it ACÓRDÃO. 1.Nerffilem -szt'0 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DO DESEMBARGADOR EMBARGOS DECLARATÓRIOS N. 200.2004.016234-5/001 RELATOR Juiz convocado Carlos Neves da Franca Neto 1 EMBARGANTE : Ouro Branco Praia Hotel S.A - Adv.Adail Byron Pimentel 2 EMBARGANTE Banco do Nordeste do Brasil S.A. - Adv. Vanessa Cristina de M. Ribeiro EMBARGADOS Os mesmos 411 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - Primeiro Embargo. Omissão. Indevida exegese da expressão "ato inequívoco", prevista no art. 202, VI, do Código Civil de 2002. Insubsistência. Interpretação extensiva. Carta de renegociação de dívida. Caracterização. Interrupção da prescrição eficaz. Não acolhimento. Fixação da verba honorária. Ausência. Acolhimento. Segundo Embargo. Omissão e contradição - Vícios não caracterizados - Pretensão de rediscussão da matéria entalhada no Acórdão hostilizado - Impossibilidade - Fins de prequestionamento - Prejudicado - Embargos rejeitados. - A expressão "ato inequívoco", capaz de interromper a prescrição, previsto no art. 202, VI, do Código Civil de 2002, deve ser interpretada extensivamente, a fim de alcançar qualquer ato capaz de demonstrar reconhecimento do débito, servindo-lhe como tal cartas de renegociação de dívida, assinadas por diretor de empresa devedora. - Os embargos de declaração se destinam a suprir eventuais omissões, contradições ou obscuridades existentes na decisão combatida. Inocorrendo tais hipóteses, os declaratórios devem ser rejeitados, mesmo que o mesmo tenha pretensão de prequestionamento.
.... _.. - Os aclaratórios não se prestam à rediscussão das questões debatidas no corpo do édito judicial pelejado. Não servem para a substituição do decisório primitivo. Apenas de destinam a suprir eventuais omissões, contradições ou obscuridades. identificados: VISTOS, relatados e discutidos estes autos acima ACORDA, a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, em ACOLHER PARCIALMENTE O PRIMEIRO E REJEITAR O SEGUNDO, por unanimidade. OURO BRANCO PRAIA HOTEL S/A e o BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S.A., devidamente qualificados, apresentaram embargos declaratórios (fls. 245/250 e 252/258) contra Acórdão da Segunda Câmara Cível deste Colendo Tribunal (fls. 235/243), que deu provimento parcial a apelação interposta pelo nominado hotel. (fls.175/193). O primeiro embargante, ao opor o presente recurso, apoiouse no art. 535 e seguintes do Código de Processo Civil, afirmando a existência de omissão no acórdão objurgado "por não atentar para o que preceitua a lei quando fala em ato equivoco que tenha o condão de suspender a prescrição", e por consectário, ter afastado a alegação de prescrição extintiva, esposada pelo apelante, ora embargante. Aponta, ainda, omissão no que toca a inexistência de fixação dos honorários advocatícios em seu favor, haja vista que o recurso por ele manejado foi parcialmente provido. O segundo embargante, apoiando-se no art. 535, do Código de Processo Civil e Súmulas 98, do STJ e 356, do STF, afirmou a existência de contradição no acórdão embargado. Pugna, ao final, que, ao ser provido o recurso, seja aplicado o efeito modificativo. Intimados para responderem aos embargos declaratórios, apenas o Banco do Nordeste o Brasil S. A. o fez (fls. 265), pugnando pela denegação total dos aclaratórios. O Ouro Branco Praia Hotel S.A. deixou transcorrer in albis o prazo de resposta (fls. 262). Coloquei os embargos em mesa para julgamento. É o relatório.
, VOTO: EMBARGOS D ECLARATÓRIOS APRESENTADOS PELO OURO BRANCO PRAIA HOTEL S/A Registre-se, sem mais tardança, que os declaratórios devem ser acolhidos parcialmente. Em primeiro plano, assinale-se que não houve qualquer omissão quanto à aplicação do disposto no art. 202, VI, do Código Civil de 2002, no que concerne a exegese dada a expressão "ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento de direito pelo devedor." Ora, não quis o legislador, como assevera o embargante, restringir o conceito de "ato inequívoco", mas, ao contrário, alargá-lo para alcançar quaisquer atos que importassem reconhecimento do débito, sobremodo quando existir no contrato, como in casu, na cláusula décima (fls. 31), disposição que indica como reconhecimento de dívida "cheques, recibos, inclusive de depósitos, ou ordens que assinar ou emitir, bem como sobre quaisquer lançamentos sobre o aviso". Com efeito, considerar as cartas de regularização de dívida, acostadas as fls. 35/50, como "ato inequívoco" para interromper a prescrição, não fere a norma substantiva, mas, ao contrário, cumpre-a em sua inteireza. Igualmente, e seguindo o mesmo raciocínio, a assinatura de apenas um dos diretores nas cartas não as descaracteriza como "ato inequívoco", nem tão pouco fere o disposto no inciso IV, do art. 143, da Lei Federal 60.404/76, que serviu de parâmetro para a elaboração do Estatuto da embargante, o qual exige, no art. 11 da Ata da Assembléia de Constituição (fls. 96/97), "a presença do Diretor Presidente acompanhado de uni Diretor para a assinatura de contratos". O dispositivo é claro ao exigir a presença do Diretor Presidente, acompanhado de outro diretor, apenas para a assinatura de contratos, e, como no caso em comento, trata-se apenas da assinatura de cartas de regularização de dívida, a assinatura de apenas um dos diretores é suficiente a validá-las e considerá-las como, repise-se, "ato inequívoco" capaz de interromper a prescrição. Nesta senda, conclui-se que não houve a omissão apontada pelo autor, não merecendo acolhida, nesse aspecto, o acórdão embargado. Em segundo plano, quando afirma existir omissão consubstanciada na ausência de fixação de honorários advocatícios, visto que o ora embargante foi vencedor, em parte, da tutela recursal, merece acolhida os aclaratórios.
Em verdade, no dispositivo do acórdão (fls. 243) não há qualquer referência à fixação da verba honorária. Todavia, como o recurso apelatório, manejado pelo embargante, foi provido parcialmente, devem os ônus sucumbenciais ser rateados entre as partes, na proporção da sucumbência de cada uma, neles inclusos os honorários, os quais fixo, em atenção ao art. 20, 40 do CPC, no patamar de 20% (vinte por cento). EMBARGOS DECLARATÓRIOS OPOSTOS PELO BANCO DO NOERDESTE DO BRASIL S/A Em relação a este recurso, denota-se, à evidência, que não há qualquer contradição ou omissão a ser sanada no édito da decisão combatida, uma vez que o Acórdão pelejado trouxe em seu âmago a motivação e os fundamentos para o provimento do recurso, enfocando todos os pontos argüidos pelas partes e pertinentes ao deslinde da demanda de forma clara e precisa, não havendo qualquer vício. Com efeito, em função da especificidade e clareza impar do acórdão, mostra-se impertinente a insurgência do embargante, visto que inadmissível se utilizar desse mecanismo para rediscussão da matéria. Catarinense: Vejamos o entendimento do Colendo Tribunal de Justiça "Os embargos de declaração não servem para obrigar o juiz a renovar ou reforçar a fiíndamentação do decisório, nem para reexaminar a matéria de mérito e nem se prestam para explicitar dispositivos legais, quando o magistrado já tenha encontrado fundamento suficiente para embasar a sua decisão, resolvendo a matéria controvertida. Cumpre à parte que dissente dos fundamentos esposados no acórdão, recorrer à via recursal adequada e não utilizar os embargos declara tórios com a finalidade de discutir o acerto da decisão. Ainda que para fins de prequestionamento, não prescindem eles, para a sua possibilidade jurídica, da ocorrência de um dos seus pressupostos: omissão, contradição ou obscuridade" (Embargos Declaratórios no Apelo Cível n. 2001.023592-7, Rel. Des. Sérgio Roberto Baasch Luz, 2a Câmara de Direito Comercial, julgado em 11/09/2003) - (Grifei). Não poderão ser acolhidos estes embargos, mormente porque, como frisei, "constituem meio inidôneo para reexame de questões já decididas, destinando-se tão-somente a sanar omissões e a esclarecer contradições
ou obscuridades" (Ac. unân. da 7 Câm. do TJRJ de 12.6.84, em embs. de decls. na apel. 31.858, rel. des. Ferreira Pinto apud ALEXANDRE DE PAULA, in ob. cit., pág. 2194, n. 188, 6' ed., Saraiva, 1994). Nessa ordem de idéias, é cediço que os embargos de declaração se prestam a viabilizar, dentro da mesma relação processual, a impugnação de qualquer decisão judicial eivada de obscuridade, contradição ou omissão, não se revestindo, portanto, de características de sanação de ato judicial estranho à decisão combatida, bem como de reexame perante a inconformação com a decisão embargada. Destarte, inexistindo qualquer omissão, contradição ou obscuridade a ser sanada por meio dos presentes aclaratórios, mister a sua rejeição. Nesta esteira, e, em razão de não se verificar a omissão e a contradição apontadas, resulta prejudicado o prequestionamento da matéria, pois, mesmo para fins de acesso às Instâncias Superiores, a finalidade prequestionatória vincula-se, na sua possibilidade, ao preenchimento de um dos pressupostos específicos, que tornam admissíveis os declaratórios. Ante o exposto, ACOLHO, EM PARTE, os embargos declaratórios apresentados pelo primeiro embargante, apenas para determinar que os ônus sucumbenciais sejam rateados entre as partes, na proporção da sucumbência de cada uma, neles inclusos os honorários, os quais fixo, em atenção ao art. 20, 4 do CPC, no patamar de 20% (vinte por cento), por conseguinte, REJEITO os aclaratórios opostos pelo segundo embargante. É como voto. Presidiu a sessão o Exm. Des. João Machado de Souza. Participaram do julgamento, além do relator, Eminente Dr. Carlos Neves da Franca Neto, Juiz Convocado para substituir o Exm. Des. João Machado de Souza, o Exm. Des. Manoel Paulino da Luz e a Exma. Desa. Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti. Fez-se presente ao julgamento o Exm. Sr. Dr. Francisco Sagres Macedo Vieira, Procurador de Justiça. Sala de Sessões da Segunda Câmara Cível, do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, em João Pessoa, em 05 de dezembro 2006. Juiz Carlos Neves da Franca Neto RELATOR JCD/5
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