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CONTINUIDADE. SEPARAÇÃO JUDICIAL. CESSÃO DE DIREITOS. ALIENAÇÃO JUDICIAL DE BEM. CONDOMÍNIO. PARTILHA. CESSÃO DE DIREITOS.

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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº /SC CÂNDIDO ALFREDO SILVA LEAL JUNIOR AGRAVANTE : FILIPI BUENO DA SILVA ADVOGADO : ELIANE EMÍLIA

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TERCEIRA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO Nº 10985/ CLASSE CNJ COMARCA DE POXORÉO

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Supremo Tribunal Federal

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DESENVOLVIMENTO VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO - QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA - EXTINÇÃO DO FEITO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO - ART. 557, DO CPC.

ACÓRDÃO. ACORDAM os Desembargadores que integram a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de

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Florianópolis, 29 de fevereiro de 2012.

QUINTA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO Nº 22290/ CLASSE CNJ COMARCA CAPITAL WANIA APARECIDA OLIVEIRA BRAGA - ME APELADO: BANCO ITAÚ S. A.

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Transcrição:

RECURSO ESPECIAL Nº 241.814 - SP (1999/0113990-2) RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO RECORRENTE : ZAIDA PEREIRA PERUCHE - ESPÓLIO E OUTROS ADVOGADOS : RAQUEL LOPES SALES E SILVA E OUTRO(S) JOÃO RICARDO BARSUGLIA E OUTRO(S) RECORRIDO : JOSÉ DA PAIXÃO MEIRINHOS E OUTRO ADVOGADO : EDMO JOÃO GELA E OUTRO(S) EMENTA DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DAS COISAS. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA. AUSÊNCIA DE BOA-FÉ E JUSTO TÍTULO. IRRELEVÂNCIA. AÇÃO DISCRIMINATÓRIA. NÃO-INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO AQUISITIVA. POSSE PRECÁRIA. SÚMULA 07/STJ. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO. 1. Não há violação ao art. 535 do CPC quando o acórdão recorrido se manifestou acerca de todos os pontos argüidos nos aclaratórios. 2. Afasta-se a indigitada afronta aos arts. 492 e 550, ambos do Código Civil de 1.916, porquanto as teses articuladas pelos recorrentes lastreiam-se em alegada má-fé do antigo possuidor do imóvel e em ausência de justo título dos recorridos. Porém, o acórdão ora hostilizado afastou a pretensão reivindicatória dos recorrentes pelo reconhecimento de usucapião extraordinária, que, sabidamente, dispensa comprovação de boa-fé e justo título. 3. A ação discriminatória ajuizada pelo Estado de São Paulo não tem o condão de interromper o lapso temporal da prescrição aquisitiva, porquanto seu escopo é a especificação de terras devolutas, sem gerar efeitos em relação a terceiros particulares, como já decidiu esta Corte no REsp. 205.969/SP. 4. As conclusões a que se chegou o acórdão recorrido, de que não se tratava de posse precária, somente poderia ser desfeita mediante análise do título translativo de posse, o que transborda à esfera cognitiva do recurso especial, à luz do enunciado n. 07 da Súmula desta Corte. 5. O reconhecimento da prescrição aquisitiva dos imóveis em testilha ocorreu em razão de posse mansa e pacífica exercida desde 24 de fevereiro de 1.966 e a reivindicatória só foi proposta em 10 de março de 1.993, após escoado o lapso temporal de 20 anos exigido para usucapião extraordinária. Assim, a análise acerca dos efeitos da reintegração de posse ajuizada em face do anterior possuidor mostra-se despicienda, porquanto, ainda assim, a usucapião extraordinária estaria consumada, tendo em vista que a posse exercida pelos recorridos já seria bastante. 6. Recurso especial não conhecido. ACÓRDÃO Documento: 846200 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2008 Página 1 de 11

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, não conhecer do recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Carlos Fernando Mathias (Juiz Federal convocado do TRF 1ª Região), Fernando Gonçalves, Aldir Passarinho Junior e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 09 de dezembro de 2008(data do julgamento). Ministro Luis Felipe Salomão Relator Documento: 846200 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2008 Página 2 de 11

CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUARTA TURMA Número Registro: 1999/0113990-2 REsp 241814 / SP Números Origem: 109248 10924899 31593 PAUTA: 04/12/2008 JULGADO: 04/12/2008 Relator Exmo. Sr. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. DURVAL TADEU GUIMARÃES Secretária Bela. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI AUTUAÇÃO RECORRENTE : ZAIDA PEREIRA PERUCHE - ESPÓLIO E OUTROS ADVOGADOS : RAQUEL LOPES SALES E SILVA E OUTRO(S) JOÃO RICARDO BARSUGLIA E OUTRO(S) RECORRIDO : JOSÉ DA PAIXÃO MEIRINHOS E OUTRO ADVOGADO : EDMO JOÃO GELA E OUTRO(S) ASSUNTO: Civil - Direito das Coisas - Posse - Reivindicatória CERTIDÃO Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "Adiado por indicação do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Brasília, 04 de dezembro de 2008 TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI Secretária Documento: 846200 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2008 Página 3 de 11

RECURSO ESPECIAL Nº 241.814 - SP (1999/0113990-2) RECORRENTE ADVOGADOS RECORRIDO ADVOGADO : ZAIDA PEREIRA PERUCHE - ESPÓLIO E OUTROS : RAQUEL LOPES SALES E SILVA E OUTRO(S) JOÃO RICARDO BARSUGLIA E OUTRO(S) : JOSÉ DA PAIXÃO MEIRINHOS E OUTRO : EDMO JOÃO GELA E OUTRO(S) RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO (Relator): 1. O Espólio de Zaida Pereira Peruche, litisconsorciado a José Carlos Pires Carneiro e João Ricardo Barsuglia, ajuizaram ação reivindicatória de imóvel situado na Rua Dr. Nério Nunes, no bairro Jardim Campo de Fora, Santo Amaro/SP, cumulada com indenização, em face de José Paixão Meirinhos e Terezinha de Jesus Nogueiro. Sustentaram que a primeira autora adquiriu os imóveis em razão de dissolução da Sociedade Empresa Bandeirantes de Loteamento LTDA e alienou aos demais autores área ideal de 84.700 m2. Aduziu que os requeridos, em conluio com terceiros (Antônio Domingues de Freitas e outros) teriam simulado compromisso de compra e venda e, mediante esbulho, se apossaram dos referidos lotes. Relatam, por fim, que foi ajuizada ação de Reintegração de Posse em 1.964 contra os antigos possuidores dos imóveis e, em 1.982, Ação Discriminatória pelo Estado de São Paulo (fls. 02/05). Em contestação, os réus argüiram, preliminarmente, ilegitimidade do Espólio e denunciaram à lide Antônio Domingues de Freitas e os herdeiros de Pedro Dias da Silva, de quem teriam adquirido os imóveis no ano de 1.966. Quanto ao mérito, alegaram boa-fé além de posse mansa e pacífica, com "animus domini", ininterruptamente, há mais de 20 anos, fazendo jus à usucapião extraordinária (fls. 33/38). Após regular trâmite, o MM Juiz da 2ª Vara Cível do Foro Regional de Santo Amaro e Ibirapuera, no Estado de São Paulo, julgou procedente o pedido reivindicatório e parcialmente procedente o indenizatório. Em grau de apelação, a Sexta Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, à unanimidade, deu provimento ao recurso manejado pelos réus, em acórdão assim ementado: Ação reivindicatória - alegação de prescrição aquisitiva - comprovação da posse mansa, pacífica e ininterrupta pelo prazo exigido - cabimento. Apelo provido para julgar improcedente a ação. (fl. 782) Documento: 846200 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2008 Página 4 de 11

assim fundamentadas: As razões que levaram o Tribunal a quo a prover o recurso de apelação estão Depreende-se dos elementos probatórios, que os apelantes adquiriram o lote de terreno situado no Bairro Campo Limpo em 24.2.1966, por compromisso particular de venda e compra firmado por Antônio Domingues de Freitas e outros, devidamente quitado, onde edificaram uma casa, mantendo a posse mansa, pacífica e ininterrupta sobre o bem. (...) Os apelantes mantêm a posse mansa e pacífica, por si e seu antecessor por cerca de vinte e nove anos. Quando a ação foi ajuizada já havia decorrido prazo superior a vinte anos, da aquisição. As ações de reintegração de posse que envolvia o loteamento "Jardim Campo Limpo" e discriminatória não interromperam o lapso prescricional, uma vez que dela não tomaram parte os apelantes. Assim, não se pode dizer que a posse dos apelantes era precária. O trâmite da ação possessória não obstou a prescrição aquisitiva. Os apelantes sempre atuaram frente à coisa como se proprietários fossem, exercendo todos os poderes inerentes ao domínio e à posse, de sorte que a natureza da titularidade dos possuidores permite se afirmar que existe uma justa causa de aquisição pelo usucapião extraordinário, não sendo injusta, precária ou clandestina a forma de ingresso na posse iniciada sobre o bem reivindicado. (...) Enfim, sendo induvidosa a posse dos réus, a exceção do domínio dos reivindicantes não é de ser acolhida, pois aqueles não se encontram indevidamente na posse, não prevalecendo assim o direito do proprietário por se tratar de posse "ad usucapionem ", não tendo havido a ruptura de continuidade, eis que, a ação possessória anteriormente proposta, não rompeu o lapso prescricional aquisitivo, uma vez que dela não participaram os apelantes como litisconsortes, de sorte que a sentença proferida entre as partes originárias não estendeu os seus efeitos aos adquirentes. (fls. 783/784) Os embargos de declaração foram rejeitados pelo acórdão de fls. 844/846. Irresignados, os autores interpuseram recurso especial, arrimado na alínea "a" da norma constitucional autorizadora, alegando: a) Negativa de vigência ao art. 535, I e II, do CPC, uma vez que o acórdão recorrido não teria se manifestado sobre o alegado esbulho possessório praticado pelo antigo possuidor (Antônio Domingues Freitas), silenciando, ademais, acerca da aplicação dos arts. 492 do Código Civil de 1.916 e 42, 3º, do CPC; deixou de se manifestar sobre a precariedade da posse do recorrido, uma vez que estes a exerciam em nome de outrem, que eram réus em ação possessória relativa aos imóveis; não reconheceu a interrupção da prescrição aquisitiva decorrente de Ação Discriminatória ajuizada pelo Estado de São Paulo. b) Violação dos arts. 42, 3º, e 219, ambos do CPC, porquanto os efeitos da ação possessória ajuizada contra os possuidores originários se estenderiam aos recorridos, Documento: 846200 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2008 Página 5 de 11

além do fato de que a citação válida desta ação e da Ação Discriminatória teria o condão de interromper a prescrição aquisitiva; c) Ofensa ao art. 492 do Código Civil de 1.916, uma vez que os recorridos teriam inequívoca ciência de que a posse exercida pelo possuidor anterior e alienante do imóvel (Antônio Domingues de Freitas) era de má-fé, inclusive reconhecida em processo criminal, característica que seria transmitida à posse dos recorridos; d) Vulneração do art. 550 do C.C. de 1.916, tendo em vista que a posse exercida pelos recorridos era precária, em nome dos réus da ação possessória, circunstância que afastaria o ânimo de dono. Alega ainda que o simples trâmite da ação possessória já implicaria oposição à posse exercida pelos recorridos e que, dada a litigiosidade da área, não poderia ser considerado como "justo título" o compromisso celebrado com os antigos possuidores; e) Afronta ao "disposto" nos arts. 128 e 302 do CPC, uma vez que "ao afirmar que não estaria provada a abrangência da possessória sobre o lote reivindicado, (...) conheceu de alegações não realizadas pelas partes" (fl. 859). Contra-arrazoado (fls. 942/949), o especial foi admitido. É o relatório. Documento: 846200 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2008 Página 6 de 11

RECURSO ESPECIAL Nº 241.814 - SP (1999/0113990-2) RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO RECORRENTE : ZAIDA PEREIRA PERUCHE - ESPÓLIO E OUTROS ADVOGADOS : RAQUEL LOPES SALES E SILVA E OUTRO(S) JOÃO RICARDO BARSUGLIA E OUTRO(S) RECORRIDO : JOSÉ DA PAIXÃO MEIRINHOS E OUTRO ADVOGADO : EDMO JOÃO GELA E OUTRO(S) EMENTA DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DAS COISAS. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA. AUSÊNCIA DE BOA-FÉ E JUSTO TÍTULO. IRRELEVÂNCIA. AÇÃO DISCRIMINATÓRIA. NÃO-INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO AQUISITIVA. POSSE PRECÁRIA. SÚMULA 07/STJ. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO. 1. Não há violação ao art. 535 do CPC quando o acórdão recorrido se manifestou acerca de todos os pontos argüidos nos aclaratórios. 2. Afasta-se a indigitada afronta aos arts. 492 e 550, ambos do Código Civil de 1.916, porquanto as teses articuladas pelos recorrentes lastreiam-se em alegada má-fé do antigo possuidor do imóvel e em ausência de justo título dos recorridos. Porém, o acórdão ora hostilizado afastou a pretensão reivindicatória dos recorrentes pelo reconhecimento de usucapião extraordinária, que, sabidamente, dispensa comprovação de boa-fé e justo título. 3. A ação discriminatória ajuizada pelo Estado de São Paulo não tem o condão de interromper o lapso temporal da prescrição aquisitiva, porquanto seu escopo é a especificação de terras devolutas, sem gerar efeitos em relação a terceiros particulares, como já decidiu esta Corte no REsp. 205.969/SP. 4. As conclusões a que se chegou o acórdão recorrido, de que não se tratava de posse precária, somente poderia ser desfeita mediante análise do título translativo de posse, o que transborda à esfera cognitiva do recurso especial, à luz do enunciado n. 07 da Súmula desta Corte. 5. O reconhecimento da prescrição aquisitiva dos imóveis em testilha ocorreu em razão de posse mansa e pacífica exercida desde 24 de fevereiro de 1.966 e a reivindicatória só foi proposta em 10 de março de 1.993, após escoado o lapso temporal de 20 anos exigido para usucapião extraordinária. Assim, a análise acerca dos efeitos da reintegração de posse ajuizada em face do anterior possuidor mostra-se despicienda, porquanto, ainda assim, a usucapião extraordinária estaria consumada, tendo em vista que a posse exercida pelos recorridos já seria bastante. 6. Recurso especial não conhecido. Documento: 846200 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2008 Página 7 de 11

VOTO O EXMO. SR. MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO (Relator): 2. Afasto, de início, a pretensa vulneração do art. 535, I e II, do CPC. Isso porque o acórdão recorrido se manifestou acerca de todos os pontos argüidos nos aclaratórios, tais como a alegada precariedade da posse dos recorridos, a não-interrupção do prazo de prescrição aquisitiva pelo ajuizamento de reintegração de posse e ação discriminatória em face de antigos possuidores, bem como a não-extensão dos efeitos da sentença proferida na ação possessória aos recorridos. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. RECURSO INTERPOSTO VIA FAX DE FORMA INCOMPLETA. INTEMPESTIVIDADE. ART. 545, DO CPC, REEXAME DE MATÉRIA JÁ APRECIADA. IMPOSSIBILIDADE. 1. Inexistindo omissão, obscuridade ou contradição, não há como prosperarem os embargos de declaração. 2. Os embargos de declaração não se prestam para provocar o reexame de matéria já apreciada. 3. Recurso interposto de forma parcial via fax, apesar de protocolado no prazo legal, não tem o condão de afastar a intempestividade decorrente de sua incompletude. 4. Embargos declaratórios rejeitados. (EDcl no AgRg nos EDcl no Ag 1002969/RS, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 06/11/2008, DJe 24/11/2008). _ 3. Por outro lado, a alegação de ofensa aos arts. 128 e 302 do CPC não pode ser conhecida, uma vez que a fundamentação que a sustenta não guarda qualquer relação com o que foi decidido no acórdão, razão por que deve incidir, no particular, o enunciado sumular nº 284/STF. 4. Rechaço, também, a indigitada afronta aos arts. 492 e 550, ambos do Código Civil de 1.916, porquanto as teses articuladas pelos recorrentes lastreiam-se em alegada má-fé do antigo possuidor do imóvel e em ausência de justo título dos recorridos. Porém, o acórdão ora hostilizado afastou a pretensão reivindicatória dos recorrentes pelo reconhecimento de usucapião extraordinária, que, sabidamente, dispensa comprovação de boa-fé e justo título. A tese de que o art. 550 do CC/16 proclama mera presunção de boa-fé foi, há tempos, repelida pela doutrina e jurisprudência. Esta é a substanciosa lição de Caio Mário da Silva Pereira: Se de presunção se tratasse, (...) seria ela "absoluta ou condicional"? Sendo absoluta, não se cogitaria mesmo dela, porque provada a posse e o Documento: 846200 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2008 Página 8 de 11

tempo, vigoraria a "presunção", sem possibilidade de se ilidir. E se fosse relativa (...) a orientação legislativa estaria errada, porque o usucapião trintenário veio substituir o "imemorial" das Ordenações, em cuja incidência não se cogitava daqueles elementos acidentais. O que o legislador de 1916 em verdade pretendeu foi que tais condições se dispensassem. (...) O que era e continua vigente é que, para o usucapião extraordinário não se reclama título por parte do usucapiente, nem se exige boa-fé. (Instituições de Direito Civil, vol. IV. Direitos Reais. 19ª Ed. Forense. p. 143/144). A jurisprudência desta Casa, por sua vez, não vacila: CIVIL E PROCESSUAL. ACÓRDÃO ESTADUAL. NULIDADE NÃO CONFIGURADA. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. CONTESTAÇÃO ALEGANDO TEMPO PARA PRESCRIÇÃO AQUISITIVA. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. PERÍODO SUPERIOR A VINTE ANOS DE OCUPAÇÃO. JUSTO TÍTULO. DESNECESSIDADE. BOA-FÉ PRESUMIDA EX VI LEGIS (CC ANTERIOR, ART. 550). MATÉRIA ARGÜÍVEL EM DEFESA. PROVA. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7-STJ. (...) II. Reconhecimento da prescrição aquisitiva extraordinária, pela ocupação do imóvel por período superior a vinte anos, trazendo presunção legal de boa-fé e dispensando o justo título, a prevalecer sobre a pretensão reivindicatória do autor. (...) IV. Recurso especial não conhecido. (REsp 316.453/SP, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 16/09/2004, DJ 06/12/2004 p. 315); RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. MATÉRIA DE DEFESA. BEM PERTENCENTE A SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. POSSIBILIDADE. I Entre as causas de perda da propriedade está o usucapião que, em sendo extraordinário, dispensa a prova do justo título e da boa-fé, consumando-se no prazo de 20 (vinte) anos ininterruptos, em consonância com o artigo 550 do Código Civil anterior, sem que haja qualquer oposição por parte do proprietário. (...) Recurso especial provido. (REsp 647.357/MG, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/09/2006, DJ 23/10/2006 p. 300). 5. No que concerne à Ação Discriminatória ajuizada pelo Estado de São Paulo, esta não tem o condão de interromper o lapso temporal da prescrição aquisitiva, porquanto seu escopo é a especificação de terras devolutas, sem gerar efeitos em relação a terceiros Documento: 846200 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2008 Página 9 de 11

particulares, como já decidiu esta Corte no REsp. 205.969/SP, interposto pelos próprios recorrentes: Ação reivindicatória. Súmula 7/STJ. Discriminatória. Interrupção prescrição aquisitiva. Alterar a conclusão de que os documentos, trazidos pelo autores, não são suficientes para demonstrar a propriedade do imóvel reivindicado importaria reexame dos fatos, vedado pela Súmula 7/STJ. A ação discriminatória não interfere nas relações entre particulares, vez que se destina a especificar terras devolutas. Não configura a oposição, mencionada no artigo 550 do Código Civil, capaz de interromper o fluxo do prazo de usucapião. (REsp 205.969/SP, Rel. Ministro EDUARDO RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/02/2000, DJ 15/05/2000 p. 159). 6. A alegação de ausência de animus domini, ao argumento de que a posse exercida pelos recorridos seria precária, não pode ser conhecida. As próprias razões do recurso especial dão conta de que "o compromisso anexado pelos Recorridos deixa claro que a posse a eles transmitida é precária e em nome de Antônio Domigues de Freitas". Assim, as conclusões a que se chegou o acórdão recorrido, de que não se tratava de posse precária, somente poderia ser desfeita mediante análise do título translativo de posse, o que transborda à esfera cognitiva do recurso especial, à luz do enunciado n. 07 da Súmula desta Corte. Em realidade, o reconhecimento da prescrição aquisitiva do imóvel em testilha ocorreu em razão de posse mansa e pacífica exercida desde 24 de fevereiro de 1.966, data da celebração do compromisso de compra e venda entre os recorridos e os antigos possuidores, conforme fl. 783 do voto condutor. Porém, a presente ação reivindicatória só foi proposta em 10 de março de 1.993, após escoado o lapso temporal de 20 anos exigido para usucapião extraordinária. Assim, a análise acerca dos efeitos da reintegração de posse ajuizada em face do anterior possuidor mostra-se despicienda, porquanto, ainda assim, a usucapião extraordinária estaria consumada, tendo em vista que a posse exercida pelos recorridos já seria bastante. Solução idêntica foi tomada no REsp 226.351/SP, Rel. Ministro PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 28/03/2006. ALDIR Afasto assim a pretensa vulneração dos arts. 42, 3º e 219, ambos do CPC. 7. Por tais razões, não conheço do recurso especial. É como voto. Documento: 846200 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2008 Página 10 de 11

CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUARTA TURMA Número Registro: 1999/0113990-2 REsp 241814 / SP Números Origem: 109248 10924899 31593 PAUTA: 04/12/2008 JULGADO: 09/12/2008 Relator Exmo. Sr. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro FERNANDO GONÇALVES Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. ANTÔNIO CARLOS FONSECA DA SILVA Secretária Bela. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI AUTUAÇÃO RECORRENTE : ZAIDA PEREIRA PERUCHE - ESPÓLIO E OUTROS ADVOGADOS : RAQUEL LOPES SALES E SILVA E OUTRO(S) JOÃO RICARDO BARSUGLIA E OUTRO(S) RECORRIDO : JOSÉ DA PAIXÃO MEIRINHOS E OUTRO ADVOGADO : EDMO JOÃO GELA E OUTRO(S) ASSUNTO: Civil - Direito das Coisas - Posse - Reivindicatória CERTIDÃO Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, não conheceu do recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Carlos Fernando Mathias (Juiz Federal convocado do TRF 1ª Região), Fernando Gonçalves, Aldir Passarinho Junior e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 09 de dezembro de 2008 TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI Secretária Documento: 846200 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/12/2008 Página 11 de 11