CASO DE SUCESSO EM GESTÃO DE SEGURANÇA DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO DE UMA USINA HIDRELÉTRICA



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Transcrição:

INTRODUÇÃO Grandes obras civis e de montagem eletromecânica costumam representar um desafio nos aspectos de cumprimento de cronogramas e atendimento aos requisitos de segurança do trabalho e saúde ocupacional, em função de diversos fatores tais como: grande quantidade de trabalhadores concentrados em áreas restritas, diversidade e simultaneidade de atividades, algumas de alto risco, como trabalho em altura, movimentação de cargas e veículos pesados, trabalho em eletricidade, baixa qualificação da mão de obra, cronogramas agressivos, questões trabalhistas, sociais e ambientais, entre outros. Esse desafio se torna muito maior quando se trata da construção de usinas hidroelétricas localizadas em regiões afastadas e inóspitas do país, e ainda quando o projeto é considerado estratégico para a política energética nacional. Foi esse o cenário encontrado na construção da UHE Estreito pelo Consórcio Estreito Energia (CES- TE) constituído pelos Grupos GDF SUEZ/Tractebel Energia, VALE, ALCOA e Camargo Correa. Por diversos fatores negativos adicionais, o sucesso do empreendimento da UHE Estreito, tanto no aspecto de cronograma como de segurança e saúde, começou a ter percalços na primeira fase do empreendimento, razão pela qual ações de grande relevância foram tomadas para reverter a situação em relação às metas planejadas. Esse artigo resume o trabalho que foi realizado para tal reversão de resultados que acabou transformando o projeto de construção da UHE Estreito como referência para empreendimentos de tal porte e natureza no Brasil, não apenas pelos acionistas, como também para outras empresas envolvidas no projeto. DADOS DO EMPREENDIMENTO NTO O Consórcio Estreito de Energia (CESTE) foi constituído pelos Grupos GDF SUEZ/Tractebel Energia, VALE, ALCOA e Camargo Correa para a construção da Usina Hidrelétrica de Estreito localizada no rio Tocantins, Municípios de Estreito (MA), Palmeiras do Tocantins (TO) e Aguiarnópolis (TO). A potência instalada será de 1.087 MW quando concluída, sendo a energia assegurada de 641,1 MW médios. O empreendimento conta com uma área do reservatório de, aproximadamente, 550 km 2, incluindo a calha do rio, com interferências na área de 12 municípios da região. O projeto, quando finalizado, terá oito unidades geradoras Kaplan, de 135,87 MW. No pico da obra, foram empregadas em torno de 11.900 pessoas, utilizadas cerca de 50.000 toneladas de aço (Mais de cinco Maracanãs - 10.000 t), aproximadamente 995.000 de m³ de concreto (Mais de 12 Maracanãs - 80.000 m³) e foi movimentada mais de 8.450.000 m³ de aterro. 1 / 8

O início das obras civis ocorreu em 7 e está prevista a conclusão de sua fase de implantação para o segundo semestre deste ano. DIFICULDADES PARA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO Até dezembro de 8, diversos fatores geraram dificuldades para a implantação da obra criando uma condição crítica para o cumprimento do cronograma, sendo este um dos fatores com interferência direta nas atividades na área de segurança do trabalho. Essas dificuldades, obviamente, teriam que ser superadas, considerando, inclusive, a grande importância do empreendimento para o sistema energético nacional e Programa de Aceleração do Desenvolvimento (PAC) do Governo Federal, no que se refere ao atendimento do cronograma do empreendimento, bem como a política de segurança e saúde dos acionistas. Causas geradoras das dificuldades De acordo com Dimas Maintinguer, Diretor de Meio Ambiente, Saúde e Segurança, que coordenou diretamente o trabalho de reversão dos resultados negativos na área de segurança do trabalho existentes até aquele momento, dentre as causas geradoras das dificuldades destacam-se: Foto ilustrativa do ambiente de trabalho em um determinado momento crítico da obra. Tomada e cabo elétrico em local alagado Desvio de função Gabarito utilizado como andaime sem atender às normas de segurança Risco de queda de material Içamento de carga em condições inseguras Escada fora do padrão ÁREA DE MONTAGEM: As atividades tiveram início sem a liberação da área de segurança do trabalho. Cabos elétricos sem identificação Não existe acesso conforme normas de segurança Pontas de vergalhões sem caps Passarela fora dos padrões 2 / 8

Pouca aderência das empresas prestadoras de serviço a uma cultura de segurança do trabalho dentro dos padrões exigidos pelo CESTE e suas Consorciadas; Baixo nível de qualificação da mão de obra existente na região da implantação do projeto; Falta de uma visão estratégica de gestão: os objetivos de segurança do trabalho e produção não estavam compatibilizados entre si e eram tratados como alvos diferentes; Longo período sem obras dessa natureza e de porte no país criando uma defasagem em termos de experiência e atualização das exigências dos profissionais e empresas capacitadas na área de segurança do trabalho, fator esse que gerou a ausência de métodos de segurança para execução das etapas diferenciadas do trabalho e nas condições existentes; Cronograma de obra agressivo em termos de prazo e grande contingente de empregados para cumprimento de metas, tendo atingido mais de 11,9 mil empregados. Consequências geradas pelas dificuldades Esses fatores tornaram-se causas de desvios nas atividades trazendo consequências para a área de segurança do trabalho do empreendimento tais como: Nível elevado de acidentes causando lesões aos trabalhadores das prestadoras de serviço, tornando os seus índices incompatíveis com os padrões exigidos pelos acionistas; Embargo de várias frentes de serviço por descumprimento de requisitos na área de segurança do trabalho; Riscos em relação ao atendimento do cronograma da obra; Penalidades contratuais aplicadas pelo CESTE às empresas prestadoras; Criação de um clima de conflito entre as diversas áreas, cada uma procurando atingir o próprio objetivo, sem uma visão sistêmica dos objetivos corporativos comuns; Riscos para a imagem corporativa dos acionistas e CESTE em relação a um possível vínculo com uma situação negativa na área de segurança do trabalho de um empreendimento do qual fazem parte. AÇÕES PARA REVERTER O HISTÓRICO JANEIRO DE 9 A primeira ação fundamental tomada pelos acionistas para a reversão desta situação, coordenada pelo recém-contratado Diretor de Meio Ambiente, Saúde e Segurança, foi a realização de um amplo diagnóstico das condições existentes na obra. Dimas Maintinguer explica qual foi o direcionamento maior que ele deu em relação a este desafio: A primeira ação tomada foi a realização de um diagnóstico de modo a ter uma percepção clara da situação em termos de Riscos de Níveis Não Aceitáveis para esse tipo de empreendimento. O diagnóstico foi efetuado por uma empresa de consultoria especializada no segmento elétrico (Fundação COGE) que, inclusive, discriminou os potenciais riscos de acidentes graves, tanto para pessoas como para as operações. O diagnóstico mostrou, claramente, que ações de natureza técnicooperacional, gestão e estratégica deveriam ser tomadas. Em seguida, essas ações foram planejadas de modo a transformar riscos de nível não aceitável em riscos aceitáveis. Antes da implantação das medidas, e pelos motivos acima expostos, tornou-se clara a necessidade de capacitar os profissionais, principalmente lideranças, para a utilização de novas ferramentas e técnicas de gestão de ris- 3 / 8

cos. Em seguida, as ações foram sendo implantadas, de acordo com nível de prioridade para proteção da vida e bom desempenho das atividades de produção. Mecanismos de controle e melhoria contínua foram aplicados sobre as ações implantadas. Muitas ações prioritárias tiveram que ser tomadas numa etapa única, abrangendo implantação, capacitação, controle e medidas de melhoria, exigindo, assim, redobrado esforço de todos. Essa decisão foi outro fator fundamental para a reversão desejada. A seguir, são detalhadas algumas das ações definidas e implantadas de natureza técnico-operacional, gestão e estratégica: Medidas estratégicas Contratar gestores nas empresas-chaves do empreendimento com visão estratégica de gestão de riscos para serem os agentes da compatibilização dos objetivos de controle de riscos e operacionais; Criar credibilidade ao setor de segurança do trabalho. Para tanto, foi necessária a capacitação das equipes nas áreas de segurança de trabalho e produção para terem uma visão estratégica da gestão de riscos, e uma postura compatível com as exigências;. Envolver a Alta Administração das prestadoras de serviço no compromisso com a segurança do trabalho; Aplicar técnicas e metodologias de segurança do trabalho condizentes com o cronograma da obra. Medidas de Gestão Auditoria de Diagnóstico e Análise do Perfil dos Profissionais, efetuados em parceria com a Fundação COGE; Definição de uma gestão integrada entre as empresas; Capacitação dos profissionais de segurança para atuar em um novo ambiente de exigência na área de segurança do trabalho; Capacitação dos gestores das áreas de segurança do trabalho e produção em relação aos aspectos de liderança em segurança do trabalho, com a participação da Fundação COGE. Disseminar a gestão de segurança do trabalho nas empresas de engenharia do proprietário, duas empresas que retinham os maiores contratos e mais de 100 pequenas empresas entre contratadas e subcontratadas; Reestruturar as equipes de segurança do trabalho, tanto em relação à capacitação, como no que se refere à quantidade de profissionais; Elaborar plano de ação que mantivesse as ações implantadas de forma sistematizada e que fosse de grande longevidade; Implantar programas de auditorias trimestrais de requisitos legais e contratuais nas prestadoras de serviço, com uso de protocolo padrão; Implantar a Matriz de Responsabilidade para as equipes de SST (Matriz TST); Implantar a Matriz de Comprometimento das Lideranças em SST (Matriz); Avaliar as ferramentas de segurança do trabalho utilizadas; 4 / 8

Contratar empresa especializada em segurança do trabalho para suporte das gerenciadoras e prestadoras de serviços para melhoria da performance das mesmas; Monitorar as atividades críticas do cronograma; Todas as medidas definidas acima foram implantadas com o apoio e acompanhamento das empresas Consorciadas e avaliadas por auditorias bimestrais. Comunicação Interna Campanhas de Segurança Campanha de Proteção de Mãos e Dedos (17/05/10 a 24/05/10100) Campanha de Prevenção de Quedas de Pessoas e Materiais (14/06/10 a 19/06/10) Campanha de Direção Segura no Canteiro de Obras (21/06/10 a 26/06/10) Medidas técnico-operacionais Identificar as dificuldades e necessidades de ações emergenciais e estabelecer as devidas ações; Envolver a Alta Administração para participação nas atividades desenvolvidas pelas lideranças em SST; Capacitar os profissionais da engenharia e produção em segurança do trabalho (comportamental); Efetivar o Programa de Desenvolvimento Técnico de Líderes em Segurança do Trabalho, abrangendo todas as empresas envolvidas, e considerando aspectos como Trabalho em Altura, Equipamentos de Proteção Individual, Housekeeping, Trabalhos com Riscos Elétricos, Movimentação de Cargas e Responsabilidade Civil e Criminal. Mais de 500 líderes desenvolvidos no treinamento técnico e comportamental; 5 / 8

Promover a especialização dos profissionais da área de Segurança do Trabalho. Foram realizados vários treinamentos específicos para atualização e especialização das equipes de segurança gerando, como resultados, uma maior especialização técnica nos riscos específicos da obra e maior satisfação pelas novas oportunidades de desenvolvimento oferecidas; Melhorar a Comunicação com os colaboradores, incluindo palestras de esclarecimentos e comunicação visual. Priorizar as ações através da identificação e foco nos Top Ten dos riscos de acidentes; Inserir os aspectos de segurança do trabalho no planejamento das atividades de produção do canteiro de obras; Efetivar planejamento adequado da logística para acompanhamento das atividades; Inserir as medidas de segurança do trabalho nos próprios procedimentos operacionais; Implementar as barreiras e medidas de controle em atividades de alto risco estabelecidas com o uso de ferramentas de análise de riscos; Efetivar campanhas específicas na área de segurança e saúde em função de análise crítica dos indicadores nestas áreas; Implantar o Programa de Gestão das Não Conformidades identificadas através de Inspeções de Segurança; Implantar um Programa de Gerenciamento de Riscos Potenciais com reconhecimento de equipes e colaboradores que identificassem riscos e propostas de medidas preventivas; RESULTADOS OBTIDOS Em função da amplitude do empreendimento, chegando a atingir em torno de 11.900 profissionais conforme mencionado e as condições críticas existentes, as diversas medidas sugeridas foram implantadas gradativamente a partir do início de 9. A seguir, são enumerados alguns desses resultados. Efeitos gerados sobre as atividades de produção Sinergia entre as lideranças de campo, equipes de SST e Alta Administração; Grande sinergia entre as Diretorias do CESTE nas atividades de produção dentro do canteiro de obras; Envolvimento das lideranças das áreas de produção e SST; Comprometimento da equipe de SST com as metas do projeto, incluindo o cronograma da obra; Integração dos aspectos de Segurança do Trabalho e Produção com comprometimento recíproco de todas as equipes; Participação das equipes de SST no planejamento das atividades da área de produção; Redução do nível de interrupção de atividades por falta de segurança e, consequentemente, da perda de tempo na execução das tarefas; Transformação do clima de conflito para o de cooperação entre as equipes de SST e Produção; 6 / 8

Identificação e gerenciamento de mais de 16 mil itens potenciais de acidentes com 97% de ações implantadas (potenciais); Introdução dos conceitos de segurança do trabalho no contexto das atividades de engenharia e produção na fase de planejamento; Resultados dos Indicadores de Performance Índice Anual de Acidentes Sem Afastamento (ASA) e com Afastamento (ACA) TFASA Taxa de Frequência Acidentes Sem Afastamento TFACA Taxa de Frequência Acidentes Com Afastamento ANO TFASA TFACA 7 0,00 0,99 8 3,08 2,73 9 3,10 4,71 0 0,64 0,30 1 0,81 0,23 2 0,00 0,00 5,00 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 8 9 0 1 2 ASA ACA Comparação com os indicadores de empreendimentos semelhantes A tabela abaixo representa os índices de TFACA e TFASA acumulados de três empreendimentos semelhantes comprovando que, depois da adoção das medidas necessárias para recuperação do padrão dos acionistas, os resultados comparativos do CESTE foram extraordinários. TFACA Taxa de Frequência de Acidente Com Afastamento EMPRESA 7 8 9 0 1 2 EMPRESA TFASA Taxa de Frequência de Acidente Sem Afastamento CESTE 0,99 2,73 4,71 0,30 0,23 0,00 CESTE 0,00 3,08 3,10 0,64 0,81 0,00 A 1,82 0,80 A 2,04 6,63 B 0,67 0,77 B 7,17 7,5 C 4,97 7,60 7,21 C 3,37 6,67 7,99 7 8 9 0 1 2 7 / 8

FATORES RELEVANTES PARA OS RESULTADOS Questionado, o Diretor de Meio Ambiente, Saúde e Segurança, Dimas Maintinguer, enumerou três fatores relevantes para a obtenção dos resultados: Visão Estratégica da Gestão de Riscos: Disseminação, entre todos os colaboradores, da Visão Estratégica de Gestão de Riscos através da qual foi possível unificar os dois fatores mais críticos do empreendimento - produção e segurança / saúde - que estavam sendo vistos de forma separada pelas diferentes equipes, gerando focos de conflitos. Sem haver menção direta, na prática, essa integração se fez, unificando os dois fatores em um único indicador - a produtividade - tendo como numerador a produção e denominador os índices de acidentes. Assim, todas as equipes, em sinergia, puderam focar no aumento da produção e, simultaneamente, na redução dos índices de acidentes, tendo como resultado o aumento de produtividade que garantiu o cumprimento do cronograma da obra e a redução, a níveis praticamente nulos, dos índices de acidentes. Modelo de gestão condizente com a realidade. As ações implantadas tiveram que ser adaptadas às condições existentes e em curto período de tempo, mesmo que sobrepondo etapas que as boas práticas de gestão exigem. Assim, por exemplo, houve necessidade de alocação imediata de profissionais de segurança nas atividades críticas de produção dentro do canteiro de obras, desafio esse difícil devido ao nível de conflitos existentes entre as partes. Por esse motivo, o número de profissionais de segurança foi dobrado. Capacitação Profissional: O plano de gestão para a mudança desejada foi, fundamentalmente, estruturado no trabalho humano, Com isso, além do incremento do número de profissionais de segurança do trabalho já referido, houve necessidade de um trabalho intensivo de capacitação profissional de todos os colaboradores, com ênfase para as lideranças. Essa capacitação abrangeu todas as competências que o projeto exigia e, cada função, a saber: o Competência estratégica: Principalmente para conciliar os aspectos de ST com os produtivos; o Competência de gestão: Principalmente para implantar as ações de controle necessárias; o Competência técnico-operacional: Principalmente para o uso de ferramentas adequadas de análise de riscos, aplicação de procedimentos técnicos para os serviços de alto risco, etc.; o Competência comportamental: Principalmente para eliminação de situações de conflitos existente com o uso de técnicas de administração de conflitos, negociação, resolução de problemas e outras; COMENTÁRIOS FINAIS O projeto da construção da UHE Estreito pode ser considerado referência para empreendimentos de tal porte e natureza no Brasil em relação à segurança do trabalho. O maior exemplo que o projeto deixa é a certeza de que, quando adequadamente geridos, fatores tradicionalmente considerados antagônicos em um empreendimento deste porte, como a produção e a proteção à vida humana, podem ser transformados em poderosas forças sinergéticas contribuintes para os bons resultados de um grande projeto. 8 / 8