Modelo para nadar: os segredos da pele de tubarão

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IPH a LISTA DE EXERCÍCIOS (atualizada 2017/1) Sempre que necessário e não for especificado, utilize:

Transcrição:

Science in School Edição 41: Outono de 2017 1 Modelo para nadar: os segredos da pele de tubarão Traduzido por Rita Campos. Um tubarão branco, Carcharodon carcharias. Cortesia da imagem de Stefan Pircher/Shutterstock Actividade de sala de aula: comparar formas para movimentos aerodinâmicos Na experiência seguinte, os estudantes investigam as propriedades aerodinâmicas de diferentes formas - ou seja, quão facilmente cada forma se movimenta através de um líquido (ou gás) - medindo o tempo necessário para descer uma coluna de água. A actividade demora cerca de 90 minutos e é adequada para estudantes com 14-16 anos, que podem trabalhar em grupos de 3 ou 4. Materiais Para cada grupo de estudantes será necessário o seguinte material: 1 cilindro alto (cerca de 1,3 m de altura e 15 cm de diâmetro) Tripé ou um suporte de laboratório 2-3 m de fio de pesca 19 23. /2017/issue41/sharks

Science in School Edição 41: Outono de 2017 2 200 g de massa de modelar 1 suporte pequeno de metal (como os usados na parte de trás das molduras de fotografias) 1 conjunto de medidores de cozinha Cronómetro Água morna Figura 1: Planificação da experiência. A = suporte de laboratório; B = cilindro cheio de água; C = fio de pesca (deve ser suficientemente longo para permitir que a forma caia até à base do cilindro); D = forma em massa de modelar Procedimentos 1. Preenche o cilindro com água, de preferência a uma profundidade de 1 m. 2. Ata o fio de pesca ao anel do suporte. Prende a linha ao tripé ou suporte de laboratório de maneira a que o final da linha consiga alcançar um pouco mais do que o fundo do cilindro. 3. Com a ajuda dos medidores, divide a massa de modelar em quatro pedaços de igual tamanho e pesando 50 g. 4. Modela um dos pedaços para ficar com a forma de um tubarão. 19 23. /2017/issue41/sharks

Science in School Edição 41: Outono de 2017 3 5. Escolhe três outras formas a partir das formas apresentadas abaixo (cubo, cilindro, esfera, cubóide). Tenta escolher pelo menos uma que julgues ser bastante aerodinâmica e outra que não seja. Modela os restantes pedaços em três das formas escolhidas. 6. Prende o suporte (e, logo, a linha de pesca) a cada forma pressionando-o para dentro da massa. 7. Enquanto um estudante segura uma das formas directamente por cima da superfície da água, outro estudante prepara o cronómetro. Solta a forma e cronometra o tempo que ela demora a chegar ao fundo do cilindro. Regista o tempo na tabela abaixo. Forma Tempo: teste 1 (s) Tubarão Tempo: teste 2 (s) Velocidade média (m/s) 8. Faz o teste duas vezes para cada forma e regista o tempo e o tipo de forma de cada vez. 9. Finalmente, mede a distância exacta da queda (a profundidade da coluna de água) e calcula a velocidade média em metros por segundo (m/s) para cada forma. 19 23. /2017/issue41/sharks

Science in School Edição 41: Outono de 2017 4 Discussão Após os testes, os estudantes deverão discutir as seguintes questões, nos seus grupos ou com a turma reunida: A partir dos resultados, qual forma parece ser a mais aerodinâmica? Qual forma parece ser a menos aerodinâmica? Que conclusões podes tirar acerca do que faz uma forma ser aerodinâmica? Quais são as forças para cima e para baixo sobre as formas à medida que elas caem? Desenha um diagrama para mostrar isso. As forças para cima e para baixo são as mesmas para cada forma? Como é que a velocidade média está relacionada com as forças para cima e para baixo? Actividade de extensão: calcular o coeficiente de Reynolds Para estudantes de física mais avançados, os resultados obtidos acima podem ser usados para calcular o coeficiente de Reynolds para cada forma. Esta quantidade sem dimensões é usada para prever padrões de fluxo em diferentes fluidos relacionado a força de atrito de um corpo à sua própria inércia da massa. A fórmula do coeficiente de Reynolds, Re, é: Re = onde: u = velocidade do fluxo (a velocidade média calculada na actividade descrita em cima, em m/s) L = comprimentos característico (da superfície, em m) v = viscosidade cinemática (para H 2 O a 20 C, v = 1 x 10-5 m 2 /s) Procedimentos 1. Para cada forma, mede L, o comprimento de cada forma ao longo da direcção do fluxo (ou seja, o seu comprimento vertical à medida que cai através da água). 2. Usando a fórmula dada em cima, calcular o coeficiente de Reynolds para cada forma. Discussão O coeficiente de Reynolds ajuda a indicar quando o fluxo à volta de um corpo muda de laminar para turbulento. Num fluxo turbulento, o movimento transverso das partículas consome energia, aumenta a força de arrasto e desacelera o corpo em movimento. 19 23. /2017/issue41/sharks

Science in School Edição 41: Outono de 2017 5 Se o coeficiente de Reynolds de um corpo num fluido é superior ao coeficiente de Reynolds crítico (aproximadamente 3 x 10 6 ), o fluxo é turbulento. Um corpo com essas propriedades de fluxo consome mais energia para acelerar - e um tubarão iria precisar de mais alimento para lhe fornecer o aumento da energia necessária para a aceleração. Os estudantes podem então discutir as seguintes questões: O que é que o coeficiente de Reynolds nos diz sobre uma forma? Podes desenhar alguma conclusão sobre o tipo de forma que tem maior coeficiente de Reynolds? O que pode ser feito para reduzir o coeficiente de Reynolds de um corpo num fluido? 19 23. /2017/issue41/sharks