-Senhor Reitor da Universidade do Minho - Senhor Presidente da Comissão Parlamentar de Educação e Ciência. - Senhor Arcebispo Primaz - Digníssimas Autoridades Académicas, Civis, Militares e Religiosas - Senhores Professores - Prezados Funcionários - Caros Colegas - Minhas Senhoras e Meus Senhores 1
Gostaria de começar por agradecer a oportunidade que é dada ao Presidente da AAUM de intervir naquela que é a mais nobre sessão pública na vida da Universidade do Minho. Queira, Magnifico Reitor, aceitar assim as felicitações da AAUM pela passagem do 35 aniversário da nossa Universidade. Enquanto Presidente da AAUM participo nestas comemorações pela terceira vez consecutiva. Confesso que encontro sempre nestas sessões motivos fortes de orgulho e de pertença a uma Instituição que não cessa de construir. De facto, todos nós partilhamos concerteza de um sentimento de identidade e vaidade quando, ano após ano, ouvimos o nosso Magnífico Reitor relatarnos a grandeza de novos projectos, falar-nos dos sucessos dos que estão em curso e elogiar os feitos alcançados dos que entretanto finalizaram. Todos nós nos revemos certamente, com muito orgulho, nos reconhecimentos internacionais obtidos pela Universidade em diversas áreas. 2
Na avaliação Institucional externa, na avaliação internacional dos centros de investigação, no valor da produção científica produzida. Todos nós decerto nos regozijamos com os destaques atribuídos á qualidade dos projectos de ensino existentes na Universidade do Minho. Na competição com outras Instituições de ensino superior. No mercado de trabalho nomeadamente pelos empregadores. Todos nós seguramente repudiamos as constantes contradições da tutela sobre financiamento e autonomia e as tremendas injustiças por ela praticada relativamente á Universidade do Minho. Todos nós nos revemos nos sucessos de projectos integradores com as sociedades locais. Tudo isto teve e tem o seu tempo próprio de construção. A tudo isto estiveram e estão associados muitos daqueles obreiros que o Prof. João Deus Pinheiro uma vez apelidou de homens irrepetívies. 3
Para tudo isto teremos também todos nós anonimamente contribuído de alguma maneira. Enquanto Presidente da AAUM sinto que também esta Instituição tem o seu nome ligado a muitas iniciativas de sucesso dentro desta casa. - acolhendo e acompanhando os novos alunos permitindo a sua integração mais plena e eficaz, - intervindo activamente nos órgãos de governo e de consulta propondo melhorias na gestão e funcionamento pedagógico dos cursos, - acompanhando o crescendo número de estudantes do 3 ciclo, criando uma secção própria dentro da Instituição 4
- organizando acções de formação complementar proporcionando competências extra curriculares e respondendo desta forma a novos padrões de emprego que exigem formação para além das próprias especializações de cada curso, - acrescentando prestigio a ambas as Instituições em resultado das suas actividades culturais e desportivas, - observando princípios de boa gestão de recursos e adoptando visões de longo prazo permitindo proporcionar aos estudantes mais e melhores serviços e acumular, até hoje, mais de meio milhão de euros para a construção da nova sede da AAUM: - preservando firmemente as nossas tradições - fomentando, através da Rádio Universitária e no âmbito do projecto Democracia Viva, o envolvimento dos jovens na participação activa e democrática em organizações e programas europeus da juventude, - e sendo intransigente perante políticas educativas injustas e limitativas do progresso da sociedade. 5
Magnífico Reitor e ilustres convidados Uma das mais nobres missões de uma Associação Académica é a de promover o associativismo junto dos estudantes que representa. Muitos se têm preocupado com a progressiva alienação dos jovens para se envolverem na "construção de uma sociedade para eles próprios mas também para os outros" Muitos se têm debruçado sobre possíveis soluções para estas atitudes e comportamentos. Todos nós partilharemos de uma mesma premissa: urge mudar a forma e o conteúdo das mensagens políticas. Todos nós partilharemos que esta premissa deverá ser sustentada, entre outras coisas, por falar a verdade, honrar promessas feitas, ser rigoroso na utilização de recursos públicos, agir com transparência. 6
Contudo, e no que ao ensino superior diz respeito, assistimos invariavelmente ao enumerar de visões que, acreditando nelas, muitos infeririam que se tratariam de intenções verdadeiras e genuínas em considerar o ensino superior como uma área privilegiada da governação. Surpreendentemente ou não, estas visões surgem bem fundamentadas em planos de acção como é por exemplo a afirmação do Ministro Mariano Gago há cerca de um ano em que dizia que "...a prazo, o financiamento do Ensino Superior deverá crescer, a par do aumento da sua &equência e dos resultados alcançados." ou mesmo do Primeiro Ministro que, num dos debates mensais na Assembleia da República sobre Ensino Superior, afirmou que: "...serão introduzidos mecanismos para estimular e premiar a obtenção de fundos próprios por parte das instituições. É que, senhores Deputados, financiar Universidades segundo os seus resultados e valorizar aquelas que conseguem multiplicar as suas fontes de financiamento é a maneira moderna de sustentar o desenvolvimento do ensino superior" A posição da AAUM é muito clara relativamente a esta problemática. 7
-- Em primeiro lugar, a redução sistemática no financiamento disponível para as IES, face aos encargos acrescidos que lhe são imputados, é inaceitável. É também incompreensível que se reserve cerca de 20 milhões de euros para."recuperar orçamentos" a priori insuficientes. Esta medida em especial, desrespeita princípios elementares de boa gestão e de responsabilização, e penaliza as Instituições com bom desempenho. Por outro lado, utilizar receitas próprias para fazer face a orçamentos insuficientes é um factor de desincentivo. Anula a capacidade de investimento em programas estratégicos, nomeadamente na qualidade do ensino. Adicionalmente, e mais recentemente surgem notícias de que terão sido inviabilizados projectos, como as instalações definitivas da Escola superior de enfermagem, da biblioteca do campus de Azurém e da sede da AAUM no âmbito de um conjunto de propostas submetidas pela UM ao QREN Estes projectos, há muito prometidos, são essenciais para o desenvolvimento académico dos estudantes e do associativismo na Universidade do Minho. 8
A falta de rigor e transparência que basearam esta decisão constituem um verdadeiro desprezo político por uma Instituição internacionalmente reconhecida. Os estudantes não podem ignorar a consequência destas decisões políticas para a sua geração, e para as gerações futuras. A AAUM exprime a sua solidariedade Institucional e disponibiliza-se para, em conjunto com outras Ass9ciações Académicas, mobilizar o movimento associativo nacional. Para, entre outras coisas, denunciar práticas regressivas e discursos parcos em resultados. Porque a qualidade do ensino e da investigação estão em causa. Está em causa também a autonomia das Instituições. 9
Magnifico Reitor e Ilustres Convidados Em breve seremos chamados a participar em muitos actos eleitorais. Para os órgãos da Universidade e ao nível das unidades orgânicas. Dentro de duas semanas elegeremos o primeiro Conselho Geral da Universidade do Minho. <' A AAUM tem, nos últimos 7 anos, seguido uma estratégia de continuidade. De ideais, de estratégias, de práticas. Nunca renegando o passado. Antes orgulhando-se dos sucessos obtidos pelos antecessores. Nunca apregoando novos caminhos. Antes preparando o futuro, "pondo-se a caminho" As Direcções da AAUM têm sido também ao longo deste tempo, fieis aos princípios de responsabilização, transparência e lealdade nas suas relações com a Universidade. 10
Associando-se a uma visão de progresso, inovação, rigor e sabedoria dos mandatos do actual Reitor. Discordando e argumentando consigo e com as suas equipas. Concordando e acrescentando. Aprendendo a visualizar o futuro global mas solidário. Tem sido quase uma década a trabalhar em conjunto. A construir e a dinamizar projectos comuns. Na área da qualidade do ensino. Na prestação de serviços de âmbito social, económico e desportivo. Na preservação da cultura e das tradições próprias da Instituição. No assumir de projectos promotores do associativismo, reclamando nomeadamente por património há muito devido. Na contestação de políticas injustas. Estaremos ao lado de uma Universidade do Minho que partilhe estes valores e que entenda o papel da AAUM como o nosso Magnífico Reitor o definiu em tempos, e que passo a citar: 11
"...a Associação Académica, enquanto representante dos estudantes, é parceira que se pretende de pleno direito, motivada, envolvida e inovadora: responsável nos projectos que a Universidade lhe lança como desafios; representativa dos estudantes nas várias vertentes da sua actuação académica; expressiva pelos vários simbolismos que ostentam o orgulho de pertença à sua Universidade, seja no vigor da vivência social, da Cultura e da Arte, ou envergando o traje manifestativo da sua identidade." 12
A actual conjuntura do ensino superior requer uma liderança forte e pró activa e os actuais desafios que se colocam á Instituição não se coadunam com hesitações, e muito menos com soluções fáceis. A nova conjuntura legislativa exige uma transição sábia de modelos de govemação. Por tudo isto, a AAUM conta com o contributo do actual reitor para esta transição. Permitam-me que conclua, citando Pedro Cardoso, afirmando que "o sucesso é uma viagem sem fim." Não queiramos pois que esta nossa viagem seja interrompida! MUITO OBRIGADO! 13