de norma hierarquicamente superior à Convenção de Montreal. Esse é o entendimento dos Tribunais superiores: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. FUNDAMENTOS INSUFICIENTES ARA REFORMAR A DECISÃO AGRAVADA. 1. A jurisprudência dominante desta Corte Superior se orienta no sentido de prevalência das normas do CDC, em detrimento das disposições insertas em Convenções Internacionais, como a Convenção de Varsóvia ou a Convenção de Montreal, às hipóteses de atraso em transporte aéreo internacional. (AgRg no Ag 1230663/RJ, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 24/08/2010, DJe 03/09/2010; EDcl no AgRg no Ag 442.487/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/11/2007, DJ 26/11/2007, p. 164; AgRg no Ag 588.156/MG, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em 11/10/2005, DJ 12/12/2005 p. 388; AgRg nos EDcl no Ag 464.549/RJ, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/02/2003, DJ 24/03/2003 p. 218. (STJ; AgRg no Ag 1334215; Relator: Ministro Vasco Della Giustina Desembargador convocado; Julgado em 26/04/2011; Publicado em 10/05/2011)
PROCESSUAL CIVIL - APELAÇÃO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL - EXTRAVIO DE BAGAGEM - PRELIMINAR DE ILEGTIMIDADE PASSIVA DE UMA DAS EMPRESAS AÉREAS - REJEIÇÃO - PARTE DA CADEIA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - CONTRATAÇÃO CONJUNTA - CDC - OBSERVÂNCIA - CONVENÇÃO DE VARSÓVIA/PROTOCOLO DE MONTREAL - INAPLICABILIDADE DO REGIME TARIFADO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - DANO MATERIAL E MORAL - VERIFICAÇÃO - OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR - QUANTUM A TÍTULO DE DANOS MORAIS - RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE - RECURSOS CONHECIDOS E NÃO PROVIDOS. - Todos os fornecedores da cadeia criada para disponibilizar ao consumidor passagens aéreas são, por força de lei, solidariamente responsáveis pelos danos decorrentes de falha na prestação dos serviços. - O transporte aéreo de passageiro, nacional ou internacional, encerra relação de consumo. - O valor do dano material não está limitado em função do código da aeronáutica, pacto de Varsóvia ou protocolo de Montreal. - Com o advento do código de defesa do consumidor, a indenização pelo extravio de mercadoria não está sob o regime tarifado. - A responsabilidade civil decorrente da prestação do serviço a consumidor é de ordem objetiva, para todas as empresas de serviço de transporte aéreo, cuja característica é a irrelevância da presença da culpa, prova que se dispensa. - A fixação do quantum devido a titulo de danos morais, à falta de critério objetivo, há de obedecer prudente critério que ofereça compensação pela dor sofrida, sem que se torne causa de indevido enriquecimento para o ofendido. - Recursos conhecidos e não providos. (TJMG; Processo n 1.0713.07.072155-8/001; Relatora Des. (a) Márcia de Paoli Balbino; Julgado em 29/01/2009; Publicado em 17/02/2009) AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANO MATERIAL E MORAL - TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL - EXTRAVIO DE BAGAGEM E ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO/FURTO DE PERTENCES - DANOS MATERIAIS NÃO COMPROVADOS - CONVENÇÃO DE VARSÓVIA/CONVENÇÃO DE MONTREAL/ CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - INAPLICABILIDADE DO REGIME TARIFADO PREVISTO NA CONVENÇÃO DE VARSÓVIA - APLICAÇÃO DO CDC - INDENIZAÇÃO CABÍVEL - DANOS MORAIS COMPROVADOS E DEVIDOS - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DAS RÉS - JUSTO O QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO NA SENTENÇA DE 1 GRAU - IMPROVIMENTO DA APELAÇÃO DA AUTORA E DAS APELAÇÕES DAS RÉS. Apesar do esforço da autora-segunda apelante em comprovar os aventados danos materiais, através das notas fiscais e das faturas de cartão de crédito, tenho que não festou corroborado o fato de que suas malas tenham sido violadas. A Convenção de Varsóvia, substituída pela Convenção de Montreal, é aplicável no Direito Interno Brasileiro, mas não se sobrepõe às leis do País posteriores a ela, e, portanto, ao CDC. [...] (TJMG; Processo: 1.0024.06.976016-3/001; Relatora Des.(a) Hilda Teixeira da Costa; Julgado em 30/10/2008; Publicado em 13/01/2009)
Portanto, é pacífico o entendimento de que prevalece as normas do CDC, em relação às Convenções Internacionais, como a Convenção de Montreal ou Varsóvia. II Do dano moral A natureza da responsabilidade civil advinda dos contratos de transporte é objetiva, respondendo, independentemente de culpa, pela reparação dos danos que eventualmente causar pela falha na prestação de seus serviços, nos termos do disposto no artigo 734 do Código Civil, in verbis: "O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade." 111 A Jurisprudência corrobora esse entendimento: DIREITO CIVIL - PRELIMINAR - RAZÕES ASSOCIADAS À 'DECISÃO - DANO MORAL E MATERIAL - SERVIÇO DE / TRANSPORTE AÉREO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS - VOO CANCELADO - DISPONIBILIZAÇÃO DE OUTRA COMPANHIA - NOVA FALHA NOS SERVIÇOS - RESPONSABILIDADE DA COMPANHIA DA QUAL FOI ADQUIRIDA A PASSAGEM - EXCLUDENTE DE ILICITUDE - INOCORRÊNCIA - VALOR INDENIZAÇÃO DANO MORAL - FIXAÇÃO ADEQUADA. As razões do recurso atendendo, ainda que minimamente, as exigências do art. 514 do CPC, imperativa é a análise do apelo. Inaplicável o Código Brasileiro de Aeronáutica, em face da aplicabilidade das normas consumeristas. A responsabilidade do transportador é objetiva, nos termos do art. 14 do CDC, respondendo, independentemente de culpa, pela reparação dos danos que eventualmente causar pela falha na prestação de seus serviços. [...] (TJMG; Processo: 1.0145.08.448681-3/001; Relator Des. Antônio de Pádua; Julgado em 25/03/2010; Publicado em 04/05/2010) Ação de Indenização - Atraso de Vôo Internacional - Ausência da devida assistência aos passageiros - Responsabilidade objetiva da prestadora de serviços - Dano Moral - Ocorrência - Dever de indenizar - Quantum indenizatório - Razoabilidade. 1. Na forma do art.14 do CDC, a responsabilidade da prestadora de serviços é objetiva, bastando para sua configuração a prova da conduta, do dano e do nexo causal entre ambos. II. Comprovados a conduta, o dano e o nexo causal ensejadores de responsabilidade civil objetiva e não havendo culpa exclusiva dos consumidores ou de terceiros, presente o dever de indenizar. III. O quantum indenizatório deve ser fixado razoavelmente, levando-se em conta as circunstâncias do caso, a capacidade econômica das partes, o caráter pedagógico da condenação, a vedação ao enriquecimento ilícito e a extensão do dano. (TJMG; Processo: 1.0024.07.429026-3/001; Relator Des. Generoso Filho; Julgado em 10/03/2009; Publicado em 23/03/2009)
A ré limita-se a negar sua responsabilidade, acusando a ocorrência de caso fortuito, sob o argumento de que o cancelamento do voo em que embarcaria a autora teve, na verdade, como única e exclusiva causa, a checagem e manutenção da aeronave, que apresentou problemas mecânicos. Com efeito, a superveniência de caso fortuito ou força maior excluiria a responsabilidade da empresa, desobrigando-a quanto à reparação dos danos sofridos pela demandante. Todavia, a empresa promovida não demonstrou e nem se preocupou em reunir qualquer prova do alegado, qual seja, da excludente referida. Portanto, indubitavelmente, a empresa apelante é responsável pelos danos sofridos pela recorrida. Grande do Sul: Nesse sentido é a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio APELAÇÃO CÍVEL. TRANSPORTE. INDENIZAÇÃO. ATRASO E CANCELAMENTO DE VOOS. DANOS MATERIAIS E MORAIS. 1. A responsabilidade das empresas de transporte aéreo é objetiva (art. 14 do CDC), somente podendo ser elidida por culpa exclusiva da vitima, fato de terceiro desconexo do serviço, caso fortuito ou força maior. Excludente suscitada pela ré, correspondente a problemas no aeroporto de Congonhas, que teriam impedido a prestação do serviço contratado, que não restou comprovada. Ônus probatório que recaía sobre a demandada e do qual não se desincumbiu (art. 333, II, do CPC). 2. Danos materiais evidenciados na espécie, pois o serviço prestado não se mostrou útil, já que o autor Marco não pôde comparecer no compromisso agendado. Dever de restituição das importâncias despendidas com a aquisição das passagens mantido. 3. Danos morais que independem da prova do efetivo prejuízo, pois já trazem em si estigma de lesão. Quantum indenizatório fixado na sentença reduzido. Observância dos parâmetros fixados por este órgão fracionário em casos semelhantes. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelação Cível n 70041002619, Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Roberto Imperatore de Assis Brasil, Julgado em 18/05/2011; Publicado em 25/05/201 1 ) AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - EMPRESA DE TRANSPORTE AÉREO - EMPRESA PRIVADA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - CANCELAMENTO DE VÔO - EXCLUDENTE - INOCORRÊNCIA - OCORRÊNCIA DE DANO MORAL - NEXO CAUSAL OCORRENTE - 'QUANTUM' INDENIZATÓRIO - FIXAÇÃO - DANOS MATERIAS INCONTROVERSOS. A culpa da empresa privada prestadora de serviço público é objetiva e presumida, e somente pode ser afastada com a comprovação de caso fortuito, força maior ou culpa exclusiva da vítima, nos termos do artigo 37, 6, da Constituição Federal, também não sendo elidida por culpa de terceiro, sendo neste caso necessário apenas se provar
a ocorrência do dano e o nexo causal entre e a conduta e o dano. Não restando comprovada causa excludente da responsabilidade objetiva, impõe-se a obrigação de indenizar passageiro por danos morais causados pelo cancelamento de vôo, em decorrência de falha na prestação de serviço efetuada pela companhia aérea, nos termos do artigo 37, 6", da Constituição Federal: O 'quantum' indenizatório por dano moral não deve ser a causa de enriquecimento ilícito nem ser tão diminuto em seu valor que perca o sentido de punição. Sendo incontroversos os danos materiais, deve a requerida ser condenada ao pagamento dos valores despendidos pelo autor com o aluguel de veículo para que não se atrasasse para compromisso com data e hora marcados. V.v. Para a configuração do dano material, é necessária a prova do reflexo patrimonial do prejuízo. (T1MG; Processo n 1.0024.03.930431-6/001; Julgado em 25/11/2009; Publicado em 12/01/2010) Noutra vertente, era de sua responsabilidade prestar amparo aos seus clientes, por eventuais transtornos, independentemente de sua culpa. A empresa aérea tem a obrigação de prestar um serviço adequado, eficiente e seguro, além de fornecer ao consumidor todas as atenções necessárias, o que, não retrata o episódio vivenciado pela autora, que não recebeu qualquer assistência por parte da companhia aérea. Assim, evidenciado o nexo causal, porque não há dúvidas quanto ao fato ocorrido e os danos alegados, assento o dever de indenizar a demandante. Dessa forma, caracterizado o dever de ressarcimento, passa-se a analisar o pedido de redução do montante indenizatório. É necessário ter-se sempre em mente que a indenização deve alcançar valor tal que sirva de exemplo e punição para o réu, mas, por outro lado, nunca deve ser fonte de enriquecimento para a parte autora, servindo-lhe apenas como compensação pela dor sofrida. As palavras de Humberto Theodoro Júnior são deveras significativas, no -que pertine aos critérios utilizados para a fixação do valor da indenização decorrente de danos morais: "O problema haverá de ser solucionado dentro do princípio do prudente arbítrio do julgador, sem parâmetros apriorístricos e à luz das peculiaridades de cada caso, principalmente em função do nível sócioeconômico dos litigantes e da maior ou menos gravidade da lesão." (in RT 662/9) Nesse mesmo sentido: APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO DE TRANSPORTE AÉREO. CANCELAMENTO DE VÔOS E ATRASOS INJUSTIFICADOS. DANO MORAL CONFIGURADO. 1. Incontroversa a falha na prestação de serviços pela empresa aérea (cancelamento dos vôos contratados, atraso de mais de seis horas para a chegada ao destino final no vôo de ida e mais de vinte e quatro horas no vôo de volta e ausência
absoluta de assistência à passageira) e não caracterizadas as hipóteses excludentes de responsabilidade, impõe-se a manutenção da condenação ao pagamento de indenização pelos danos morais causados à autora, que são in re ipsa, prescindindo de prova da sua efetiva ocorrência. 2. A reparação de dano moral deve proporcionar a justa satisfação à vítima e, em contrapartida, impor ao infrator impacto financeiro, a fim de dissuadi-lo da prática de novo ilícito, porém de modo que não signifique enriquecimento sem causa do ofendido. No caso em tela, a verba indenizatória vai majorada para R$ 10.000,00. APELAÇÃO DA RÉ DESPROVIDA. RECURSO DA AUTORA PROVIDO. (Apelação Cível N 70039988837, Décima Segunda Câmararível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Mário Crespo Brum, Julgado em 12/05/2011) APELAÇÃO CÍVEL. TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL. REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. ATRASO DE VÔO E CANCELAMENTO DE BILHETE AÉREO. QUANTUM INDENIZATÓRIO QUE DEVE GUARDAR SIMETRIA COM O CENÁRIO FÁTICO-JURÍDICO E EQUAÇÃO FUNÇÃO PEDAGÓGICA X ENRIQUECIMENTO INJUSTIFICADO [...] Revés moral: fixação de montante em R$ 10.200,00 (dez mil e duzentos reais), a título de danos morais, que guarda proporção com o cenário fático-jurídico desenhado nos autos e observa a equação função pedagógica x enriquecimento injustificado, confiada à condenação por revés moral. Preliminares rejeitadas. Apelos desprovidos. (Apelação Cível N 70037921707, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Umberto Guaspari Sudbrack, Julgado em 14/04/2011) AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS INSCRIÇÃO NO CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO DÍVIDA NÃO COMPROVADA DANO MORAL RECONHECIDO IRRESIGNAÇÃO DO PROMOVENTE QUANTUM INDENIZATÓRIO MAJORAÇÃO IMPOSSIBILIDADE ARBITRAMENTO DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE ELEVAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATICIOS NÃO CABIMENTO CONFORMIDADE COM O ART. 20 3 DO C PC DESPROVIMENTO. - Na fixação da indenização por danos morais, recomendável que o arbitramento seja feito com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa e ao nível sócio econômico das partes. - O Superior Tribunal de Justiça, por essa razão, consolidou entendimento no sentido de que a revisão do valor da indenização somente é possível quando exorbitante ou insignificante a importância arbitrada, em flagrante violação dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. - A razoabilidade, aliada aos princípios da equidade e proporcionalidade, deve pautar o arbitramento dos honorários. A verba honorária deve representar um quantum que valore a dignidade do trabalho do advogado e não locupletamento ilícito. (TJPB; Processo: 00120080079542001; Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides; 3' Câmara Cível; Data do julgamento: 13/05/2010) Portanto, diante das circunstâncias fáticas que nortearam o caso concreto, bem como os parâmetros adotados pela doutrina e jurisprudência, mantenho o valor
indenizatório pago à autora a título de danos morais. Ante o exposto e por tais fundamentos, para assegurar a justa reparação, NEGO PROVIMENTO ao recurso, mantendo o valor indenizatório, na quantia de R$ 6.000,00 (seis mil reais). É como voto. Presidiu a Sessão o Exmo. Sr. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos. Participaram do julgamento, o Exmo. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides, o Exmo. Des. Genésio Gomes Pereira Filho, e, o Exmo. e o Exmo. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos. Presente ao julgamento o Exmo. Dr. Francisco de Paula Ferreira Lavor, Promotor de Justiça Convocado. Des. João Pessoa, 1 de setembro de 2011. Saulo Hep9i es e Sá e Benevides elator
R 1 B N A I. re JUSTIÇA IAM