Superior Tribunal de Justiça

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1 RECURSO ESPECIAL Nº MG (2012/ ) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO RECORRENTE : MARIA CRISTINA GOMES E OUTROS ADVOGADO : MARIA DE FÁTIMA CHALUB MALTA E OUTRO(S) RECORRIDO : INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DE MINAS GERAIS - IPSEMG ADVOGADO : DÉBORA CUNHA PENIDO DE BARROS DECISÃO RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE SAÚDE. INCONSTITUCIONALIDADE. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. POSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Trata-se de Recurso Especial interposto por MARIA CRISTINA GOMES E OUTROS, com fundamento na alínea a do art. 105, III da Constituição Federal, objetivando a reforma do acórdão proferido pelo egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, assim ementado: APELAÇÃO. AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA. CONTRIBUIÇÃO. CUSTEIO-SAÚDE. ARTIGO 85, 1 o E 2 o, DA LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL 64, DE RESTITUIÇÃO DOS VALORES DESCONTADOS. IMPOSSIBILIDADE. SENTENÇA MANTIDA. - Torna-se descabida a restituição das quantias cobradas a título de contribuição para custeio-saúde, por estarem os serviços prestados pelo IPSEMG à disposição dos segurados (fls. 104). 2. Alega o recorrente, em síntese, violação aos arts. 165, I e 167, ambos do CTN, aos seguintes argumentos: Ao declarar a inconstitucionalidade da compulsoriedade trazida no art. 85 da Lei Complementar Estadual n 9 64/2002 de Minas Gerais, o Pretório Excelso declarou serem todos os descontos realizados sob a ótica da compulsoriedade ilegais, assim se o servidor foi descontado antes da Portaria 22/2010 publicada pela parte recorrida estas contribuições foram ilegais o que viola a legislação federal pátria. (...). Portanto, o recorrente suscitou questão que envolve matéria típica Documento: Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 04/12/2012 Página 1 de 5

2 de Recurso Especial o que evidencia ter havido violação à legislação federal. Quanto ao entendimento esposado no Acórdão ora recorrido, que as exações eram compulsórias cumpre aqui rebatermos com a devida vênía que razão não assiste ao julgado pelo TJMG, pois, de certo os serviços colocados à disposição do servidor não pode se confundir ou servir de justificativa para a não repetição do indébito ocorrido ilegalmente além do que se manter tal decisão significaria enriquecimento ilícito por parte dos recorridos. Em que pesem os doutos fundamentos da Egrégia Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, não se conforma o recorrente, data máxima vênia, com os termos da v. Acórdão de fls. e fls., que negou provimeto ao apelo e por consequencia negou a restituição ao contribuinte de tributo descontado de forma compulsória, portanto ilegal (fls. 120/121). 143/145). 3. Com contrarrazões (fls. 133/141), o recurso foi admitido (fls. 4. É o que havia de relevante para relatar. 5. A irresignação merece prosperar. 6. Preliminarmente, conhece-se do Recurso Especial, uma vez que, o Tribunal de origem apreciou a questão jurídica mesmo sem fazer menção expressa aos artigos relacionados à matéria discutida; é o caso de admitir-se o prequestionamento implícito, para fins de conhecimento do Recurso Especial interposto pela alínea a do permissivo constitucional. Precedente: (AgRg no REsp /SP, Rel. Min. LUIZ FUX, DJe ). 7. No mérito, entende-se que o Apelo Especial comporta provimento. Inicialmente deve-se destacar que não se trata de exame de prova, haja vista que a Corte a quo se manifestou expressamente sobre a inconstitucionalidade dos tributos cobrados. No que interessa consignou a Corte de origem: Cinge-se a controvérsia recursal no cabimento da restituição dos valores descontados sobre os proventos do autor, como contribuição Documento: Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 04/12/2012 Página 2 de 5

3 previdenciária para custeio-saúde, na forma prevista no artigo 85, 1 o e 2 o, da Lei Complementar estadual 64, de O colendo SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, no julgamento da ADI 3106/MG, reconheceu a inconstitucionalidade do artigo 85 da Lei Complementar 64, de 2002, do Estado de Minas Gerais, que instituiu a compulsoriedade da contribuição para custeio-saúde. Este egrégio TRIBUNAL DE JUSTIÇA externou seu entendimento por meio da Súmula 21, Que dispõe: é inconstitucional a cobrança compulsória para o custeio dos serviços de saúde instituída pelo art. 85, 1 o, da Lei Complementar Estadual 64, de 25 de março de Voltando ao caso, é incontroverso que a assistência prestada pelo IPSEMG foi colocada à disposição dos Apelantes e dos possíveis dependentes no período em que se pretende a restituição dos valores descontados a título de contribuição previdenciária para custeio-saúde. Não houve demonstração de que tenham pretendido, antes da propositura da presente ação, a suspensão da contribuição e dos serviços prestados pelo IPSEMG. Registre-se que os respectivos descontos deduzidos em favor do plano são contraprestação aos serviços de saúde, quer tenham ou não sido de fato utilizados pelos servidores, ativos ou inativos, ou seus dependentes (fls. 106/107). 8. Verifica-se, portanto, que o Tribunal de origem decidiu de forma contrária a jurisprudência prevalente neste Superior Tribunal de Justiça, que, ao julgar a matéria, já orientou ser irrelevante ter os servidores públicos usufruído ou não do serviço de saúde prestado pelo Estado de Minas Gerais, pois tal circunstância não retira a natureza indevida da exação cobrada. Nos termos do art. 165, parág. único do CTN, o pressuposto para a repetição do indébito é a cobrança indevida do tributo. No mesmo sentido é a jurisprudência do STJ: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RESTITUIÇÃO. CONTRIBUIÇÃO DE CUSTEIO À SAÚDE PREVISTA NO ART. 85 DA LC/MG 64/2002. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONAL PELO STF E TJMG. DIREITO À REPETIÇÃO DO INDÉBITO. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMAS QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. O acórdão recorrido decidiu que a cobrança compulsória de Documento: Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 04/12/2012 Página 3 de 5

4 contribuição para custeio de assistência à saúde dos servidores públicos do estado de Minas Gerais, prevista na Lei Complementar Estadual n. 64/2002 não tem embasamento legal e constitucional, nos termos da orientação jurisprudencial já firmada pelo TJMG e Supremo Tribunal Federal, sem deferir, entretanto, a repetição do indébito pleiteada pelos autores. 2. É firme o entendimento de que, uma vez ocorrida a cobrança indevida de um tributo, imperiosa se faz a repetição do indébito, sendo desimportante, para fins de repetição, ter sido o serviço de saúde disponibilizado ou usufruído pelos seus beneficiários, posto que declarada inconstitucional a contribuição previdenciária." (AgRg no REsp /MG, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, julgado em 22/06/2010, DJe 03/08/2010) 3. De igual modo: REsp /MG, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 15/06/2010, DJe 28/06/2010, REsp /MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 02/06/2009, DJe 19/06/2009, REsp /MG, Rel. Min. Luiz Fuz, Primeira Turma, julgado em 24/08/2010, DJe 9/9/2010). 4. Agravo regimental não provido (AgRg no REsp /MG, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, DJe ). ² ² ² TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE SAÚDE. INCONSTITUCIONALIDADE. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. 1. A declaração de inconstitucionalidade de lei que institui contribuição previdenciária é suficiente para justificar a repetição dos valores indevidamente recolhidos. Precedentes: REsp /MG, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe ; REsp , Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJe de ; REsp /MG, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de ; REsp /MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de ; REsp /MG, Rel. Min. Castro Meira, DJe de e AgRg no REsp /MG, Rel. Herman Benjamin, DJe de Agravo regimental não provido (AgRg no REsp /MG, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJe ). Documento: Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 04/12/2012 Página 4 de 5

5 9. Ante o exposto, dá-se provimento ao Recurso Especial, para afirmar devida a repetição de indébito, conforme jurisprudência predominante desta Corte Superior de Justiça. 10. Publique-se. Intimações necessárias. Brasília/DF, 30 de novembro de NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR Documento: Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 04/12/2012 Página 5 de 5