educação ambiental: estamos caminhando... EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ESTAMOS CAMINHANDO...



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Transcrição:

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ESTAMOS CAMINHANDO... RAQUEL DA SILVA PEREIRA raquelspereira@uol.com.br universidade municipal de são caetano do sul O livro escrito pelos professores e pesquisadores José Carlos Barbieri e Dirceu da Silva (Educação ambiental na formação do administrador, São Paulo, Cengage learning, 2011) apresenta, em suas 246 páginas, seis capítulos. O objetivo do texto é discutir a Educação Ambiental (EA) em cursos de graduação em Administração e apresentar propostas para sua implementação, conforme os conceitos e objetivos do desenvolvimento sustentável. Os autores mostram a evolução da EA, de modo geral, e fazem uma contextualização interessante para a área de Administração. Eles deixam clara a necessidade de ensinar os futuros administradores a pensarem sobre as questões específicas dessa área, de forma integrada com as questões ambientais e sociais, de modo a alcançar resultados positivos tanto para a organização, seus acionistas, dirigentes e trabalhadores, quanto para a sociedade e o meio ambiente. O primeiro capítulo apresenta as origens da EA e as suas diversas concepções (naturalista, conservacionista, científica, biorregionalista, humanista, feminista etc.), cada qual refletindo diferentes modos de entender a relação do ser humano com o meio ambiente. O segundo capítulo trata da EA, concebida como um dos pilares do desenvolvimento sustentável. A escolha dessa concepção particular de EA se deve ao fato de ser aquela adotada pela legislação brasileira. A relação entre EA e desenvolvimento sustentável é abordada, inicialmente, com base em documentos elaborados em conferências internacionais, promovidas pela unesco, tais como a Carta de Belgrado (1975) e a Declaração de Tblisi (1977). O primeiro enfatiza as relações ecológicas, incluindo as do ser humano consigo mesmo, e ressalta a importância da educação formal e da informal; o segundo faz importantes recomendações sobre EA e ressalta a importância dos administradores e de outros profissionais cuja atividade gera significativos impactos sobre o meio ambiente e a sociedade, 403

raquel da silva pereira issn 2177-6083 evidenciando a interdependência econômica, política e ecológica, a qual pode ser favorecida se tratada por equipes multidisciplinares. Ainda, em uma perspectiva histórica, apresentam-se os fatos relevantes da década de 1990, que foi marcada pelo termo empowerment e pela necessidade de educação para um futuro sustentável, atrelada à necessidade de mudança comportamental, razão de muitas organizações concederem poder aos diversos níveis hierárquicos. O evento que se destaca nessa década, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Meio Ambiente, realizada no Rio de Janeiro em 1992 (Rio 92), também se distingue como um momento importante para a consolidação da EA como instrumento do desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, chama a atenção o capítulo 36 da Agenda 21, voltado para a promoção do ensino, da conscientização pública e do treinamento. Outro fato marcante diz respeito à unesco, que, em 1994, enfatiza a Educação para a Sustentabilidade, desde a Educação Básica, a conscientização dos cidadãos e a necessidade de fomento para a capacitação, enquanto que, em 1997, a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade, ocorrida em Tessalônica (Grécia), foca não apenas no meio ambiente, mas na pobreza, na saúde, em segurança alimentar, na democracia, nos direitos humanos e na paz. Fica evidente a necessidade de Educação para o Meio Ambiente e a Sustentabilidade, com enfoque holístico, interdisciplinar, considerando os contextos locais, regionais e nacionais. Os autores descrevem a Declaração do Milênio (2000) e os oito objetivos, desdobrados em dezoito metas a serem alcançadas até 2015, e o Decênio das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, concebido para vigorar de 2005 a 2014. Também são apresentados os Princípios de uma Sociedade Sustentável, e o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, com ênfase para o pensamento crítico e inovador, os quais podem promover a transformação para uma sociedade mais sustentável. O terceiro capítulo mostra como é tratada a EA na legislação brasileira, com ênfase para a Política Nacional do Meio Ambiente, a Política Nacional de Educação Ambiental e a sua implantação na esfera federal. Fica evidente a 404

obrigação de introduzir a EA em todos os níveis de educação, não em forma de disciplina, mas transversalmente, em todos os cursos formais, em todos os níveis. Também, a elaboração de um quadro em que são apresentados os fatores que dificultam e os que facilitam a Educação Ambiental é uma sistematização interessante que auxilia o leitor a obter a visão do todo. O curso de graduação em Administração é tema do quarto capítulo, que traz um histórico, discute a estrutura curricular e as competências e habilidades necessárias ao administrador contemporâneo. Na sequência, os autores consideram que a educação e a gestão ambiental, em cursos de Administração, baseiam-se no entendimento sobre meio ambiente e na discussão sobre ambientalismo e ecologismo, nem sempre bem compreendidos entre os professores, que enfatizam o papel da ciência e da tecnologia, da ética e da responsabilidade social. São abordados temas ambientais transversais, bem como conceitos básicos para a EA, tais como ciclos, sistemas complexos, capacidade de suporte, incerteza e risco, entre outros. Os autores finalizam o livro com um capítulo específico sobre Gestão Ambiental e suas áreas temáticas. Apresentam sugestões para a introdução de temas ambientais nos cursos de graduação em Administração, por meio de uma disciplina de Gestão Ambiental complementada pela inclusão dessa temática nas disciplinas dos cursos de Administração independentemente de seus conteúdos. A ideia é levar a EA a todas elas, de forma transversal e de acordo com uma abordagem multi, inter e transdisciplinar. O encerramento mostra o entendimento de que Gestão e Educação Ambiental caminham juntas, uma ajudando a outra. A conscientização proporcionada pela EA é que poderá trazer a mudança comportamental e cultural que favorecerá a gestão ambiental e o cumprimento das promessas do desenvolvimento mais sustentável. 405

raquel da silva pereira issn 2177-6083 REFERÊNCIA BARBIERI, J.C.; SILVA, D. Educação Ambiental na Formação do Administrador. São Paulo: Cengage Learning, 2011. 406

DADOS DOS AUTORES RAQUEL DA SILVA PEREIRA* raquelspereira@uol.com.br Doutora em Ciências Sociais pela PUC/SP Instituição de vinculação: Universidade Municipal de São Caetano do Sul São Caetano do Sul/SP Brasil Áreas de interesse em pesquisa: Gestão Ambiental, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável. * Rua Santo Antônio, 50 Centro São Caetano do Sul/SP 09521-160 407