Mandioca outubro de 2008 Safra nacional 2006/07 Na safra brasileira 2006/07 foram plantados 2,425 milhões de hectares e colhidos 26,920 milhões de toneladas - representando um crescimento de 0,87% e de 1,06%, respectivamente, em relação à safra passada. As maiores produtividades pertencem aos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, contribuindo desta forma para um melhor desempenho da produção nacional (IBGE Levantamento Sistemático da Produção Agrícola - setembro de 2008). A Região Nordeste é detentora da maior fatia da produção nacional, com participação de 37,18%, seguida pelas regiões: Norte, 28,16%; Sul, 19,97%; Sudeste, 9,06% e Centro-Oeste, 5,61%. O Pará é o maior estado produtor de raiz, contribuindo com 19,4%, seguido pela Bahia, com 17,3% e o Paraná, com 12,5%. Estes três estados são responsáveis pela metade do volume de raiz produzido no País. A tabela 6 demonstra o comportamento, nas safras 2005/06 a 2007/08, de área colhida e quantidade produzida de raiz no Brasil e nos principais estados produtores. Tabela 1. Raiz de mandioca Área colhida e quantidade produzida - Brasil e principais estados Safras 2005/06 a 2007/08 Discriminação Área colhida (mil ha) Quantidade produzida (mil t) 2005/06 2006/07 2007/08 (¹) 2005/06 2006/07 2007/08 (¹) Brasil 1.896,5 1.912,9 1.882,5 26.639,0 26.920,5 26.598,6 Pará 314,1 324,4 308,8 5.078,4 5.217,0 4.843,0 Bahia 344,7 352,9 350,6 4.394,0 4.665,9 4.609,1 Paraná 173,0 150,4 180,0 3.840,4 3.365,0 3.962,6 Maranhão 212,1 213,5 212,6 1.720,3 1.802,2 1.775,0 Rio Grande do Sul 87,4 88,7 85,3 1.297,2 1.378,9 1.339,7 São Paulo 47,2 47,2 40,9 1.105,9 1.109,0 991,1 Minas Gerais 60,4 59,1 57,9 907,7 904,1 885,2 Ceará 88,6 99,7 95,3 860,8 769,4 924,9 Amazonas 85,6 74,7 75,9 770,4 698,8 680,5 Pernambuco 59,2 58,6 61,2 660,5 621,9 654,5 Santa Catarina 32,4 32,5 30,5 611,7 633,2 582,5 Mato Grosso 39,9 39,1 36,3 563,7 549,7 542,4 Rio Grande do Norte 48,7 51,6 51,7 521,6 566,2 574,6 Piauí 52,3 60,9 55,2 506,1 550,7 500,3 Rondônia 29,0 30,2 29,4 503,3 530,5 488,0 Mato Grosso do Sul 29,3 27,4 25,0 495,3 480,6 462,7 (¹) Safra 2007/08 Dados preliminares. Fonte: IBGE (LSPA de dezembro de 2006 e setembro de 2008). 1
O aumento gradativo da oferta nacional de matéria-prima, nos últimos anos, tem contribuído para uma diminuição relativa nos valores pagos pelas agroindústrias de farinha e fécula. Para os produtores que possuem contrato de entrega da produção, a situação é um pouco melhor, obtendo uma remuneração, na maioria dos casos, acima da média de mercado. Em 2007, ao contrário de 2006 e 2005, os principais agentes do segmento de farinha das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste conseguem manter o ritmo de venda alcançado em 2004 considerado satisfatório, sendo que o maior volume do produto comercializado é destinado aos consumidores dos estados da Região Nordeste. No segmento de fécula, apesar de persistir uma forte concorrência com o amido de milho, uma melhor organização dos setores de produção e de comercialização permite estabilidade nas vendas e no volume de negócios realizados. No mercado externo, os dados da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, demonstram que as vendas brasileiras de dextrina, colas e outros amidos e féculas modificados têm apresentado comportamento estável nos últimos oito anos nos principais centros consumidores internacionais. No período de 2002 a 2007 obteve-se uma movimentação média anual de 39,9 mil toneladas, sendo que em 2002 foram registradas as maiores vendas 56,9 mil toneladas e as menores no ano de 2000 22,9 mil toneladas. Em 2007, os nossos principais parceiros comerciais, por ordem de importância, são: dextrina - Argentina (24,6%), Chile (20,5%), Estados Unidos (17,4%) e África do Sul (7,4%) e Reino Unido (6,4%); fécula - Estados Unidos (38,3%), Venezuela (28,9%), México (7,8%), Canadá (4,3%) e Peru (3,9%). A Figura 1 demonstra o comportamento da movimentação financeira do mercado nacional de dextrina, colas e outros amidos e féculas modificados e os preços médios alcançados durante os anos de 2000 até setembro de 2008. Persiste a expectativa da indústria nacional da fécula de que, à medida que diminuam os subsídios aos produtores europeus de derivados de milho, arroz e batata, o aumento nos custos financeiros destes produtos torne o produto brasileiro mais competitivo no mercado externo. (US$ 1000) 40.000 35.000 30.000 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 - Figura 1. Dextrina, colas e outros amidos e féculas modificados - Valor exportado e preço médio - 2000 a 2008 Valor Preço médio 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2007(set)2008(set) Fonte: M DIC/Secex. (US$/t) 1.000,00 900,00 800,00 700,00 600,00 500,00 400,00 300,00 200,00 100,00-2
Panorama estadual Safra 2006/07 Em Santa Catarina, a safra 2006/07 mantém um desempenho bastante semelhante ao da safra passada, registrando uma área colhida de 32,5 mil hectares, quantidade produzida de 633,2 mil toneladas e rendimento médio de 19,5 toneladas por hectare (IBGE LSPA, setembro de 2008). Em 2007, as condições climáticas (quantidade de chuva, índice de insolação e de umidade relativa do ar) favorecem o desenvolvimento vegetativo da lavoura mandioqueira estadual, fato que contribui para a diminuição de doenças e ataque de pragas, resultando num aumento na produtividade média da lavoura. Na região Sul Catarinense, nos municípios de Laguna e Imaruí, a colheita e o processamento da matéria-prima iniciam tradicionalmente mais cedo. Esses serviços começaram na segunda quinzena do mês de março de 2007, priorizando o arranquio da raiz de dois ciclos, destinada à produção de farinha fina, preferencialmente consumida pela população litorânea dos municípios entre Laguna e Joinville. Nos demais municípios produtores da região Sul Catarinense, a comercialização da matéria-prima com as farinheiras, fecularias e polvilheiras ocorre somente a partir da segunda semana do mês de abril. Nesta região tem se constatado que a boa produtividade (t/ha) da maioria das lavouras não tem sido acompanhada pelo correspondente rendimento do setor industrial registrando um teor de amido bem abaixo da média histórica, oscilando entre 10% e 15% menor que a safra passada. Tal comportamento fez com que a raiz de dois ciclos fosse vendida principalmente às agroindústrias de féculas, ao passo que a de um ciclo extraída a partir do mês de junho tivesse a preferência das agroindústrias de farinha. Na região produtora do Alto Vale do Itajaí, excepcionalmente neste ano, algumas farinheiras e fecularias anteciparam as suas atividades para o mês de abril, priorizando as compras da raiz de três anos (produto remanescente das safras passadas), com teor de amido acima de 23% (230 quilos por tonelada de raiz processada). Este procedimento beneficiou alguns produtores que conseguiram antecipar o pagamento dos compromissos financeiros assumidos com a lavoura. A partir do mês de junho, no entanto, as agroindústrias aumentaram gradativamente a demanda de matéria-prima (mandioca de dois ciclos), valorizando o produto com maior teor de amido. Pela análise da evolução dos preços nominais (médias anuais) da raiz e seus derivados nos anos de 2002 a 2007, observa-se que as menores valorizações ocorreram em 2002 e 2006; em meados do mês de outubro de 2002 aconteceram os primeiros sinais de reação dos preços, que se mantiveram crescentes durante 2003 e 2004, quando atingiu sua maior valorização. Em 2005 começou a perder força; continuou caindo em 2006 e somente em 2007 apresentou uma pequena reação. Embora superasse os preços recebidos em 2006, ficou ainda abaixo daqueles alcançados nos anos de 2003 e 2004 (Figura 2). Excepcionalmente em 2007, constata-se que, durante o período de maior concentração da produção, os níveis de preços médios nos segmentos farinha, fécula e polvilho azedo permaneceram relativamente mais altos que em 2006. Mesmo assim, os preços da matériaprima não foram corrigidos na mesma proporção, mantendo-se praticamente constantes durante toda a colheita. 3
No ano 2007, a exemplo de 2006, a demanda esteve reprimida, detectou-se um aumento gradativo da oferta e as compras foram limitadas ao estritamente necessário pelos agentes de comercialização. No segmento da farinha, este quadro se fez mais acentuado; no segmento da fécula, um pouco mais ameno; já no de polvilho azedo, as opções criadas a partir de alguns de seus subprodutos (pão-de-queijo, beiju, rosca, bolacha, palito, cuscuz e broa) promoveram um maior movimento nas vendas, assegurando os preços em patamares relativamente mais remuneradores, principalmente a partir do terceiro trimestre do ano. Em 2008, os preços continuaram superiores aos de 2007 para a raiz e seus derivados, embora muito distantes daqueles recebidos nos anos de 2003 e 2004 e no segmento de polvilho azedo também em 2005. Tabela 2 - Raiz e derivados - Variação % de preços ao produtor e indústria, Santa Catarina 2002 a 2008 (2007=100) Produto 2002 2003 2004 2005 2006 2008 (¹) Raiz (0,49) 0,41 0,66 0,01 (0,27) 0,17 Farinha fina (0,55) 0,35 0,65 (0,14) (0,26) 0,06 Farinha grossa (0,54) 0,51 0,67 (0,07) (0,26) 0,20 Fécula (0,47) 0,39 0,69 (0,01) (0,19) 0,05 Polvilho azedo (0,54) 0,15 0,81 0,41 (0,17) 0,07 (¹) Período de janeiro a outubro (1ª quinzena). Fonte: Epagri/Cepa. O comportamento anual de preços nominais da matéria-prima (raiz) e de seus derivados, coletados nas regiões Sul Catarinense e Alto Vale do Itajaí, nos anos de 2000 a 2007, são demonstrados na figura 2. Os preços das farinhas fina e grossa e polvilho azedo referem-se a região Sul Catarinense, os da fécula a região do Alto Vale do Itajaí, enquanto os da raiz é a média simples dessas duas regiões. Figura 2. Mandioca - Raiz e derivados - Preços médios anuais - Regiões Sul Catarinense e Alto Vale do Itajaí 2002 a 2008 (¹) 2,5 2 1,5 Farinha fina Farinha grossa Fécula Polvilho Raiz 1 0,5 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 (¹) Situação até a 1ª quinzena de outubro de 2008. Fonte: Epagri/Cepa. 4
Safra nacional 2007/08 As estimativas do IBGE (em setembro) indicam para a safra nacional 2007/08 um total de 26,598,6 milhões de toneladas, numa área a ser colhida de 1,882 milhão hectares de lavoura, representando uma queda de 1,2% e 1,6%, respectivamente, em relação à safra passada. Em relação à safra passada, as regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste apresentam uma diminuição de área e produção nos principais estados produtores; a Região Nordeste deve ter desempenho bastante semelhante; enquanto a Sul apresenta-se crescente, influenciado pelo expressivo aumento de 19,7% de área e de 17,7% na produção do estado do Paraná; todavia, poderão ocorrer pequenos ajustes para baixo ou para cima nos dados atuais (Tabela 1). Em 2008, o mercado brasileiro da raiz e derivados da mandioca continua apresentando comportamento bastante semelhante ao verificado nos últimos anos, qual seja: aumento da oferta; demanda reprimida (sendo mais acentuada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste); e preços relativamente estáveis no período de maior concentração da colheita (maio a agosto), com sinais de melhora, a partir de meados do mês de setembro. No mercado externo, no período de janeiro a setembro, as vendas brasileiras de dextrina, colas e outros amidos a féculas modificados, têm um comportamento crescente. Todavia, a falta de tradição e de competência dos principais agentes do setor para romper as barreiras impostas, principalmente pelos produtores europeus que recebem amplo apoio da política de subsídios à produção e à comercialização de seus produtos (milho, batata, dentre outros) continua sendo o maior entrave encontrado pelo exportador brasileiro. Safra estadual 2007/08 Em Santa Catarina, as estimativas do IBGE para a safra 2007/08 são de 582,5 mil toneladas produzidas numa área a ser colhida de aproximadamente 30,5 mil hectares, representando um decréscimo de 5,8% e 8,0% respectivamente (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola setembro de 2008). Semelhante à safra passada, a colheita e o processamento da matéria-prima nesta safra iniciam pelos municípios de Laguna e Imaruí na segunda quinzena do mês de março e se estendem para os demais municípios produtores da região Sul Catarinense a partir do mês de abril, priorizando o arranquio da raiz de dois ciclos. Nos demais municípios produtores da região Sul Catarinense, a comercialização da matériaprima com os segmentos farinha, fécula e polvilho azedo ocorre a partir da segunda semana do mês de abril. Nesta região há uma melhoria da produtividade (t/ha) das lavouras, acompanhada pelo correspondente rendimento do setor industrial registrando um teor de amido entre 10% e 15% maior que o da safra passada. Na região produtora do Alto Vale do Itajaí, as farinheiras e as fecularias, a exemplo da safra passada, continuaram priorizando as compras da raiz com teor de amido acima de 23%. A partir do mês de junho, as agroindústrias aumentaram gradativamente a compra de matériaprima, remunerando o produto de acordo com teor de amido. Em 2008, a expectativa dos agentes do setor mandioqueiro catarinense é bastante semelhante à do cenário brasileiro: ocorre um aumento da área remanescente nas principais regiões produtoras do estado; o mercado retraído no primeiro semestre terá pequenos sinais de melhora no segundo semestre; os preços dos segmentos farinha e fécula, praticamente estáveis no período de fevereiro a setembro, terão alguma reação a partir de outubro, mesmo 5
convivendo com o aumento da concorrência de produtos e subprodutos de outros estados; o segmento de polvilho azedo, no entanto tem preços crescentes, favorecidos principalmente pelos seus subprodutos (rosca, pão de queijo, bolacha, broa, bolo, dentre outros); persiste a escassez de capital de giro no setor produtivo e de processamento, comprometendo a saúde financeira da atividade. Safra estadual 2008/09 Prosseguem as atividades de plantio da safra catarinense 2008/09 um pouco mais adiantado nos municípios da região Sul Catarinense, enquanto na região do Alto Vale do Itajaí encerrará somente no final do mês de novembro. No estado, o primeiro levantamento do IBGE/GCEA (realizado em outubro) apresenta uma pequena evolução na safra de mandioca, com crescimento de 1,4% na área plantada (39.042 hectares); de 5,1% na área a ser colhida (32.109 hectares); e de 5,5% na quantidade produzida. Algumas microrregiões geográficas diminuíram a área plantada, caso de Rio do Sul, com 3,8% e de Ituporanga, com 13,7%. Conseqüência dos baixos preços recebidos pela raiz na safra passada. Por outro lado, as microrregiões de Tubarão, Criciúma e Araranguá apresentam incremento de área plantada (2,8%, 6,9% e 0,7%, respectivamente) - estimuladas pelos preços mais remuneradores da matéria-prima e melhores produtividades da lavoura obtidos na safra 2007/08. Luiz Marcelino Viera 6