Estimados colegas representantes dos países membros do Fórum das Federações, Embaixadores e delegados
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- Lucca de Mendonça Fontes
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1 PRESIDENCIA DA REPÚBLICA SECRETARIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS SUBCHEFIA DE ASSUNTOS FEDERATIVOS Assunto: DISCURSO DO EXMO. SUBCHEFE DE ASSUNTOS FEDERATIVOS DA SECRETARIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS DA PRESIDENCIA DA REPUBLICA, POR OCASIÃO DA ABERTURA DA 6º REUNIÃO DO CONSELHO ESTRATÉGICO DO FÓRUM DAS FEDERAÇÕES. Nominata: Estimados colegas representantes dos países membros do Fórum das Federações, Embaixadores e delegados Prezadas Senhoras e Senhores. É um prazer e uma honra recebe-los aqui no Palácio do Planalto para a sexta reunião do Conselho Estratégico do Fórum das Federações. 1
2 1. Gostaria, em primeiro lugar, de cumprimentar os presentes e agradece-los por atender ao nosso convite, do Brasil e do Fórum das Federações, para participar dessa reunião. Sei que não e fácil deixar os afazeres do dia a dia para dedicar tempo e esforço para pensar o futuro. No entanto, estamos todos aqui para isso. Para planejar as atividades dessa organização para os próximos anos. 2. Acredito que esse seja um bom momento para fazermos isso. Estamos vivendo tempos de crise, e eu não me refiro aqui à crise econômica mundial, mas também a ela. Na sua acepção original, a palavra "KRISIS", do grego, quer dizer mudança. Assim, ela não é necessariamente um mal, mas um momento de ruptura, término de um ciclo para que outro surja. 3. Infelizmente, a conjuntura internacional que vivenciamos hoje é a antítese da era de prosperidade vivida nas primeiras décadas do pós-guerra e a expressão do esgotamento do padrão de consumo proveniente deste período. O mundo já não é mais sustentável, do ponto de vista econômico, social e sobretudo ambiental. Precisamos repensar o futuro dos nossos países e do nosso planeta. 2
3 4. Por isso mesmo, se diz que na crise precisamos ser ainda mais criativos, é necessário romper paradigmas e criar algo novo. E hoje nós temos oportunidade de fazer isso ao debater temas centrais para o federalismo, como a organização interna dos nossos países e a melhor forma de servir aos nossos cidadãos. A crise é uma oportunidade. Precisamos nesse momento ser capazes de enxergar o novo: a nova forma como a sociedade se organiza e se relaciona com o Estado. 5. E isso não é tarefa fácil, cada vez mais a população em todo mundo exige mais direitos e qualidade dos serviços públicos. Na era da internet, não e apenas o capital que está globalizado, a sociedade também está. 6. Ano passado assistimos a mobilização da juventude brasileira, que ocupou as ruas das principais cidades do país para exigir mais participação e qualidade dos serviços públicos. Começando por um movimento, organizado pelas redes sociais, contra o aumento da tarifa de transporte na cidade de São Paulo, logo virou uma mobilização nacional sem precedentes na história do país. Processos semelhantes acontecerem em outros países, em várias partes do mundo. 3
4 7. Para lidar com isso, é necessário um Estado ágil, tão ágil quanto a internet, e nossas instituições ainda estão obsoletas frente aos novos desafios. E mais uma vez eu digo, que esse equilíbrio não é fácil de encontrar. A tecnologia nos impõe novas formas de governança. 8. No Brasil, esses desafios nos parecem ainda mais complexos, pois somos uma federação trina, que reconhece os municípios como unidades federativas autônomas. Portanto, além de coordenar 26 estados e o Distrito Federal, nos relacionamos diretamente com cada um dos municípios brasileiros. 9. No entanto, vivemos recentemente uma experiência que consideramos bastante exitosa, que foi a copa do mundo. Apesar do resultado do jogo contra a Alemanha, o evento foi um sucesso para o Brasil e para o mundo, recebemos quase um milhão de turistas estrangeiros e as melhores notas em todas as avaliações realizadas. Esse resultado só foi possível graças a intensa cooperação com os estados e as 12 cidades sedes da copa. A copa do mundo do Brasil foi um evento essencialmente federativo, que envolveu os três níveis de governo. 4
5 10. Estamos trabalhando para que nos jogos olímpicos de 2016 o resultado seja ainda melhor. Para isso criamos um consórcio público entre os três níveis de governo: nacional, do estado e da cidade do Rio de Janeiro. Esse consórcio é a Autoridade Pública Olímpica, a instituição responsável pela execução da infraestrutura necessária aos jogos olímpicos e pela gestão futura deste legado. O impacto e gestão federativa de grandes eventos pode, inclusive, ser um tema no qual o Brasil pode colaborar com outros países, aportando sua experiência recente. 11. No entanto, estamos conscientes de que para responder aos novos desafios precisamos ir além da receita de Montesquieu sobre a tripartição do Poder, é necessário trabalhar com mais harmonia entre os Poderes e mais coordenação entre as administrações locais, regionais, e nacionais. Mais do que nunca é preciso respeitar às identidades regionais, mas combater as desigualdades, promovendo uma administração equânime e justa para todos. 5
6 12. Não podemos desconsiderar que estamos assistindo uma crescente escalada de violência no mundo, não de forma generalizada, como se experimentou ao longo do século XX, com as grandes guerras, mas de forma difusa, complexa e fragmentada, já que esses conflitos, estão por todas as partes do planeta. 13. Segundo o Instituto para a Paz e a economia - que estuda os índices de paz no mundo apenas 11 países não estão envolvidos em disputas internacionais. O Brasil se orgulha de ser um desses poucos países, uma vez que o levantamento desse instituto cobre 162 países no mundo. Historicamente a nossa atuação internacional é pacifica e precursora da paz, a exemplo das atuações recentes no Haiti e na República Democrática do Congo, em parceria com a Organização das Nações Unidas. 14. Acreditamos que a atuação do Fórum das Federações pode e deve seguir colaborando com países em situação de conflito e democracias recentes em suas transições constitucionais, mas com o cuidado de sempre apoiar iniciativas que respeitem a autodeterminação dos povos. Sendo tarefa deste conselho debater e sugerir quais serão as linhas e limites desta atuação, em consonância com a política externa de cada país membro. 6
7 15. O Brasil participa do Fórum das Federações desde o ano 2000, promovendo diversas atividades, o que tem nos ajudado a entender melhor os limites e as potencialidades de nossa Federação, e também o sistema de outros países que adotam essa forma de governo. Trocar experiências e gerar conhecimento, seja por meio de eventos ou publicações, tem nos ajudado a aprimorar o nosso sistema federativo. 16. Nossa expectativa é que o Fórum das Federações possa continuar tendo um papel relevante no aprimoramento da federação brasileira. Mas queremos ampliar a nossa participação nesse Fórum. Queremos fazer crescer dentro do Brasil uma rede de especialistas, acadêmicos e funcionários públicos que se dedicam aos temas federativos. E, por meio dessa rede, queremos compartilhar experiências e melhores práticas, sobretudo com as federações latino-americanas, com as quais temos muito em comum: um passado colonial e uma agenda futura de integração regional e de enfrentamento das nossas desigualdades sociais. 17. E foi por isso que fizemos questão de convidar nossos irmãos da Argentina e Venezuela como observadores dessa reunião, a quem eu aproveito para agradecer a presença, pois gostaríamos muito de intensificar o diálogo com as federações latino-americanas dentro desse Fórum. 7
8 18. Esperamos que o conselho estratégico, que aqui se reúne hoje, esteja no centro das atenções de cada país que faz parte do Fórum das Federações. O caráter consultivo deste conselho não diminui a sua importância, a nosso ver trata-se de uma instancia primordial, porque é capaz de traçar as linhas mestras da atuação desta instituição no mundo. Cabe a nós exercer da melhor forma possível essa valorosa atribuição que nos foi delegada. 19. Lamentavelmente, não poderei acompanhar esse dia de trabalho, mas espero que os debates sejam conduzidos de forma produtiva por nossa representante nesse Conselho, a Senhora Paula Ravanelli, que além de ser uma estudiosa do tema, tem demonstrado ao longo desses últimos 12 (doze) anos de trabalho aqui na Presidência da República, uma enorme dedicação ao aprimoramento das relações intergovernamentais entre os três níveis de governo. 20. Boa reunião a todos. 8
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