NOTÍCIAS FISCAIS Nº 2.757 BELO HORIZONTE, 31 DE JANEIRO DE 2014.



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Transcrição:

http://www.bhauditores.com.br/ NOTÍCIAS FISCAIS Nº 2.757 BELO HORIZONTE, 31 DE JANEIRO DE 2014. "Gostar de ler é trocar horas de tédio por outras deliciosas." Montesquieu INDÚSTRIA MINEIRA TEM EM 2013 O PIOR RESULTADO DESDE A CRISE DE 2009... 2 ABRANGÊNCIA DE AÇÕES NO STF ENTRA NA PAUTA... 4 INCIDE IOF NA CESSÃO DE CRÉDITO COM COOBRIGAÇÃO... 5 MG MUDA REGRAS PARA PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS... 5 EMPRESA É CONDENADA POR PEDIR ANTECEDENTES CRIMINAIS EM PROCESSO ADMISSIONAL... 7 ESPECIAL ESOCIAL... 8 CONSULTOR PREVÊ DIFICULDADES NA IMPLANTAÇÃO DO ESOCIAL... 8 FALTA DE PREPARO DE PMES É PONTO DE PREOCUPAÇÃO... 9 CUSTO CONTÁBIL PODE AUMENTAR 20% NO PRIMEIRO ANO... 10 PRIMEIRO PASSO É OLHAR CONSISTÊNCIA DE DADOS... 12 QUESTÕES LIGADAS À SAÚDE TERÃO QUE SER AGRUPADAS... 13 REDUÇÃO DA BUROCRACIA É APONTADA COMO VANTAGEM... 15 FORNECEDORES TESTAM NOVOS SISTEMAS... 16 TRANSMISSÃO DEVE COMEÇAR COM PRODUTOR RURAL... 18 AJUSTE REQUER SUPORTE DE ESPECIALISTAS... 19 DIREITO ASSEGURADO... 21

Indústria mineira tem em 2013 o pior resultado desde a crise de 2009 Fonte: Estado de Minas. A indústria mineira apresentou em 2013 o pior resultado de faturamento desde a crise financeira internacional, que estourou em 2008 e teve o principal impacto na economia brasileira em 2009. Segundo série histórica da pesquisa Indicadores Industriais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o faturamento apresentou queda de 0,05% no ano passado, ante crescimento de 0,32% em 2012. O resultado só não foi pior do que o registrado em 2009, quando a receita da indústria recuou -7,86%. Na avaliação do presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da Fiemg, Lincoln Fernandes, 2013 foi um ano mediano e sem motivos para ser lembrado. A estagnação foi puxada por perdas no faturamento dos setores de maior peso na produção fabril do estado. As vendas do ramo de metalurgia básica recuaram 3,54%, enquanto as dos produtos de metal tiveram retração de 15,69%. Outra contribuição foi o avanço tímido da receita do setor extrativo mineral, de grande importância para o estado, que chegou a 1,01% no ano. O setor de produtos de metal entende que com o câmbio mais elevado a demanda interna vai crescer em 2014. Ou seja, será um ano de recuperação, já que 2013 foi um ano para esquecer, afirmou Fernandes. O ramo da metalurgia básica, representado pelas usinas siderúrgicas, enfrentou ao longo do ano a concorrência do aço estrangeiro e a baixa demanda das exportações, em decorrência dos altos estoques no mundo. Já o segmento de produtos de metal, composto basicamente pelas fábricas de estruturas metálicas, amargou desaquecimento e também foi pressionado pela concorrência externa. No caso dos produtos de metal, o impacto foi o aumento da alíquota de importação de placas metálicas, que levou os fornecedores internacionais a substituí-las por estruturas prontas, trazendo uma concorrência predatória para a indústria nacional, explica o presidente do conselho da Fiemg. Compensação As receitas obtidas pela indústria de bens de consumo, no entanto, compensaram as perdas dos demais setores, fazendo com que o resultado do ano não fosse pior. Entre os destaques, os setores de artigos do vestuário e acessórios (10,96%), produtos têxteis (7,13%), produtos alimentícios (8,96%) e bebidas (8,69%). Fernandes explica que o salto pode ser explicado pelo aumento da demanda interna, mas também pela questão do câmbio. Esse não foi um ano perdido porque esses setores andaram bem. No caso do tecido e das confecções, por exemplo, o câmbio diminuiu a importação, explica o presidente, que lembra o efeito do câmbio também sobre a exportação de alimentos e de derivados do leite. Depois de um 2013 conturbado para a indústria, 2014 promete ser um ano de recuperação, segundo Lincoln. Entre os fatores que devem alavancar a produção

fabril, está a Copa, mas também o crescimento da demanda interna e de exportações por grandes e médias empresas. O crescimento da economia, apesar de estar aquém da necessidade e da expectativa do país, vem segurando o emprego e a renda do trabalhador brasileiro, que tem motivos para se lembrar de 2013. No ano passado, o desemprego caiu pela quinta vez consecutiva no Brasil desde 2008. É o que mostram dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao longo de 2013, o desemprego médio apurado nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Salvador foi de 5,4%, 0,1 ponto percentual inferior ao observado em 2012 (5,5%) e 7 pontos percentuais abaixo da média de 2003 (12,4%). Trata-se da menor taxa média anual da história, segundo a pesquisa. Em dezembro, a taxa mensal caiu para 4,3%, ante 4,6% em novembro, e também é a menor em 11 anos. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a taxa de desocupação média anual ficou em 4,2% no ano passado, ante 4,4% em 2012. Os números divergem do resultado da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), da Fundação João Pinheiro (FJP), Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese) e outros parceiros, divulgada anteontem, porque a metodologia aplicada nos dois levantamentos é diferente. A taxa da RMBH foi a segunda menor entre as sete regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, atrás apenas de Porto Alegre, com 3,5%. A maior taxa de desocupação foi encontrada em Salvador (8,1%), seguida de Recife (6,4%) e São Paulo (5,9%). A gente percebe que a situação do mercado de trabalho no país é de estabilidade. Tirando questões sazonais, o emprego ficou estável ao longo de 2013 e isso está se refletindo na taxa, observa a analista do IBGE em Minas, Luciene Longo. Para o professor titular da Unicamp, Cláudio Salvadore Dedecca, existe uma certa confusão do debate sobre economia e mercado de trabalho no país. Como nossa expectativa é de que o Brasil cresça mais, parece que não está ocorrendo crescimento e isso não é verdade. A economia está crescendo pouco, mas segue avançando. Numa situação de crescimento baixo, não é surpresa que o mercado trabalho cresça pouco ou fique estável, diz. Salários em alta Se o desemprego está em declínio, o rendimento dos brasileiros está em franco crescimento. De acordo com o IBGE, a média anual da renda nas seis regiões pesquisadas, calculada a partir do rendimento médio recebido no trabalho principal a cada mês, foi estimada em R$ 1.929,03, o que correspondeu a um crescimento de 1,8% em relação a 2012 (R$ 1.894,03). Nos últimos 10 anos, o poder de compra do rendimento de trabalho aumentou em 29,6% (em 2003 era de R$ 1.488,48). Em BH, o rendimento médio foi de R$ 1.877 no ano passado. Na comparação com estimativas traçadas em 2003, o grupamento que apresentou o maior ganho de participação na população ocupada foi o de serviços prestados

às empresas, aluguéis, atividades imobiliárias e intermediação financeira (de 13,4% em 2003 para 16,2% em 2013). Os que mais perderam foram a indústria extrativa, de transformação e distribuição de eletricidade, gás e água (de 17,6% para 15,8%) e comércio, reparação de veículos automotores e de objetos pessoais e domésticos e comércio a varejo de combustíveis (de 20,2% para 18,8%), além de serviços domésticos (de 7,6% para 6,1%). Abrangência de ações no STF entra na pauta Fonte: Valor Econômico. A discussão sobre a abrangência de ações civis públicas que tratam de planos econômicos pode ser a principal forma de os bancos amenizarem uma eventual decisão desfavorável ao setor do Supremo Tribunal Federal (STF), na avaliação de Murilo Portugal, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Mesmo assim, a entidade afirma que está confiante na vitória dos bancos nos julgamentos dos planos econômicos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Questionado pelo Valor sobre a chance de uma decisão favorável aos bancos, Portugal disse por e-mail que acredita na possibilidade de sucesso. "Os bancos estão confiantes em suas chances de êxito nas ações referentes a todos os planos econômicos por dois motivos: pela força e justiça dos argumentos jurídicos apresentados e pelos graves impactos macroeconômicos que uma decisão contrária, mesmo que restrita a alguns planos, poderia acarretar para o país", disse. "A tradição do STF é proteger o direito individual, mas sem desconsiderar as consequências práticas de suas decisões." Por outro lado, a Febraban não descarta a possibilidade de buscar caminhos para reduzir os efeitos de um julgamento contrário aos interesses dos bancos, calculado em R$ 150 bilhões. O debate em torno das ações civis públicas abrangeria o questionamento da extensão que podem tomar, em termos de território ou de representação. Uma dúvida da Febraban, por exemplo, é se uma ação apresentada por uma entidade de defesa do consumidor teria validade apenas a seus associados. Ou se a decisão da Justiça local teria validade nacional. Para Portugal, embora cada plano traga especificidades, a tese central que o STF julgará é a constitucionalidade de o poder público emitir leis que alteram o regime monetário, com aplicação imediata para todos os contratos. Ontem, dia de balanços do Bradesco e do Santander, o tema dos planos econômicos entrou em pauta. Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco, foi questionado por jornalistas sobre qual estratégia que o banco está adotando para o julgamento. "Não vamos definir nenhuma estratégia a priori. Vamos aguardar o julgamento", respondeu.

O Santander mostrou em seu balanço uma reserva de R$ 853 milhões para provisões diversas, incluindo cíveis. Questionado se o valor seria usado como um colchão de recursos para o julgamento dos planos, o vice-presidente, Carlos Galán, não quis determinar o uso. Quarta-feira, o Valor publicou uma reportagem trazendo os bastidores da atuação dos bancos no caso dos planos. Certos de que têm poucas chances de vitória no julgamento, os bancos vão tentar convencer STF a julgar cada um dos planos em separado. Incide IOF na cessão de crédito com coobrigação Fonte: Valor Econômico. Uma solução de consulta da Coordenação-Geral de Tributação (Cosit) da Receita Federal reforma e pacifica seu entendimento em relação à incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de cessão de crédito - quando uma empresa vende a prazo as mercadorias que comercializa e cede o crédito referente a essa venda para uma instituição financeira por um valor com deságio. De acordo com a Solução de Consulta nº 25, publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira, incide o IOF nesse tipo de cessão quando há uma coobrigação de quem cedeu o crédito. Outras soluções de consulta do Fisco dizem simplesmente que não incide IOF quando a cessionária for instituição financeira, por falta de previsão legal. A alíquota do IOF é de 0,0041% ao dia, mais um adicional de 0,38% que incide uma única vez. A nova solução de consulta determina que, na coobrigação, o comerciante continua obrigado a quitar a dívida caso o cliente dele não o faça. Isso está em linha com que o mercado pratica em geral, mas agora há mais segurança, afirma o advogado Diego Aubin Miguita, do Vaz, Barreto, Shingaki & Oioli Advogados. Quando do estabelecimento de cláusula de coobrigação do cedente (ou seja, em operações de cessão de direitos creditórios a instituição financeira com coobrigação), incide o IOF/Crédito sempre que restar a operação caracterizada como desconto de títulos, na forma estabelecida pela Solução de Divergência Cosit nº 16, de 2011, determina a Solução de Consulta Cosit nº 25, que orientará os fiscais do país. MG muda regras para procedimentos administrativos Fonte: Valor Econômico. O Regulamento do Processo e dos Procedimentos Tributários Administrativos de Minas Gerais foi alterado. Foi publicado no

Diário Oficial do Estado, desta quinta-feira, o Decreto nº 46.432, com mudanças sobre a concessão de regime especial e a classificação de débitos tributários. A nova norma altera o Decreto nº 44.747, de 2008, e entra em vigor em 1º de fevereiro. A nova redação do artigo 51 veda a concessão de regimes especiais para contribuinte cujo titular, gerente, diretor ou sócio tenha sido denunciado por crime contra a ordem tributária relativamente a tributo de competência do Estado, desde que não extinta a punibilidade. Antes, a redação não limitava em relação aos tributos de competência do Estado de Minas Gerais. Já o artigo 102 passa a incluir duas novas hipóteses de classificação de débitos tributários como não contenciosos. Em relação a estes não cabe discussão administrativa. O débito existe e será imediatamente inscrito em dívida ativa. Passam a ser não contenciosos também: o débito decorrente do não pagamento da taxa prevista no artigo 31 do Regulamento do Uso ou Ocupação da Faixa de Domínio e Área Adjacente das Rodovias (RFDR) e da respectiva Taxa de Licenciamento para Uso ou Ocupação da Faixa de Domínio das Rodovias (TFDR), da taxa de incêndio e da renovação do licenciamento anual do veículo, com expedição do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV). A partir de 1º de abril, no caso dessas situações, o débito e as multas correspondentes serão enviados para inscrição em dívida ativa, por meio eletrônico. Outra mudança instituída pelo novo decreto mineiro, segundo o advogado Marcelo Jabour, presidente da Lex Legis Consultoria Empresarial, é que o arrolamento administrativo de bens para garantia do crédito tributário passa a ser facultativo. Segundo a nova norma, o arrolamento administrativo poderá ser realizado sempre que o valor dos débitos de responsabilidade do sujeito passivo, vencidos e não pagos, ainda que suspensa sua exigibilidade, for maior que 30% do seu patrimônio conhecido. Para o arrolamento, além de o montante ser superior a 30% do patrimônio, o débito do contribuinte tem que ter um valor mínimo. Isso também foi aumentado. Antes era de 100.000 Ufemgs e passa a ser de 200.000 Ufemgs (R$ 527,64 mil). O decreto também traz uma novidade sobre inadimplência em parcelamento. Segundo Jabour, o contribuinte que estiver em atraso com o parcelamento, poderá não conseguir emitir a sua certidão negativa de débitos. A inclusão do parágrafo 3º ao artigo 220 estabelece: Na hipótese de inadimplemento de parcela relativa a parcelamento de débito tributário, a certidão de débitos tributários será positiva, ainda que não tenha ocorrido a desistência do parcelamento.

Empresa é condenada por pedir antecedentes criminais em processo admissional Fonte: TST. A exigência de certidão de antecedentes criminais para admissão em emprego é uma medida extrema. A avaliação foi feita pelo ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Aloysio Corrêa da Veiga, no julgamento de recurso de revista de uma atendente de telemarketing da AEC Centro de Contatos S.A., da Paraíba. A conduta foi considerada discriminatória, e a empresa terá de pagar R$ 2 mil de indenização à trabalhadora. Segundo a atendente, a empresa teria negado sua admissão após ela ter se recusado a apresentar certidão de antecedentes criminais para contratação. O caso foi julgado pela Vara de 3ª Vara do Trabalho de Campina Grande (PB), que condenou a AEC por danos morais no valor de R$ 2 mil. A empresa se defendeu alegando que a função de atendente possibilitava o acesso a dados sigilosos de clientes, número do cartão de crédito e dados bancários, o que justificaria a exigência. A AEC ainda rebateu a conduta discriminatória, lembrando que todos têm direito a obter informações e certidões dos órgãos públicos. Intimidade O Tribunal Regional do Trabalho da 13ª (PB) acolheu a argumentação da empresa no sentido de que a exigência de certidão é uma conduta legal que não viola a dignidade humana e a intimidade do trabalhador. O Regional ressaltou que a exigência era feita de maneira irrestrita, para todos os funcionários, no ato da contratação. Mas a decisão do TRT paraibano foi reformada pela Sexta Turma do TST, que deu provimento ao recurso de revista da trabalhadora. Para o relator, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, houve violação ao artigo 1º da Lei 9.029/95, que proíbe práticas discriminatórias para efeitos admissionais "A exigência extrapola os limites do poder diretivo do empregador", ressaltou. Por unanimidade, a sentença foi restabelecida, com a condenação da empresa ao pagamento da indenização. A AEC já havia enfrentado a Justiça do Trabalho em caso julgado em novembro de 2013 pela Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho. Mas, ao contrário do entendimento da Sexta Turma, aquele colegiado decidiu absolver a empresa da condenação ao pagamento de danos morais a outra atendente de telemarketing da AEC, pela exigência do documento. Na época, os integrantes da Quarta Turma entenderam por unanimidade que a apresentação da certidão de antecedentes criminais para contratação da empregada não representava qualquer violação legal. Processo: RR-140100-73.2012.5.13.0009

ESPECIAL esocial Consultor prevê dificuldades na implantação do esocial Fonte: Valor Econômico. O advogado João Fábio Fontoura, especialista em direito empresarial e sócio do escritório Bornholdt Advogados, de Joinville (SC), é realista. "Independentemente da lei ou de qualquer transição de plataforma, o mercado já espera contratempos." O trabalho de Fontoura tem sido antecipar problemas que poderão derivar da implantação do esocial. Ele tem despachado com frequência com funcionários dos departamentos de controladoria, RH e TI. "É um trabalho realizado pelo menos a oito mãos", diz. O processo de adequação da estrutura contábil tem exigido o envolvimento de novos profissionais e a capacitação da estrutura da empresa. No meio empresarial muitas situações ainda geram dúvidas. Três exemplos apresentados por Fontoura ilustram parte do problema. 1) Fechamento da folha de pagamento no dia 5 de cada mês e das horas cumpridas no dia 31 do mês anterior. Neste caso, o governo recomenda apenas que as empresas ajustem a sua rotina, o que pode não ser tão simples. 2) Quando por alguma razão - falta de pagamento ou disputa judicial - a empresa tiver que recolher valores anteriores à entrada em vigor do esocial. O governo responde que o acerto de contas será feito pelo método antigo, mas as empresas têm dúvida sobre como a informação será tratada e se ela de fato ingressará no sistema da Receita. 3) Diferença da nomenclatura para cargos, especialmente nas multinacionais. O analista júnior, por exemplo, inexiste no Código Brasileiro de Ocupações. Se o único caminho for utilizar a nomenclatura existente, poderá haver riscos trabalhistas para as empresas, como exigência de equiparação salarial ou aplicação do piso da categoria. A advogada Carolina Tavares, especialista em direito do trabalho e sócia do Marcelo Tostes Advogados, em Belo Horizonte (MG), reconhece que o esocial representa uma evolução, mas se preocupa com a operação cotidiana das empresas e com eventuais impactos negativos na competitividade decorrentes da contratação de mão de obra e de outros investimentos necessários - adaptação e compra de softwares - para cumprir as exigências do esocial. O governo quer facilitar a fiscalização. Se antes o fiscal do INSS, da Receita ou do trabalho tinham que cumprir um trâmite para marcar visita às empresas, agora eles só buscarão os dados no portal. Esse atalho preocupa. O tratamento às empresas que não cumprirem os prazos para os envios de informação é outro motivo de incertezas. Tavares pensa em questões práticas. "Não sabemos como agir no caso de uma queda da rede ou da indisponibilidade do sistema do governo", ressalta. "Essas dificuldades são comuns na data limite

para o envio da declaração do imposto de renda e podem ocorrer com o esocial", exemplifica. "Será que o governo entenderá que existe um problema técnico ou não terá flexibilidade e aplicará friamente a letra da lei? Uma declaração da empresa que oferece o serviço será suficiente se a internet cair?", questiona. "O que acontecerá quando o problema for do próprio governo?" Beatriz Soares, diretora de consultoria da FEA Junior USP, prevê dificuldades para as micro e pequenas empresas porque, em geral, elas não têm as informações centralizadas ou não as utilizam de forma adequada. A parcela desse universo que terceiriza a folha de pagamento terá mais facilidades que a que faz a gestão das informações por conta própria. "As empresas sentirão os benefícios no longo prazo. Uma gestão mais eficiente é importante para acompanhar a evolução de uma empresa e favorece um maior controle do crescimento", diz. Das 40 empresas que procuraram a FEA Junior USP no último trimestre, 10 estavam preocupadas com o esocial. Falta de preparo de PMEs é ponto de preocupação Fonte: Valor Econômico. Se as grandes empresas estão com dificuldades para se preparar para a chegada do esocial, o que dizer das pequenas e microempresas? O prazo se aproxima. Em novembro, se não houver alterações no cronograma, será a vez de os microempreendedores individuais e empresas que operam no regime de lucro presumido e no Simples aderirem ao esocial. "As autarquias, fundações e órgãos da administração direta só entram no sistema a partir de janeiro do ano que vem", diz Edgar de Amaral Souza, gerente jurídico da Fecomércio-RJ. O prazo de adaptação dos pequenos empresários à nova exigência, no entanto, não é o único problema. "Mais do que o prazo apertado, nossa maior preocupação em relação às pequenas empresas é com o acesso online", diz Edgar de Amaral Souza, gerente Jurídico da Fecomércio-RJ. "Nem todas as empresas estão informatizadas." Souza defende um período de adaptação, sem punições aos empresários, para que eles se acostumem à nova exigência. Ana Paula Locoselli, assessora jurídica da Fecomércio-SP, acrescenta: "Muitos microempreendedores individuais sequer possuem contador. Como vão cumprir essa exigência a partir de novembro?" Ela lembra que o programa piloto do esocial foi realizado com 42 grandes empresas. "Essas organizações possuem uma estrutura jurídica, de recursos humanos e contábil que é fora da realidade para os microempresários. O trabalho será passado, quase sempre, para os contadores, que vão acabar cobrando mais pelo serviço." Juliana Lohmann, analista de políticas públicas do Sebrae-RJ, conta que a entidade vem se esforçando, em parceria com os conselhos e sindicatos de

contabilidade, para capacitar os profissionais da área por meio de oficinas e palestras. "O contador tem de ser um aliado para a empresa nessa hora, não pode ser visto apenas como um custo", diz. Hoje, Juliana avalia como preocupante o nível de preparação das micro e pequenas empresas brasileiras em relação ao esocial. "O custo de implantação do sistema é alto para a maioria dessas empresas", diz. No entanto, o sistema deve trazer benefícios no longo prazo, diz Juliana. "O sistema vai uniformizar as obrigações e racionalizar o processo burocrático. Além disso, é uma garantia de que as documentações enviadas não vão se perder no caminho", defende. Para ela, seria também uma boa oportunidade para que o governo estudasse a possibilidade de reduzir a carga trabalhista e previdenciária. "Com melhor entendimento sobre o que se arrecada é possível reduzir essa carga e dividi-la de forma mais justa, sem perda de arrecadação", diz. "Em 2006, quando foi instituído o Simples Nacional, muitos municípios temiam perder receita, mas não foi isso que aconteceu." Custo contábil pode aumentar 20% no primeiro ano Fonte: Valor Econômico. Se existem muitas dúvidas sobre as exigências e a parte operacional do Sped Social, os escritórios de contabilidade têm pelo menos uma certeza: os custos vão subir. O programa vai demandar investimentos em treinamento, mão de obra e, possivelmente, tecnologia. O aumento deve ser da ordem de 20%, estima Márcio Massao Shimamoto, diretor do Grupo King de Contabilidade, com aproximadamente 470 clientes. Shimamoto acredita que esse aumento de custos vai perdurar por um ano, até que todo o ciclo de inclusões do esocial se complete. Passado esse prazo, a elevação será diluída com a simplificação dos procedimentos e ganhos em agilidade. "O primeiro investimento tem de ser em capacitação profissional", diz Danilo Lollio, gerente de legislação da WoltersKluwer Prosoft. Segundo ele, falta conhecimento a muitos profissionais do setor e "vai faltar mais ainda quando as empresas precisarem se adaptar à nova realidade". Nem os próprios escritórios estão preparados. Pesquisa realizada pela Prosoft em dezembro com 1.146 entrevistas indica que 39% das empresas contábeis ainda não têm uma estratégia para aderir ao programa. Segundo Lollio, treinar os profissionais será uma tarefa dos escritórios, já que o custo de capacitação é "relativamente alto". As palestras sobre o esocial realizadas atualmente - inclusive por sua empresa -, ainda sem o conteúdo definitivo do programa, custam cerca de R$ 800 por pessoa. "Um curso bem feito, com enfoque prático, terá de ser feito em dois ou

três dias, no mínimo, e não vai custar menos de R$ 2 mil", prevê. Esse custo vai sair do caixa dos clientes. Os escritórios prometem repassar o aumento dos encargos. O problema é o período de adaptação, afirma Renato Coelho, tributarista, sócio fundador do escritório Stocche, Forbes, Padis, Filizzola, Clapis Advogados. "A exemplo do que ocorreu no início da escrituração eletrônica, muitas empresas não estão aptas. Vão precisar investir em capacitação e softwares. Esse será o preço da adaptação, mas depois dele os custos vão cair", defende. A principal dificuldade é quanto à adequação de sistemas e a sincronização das informações, comenta Cintia Ladoani Bertolo, tributarista do escritório Bergamini Collucci Advogados. "As áreas das empresas costumam usar sistemas diferentes, até por conveniência. Esses sistemas muitas vezes não conversam entre si, o que traz problemas ao cruzamento de informações", afirma. Um exemplo: a contribuição previdenciária de muitas empresas é feita pelo sistema híbrido, com base na folha de pagamento e na receita bruta. Pode ser que o RH e a área financeira usem sistemas incompatíveis, gerando informações divergentes. Antes havia tempo para conciliá-las. A partir do esocial, a informação passa a ser transmitida junto com a folha de pagamento. O volume de exigências preocupa. "Ao todo são 46 obrigações novas que vão requerer cadastro", afirma Welinton Mota, diretor tributário da Confirp Consultoria Contábil. "São 46 tipos de arquivo XML ou layouts, num total de 2.540 tags [linhas de registro], de acordo com as estatísticas de especialistas em software." Shimamoto estima em 150 os novos campos de inclusão de informações, com base no que viu no layout provisório. São informações que antes não eram prestadas. Cabia ao poder público fiscalizá-las. É o caso dos dados de saúde ocupacional. "Ninguém era obrigado a informar todos os exames que o funcionário fazia. Precisava tê-los à disposição da fiscalização", diz o diretor da King. "Agora é preciso informar cada exame. Os escritórios de contabilidade não têm essas informações no seu cadastro hoje." Welinton Mota acredita que muitos procedimentos terão de ser revistos. O pagamento das férias, por exemplo. Legalmente, precisa ser feito com dois dias de antecedência da data de saída do funcionário. Muitas empresas ignoram a regra e efetuam o depósito junto com o pagamento do salário. Com a necessidade de fazer o comunicado eletronicamente e a comunicação tem de estar conectada à operação de fato, quem não seguir a norma legal estará sujeito a multa.

Primeiro passo é olhar consistência de dados Fonte: Valor Econômico. O esocial é um dos componentes do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), em vigor há seis anos no Brasil, e visa a formalizar digitalmente as informações trabalhistas, previdenciárias e fiscais relativas a todos os empregados e empregadores, tanto da iniciativa privada quanto da pública. Trata-se da escrituração digital da folha de pagamentos e das demais obrigações acessórias relativas à contratação e à utilização de mão de obra onerosa, com ou sem vínculo empregatício. As empresas terão de acessar e inserir dados no sistema pelo menos em três modalidades de evento: cadastro e dados permanentes, eventos aleatórios e folha de pagamento. Os dados são assinados digitalmente e transmitidos ao sistema do esocial, que envia de volta um recibo acusando que as informações foram acolhidas. Mas, caso haja alguma inconsistência, o sistema reenvia, mais tarde, uma nova comunicação com a crítica dos dados e o que deve ser corrigido para então ser retransmitido. O primeiro input ao esocial é o cadastramento da empresa e de seus funcionários, processo que deverá ser conduzido a partir de abril - produtor rural pessoa física e segurado especial -, com prazo final em 30 de junho para as empresas que declaram Imposto de Renda pelo lucro real, 30 de novembro para as de lucro presumido e 31 de janeiro de 2015 para órgãos e entidades das administrações públicas direta e indireta. Ângela Castro, sócia da área de outsourcing da Deloitte, diz que nesta primeira fase são enviadas todas as tabelas que formam o cadastro: as informações de proventos e descontos, lotações, cargos e funções, horários de trabalho. Na área de construção civil devem ser informados os estabelecimentos e obras de construção, que têm regras próprias. E para os portuários, devem ser informados os terminais de operação e operadores portuários cadastrados pelo OGMO (Órgão Gestor da Mão de Obra). E, por último, os processos administrativos e judiciais. A partir daí, na segunda fase, são informados os eventos trabalhistas, ou as ações ou situação advinda da relação entre empregador e trabalhador. O objetivo é fazer com que as empresas observem o prazo legal já existente na legislação trabalhista e previdenciária. Estão nesta categoria admissão, demissão, concessão de férias, aumentos de salário, licenças, exposição a agentes nocivos, entre outros eventos aleatórios. E, por fim, está o evento fixo mensal, que é a folha de pagamento e seus desdobramentos obrigatórios e tributários, que deve ser enviada até o dia 7 do mês subsequente. O acesso aos dados será disponibilizado tanto para os órgãos do governo como para empregadores e empregados.

Ângela observa que o esocial terá impacto significativo na operação das empresas. Devido à necessidade de conhecimentos específicos - tanto em sistema e em legislação trabalhista como em processos -, as empresas precisam de esforços adicionais para implementar o esocial. Esse cenário tem elevado a demanda em serviços de consultoria. "O primeiro cuidado é observar se as informações que existem hoje estão consistentes. A empresa deve saber que estarão muito mais expostas. Antes, o governo tinha de enviar um fiscal para avaliar se as obrigações estavam sendo cumpridas. Agora o próprio sistema vai apontar" alerta Ângela. Denis del Bianco, diretor da Totvs Consulting, destaca que é quase impossível para a empresa executar as obrigações do Sped Social sem uma preparação prévia ou como alterar os processos e as política para poder executar, sem atropelos, o que o esocial exige. Segundo Renata Seldin, líder da prática de esocial na consultoria, o trabalho começa com a análise dos dados, e, em seguida, é feito um diagnóstico de tudo o que será necessário: do saneamento dos dados ao redesenho dos processos e à revisão da arquitetura de sistemas. Valéria Zotelli, sócia do Miguel Neto Advogados, e Silvinei Toffanin, diretor da Direto Contabilidade, dizem que uma das vantagens do esocial é que ele vai substituir uma série de obrigações hoje existentes. Entre elas a Relação Anual de Informações sociais) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Questões ligadas à saúde terão que ser agrupadas Fonte: Valor Econômico. No âmbito da medicina do trabalho, os procedimentos introduzidos pelo esocial vão exigir maior agilidade por parte das empresas para reunir dados referentes a eventos, que o novo sistema classifica como "não periódicos". Neste grupo entram as informações como admissões e afastamento de funcionários por problemas de saúde. De acordo com os especialistas que atuam na área de legislação trabalhista e profissionais de recursos humanos, será um grande desafio transportar para o meio digital todas as informações contidas em guias, laudos e outros documentos referentes à área de saúde. Esse cenário ocorre em função de haver inúmeros dados que são apresentados em formulários específicos, em papel, e também costumam ser arquivados em meio físico, pelas empresas e pelos prestadores de serviços, como clínicas. O advogado Luiz Antonio Alves Gomes, sócio do escritório Renault Advogados Associados, destaca que a implantação do esocial não cria obrigações trabalhistas. "Haverá uma modificação na forma de fornecer as informações trabalhistas para o governo federal. As empresas que já possuem uma boa estrutura de RH, de segurança e medicina do trabalho, além de acesso a consultoria jurídica, terão muito mais facilidade em se adaptar às novas rotinas."

Gomes explica que o esocial divide as informações em eventos iniciais, como cadastramento de uma empresa; eventos de tabelas, tabelas referentes a cargos e horários; eventos periódicos, que são, por exemplo, remuneração e pagamentos de diversas naturezas; e eventos não periódicos, como admissões e afastamentos de funcionários. Segundo o advogado, mesmo antes da aplicação do esocial, há um sentimento geral de que as maiores dificuldades estarão relacionadas aos prazos para inserir informações dos "não periódicos". Ele chama a atenção para os dados referentes à saúde dos funcionários. "Será possível encontrar mais rapidamente dados que estão em desacordo, ao comparar as informações da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Além disso, ficará mais fácil para o governo identificar a própria ausência de informações obrigatórias. Um exemplo claro se refere ao atestado de saúde ocupacional, que deve ser realizado na admissão, na demissão e de forma periódica, este último muitas vezes é negligenciado." Gomes chama a atenção também para informações referentes ao laudo de insalubridade. "Outra norma já existente que passará a ser cobrada diz respeito à elaboração de laudo de insalubridade, confeccionado por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. O esocial irá exigir dados sobre fatores de risco e equipamentos de proteção disponibilizados aos empregados", completa. Luiz Claudio Garcia, sócio e diretor executivo da Personal Service, empresa que emprega cerca de 13 mil colaboradores e oferece serviços desde limpeza e conservação à área de engenharia para 160 empresas em 12 Estados, está otimista com relação à adoção do esocial. "Investimos em sistema para tratar todas as informações referentes a nossos colaboradores em meio digital. Temos uma área interna dedicada a controles de saúde ocupacional e tratamos com muito rigor temas como insalubridade e riscos. Portanto, a adoção do esocial trará mais tranquilidade para nossos clientes", afirma Garcia. Nos departamentos de RH há uma preocupação com relação à documentação que envolve as informações médicas dos funcionários e colaboradores. Gisele Sacarlateli, gerente de RH do grupo Toque a Campainha, explica que haverá um período de adaptação, porque nem todos os envolvidos na área de medicina do trabalho estão preparados já para trabalhar 100% em meio digital. Flavia Lepique, sócia responsável pela área trabalhista do escritório, diz que a legislação que abrange a área médica e de segurança do trabalho apresenta um universo de mais de cinco mil normas, que exigem prazos de cumprimento. Por outro lado, trata-se de uma área reconhecida por apresentar muitos documentos em meio físico. "Há pilhas de documentos nas empresas referentes à área de saúde. Isso exigirá um empenho do RH para manter o rigor das informações e cumprir prazos."

Redução da burocracia é apontada como vantagem Fonte: Valor Econômico. A proximidade da entrada em vigor do esocial é vista com cautela por algumas das principais associações patronais do país. Por um lado, elas veem no sistema uma chance de tornar menos burocrático o cumprimento de normas trabalhistas e previdenciárias. Por outro, temem que sirva apenas para tornar a arrecadação mais eficiente, sem abrir espaço para uma redução efetiva de encargos sobre a folha de pagamento. "A desburocratização é uma luta dos empresários há anos. Nesse sentido, a implantação do esocial é um grande avanço. Acho que eliminar os formulários preenchidos em papel e unificar os bancos de dados é uma tendência inevitável no médio e longo prazo", diz Edgar de Amaral Souza, gerente jurídico da Fecomércio-RJ. "Mas acredito que deveria haver um período de adaptação que servisse para o Fisco orientar as empresas, sem autuá-las por eventuais erros." Ana Paula Locoselli, assessora jurídica da Fecomércio-SP, por sua vez, ressalta que o fator tempo foi vital para a implantação do Sped Fiscal e que seria bom ter esse cuidado com o esocial. "O Sped Fiscal começou em 2007 e levou vários anos até ser estendido aos pequenos e microempresários", observa. Sobre a possibilidade de o novo sistema ajudar a reduzir encargos, Ana Paula é cética. "Não foi o que aconteceu com a implantação do Sped Fiscal", lembra. Enquanto isso, se o discurso oficial acena com potenciais benefícios aos trabalhadores com a instalação do esocial, ela também vê potenciais benefícios para os empresários. "A unificação desse banco de dados vai permitir que as empresas se defendam melhor nos tribunais do trabalho, especialmente em processos movidos de má fé", afirma. Para Luigi Nese, presidente da Confederação Nacional de Serviços, a mudança vai pesar no começo, mas depois deve ser positiva. "De início, é mais um custo nas costas do empresário, mas depois vai facilitar a vida", admite. "A burocracia vai diminuir, e suponho que será mais fácil corrigir eventuais erros na base de dados." Apesar dos eventuais benefícios, Nese acredita que o impacto positivo do esocial seria muito maior se houvesse um esforço para desonerar a folha de pagamento das empresas. "O sistema deve ser aprimorado para reduzir a carga que reduz a competitividade da economia brasileira", defende. Verônica Flecha de Lima, gerente de relações trabalhistas da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, vê com preocupação o processo de implantação da nova exigência, apesar dos benefícios gerados no longo prazo pela desburocratização. Para ela, o aumento no volume de informações a ser enviadas pelo esocial será um grande desafio para as empresas. "Hoje, muitas informações já são enviadas on-line para o Ministério do Trabalho e para a

Previdência, mas não no mesmo volume que será exigido quando o sistema for implantado", diz. Tudo isso se torna ainda mais difícil quando se leva em conta a complexidade da legislação trabalhista brasileira. "Será que tanta informação é realmente necessária", pergunta Verônica. "São muitos detalhes que serão informados e que podem gerar autuações contra as empresas por falta de conhecimento. Nem todo mundo sabe, por exemplo, que o empregador não pode dividir o período de férias de um funcionário que tenha mais de 50 anos de idade. Esse erro, que podia passar em branco, pode ser detectado e punido, mesmo que cometido de boa fé." Ana Paula, da Fecomércio-SP, também vê com preocupação os constantes adiamentos no cronograma de implantação do esocial. "As empresas vão adiando a adaptação, cada vez que o prazo final é modificado", diz. Além disso, é mais difícil se preparar quando as regras do jogo ainda não foram definidas. "No próprio site do esocial, a minuta do manual do sistema ainda está em elaboração." José Luiz Fernandes, presidente da Federação de Serviços do Estado de São Paulo, também acredita que as mudanças constantes durante a fase de preparação tornam mais difícil se preparar para a nova exigência. "Cada dia é uma novidade. Fica até difícil avaliar o impacto final para as empresas", diz. Fernandes aposta, no entanto, que o esocial vai aumentar a capacidade de fiscalização - e consequentemente - de arrecadação do governo em relação aos encargos trabalhistas e previdenciários. "Se isso servir para reduzir a carga será ótimo. As empresas não podem arcar com mais custos, temos de dividir esse fardo", diz. Fornecedores testam novos sistemas Fonte: Valor Econômico. As mudanças introduzidas pelo esocial já movimentam os fornecedores de software, que estão precisando adequar seus ERPs e sistemas de RH e desenvolver outros produtos para fazer a gestão do novo Sped. Num primeiro momento, não há novos negócios, uma vez que o Sped é uma obrigação legal que os fornecedores devem introduzir nos seus sistemas, sem custo para os clientes com contratos de manutenção. Mas a sua implementação está gerando demanda por serviços e muitos fornecedores estão desenvolvendo módulos adicionais, sobretudo para a parte de mensageria, a fim de viabilizar a troca de informações com o governo. Todos os produtos são ainda versões preliminares em teste nos clientes. Isso porque o governo não entregou a versão definitiva do layout e as especificações do WebService que vai viabilizar a transmissão das informações, o que está

deixando o setor preocupado. Segundo Roberto Plá, gerente do programa de unificação de crédito do Serpro, a última versão do layout foi disponibilizada em dezembro, mas ainda não é a definitiva porque todos os órgãos envolvidos - Receita Federal, Ministério do Trabalho, INSS, e Caixa Econômica Federal - ainda estão elaborando as regras de negócio. "O que vai orientar os fornecedores de software e as áreas de TI das empresas é o manual de XML que trará todas as especificações de arquivos que precisam ser enviados. Em fevereiro começa o processo de homologação dos eventos iniciais num ambiente de testes do Serpro", sinaliza Roberto Plá. Mais de 40 empresas participam do projeto piloto do esocial, entre as quais estão Banco do Brasil, Odebrecht, Petrobras, Grupo Ultra, SAP, Totvs, ADP e LG. Ângela Rachid, gerente de produto da ADP, especializada em outsourcing de RH, explica que empresas com poucos funcionários podem informar os dados diretamente na tela do esocial um a um. Mas, para as grandes empresas com extensas folhas de funcionários, será necessária a transmissão de arquivos, por isso os sistemas são necessários. A ADP não vende seu software, mas opera a folha de pagamento de clientes a partir de suas instalações. "Com o esocial, será tudo automatizado e de forma transparente para o cliente, inclusive com um workflow para apontar prazos fora do período e inconsistências no input dos dados. Vamos transmitir cerca de 5 milhões de registros de 6,2 mil clientes", assegura Ângela. Os fornecedores de ERP também já estão promovendo as mudanças em seus sistemas. Marcelo Souccar, diretor do segmento de serviços e jurídico da Totvs, informa que a empresa tem quatro clientes participando do processo de validação das mudanças trazidas pelo esocial: Tegma Logística, CHG Automotiva, Disal e Usina Alto Alegre (UAA). "O esocial não vai interferir só na folha de pagamentos, trata-se da junção de um sem número de obrigações fiscais num único arquivo para que todos os órgãos tenham a mesma informação. Exige alteração em diferentes módulos dos nossos ERPs. Também estamos oferecendo um módulo específico: o Totvs Automação Fiscal, que poderá ser usado até por empresas que não usam nossos ERPs", diz Souccar. Kelly Ribeiro, consultora da SAP, informa que a empresa já entregou para os clientes para testes o módulo de RH com as alterações que foram desenvolvidas pelo centro de localização em São Leopoldo (RS). A empresa avalia desenvolver um produto de esocial para clientes que não utilizam o SAP. "Ainda não temos o road map, mas o desenvolvimento será rápido." A LG, especializada em sistemas de RH, participa do piloto do Sped Social desde 2009 e está promovendo as alterações na sua suíte de RH e se preparando para entregar para os clientes o módulo de esocial que lê as informações na suíte. "O módulo esocial é um centralizador responsável pela comunicação com a Receita", explica Sáttila Silva, gerente de planejamento da LG.

A empresa lançou duas soluções: o Atualização esocial e o serviço Diagnóstico esocial. O primeiro permite que os usuários atualizem e insiram os dados cadastrais solicitados pelo governo federal. Já o Diagnóstico esocial apoiará no levantamento das informações necessárias para os cadastros de funcionários da empresa e dos dados provenientes de outros sistemas que são demandados pelo esocial. Segundo Ricardo Funari, diretor presidente da Synchro, o maior desafio é a complexidade de regras trabalhistas. "São 25 regras fiscais contra mais de 3 mil normas trabalhistas." Transmissão deve começar com produtor rural Fonte: Valor Econômico. Se não houver mais mudanças, as primeiras transmissões de eventos para a plataforma do esocial devem começar dia 30 de abril para um pequeno grupo de brasileiros. São cerca de 100 mil a 200 mil produtores rurais familiares, que, por lei, podem ter um empregado por até 120 dias. O aplicativo para eles é web, à semelhança dos empregados domésticos, de acordo com o Serpro. A expectativa é que os produtores rurais familiares se socorram das cooperativas e sindicatos para ter acesso a computadores e poder fazer o envio de dados. O módulo simplificado do produtor rural já foi apresentado a gestores públicos, agricultores e presidentes de sindicatos de trabalhadores rurais de Santa Catarina. O Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) irá se reunir no início de fevereiro na Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), em Brasília, para debater e estruturar qual a melhor ação para a capacitação dos sindicatos e o repasse de informações aos produtores rurais. A ideia inicial é realizar cursos para dar esclarecimentos sobre o sistema e capacitar agentes para o preenchimento do programa. Segurados especiais também passam a ter que enviar informações pelo esocial a partir de 1º de maio. O cronograma previsto em circular da Caixa Econômica Federal aponta outras três etapas para a implantação do programa. Em 30 de junho as empresas tributadas pelo lucro real devem fazer o registro no esocial. Para as empresas tributadas pelo lucro presumido, entidades imunes e isentas e optantes do regime especial unificado de arrecadação de tributos e contribuições devidos pela microempresa e empresas de pequeno porte que fazem parte do Simples Nacional, do microempreendedor individual, contribuinte individual equiparado a empresa e outros equiparados a empresa ou a empregador, o prazo para o envio de informações vai até 30 de novembro. A última etapa, até 31 de janeiro de 2015, está reservada aos órgãos da administração direta da União, Estados, Distrito Federal e municípios, bem como suas autarquias e fundações.

Embora os estudos para o desenvolvimento do esocial tenham começado em 2009, todos os ministérios e órgãos federais envolvidos com o programa admitem que precisam melhorar a comunicação com as empresas para ajudá-las a incorporar a plataforma. O esforço final é para aprimorar os canais de diálogo. O comitê gestor do esocial trabalha ainda no desenvolvimento de um módulo simplificado para que as pequenas e microempresas possam cumprir as obrigações e aquelas que já têm sistema de folha de pagamento possam se comunicar diretamente com a plataforma. A expectativa de aumento inicial de custo das empresas, por exemplo, contradiz um dos objetivos do esocial", diz o auditor-fiscal José Alberto Maia, do Ministério do Trabalho e Emprego. "Estamos devendo informações mais detalhadas para facilitar a vida das empresas. Vamos alterar o manual para ajudar as empresas a se adaptar à ferramenta", afirma Daniel Belmiro, da Receita Federal. De acordo com especialistas, a maioria das empresas não está preparada para a implantação do esocial. "O esocial vai exigir um acompanhamento mais de perto, porque a informação chegará mais rápido ao Fisco", diz Luciana Ferrante, da Mazars. Ajuste requer suporte de especialistas Fonte: Valor Econômico. A preparação das empresas para entrar no esocial requer investimentos em mudança da cultura organizacional e tecnologia da informação. Imaginar que a tarefa está restrita ao departamento de recursos humanos pode dificultar a realização do dever de casa. Por um lado, o governo mantém que o prazo para a implantação desse pacote de mudanças é adequado. Consultores e empresas não estão tão convencidos. As grandes porque o volume de informações que precisam inserir no sistema é muito grande. Só o layout do esocial tem 200 folhas. As pequenas enfrentam outras barreiras. Muitas não centralizam as informações em um departamento e operam de forma pouco organizada. O encaminhamento do tema não diverge muito entre grandes, pequenas ou medias. Existem as que já descobriram o seu caminho e as que ainda não começaram a se adequar internamente. As dificuldades de encarar o desafio sozinha tem feito com que ajuda externa - de consultorias, escritórios de advocacia e contabilidade - seja requisitada. A pequena Além da Arte - Produtos Aromatizados vai direto ao ponto. Já se inscreveu em um curso da Fiesp para tomar conhecimento do assunto e seu escritório de contabilidade está se atualizando para depois atualizar os diretores.

A Nestlé, por exemplo, instituiu um grupo multissetorial que envolve principalmente as áreas de recursos humanos e tecnologia da informação para tratar da implementação do esocial. Com mais de 21 mil colaboradores, a empresa garante que atenderá o sistema quando este entrar em vigor. No momento, o grupo está em prospecção com o mercado para avaliar qual a solução mais adequada. O consultor Marcelo Cordeiro, da área de tributação da PwC, afirma que o prazo é relativamente apertado. Ele recomenda que as empresas passem a operar dentro da lógica da multidisciplinaridade. Na prática, isso significa envolver setores responsáveis por processos tão diferentes como folha de pagamento, jurídico, impostos, compras, financeiro, controladoria e tecnologia da informação. A adequação às exigências do governo exige uma atenção redobrada às legislações trabalhista, previdenciária e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), além do decreto 3000, de 1999, sobre o Imposto de Renda. Como as necessidades são diferentes segundo as práticas de cada empresa, o sistema de tecnologia da informação precisa ser adequado. Algumas rodam a folha de pagamento em casa, outras terceirizam a atividade. As multinacionais chegam a rodar a folha fora do país. Para funcionar em sintonia, os diferentes departamentos das empresas serão obrigados a conversar. Faz parte da rotina das empresas que departamentos específicos contem com a colaboração de autônomos. Em alguns casos, a contratação e os trâmites envolvidos nessa operação não são conhecidos pelo RH. Sem a sinergia necessária, a colaboração de terceiros - pessoa física ou jurídica - pode se transformar num problema. As práticas dos parceiros também merecem atenção. O diretor de impostos da E&Y, Marcelo Godinho, concorda que as dificuldades são grandes, que as empresas estão assustadas com o volume de informações exigido, mas ressalta outro ponto. As que operam num ambiente de concorrência e que cumprem com suas obrigações serão favorecidas. As competidoras que atuam com elevado grau de informalidade e, por conta disso, conseguem oferecer preços muito inferiores precisarão se adequar às novas regras e as discrepâncias tendem a desaparecer. A Ideias Consultoria, de Recife, atendeu 272 empresas no ano passado. Especializada em pequenas em empresas, tem muitos clientes no ramo alimentício como padarias, restaurantes e, no varejo, principalmente mercadinhos. Segundo o diretor Marlos Hossein, o tema ainda não se tornou prioridade para esse grupo. "As adesões acontecerão da metade do ano para frente, mas por enquanto essas empresas estão despreparadas", diz. Neste momento, os escritórios de contabilidade frequentam os primeiros cursos para se adequar à legislação.