ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Piracaia, em que é apelante PREFEITURA

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1 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de Piracaia, em que é apelante PREFEITURA MUNICIPAL DE JOANÓPOLIS, é apelado TRENDO CORRETORA DE SEGUROS DE VIDA LTDA. ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 18ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores BEATRIZ BRAGA (Presidente) e CARLOS VIOLANTE. São Paulo, 26 de novembro de Roberto Martins de Souza Relator Assinatura Eletrônica

2 Apelação nº Apelante - Município da Estância Turística de Joanópolis Apelado - Trendo Corretora de Seguros de Vida Ltda. Comarca - Piracaia 2ª Vara Proc.261/06 Voto nº APELAÇÃO Execução fiscal ISSQN do exercício de 2005 Sentença que extinguiu o processo reconhecendo a ocorrência da prescrição intercorrente Ação proposta na vigência da LC nº 118/05, que alterou a redação do art. 174, parágrafo único, I, do CTN Interrupção da prescrição com o despacho ordinatório da citação Autos que não ficaram paralisados sem qualquer providência por parte da exequente, nem restou caracterizada sua inércia que pudesse dar ensejo ao reconhecimento da prescrição que fica afastada - Sentença reformada - Recurso provido. Trata-se de apelação interposta pelo Município da Estância Turística de Joanópolis da r. sentença de fl.47 que extinguiu a presente execução fiscal (proc. nº 261/06) ajuizada contra Trendo Corretora de Seguros de Vida Ltda., cobrando crédito tributário de ISSQN do exercício de 2005, no valor total de R$865,93, fundada a extinção no reconhecimento da prescrição intercorrente, nos termos do artigo 487, II, do CPC/15. Busca o apelante, nas razões recursais às fls. 49/52, a reforma da r. decisão sustentando, em síntese: inocorrência da prescrição intercorrente descrita no art. 40, 4º, da LEF; aplicável, no caso, o artigo 55, 1º e 3º, do CPC/15; a demora na tramitação do feito não teria se dado por culpa do exequente (Súmula 106 do STJ). Pede seja dado provimento ao recurso e o prosseguimento da execução fiscal. Não foram apresentadas contrarrazões, vez que a executada não está representada nos autos. Isento de preparo, tempestivo e em condições de julgamento, recebo o recurso de fls.48/52, em seus regulares efeitos. Anoto que, verificando-se a desnecessidade da permanência Apelação nº Voto nº

3 nesta E. Corte dos autos da execução fiscal nº 297/2005-processo nº (apensada juntamente com estes autos nos autos de execução fiscal nº746/2008-principal), determinou-se na apelação nº (principal) seu desapensamento e remessa à origem para regular tramitação, tendo em vista não ter sido sentenciada, cuja determinação foi atendida às fls. 36/37 de referida apelação (principal). É o relatório. O recurso merece ser provido. Trata-se de execução fiscal proposta pelo Município da Estância Turística de Joanópolis, cobrando crédito tributário de ISSQN do exercício de 2005, no valor total de R$865,93, conforme CDA à fl. 03. Tendo em vista que a presente ação foi distribuída em 11/04/2006, ou seja, na vigência da LC nº 118/05, que alterou o inciso I, do parágrafo único, do art. 174 do CTN, interrompe-se a prescrição com o despacho do Juiz que determina a citação. Proposta a execução na vigência da LC nº 118/05, em vigor a partir de 09 de junho de 2005, deve ser aplicado o disposto no art. 240, 1º, do CPC/15: A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data da propositura da ação. O despacho citatório foi exarado em (na vigência da Lei nº 118/05 em vigor em ), interrompendo a prescrição, determinando o Juízo o recolhimento da guia de citação (cf. fl. 13-em ), sendo expedida a carta citatória em (cf. fl.13vº), cuja citação restou negativa (cf. AR datado de fl. 14, constando que a executada havia mudado). Determinou-se a manifestação do exequente em (fl.15), que pediu o prosseguimento do feito (cf. fls. 15vº e 16/17). Apelação nº Voto nº

4 Tendo em vista que os autos encontravam-se paralisados no cartório, em determinou-se a intimação da Fazenda Pública em termos de regular prosseguimento (fl. 18). O município pediu a penhora 'on line' dos ativos financeiros em nome da empresa-executada (em fls. 19/20). O pedido foi deferido à fl. 23 (em ). Certificou a serventia que deixou de atender o despacho de fl. 23 em razão de não citação da executada remetendo o processo ao MM. Juiz (em ), que determinou nova intimação do exequente para manifestação, suspendendo a ordem de bloqueio exarada à fl. 23 (cf. fl. 24). A Fazenda Pública respondeu à fl.25 (em ), reiterando o pedido de penhora 'on line' e requerendo o apensamento nestes dos autos da execução fiscal nº 297/2005 (cf. fls. 26/27). O pedido foi deferido à fl. 29 (em ) com juntada de AR negativo às fls. 30vº e 31/32. Determinou-se que o município se pronunciasse em termos de prosseguimento do feito (em 23/05/2014 fl.34), decorrendo o prazo sem manifestação (fl.35). O d. Procurador Municipal solicitou a penhora sobre o faturamento da empresa (em 19/03/2015-fl.37), com intimação na pessoa de seu representante legal, as sócias administradoras Fortunata Trendo e Márcia Madashi Trendo. Todavia foi exarado despacho à fl. 39 determinando primeiramente a intimação do exequente acerca da citação da parte executada (cf. fl. 39- em ), que pediu nova suspensão do feito, por 30 dias, que foi deferido à fl. 41. O prazo expirou (cf. certidão à fl. 42- datada de ), mas com pronunciamento fazendário em (fls.43/45), postulando Apelação nº Voto nº

5 o prosseguimento do feito e novamente a penhora do faturamento da sociedade empresária aduzindo que a citação da parte executada ocorreu à fl. 80 dos autos de nº (execução nº 297/ em ) e que tal fato se deu quando referidos autos já se encontravam apensado a estes. O pedido não foi apreciado, sobrevindo a r. sentença de extinção do feito pela ocorrência da prescrição intercorrente, prolatada em 14/09/2017 (cf. fl. 47), que deve ser modificada. Isso porque ficou demonstrado que desde a constituição definitiva do crédito tributário do exercício de 2005, com o despacho do Juiz que determinou a citação (em fl.02), interrompendo a prescrição seguindo manifestações da exequente em (pedido de prosseguimento do feito-fl. 16), (pedido de penhora 'on line' fl. 19), pedido de apensamento ( fl.25), requerimentos de penhora sobre o faturamento da empresa ( fl.37) e suspensão do feito ( fl.40), manifestação sobre prescrição intercorrente ( fl.43) e sobre citação ( fl.45), até a prolação da r. sentença, datada de (fl.52), não restou configurada a prescrição intercorrente, pois os autos não restaram paralisados verificando-se que o exequente sempre respondeu prontamente quando intimado para promover atos processuais para ver satisfeito seu crédito. Observa-se que as cópias dos AR's anexadas às fls. 54 e 55, juntamente com as razões de apelo, extraídas dos autos da execução fiscal nº 297/2005, que se encontravam apensados nestes e nos autos da execução nº 746/2008, dão conta de que tais AR's foram dirigidos às representantes legais da empresa ora executada, Marcia Madaschi Trendo e Fortunata Trendo, e nos seguintes endereços: Av. Aleixos Jafet, 1811, BL. 04 Apto 101- Apelação nº Voto nº

6 Jd.Ipanema-SP (fl.54) e Rua Benjamin Constant, 684-Indaiá- Caraguatatuba/SP-(fl.55), cujas citações restaram positivas (em ). Observa-se, ainda, que consta do despacho do Juízo à fl. 58 que o pedido de exequente de fl. 52 (datado de ), para prosseguimento da ação, não fora analisado, não se podendo, repita-se, dizer que os autos restaram sem movimentação por mais de cinco anos. Acrescente-se, de outra banda, em que pese à fl. 36 determinação de arquivamento dos autos, entre a data de tal decisão ( ) e a manifestação do exequente (em fl. 37), bem como desta até a prolação da r. sentença (datada de fl. 47), não transcorreram mais de cinco anos sem movimentação do processo por parte do município a caracterizar a prescrição descrita no art. 40, 4º da Lei nº 6830/80. Portanto, diante do panorama descrito, de que os autos não ficaram paralisados sem qualquer providência por parte do exequente, nem restou caracterizada sua inércia que pudesse dar ensejo ao reconhecimento da prescrição intercorrente. Esclareça-se que consuma-se a prescrição intercorrente se os autos da execução fiscal permanecem paralisados em cartório por mais de cinco anos, sem que a Fazenda tenha praticado qualquer ato de empenho procedimental (Lei de Execução Fiscal, 11ª ed., São Paulo: Saraiva, 2009, p.610/611). Nesse sentido: Processo Civil. Tributário. Execução Fiscal. Prescrição Intercorrente. Arquivamento. Intimação. Desnecessidade. 1. É despicienda a intimação da Fazenda Pública acerca da suspensão por ela mesma requerida, bem como do arquivamento, pois este último decorre automaticamente do transcurso do prazo de um ano, conforme dispõe a Súmula 314/STJ, in verbis: "Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente". 2. A alegação de que "a Fazenda Nacional não foi intimada da decisão que pronunciou a Apelação nº Voto nº

7 prescrição intercorrente" (e-stj fl. 148) constitui descabida inovação recursal. 3. Agravo regimental não provido (AgRg no AREsp /SC, Rel. Min. Castro Meira, 2ªT, j. em 22/11/2011, DJe -02/12/2011). Vale dizer que 'o princípio do impulso oficial não é absoluto (art. 2º do CPC/15), mas relativo'. Contudo, na hipótese vertente, entendo que o apelo fazendário deve ser acolhido, considerando as peculiaridades do processo. A propósito, verifico que o caso dos autos reclama aplicação da Súmula 106, do STJ ( Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ). Ante o exposto, dá-se provimento ao recurso, afastando-se a prescrição prosseguindo a execução fiscal, nos termos explicitados. Roberto Martins de Souza Relator Apelação nº Voto nº