REMESSA EX OFFICIO EM AÇÃO CÍVEL Nº 487024/PE (2009.05.99.003624-2) PARTE A : FAZENDA NACIONAL PARTE R : FRANCISCO PEDRO DA SILVA ESPÓLIO REMTE : JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE PALMARES - PE ORIGEM: 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DOS PALMARES RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS - Segunda Turma RELATÓRIO O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal FRANCISCO BARROS DIAS (Relator): Trata-se de remessa oficial em face da sentença proferida pelo MM. Juiz de Direito da Comarca de Palmares/PE, que, reconhecendo a ocorrência da prescrição intercorrente, extinguiu o feito com julgamento do mérito, com fulcro no art. 156, V, do CTN. Não foram ofertados recursos. Subiram-me os autos por força da Remessa Oficial (art. 475, CPC). É o relatório. (GSPF) REOAC-487024 - PE 1
REMESSA EX OFFICIO EM AÇÃO CÍVEL Nº 487024/PE (2009.05.99.003624-2) PARTE A : FAZENDA NACIONAL PARTE R : FRANCISCO PEDRO DA SILVA ESPÓLIO REMTE : JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE PALMARES - PE ORIGEM: 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DOS PALMARES RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS - Segunda Turma VOTO O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal FRANCISCO BARROS DIAS (Relator): A hipótese é de remessa oficial em face da sentença proferida pelo MM. Juiz de Direito da Comarca de Palmares/PE, que, reconhecendo a ocorrência da prescrição intercorrente, extinguiu o feito com julgamento do mérito, com fulcro no art. 156, V, do CTN. No caso dos autos, a execução fiscal foi ajuizada pelo antigo IAPAS, em 20.03.1987, para execução de créditos decorrentes de contribuição social relativo ao período de 10/78 a 01/80, consoante se extrai da Certidão de Dívida Ativa acostada aos presentes autos. A questão que ora se enfrenta, atine ao prazo prescricional, visando à cobrança de crédito tributário referente a contribuições previdenciárias de exercícios anteriores a vigência da Constituição Federal de 1988. Em se tratando das contribuições objeto da presente execução, o colendo Superior Tribunal de Justiça considera que o prazo prescricional das contribuições previdenciárias foi sucessivamente modificado pela EC n.º 8/77, pela Lei 6.830/80, que restabeleceu o art. 144 da Lei 3.807/60; pela CF/88 e pela Lei 8.212/91, à medida que as mesmas adquiriam ou perdiam sua natureza de tributo. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, tornando indiscutível a natureza tributária das referidas contribuições, o prazo prescricional retornou às regras do CTN (5 anos). É de se atentar ainda para o fato de que o STJ já decidiu que, para fins de se verificar a ocorrência da prescrição, deve-se levar em conta o prazo previsto na lei vigente ao tempo do arquivamento da execução fiscal, nos termos do art. 40 da Lei 6.830/1980. (GSPF) REOAC-487024 - PE 2
Nesse sentido, colaciono abaixo precedentes do STJ: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO - EXECUÇÃO FISCAL - CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS - EC 8/1977 - PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA - SUPERVENIENTE REDUÇÃO DO PRAZO - PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE - PRAZO - INTELIGÊNCIA DO ART. 40, 4º, DA LEI 6.830/1980-1- A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que, a partir da EC 8/1977, o prazo de prescrição das contribuições previdenciárias é trintenário. 2- Com a nova ordem constitucional, restabeleceu-se a natureza tributária das contribuições sociais e, conseqüentemente, o prazo prescricional do art. 174 do CTN. Precedentes do STJ e do STF. 3- "Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a fazenda pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato" (art. 40, 4º, da Lei 6.830/1980, com a redação dada pela Lei 11.051/2004). 4- Para a decretação da prescrição intercorrente, deve-se levar em conta o prazo previsto na lei vigente ao tempo do arquivamento da execução fiscal, nos termos do art. 40 da Lei 6.830/1980. 5- Caso sobrevenha, durante o arquivamento do feito, modificação legislativa que reduza o prazo de prescrição, o termo inicial do novo prazo será o da data da vigência da lei que o estabelece, salvo se a prescrição, iniciada na vigência da lei antiga, vier a se completar, segundo a norma anterior, em menos tempo. 6- Agravo Regimental não provido. (STJ - AgRg-REsp 1.082.060-2ª T. - Rel. Min. Herman Benjamin - DJe 19.03.2009) Registre-se, outrossim, que, quanto às contribuições sociais, tendo em vista sua natureza tributária e sendo a prescrição matéria reservada à lei complementar, não se aplica o disposto no art. 46 da Lei nº. 8.212/91; havendo que se ressaltar ter o colendo Supremo Tribunal Federal afastado em definitivo a incidência de tal dispositivo através da Súmula Vinculante nº 08. Deste modo, adoto como premissa a aplicabilidade do prazo prescricional de cinco anos às pretensões de cobrança de contribuições devidas à Seguridade Social. No caso dos autos, o despacho ordenando a citação da parte executada data de 13.03.1987. Não tendo ocorrido até a data da prolação da sentença (17.10.1994) diligência por parte da exequente com o fim de ser realizada a citação, de modo que se impõe a manutenção da sentença que reconheceu a prescrição intercorrente. Impende destacar que, in casu, não se pode aplicar o dispositivo sumular nº 106 do Superior Tribunal de Justiça, tendo em vista que a demora na citação deve ser imputada ao exeqüente que não diligenciou no sentido de indicar o correto endereço do executado. A alteração do art 174, do CTN, introduzida pela LC 118/05, estabelecendo que o prazo prescricional se interrompe com o mero despacho (GSPF) REOAC-487024 - PE 3
ordenando a citação, não se aplica no caso em análise, posto que foi assinado o despacho de citação antes de sua vigência. Neste diapasão, colaciono precedente desta eg. Segunda Turma: TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. IRPJ. PARALISAÇÃO POR PRAZO SUPERIOR A 5 ANOS. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE DECLARADA DE OFÍCIO. APELAÇÃO IMPROVIDA. 1. A Execução Fiscal foi protocolada em 03.05.99; por despacho, em 31.10.00, determinou-se o arquivamento da execução sem baixa na distribuição, em razão do valor; em 07.03.06, sobreveio sentença decretando a prescrição intercorrente, após a ouvida da exeqüente. 2. O STJ já decidiu que, no caso de arquivamento do feito sem baixa na distribuição, por se tratar de cobrança de pequeno valor, inexistindo, no diploma legal que autoriza tal hipótese de arquivamento, regra atinente à suspensão do prazo prescricional, aplica-se o entendimento pacificado no STJ, reconhecendo-se a prescrição intercorrente, se a execução ficou paralisada por mais de cinco anos (REsp. 773.367-RS, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJU 20.03.06, p. 209). 3. A Lei nº 11.051, de 29/12/04, que acrescentou o 4º ao art. 40 da Lei de Execução Fiscal, autorizando o juiz a declarar, de ofício, a prescrição intercorrente, após ouvir a Fazenda Pública, é norma de natureza processual, tendo aplicação imediata aos processos em curso. 4. Sobre a interrupção do prazo prescricional pelo despacho de citação, entende o eg. STJ que se a data do despacho é anterior à vigência da LC 118, de 09.02.05 (em vigor a partir de 09.06.05), somente a efetiva citação do executado interrompe a prescrição, nos termos da redação original do art.174, parágrafo único, I do CTN, que prevalece sobre o art. 8º, 2º, da LEF (1ª Turma, RESP 1015061-RS, rel. Min. Luiz Fux, julg. em 15.05.08, DJ de 16.06.08, p. 1). 5. A Súmula Vinculante nº 8, editada recentemente pelo eg. STF, declarou a inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 5º do Decreto-Lei 1.569/77, não havendo que se falar em suspensão da exigibilidade do crédito de pequeno valor. 6. Apelação improvida. (TRF5. AC 456747/RN. Segunda Turma. Rel. Des. Federal Manoel de Oliveira Erhardt. DJ 21.11.2008, p. 299) Isto posto, com fundamento nos precedentes acima transcritos, NEGO PROVIMENTO à remessa oficial, mantendo a sentença que reconheceu a ocorrência da prescrição dos débitos cobrados na presente execução fiscal. É como voto. (GSPF) REOAC-487024 - PE 4
REMESSA EX OFFICIO EM AÇÃO CÍVEL Nº 487024/PE (2009.05.99.003624-2) PARTE A : FAZENDA NACIONAL PARTE R : FRANCISCO PEDRO DA SILVA ESPÓLIO REMTE : JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE PALMARES - PE ORIGEM: 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DOS PALMARES RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS - Segunda Turma EMENTA PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRESCRIÇÃO. EC N.º 8/77 E ART. 144 DA LEI 3.807/60. PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA. SUPERVENIENTE REDUÇÃO DO PRAZO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. INTELIGÊNCIA DO ART. 40, 4º, DA LEI 6.830/1980. 1. O STJ já decidiu que, para fins de se verificar a ocorrência da prescrição, deve-se levar em conta o prazo previsto na lei vigente ao tempo do arquivamento da execução fiscal, nos termos do art. 40 da Lei 6.830/1980. Precedente: (STJ - AgRg-REsp 1.082.060-2ª T. - Rel. Min. Herman Benjamin - DJe 19.03.2009). 2. Quanto às contribuições sociais, tendo em vista sua natureza tributária e sendo a prescrição matéria reservada à lei complementar, não se aplica o disposto no art. 46 da Lei nº. 8.212/91. Súmula Vinculante nº 08 do STF. Precedentes do STJ e deste Tribunal. 3. In casu, o despacho ordenando a citação da parte executada data de 13.03.1987. Não tendo ocorrido até a data da prolação da sentença (17.10.1994) diligência por parte da exequente com o fim de ser realizada a citação, de modo que se impõe a manutenção da sentença que reconheceu a prescrição intercorrente. 4. Impende destacar que, na espécie, não se pode aplicar o dispositivo sumular nº 106 do Superior Tribunal de Justiça, tendo em vista que a demora na citação deve ser imputada ao exeqüente que não diligenciou no sentido de indicar o correto endereço do executado. 5. A alteração do art 174, do CTN, introduzida pela LC 118/05, estabelecendo que o prazo prescricional se interrompe com o mero despacho ordenando a citação, não se aplica no caso em análise, posto que foi assinado o despacho de citação antes de sua vigência. 6. Remessa oficial improvida. (GSPF) REOAC-487024 - PE 5
ACÓRDÃO Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5a. Região, por unanimidade, negar provimento à remessa oficial, na forma do relatório e voto constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Recife/PE, 15 de dezembro de 2009. (data do julgamento) Desembargador Federal FRANCISCO BARROS DIAS Relator (GSPF) REOAC-487024 - PE 6