Número : 387619-15.2013.8.09.0000 (201393876196) RELATÓRIO E VOTO. favor de ADRIANO SANTOS GOMES, qualificado nos autos, preso em flagrante no dia 06



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Transcrição:

HABEAS CORPUS 1 Número : 387619-15.2013.8.09.0000 (201393876196) Comarca Impetrante Paciente Relator : GOIÂNIA : JOSÉ LOPES DA LUZ FILHO : ADRIANO SANTOS GOMES : DES. J. PAGANUCCI JR. RELATÓRIO E VOTO Trata-se de Habeas Corpus liberatório com pedido liminar, impetrado pelo advogado JOSÉ LOPES DA LUZ FILHO, com fundamento no artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal, e artigos 647 e 648, inciso I, ambos do Código de Processo Penal, em favor de ADRIANO SANTOS GOMES, qualificado nos autos, preso em flagrante no dia 06 de outubro de 2013, por hipotética prática do crime descrito no artigo 157, caput, do Código Penal, indicando o MM. Juiz de Direito da 9ª Vara Criminal da Comarca de Goiânia/GO como autoridade coatora. Infere-se dos autos que o magistrado singular concedeu a liberdade provisória ao paciente mediante o pagamento de fiança, arbitrada no valor de R$ 2.260,00 (dois mil, duzentos e sessenta reais). Sustenta o impetrante que o paciente não possui condições financeiras de arcar com o pagamento da fiança estipulada, pois atualmente está desempregado, sendo que anteriormente laborava como encanador, percebendo a renda mensal de R$ 600,00 (seiscentos reais). Aduz que a família do paciente não possui condições de contratar um advogado particular, muito menos para pagar a fiança, sendo pobres na acepção jurídica do

2 termo, razões pelas quais requer a dispensa nos termos dos artigos 325, 1º, inciso I e 350, ambos do Código de Ritos, restituindo sua liberdade. Salienta que não estão presentes os requisitos da prisão preventiva e, em caso de condenação, será aplicado um regime prisional mais brando, não se justificando o encarceramento, invocando, inclusive, o princípio da presunção da inocência. Ao final, requer a concessão da ordem liminar de Habeas Corpus para conceder a liberdade provisória, dispensando-o do pagamento da fiança, expedindo-se o respectivo alvará de soltura, com sua confirmação na análise de mérito. Reporta-se à lei, doutrina e decisões dos Tribunais para embasamento da pretensão. Juntou documentos (fls. 18/92). A liminar foi indeferida (fls. 95/97). Foram prestadas informações pela autoridade dita coatora (fl. 105). A Procuradoria-Geral de Justiça, por intermédio do Dr. Abreu e Silva, opinou pelo conhecimento do pedido e concessão da ordem impetrada (fls. 108/111). É o relatório. Passo ao Voto. Ressai dos autos que ADRIANO SANTOS GOMES foi preso em flagrante delito no dia 06 de outubro de 2013 pela prática, em tese, do crime de roubo descrito no art. 157, caput, do Estatuto Repressivo. Sua custódia foi homologada pela autoridade judiciária, sendo-lhe concedida liberdade provisória, com arbitramento de fiança no valor de R$ 2.260,00 (dois mil, duzentos e sessenta reais), nos termos do artigo 325, inciso II, e 1º, inciso II, ambos do Código de Processo Penal (fls. 70/71).

3 Busca, com a impetração, a concessão de liberdade provisória sem fiança, ao fundamento de que não possui condições financeiras de pagar o valor arbitrado pelo juiz da comarca de origem, porque atualmente está desempregado, sendo que anteriormente laborava como encanador, percebendo a renda mensal de R$ 600,00 (seiscentos reais). Cabe ao magistrado, ao receber o auto de prisão em flagrante, e verificando que estão ausentes os requisitos que autorizem a decretação da prisão preventiva, conceder a liberdade provisória, com ou sem fiança, nos termos do artigo 310, inciso III, do Código de Processo Penal. Com as alterações implementadas pela Lei 12.403/2011, a fiança passou a funcionar como uma medida cautelar autônoma e não mais como substituta da prisão em flagrante, tendo por finalidade precípua assegurar o cumprimento das obrigações processuais do acusado e devendo ser estabelecida nos parâmetros previstos no artigo 325 da Lei de Ritos. O legislador, atentamente, previu a possibilidade de concessão de liberdade provisória sem fiança por motivo de pobreza, de maneira excepcional. Eis o artigo 325, 1º, inciso I e artigo 350, todos do Código de Processo Penal, in verbis: Art. 325- ( ) 1º Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser: I- dispensada, na forma do art. 350 deste Código; Art. 350- Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação econômica do preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas cautelares, se for o caso. Na hipótese vertente, foi juntada aos autos cópia da carteira de trabalho em que consta duas admissões anteriores no ano de 2012 como servente de pedreiro, percebendo em média a renda mensal de um salário mínimo (fls. 20/21). O

4 paciente, em seu interrogatório, colhido pela autoridade policial (fls. 32/33), afirmou ganhar apenas R$ 600,00 (seiscentos reais) como encanador, informando o impetrante que atualmente se encontra desempregado. Com efeito, restou devidamente comprovada a hipossuficiência do paciente, principalmente pelo fato de que continua custodiado, mesmo tendo sido proferida decisão em 09 de outubro de 2013, concedendo-lhe liberdade provisória mediante o recolhimento de fiança, em razão da impossibilidade de arcar com o quantum estipulado. É notório o descompasso entre ao valor de R$ 2.260,00 (dois mil, duzentos e sessenta reais) e a importância mensal antes percebida pelo paciente, sem olvidar que está desempregado, sendo prudente dispensá-lo do pagamento, nos termos do 1º, inciso I, do artigo 325 combinado com o artigo 350, ambos da Lei Adjetiva, mormente porque o arbitramento de fiança em desconformidade com a condição econômica do paciente caracteriza restrição ao direito de liberdade. Nesse sentido, jurisprudência desta Corte de Justiça, in verbis: HABEAS CORPUS. LESÃO CORPORAL. LIBERDADE PROVISÓRIA CONCEDIDA EM 1ª INSTÂNCIA MEDIANTE FIANÇA. RÉU POBRE EM SENTIDO LEGAL. A comprovada hipossuficiência do paciente autoriza a aplicação dos artigos 325, 1º, I, c/c 350, ambos do Código de Processo Penal, isentando-o da prestação da fiança para a concessão da liberdade provisória, podendo estar sujeito a outras medidas cautelares, se for o caso. ORDEM CONCEDIDA. (TJGO, HABEAS-CORPUS 181896-96.2013.8.09.0000, Rel. DES. JOAO WALDECK FELIX DE SOUSA, 2ª CÂMARA CRIMINAL, julgado em 04/07/2013, DJe 1342 de 12/07/2013). HABEAS CORPUS. RECEPTAÇÃO SIMPLES E ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR. ILEGALIDADE DA PRISÃO EM FLAGRANTE. INOCORRÊNCIA. SUBSTITUIÇÃO DA FIANÇA POR OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES. POSSIBILIDADE. 1 Omissis. 2 - Constatado que o paciente se encontra enclausurado há exatos 91

5 dias, apesar de reconhecida a ausência dos pressupostos autorizadores da manutenção de sua constrição cautelar, e que, não obstante reduzida a fiança para o mínimo legal, não socorreu ao seu pagamento, a substituição da referida medida cautelar por outras menos onerosas é medida imperativa, em homenagem ao princípio da proporcionalidade. ORDEM CONCEDIDA, EM PARTE. (TJ/GO, 1ª Câmara Criminal, HC 472955-55.2011.8.09.0000, Rel. Des. Itaney Francisco Campos, julgado em 19/01/2012, DJe 1002 de 10/02/2012). Ainda em tempo, salienta-se que a lei de regência prevê no artigo 350 a possibilidade de dispensa da fiança, mas estabelece a necessidade de imposição das obrigações constantes dos artigos 327 e 328, ambos do Código de Processo Penal, e até mesmo de outras medidas, se for o caso. Partindo desse pressuposto, como alternativa mais viável a resguardar a efetividade do processo, com amparo no artigo 282, inciso I, do Código de Processo Penal, deve ser imposto ao paciente as seguintes medidas cautelares: 1 manter seu endereço residencial atualizado perante o juízo processante e, em caso de mudança, fazer a imediata comunicação; 2 proibição de se ausentar da Comarca em que reside, sem prévia autorização judicial (art. 319, IV do CPP), por mais de quinze dias; 3 recolhimento domiciliar no período noturno das 22h as 06h e nos finais de semana (art. 319, V, CPP). Por consequência, determino a expedição de alvará de soltura em favor do paciente, para que seja posto em liberdade, se por outro motivo não deva permanecer preso, com imposição de medidas cautelares neste Tribunal e, depois, encaminhe cópia deste Acórdão ao Juízo de origem para que seja dado efetivo cumprimento às condições impostas.

6 Diante do exposto, acolho o parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, lavrado pelo Dr. Abreu e Silva, para conhecer do pedido e conceder a ordem, com a aplicação das medidas cautelares acima transcritas. É o voto. Goiânia, 03 de dezembro de 2013. DES. J. PAGANUCCI JR. RELATOR JC/2013

HABEAS CORPUS 7 Número : 387619-15.2013.8.09.0000 (201393876196) Comarca Impetrante Paciente Relator : GOIÂNIA : JOSÉ LOPES DA LUZ FILHO : ADRIANO SANTOS GOMES : DES. J. PAGANUCCI JR. EMENTA HABEAS CORPUS. ROUBO. HIPOSSUFICIÊNCIA DO PACIENTE. DISPENSA DA FIANÇA. IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO. 1- Restando devidamente comprovado que o paciente não detém recursos para recolher o valor arbitrado a título de fiança, há que se dispensar o seu pagamento, nos termos dos artigos 325, 1º, inciso I e 350 do Código de Processo Penal, sendo-lhe impostas medidas cautelares diversas da prisão. 2- Ordem concedida com expedição de alvará de soltura e imposição de medidas cautelares diversas da prisão.

ACÓRDÃO 8 Vistos e relatados os presentes autos, acordam os componentes do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, pela Primeira Câmara Criminal, por unanimidade de votos, acolhido o parecer Ministerial, em conceder a ordem impetrada, determinando a expedição de alvará de soltura pela Secretaria da Câmara em favor do paciente, para que seja posto em liberdade se por outro motivo não deva permanecer preso, com imposição de medidas cautelares, neste Tribunal, nos termos do voto do Relator, proferido na Assentada do Julgamento. Votaram, além do Relator, o Doutor Silvio José Rabuske, em substituição à Desembargadora Avelirdes Almeida Pinheiro de Lemos, o Desembargador Nicomedes Domingos Borges, o Desembargador Itaney Francisco Campos e o Desembargador Ivo Favaro, que presidiu a sessão. Procurador de Justiça. Presente ao julgamento o Doutor Nilo Mendes Guimarães, digno Goiânia, 03 de dezembro de 2013. DES. J. PAGANUCCI JR. RELATOR JC/2013