WOLFRID TELECOMUNICACOES LTDA MUNICIPIO DE PORTO ALEGRE A C Ó R D Ã O. Vistos, relatados e discutidos os autos. 1

Transcrição

1 AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. EXCEÇÃO DE PRÉ- EXECUTIVIDADE. ISSQN. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. O parcelamento administrativo é causa de interrupção da contagem do prazo prescricional (art. 174, IV do CTN). A ação executiva foi ajuizada em 15/06/2010 (fl. 15) para a cobrança de ISSQN receita bruta dos exercícios de 2001 a Os créditos foram constituídos definitivamente em 09/09/2004 (CDA fl. 16). Houve o parcelamento administrativo em 16/01/2007, interrompendo-se o fluxo da prescrição, sendo que o último pagamento deu-se em 10/04/2007, ocasião em que voltou a fluir o prazo prescricional. Após, o município não se manteve inerte pelo prazo de cinco anos, pois empreendeu diligências necessárias para a garantia da execução fiscal. O simples decurso do prazo de cinco anos, por si só, não dá ensejo ao reconhecimento da prescrição. À UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº (Nº CNJ: ) WOLFRID TELECOMUNICACOES LTDA MUNICIPIO DE PORTO ALEGRE SEGUNDA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE PORTO ALEGRE AGRAVANTE AGRAVADO A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. 1

2 Acordam os Desembargadores integrantes da Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento ao recurso. Custas na forma da lei. Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES.ª LÚCIA DE FÁTIMA CERVEIRA (PRESIDENTE) E DES. RICARDO TORRES HERMANN. Porto Alegre, 28 de junho de DES. JOÃO BARCELOS DE SOUZA JÚNIOR, Relator. R E L A T Ó R I O DES. JOÃO BARCELOS DE SOUZA JÚNIOR (RELATOR) Cuida-se de agravo de instrumento, apresentado por WOLFRID TELECOMUNICAÇÕES LTDA., contra decisão interlocutória que não reconheceu a prescrição dos créditos tributários. Em razões, a parte recorrente alega, em síntese, a incidência da prescrição ao caso, uma vez que a execução perdura por mais de seis anos sem garantia do juízo. Diz que a dívida fiscal não pode ser eterna. Diz ser cabível a aplicação do artigo 40, da LEF, pois já foram realizadas inúmeras tentativas de localização do executado e de seus bens, sem sucesso. Protesta pelo provimento do recurso. O recurso foi recebido à fl. 154/155, ocasião em que indeferido o efeito suspensivo. 2

3 Sem contrarrazões (fl. 164). Voltaram os autos conclusos. É o relatório. V O T O S DES. JOÃO BARCELOS DE SOUZA JÚNIOR (RELATOR) Eminentes Colegas. É consabido que o parcelamento da dívida interrompe a contagem do prazo prescricional, nos termos do disposto no art. 174, IV do CTN: Art A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor. Assim, existente o acordo extrajudicial, o prazo prescricional volta a correr a partir do momento do inadimplemento do acordo administrativo, nos termos da Súmula nº 248 do extinto TFR, que assim dispõe: O prazo da prescrição interrompido pela confissão e parcelamento da dívida fiscal recomeça a fluir no dia em que o devedor deixa de cumprir o acordo celebrado. 3

4 No caso, a ação executiva foi ajuizada em 15/06/2010 (fl. 15) para a cobrança de ISSQN receita bruta dos exercícios de 2001 a Os créditos foram constituídos definitivamente em 09/09/2004 (CDA fl. 16). Houve o parcelamento administrativo em 16/01/2007 (CDA fl. 16), ocasião em que interrompeu o fluxo da prescrição. O último pagamento deu-se em 10/04/2007, momento em que voltou a fluir o prazo prescricional. Após o início da recontagem da prescrição, o município não permaneceu inerte na busca pelo crédito, conforme os seguintes trâmites processuais: Em 25/02/2011, a parte executada foi citada através de AR (fl. 22). Em 27/05/2011, o Município pediu expedição de mandado de penhora, registro e avaliação (fl. 25). A empresa não foi localizada pela Oficial de Justiça (fl. 31). O feito foi suspenso por 150 dias pela magistrada, cujo despacho data de 14/11/2012 (fl. 39). Decorrido o prazo, o exequente pediu a penhora de valores na data de 22/07/2013 (fl. 42). Foi determinada a citação do representante legal da empresa em novo endereço fornecido pelo município (fl. 58). Em 12/11/2014, a parte executada manifestou-se nos autos e em 05/12/2014, apresentou a exceção de préexecutividade (fls. 71/77), que foi rejeitada pelo julgador singular (fls. 109/111). Como se denota pelos atos processuais transcritos, o fisco não deixou transcorrer o prazo prescricional sem se manifestar nos autos. O fato de o crédito exequendo ainda não haver sido satisfeito apesar de passados mais de 05 (cinco) anos da última causa interruptiva da prescrição não se presta, por si só, a justificar o reconhecimento da prescrição intercorrente nos autos, uma vez que esta pressupõe inércia do credor, que não se configura no presente caso. Nesse sentido, colaciono precedentes deste Colegiado: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. ISSQN. PARTE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 4

5 PRESCRITO ANTES DO PARCELAMENTO DA DÍVIDA. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. INOCORRÊNCIA QUANTO AO RESTANTE DOS CRÉDITOS. 1. (...). 2. A prescrição intercorrente se configura pela inércia do credor pelo prazo de cinco anos e não pelo fato de o crédito tributário não restar satisfeito, sobretudo quando demonstrado nos autos a diligência do Município em tentar citar o devedor. Inocorrência da prescrição intercorrente em relação aos créditos hígidos quando da data do termo de confissão. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Apelação Cível Nº , Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Roberto Lofego Canibal, Julgado em 14/12/2016). APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. NÃO CONFIGURAÇÃO. ANÁLISE DOS ATOS PROCESSUAIS. ART. 40 DA LEF, 174 DO CTN E VERBETE Nº 314 DA SÚMULA DO STJ. Na forma dos parágrafos 1º, 2º e 4º do art. 40 da LEF e do verbete nº 314 da Súmula do STJ, o prazo prescricional passa a fluir do arquivamento, que ocorre após um ano de suspensão da execução fiscal. Os atos praticados pelo Estado nos autos demonstram que jamais deixou transcorrer o prazo prescricional sem impulso processual, inclusive após a suspensão ocorrida. Sempre foi diligente buscando informações e penhora de bens. O reconhecimento da prescrição intercorrente pressupõe inércia do credor, o que não se configura no presente caso. Necessidade de nomeação de curador especial aos réus citados por edital. APELAÇÃO PROVIDA. (Apelação Cível Nº , Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Almir Porto da Rocha Filho, Julgado em 16/05/2012) APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO. BUSCA INCESSANTE DO ESTADO NA SATISFAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM REALIZAÇÃO DE PENHORAS E ARREMATAÇÕES 5

6 QUE RESULTARAM ANULADAS. NÃO- CARACTERIZAÇÃO DE INÉRCIA DO CREDOR OU PARALISAÇÃO DO FEITO POR PRAZO SUPERIOR A CINCO ANOS. INEXISTÊNCIA DE CAUSAS QUE AUTORIZEM O DECRETO DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. SENTENÇA DESCONSTITUÍDA. PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL PROVIDA. (Apelação Cível Nº , Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Arno Werlang, Julgado em 09/11/2011) Ante o exposto, nego provimento ao recurso. É o voto. DES. RICARDO TORRES HERMANN - De acordo com o(a) Relator(a). DES.ª LÚCIA DE FÁTIMA CERVEIRA (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a). DES.ª LÚCIA DE FÁTIMA CERVEIRA - Presidente - Agravo de Instrumento nº , Comarca de Porto Alegre: "À UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO." Julgador(a) de 1º Grau: 6