Os Jogos Olímpicos no RIO uma oportunidade a aproveitar
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- Luzia Figueiredo Valente
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1 Os Jogos Olímpicos no RIO uma oportunidade a aproveitar Numa economia global os eventos desportivos e a sua projeção para patamares de elevado nível assumem uma dimensão que está muito para além da componente desportiva. Não há no mundo atual economia emergente que descure ou não procure captar grandes eventos desportivos internacionais. No golfe, na fórmula 1,no futebol, na natação, no ténis, no râguebi, no hipismo, etc.etc. Os exemplos podem multiplicar-se. Isso acontece porque o desporto contemporâneo é um espetáculo global supermediatizado, designadamente por cadeias de televisão, com uma enorme capacidade de atração de grandes públicos, aproveitado pelo mundo dos negócios e palco de afirmação e visibilidade de países e nações. Os Jogos Olímpicos são expressão disso e são à escala global o maior espetáculo do mundo. Os milhões que envolvem da parte de patrocinadores dispensam mesmo qualquer publicidade nos locais das competições ou no vestuário dos atletas. É um caso único. No caso dos próximos Jogos Olímpicos que irão ocorrer no próximo ano no Rio de Janeiro trata-se de uma ocasião especial deste evento singular. Pela primeira vez os Jogos realizam-se num país que fala português numa situação previsivelmente irrepetível nas próximas décadas. A língua, bem o sabeis, constitui um instrumento basilar para potenciar dinâmicas de mobilização e concertação estratégica e assim gerar efeitos de escala em torno de uma matriz identitária. 1
2 E no mundo dos negócios e da diplomacia económica isso não é exceção. Bem pelo contrário. Porque os grandes eventos desportivos são ocasiões singulares para afirmação dos países, com assinaláveis retornos económicos e políticos, a junção destes dois elementos - espetáculo desportivo e língua - propiciam à escala global um efeito exponencial dos recursos investidos. A criação de valor económico, político e cultural encontra nos Jogos Olímpicos um cenário excecional que congrega interesses de investidores, patrocinadores, organizações desportivas, organismos intergovernamentais e Estados. Há pois que aproveitar o impacto de tal ocasião para alavancar o potencial de uma língua com mais de 250 milhões de falantes, através de ações concertadas de diplomacia politica, económica, cultural e desportiva. A projeção mediática - única à escala global - de um evento como os Jogos Olímpicos, no país com maior número de falantes de Língua Portuguesa, constitui um veículo privilegiado para a difusão, enriquecimento e promoção de todos os países de língua portuguesa, nos mais diversos planos. Os próximos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016 constituem, por isso, uma oportunidade, porventura irrepetível, de afirmação dos países falantes do português no quadro político, económico e desportivo internacional. Estamos perante uma oportunidade que não deve ser desperdiçada. Diria mais, estamos diante de um contexto que apela a claros compromissos de responsabilidade política, social e corporativa. Essa orientação tem de contar com políticas ativas neste domínio e estimular tudo quanto no plano político, económico, empresarial e cultural possa ser mobilizado nesse propósito. 2
3 O que pode significar para as empresas o mercado brasileiro? A minha área é o desporto, não é a economia. Permitam-me no entanto que sublinhe alguns dados que podem ser consultados em trabalhos sobre o tema. O Brasil representou em 2014 apenas 2.4% das exportações portuguesas e 1.8% das importações, ao contrário de anos anteriores, a balança comercial de bens e serviços é favorável ao nosso país. O Brasil ocupa a 11ª posição tanto como cliente, como fornecedor. Fora do espaço europeu o Brasil é o nosso quarto cliente depois de Angola, China e EUA. Com a crise atual no Brasil e a desvalorização do Real tem-se assistido a uma crescente procura de aquisições de empresas brasileiras, numa clara aposta a médio e longo prazo. Não obstante, não podemos ignorar que o Brasil é também neste momento um cenário de incertezas. As oportunidades não estão isentas de riscos. À desaceleração económica corresponde também uma acentuada degradação da estabilidade política, com um elevado número de casos de suspeitas de corrupção que não são propiamente o ambiente mais saudável para os negócios. Acrescem alguns sinais preocupantes para algumas empresas nacionais de incumprimentos de prazos de pagamentos pouco habituais, tornando o ano de 2015 particularmente difícil. Em o ano dos Jogos - ainda teremos consequências desta situação. Historicamente, as mudanças mais relevantes no Brasil ocorreram em momentos de crise. 3
4 Empresas de diversos segmentos estão começando a identificar os fatores de risco implementando, entre outros mecanismos de supervisão e controlo, processos de boa governança corporativa, compliance, auditoria interna e externa e eventuais sindicâncias. Estes processos, quando corretamente estruturados e devidamente escrutinados, podem conduzir as organizações para um futuro de normalidade nos negócios, preservando a integridade da sua imagem junto de clientes, fornecedores e acionistas. Esta nova visão possibilitará que a cultura empreendedora do país seja renovada tendo uma postura, seja ela económica, política ou corporativa, mais proactiva e estável. Entretanto cabe às organizações adotar processos de avaliação preventiva, monitorização de atividades propiciando novas oportunidades em cenários relativamente pessimistas. O êxito no mercado brasileiro dependerá de muito trabalho do mercado local e do esforço promocional por parte das empresas portuguesas. Importa no entanto sublinhar o compromisso inalienável do Movimento Olímpico com a sustentabilidade dos Jogos, inscrito como princípio fundamental da Carta Olímpica. Acolher os Jogos é hoje muito mais do que celebrar a universalidade do maior evento desportivo à escala planetária. Muito mais do que valorizar durante duas semanas os valores da amizade, da paz, da não discriminação e do respeito inscritos na matriz fundadora do Movimento Olímpico. De facto, não se conhece linguagem tão simples, que fale ao coração de todos, com capacidade de incutir e difundir estes valores tão em crise no mundo atual. 4
5 O Desporto, disse-o Nelson Mandela, tem efetivamente o poder de mudar o mundo. E nos Jogos Olímpicos o seu palco de excelência. Por isso, a sustentabilidade assume capital importância. Acolher os Jogos é capacitar o país e a cidade anfitriã a acolher um projeto de mudança social, educativa e cultural que perdure muito para além das duas semanas mediáticas do evento. É deixar, através do desporto, um legado para o futuro do país, mais do que arrecadar receitas. É deixar uma herança a preservar, mais do que realizar uma competição desportiva de excelência. Por isso os apertados critérios de emissão de CO 2, e parâmetros de sustentabilidade ambiental. Por isso as exigências sobre o funcionamento das instalações após os Jogos são componentes fundamentais do caderno de encargos de qualquer candidatura aos Jogos. Esta é uma responsabilidade social prioritária para o Comité Olímpico Internacional, com exigentes padrões de referência, escrutinados por entidades independentes, aprovados por todo o Movimento Olímpico no seio da Agenda Olímpica O documento de orientação estratégica para o futuro do Movimento Olímpico. Também devido a esta responsabilidade social, que distinguem os Jogos e quem os organiza da generalidade das entidades desportivas com propósitos comerciais, o COI tem assento na Assembleia- Geral da ONU e desenvolve uma ampla parceria com as suas agências. Desde o acolhimento de refugiados, ao combate à exploração infantil, passando pela integração social, os conflitos étnicos ou os programas alimentares e de saúde pública no apoio a países em desenvolvimento o desporto e o olimpismo andam de mãos dadas com as Nações Unidas. 5
6 Como afirmou o seu secretário-geral os Os princípios Olímpicos são os princípios das Nações Unidas. Em 2016, durante o período dos Jogos Olímpicos, o Navio Escola Sagres será no Brasil a Casa de Portugal. Será, para o nosso país, o portador desta mensagem universal única que os Jogos congregam. Será o maior símbolo da nossa língua. O baluarte da nossa cultura por ocasião dos Jogos, que encontra no Brasil um testemunho vivo da riqueza do património que este país inscreveu na história da humanidade. Será a nossa embaixada e nela terá lugar de destaque muitas das empresas portuguesas que estão ou pretendem vir a estar no mercado brasileiro. O Navio Escola Sagres será o anfitrião dos convidados das empresas associadas ao projeto para promoverem os seus produtos ou serviços, ou para operações de cortesia junto dos respetivos clientes. Para tal como em tantas épocas da nossa história, serem testemunho da riqueza de uma cultura que deu os primeiros passos na epopeia das descobertas para, tal como o desporto, aproximar povos e celebrar valores universais que forjam a identidade lusa que nos orgulha. Convido para tanto as empresas presentes e interessadas em se associar a este projeto a contactarem as autoridades da Marinha Portuguesa para avaliarem dos termos e condições dessa participação. Braga,17 de Dezembro de 2015 José Manuel Constantino Presidente do Comité Olímpico de Portugal 6
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