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Transcrição:

ATO INFRACIONAL. AUDIÊNCIA DE APRESENTAÇÃO E OITIVA DOS REPRESENTADOS. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO DOS PAIS OU RESPONSÁVEL. NULIDADE. A notificação dos pais ou responsável para comparecer à audiência de apresentação é obrigatória (art. 184, 1.º e 4.º, ECA), sob pena de nulidade do procedimento. Precedentes. Nulidade decretada. APELAÇÃO CÍVEL OITAVA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE GUAÍBA C.R.S... M.P.. APELANTE APELADO D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A Vistos. Trata-se de apelação interposta por CRISTIANO R. S., pois inconformado com a sentença exarada nos autos da ação de apuração de ato infracional contra si ofertada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO que, julgando procedente o pedido, responsabilizou o apelante pela prática das infrações descritas no art. 157, 2º, I (quatro vezes) e 157, 2º, I e II, (uma vez), na forma do art. 71, todos do Código Penal, aplicando-lhe medida socioeducativa de internação (fls. 274/295). Em suas razões recursais, o apelante, preliminarmente, afirma a configuração de nulidade ante à não-realização do estudo social. Quanto ao mérito, sustenta que a confissão, por si só, não tem o condão de conduzir à procedência da representação. Assevera que não houve qualquer reconhecimento formal válido, sendo que os que ocorreram são nulos, pois foi colocado ao lado de outros adolescentes com características diversas. Refere 1 1

que há somente a palavra da vítima, que também não o reconheceu. Acrescenta que a internação vem de encontro ao norte do Estatuto Menorista. Por fim, pretende o julgamento de improcedência da representação ou aplicação de medida menos severa que a internação (fls. 299/304). O recurso foi contra-arrazoado (fls. 317/333). Remetidos os autos a esta Corte, foram com vista ao Ministério Público que, em parecer de fls. 335/349, opinou pelo desprovimento do recurso. O recurso ostenta condições de ser conhecido, entretanto, verifica-se que padece o procedimento de nulidade absoluta, insanável, e que, por isso, deve ser decretada de ofício. Isso porque, conforme entendimento uníssono desta Câmara, é obrigatória a notificação dos pais ou responsável para a audiência de apresentação do adolescente em juízo, na forma do que dispõe o art. 184, 1.º, do ECA, assim redigido: Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo. 1.º. O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados do teor da representação, e notificados a comparecer à audiência, acompanhados de advogado. (sublinhei). PAULO AFONSO GARRIDO DA PAULA, in Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado Comentários Jurídicos e Sociais, Malheiros Editores, 2.ª edição, pág. 518, ao tratar da matéria, refere que: Além de citados, adolescente, pais ou responsável devem ser devidamente notificados a comparecer à audiência de apresentação, devidamente acompanhados de advogado. 2 2

Como se vê, a notificação dos pais ou responsável para comparecer à audiência de apresentação é obrigatória, sob pena de nulidade do procedimento, porque é uma garantia ao menor - pessoa em desenvolvimento -, no sentido de lhe ser proporcionada toda a assistência familiar na ocasião. Nesse sentido, inclusive, há muito vem decidindo esta Câmara, merecendo transcrição as seguintes ementas: APELAÇÃO CÍVEL. ECA. FURTO. INTERNAÇÃO PRELIMINAR DE NULIDADE ACOLHIDA TENDO EM VISTA O NÃO CUMPRIMENTO DO DISPOSTO NO ART. 184, 1º, DO ECA, ACARRETANDO PREJUÍZO AO MENOR, NÃO SENDO ADMISSÍVEL A NÃO COMUNICAÇÃO AOS GENITORES DO TEOR DA REPRESENTAÇÃO. AUSÊNCIA, IGUALMENTE, DE NOTIFICAÇÃO DOS PAIS DA AUDIÊNCIA DE APRESENTAÇÃO. CASSAÇÃO DA SENTENÇA. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 70004880175, OITAVA CÂMARA CÍVEL, DO RS, RELATOR: DES. JUCELANA LURDES PEREIRA DOS SANTOS, JULGADO EM 10/10/2002) APELAÇÃO CÍVEL. ECA. PROCESSO ANULADO EM FACE DA AUSÊNCIA DOS RESPONSÁVEIS PELO ADOLESCENTE QUANTO DA AUDIÊNCIA DE APRESENTAÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART-186, DO ECA. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 70001888726, OITAVA CÂMARA CÍVEL, DO RS, RELATOR: DES. ANTÔNIO CARLOS STANGLER PEREIRA, JULGADO EM 23/05/2002) ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. FALTA DE NOTIFICAÇÃO DOS PAIS PARA AUDIÊNCIA. FALTA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. AUDIÊNCIA REALIZADA SÓ COM A PRESENÇA DO MENOR. NULIDADE. Os pais devem ser notificados para a audiência de apresentação do adolescente, como também intimado pessoalmente do ato, o Ministério Público. Se não presentes o pai ou a mãe, e ausente o Ministério Público, por falta de intimação, evidente a nulidade do processo. Sentença desconstituída. (AC 3 3

n.º 598 084 697, relator DES. ANTÔNIO CARLOS STANGLER PEREIRA). ECA. ATO INFRACIONAL.CASO EM QUE O PROCESSO APRESENTA NULIDADE PELA FALTA DE CIENTIFICACAO DOS GENITORES SOBRE O TEOR DA REPRESENTACAO,BEM COMO PELA FALTA DE NOTIFICACAO DOS PAIS PARA A AUDIENCIA DE APRESENTACAO,NA QUAL DEVERIAM SER OUVIDOS. ANULARAM O PROCESSO.(AC Nº 70002611747, RELATOR: DES. RUI PORTANOVA). Na mesma esteira já tive oportunidade de me manifestar quando do julgamento da Apelação Cível n.º 70008597809, da qual fui relator, e em inúmeros outros julgamentos, já que esse é o entendimento unânime desta Câmara. No caso em exame, os pais do representado não foram notificados para comparecerem à audiência de apresentação em juízo. Do compulsar dos autos, detecta-se que o adolescente, na verdade, compareceu sozinho à referida solenidade (fl. 213), bem como pela mera leitura da certidão de fl. 230 verso, conclui-se que foi descumprida integralmente a determinação constante do Mandado de Citação e Notificação no sentido de que a comunicação fosse feita não só ao menor, mas também a seus pais ou responsáveis (fl. 230). É bem verdade que o adolescente estava internado quando de sua citação, entretanto, tal dado não arreda a constatação de que houve o descumprimento, também, do disposto no 4.º do art. 184, do ECA, o qual reza expressamente que estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável. De outra banda, a nomeação de advogado como curador dos adolescentes para o ato (fl. 213) não supre a nulidade nem valida a oitiva dele em juízo, porque tal nomeação só é válida se os pais ou responsável não forem localizados, conforme dispõe o 2.º do precitado artigo 184, do ECA. 4 4

No ponto, por importante, ressalta-se que igualmente restou desobedecido o inciso VI do art. 111 do Estatuto Menorista, ou seja, não foi assegurado também o direito do recorrente de solicitar a presença de seus pais ou responsável providência atinente à condição singular de pessoa em desenvolvimento que o caracteriza. Assim, fulcro no art. 557, caput, do CPC, outro caminho não resta senão decretar a nulidade do processo a partir da audiência de apresentação do representados, para que se proceda na forma do art. 184, 1.º e 4.º do ECA e, acaso esteja o menor segregado, determina-se a respectiva liberação, se não estiver cumprindo medida por qualquer outro motivo. Intime-se. Porto Alegre, 29 de novembro de 2005. DES. JOSÉ S. TRINDADE, Relator. 5 5