, 1;11!If,, 11'11.., 'i N 1T rrigirg ii I J, APELAÇÃO CÍVEL N 200.2009.027.042-8/001 RELATOR: Des. José Aurélio da Cruz APELANTE: Estado da Paraíba, repersentado pelo Procurador Solon henriques de Sá e Benevides APELADO: Cynara Rafaiela Oliveira Pinheiro ADVOGADO: Walter Alves de Lima Filho MOLA. altig nu, zmarr,,tni trmailim411 CONSTITUCIONALSERVIDORA PÚBLICA. VÍNCULO PRECÁRIO SEM CONCURSO PÚBLICO. GRAVIDEZ. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. LICENÇA MATERNIDADE. APLICAÇÃO DO ART.10, INCISO II, ALÍNEA 'B' DA ADCT ÀS SERVIDORAS. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO PELO STF.DESPROVIMENTO MONOCRÁTICO DO APELO. - CPC.Art.557. O relator negará seguimento ao recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou Jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. ADCT.Art.10, Inciso II, alínea Fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até conco meses após o parto. VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos. RELATÓRIO Cynara Rafaiela Oliveira Pinheiro, ajuizou ação ordinária de cobrança de valores correspondente à estabildiade provisória decorrente da licença gestante, aduzindo, em suma, que foi nomeada pelo Governador ó Estado da Paraíba em dezembro de 2008 para exercer o cargo em comissão de Assistente de Gabinete III CSE-2, e logo em seguida engravidou. Ato contínuo foi exonerada em 19 de fevereiro de 2009, 1
situação em que lhe confere estabilidade provisória.pugna a condenação do erário a pagar-lhe o valor de seus proventos por todo o período e até cinco meses posteriores à gestação. Juntou documentação às fls.22/31. Em sede de contestação, aduziu, a Fazenda Pública que a contratação da promovente é nula por ausência de concurso, situação esta impediente de gerar qualquer efeito jurídico; ainda, alegou a inaplicabilidade do art.10 da ADCT à situação das servidoras ocupantes de cargo em comissão, argumentando que referido dispositivo alcança apenas os empregados celetistas. Às fls.67/69 sentença de procedência, nos exatos termos: "No caso dos autos, a autora ocupava cargo em comissão de Assistente de Gabinete III, Símbolo CSE-2, a contar de 09 de dezembro de 2008 (fls.27), tendo sido afastada do cargo em 19 -,de fevereiro de 2009, conforme Decreto n 30.225 de fls29, quando se encontrava em período gravidico. O Supremo Tribunal Federal tem aplicado a garantia constitucional à estabildiade provisória da gestante não apenas às celetistas, mas também às militares e servidoras públicas civis.(...) Isto posto e considerando tudo o mais que dos autos consta, com base nos fundamentos explicitados nesta e no art. 269, inciso I do CPC, acolho o pedido autoral feito nos presentes autos de n 200.2009.027.042-8, para condenar o Estado da Paraíba ao pagamento de verbas remunera tórias à autora, Cynara Rafaiela Oliveira Pinheiro, da demissão até os 5 meses posteriores ao parto, mediante correção monetária, desde cada parcela mensal pela TR e com incidência de juros morató rios, no importe de 6% ao ano, desde a cita ção,a serem calculadas em sede de execução." Às fls. 71/85, consta petição de recurso apelatório interposto pelo Estado da Paraíba argumentando novamente a nulidade da contratação sem concurso público não gerar qualquer efeito e também a impossibildiade de a apelada exercer cargo em comissão por não ser concursada, bem como levantou a tese da inaplicabilidade do art.10, inciso II, alínea 'b' da ADCT; outrossim, requereu subsidiariamente a aplicação do princípio da razoabiliade/proporcionaldiade ante o fato de a apelada ter trabalhado apenas 2 meses e estar pleiteando 12 meses por força da gestação-estabildidade; por fim requereu uma compensação de crédito recebido pela apelada a maior, que deverá ser abatida da dívida eventualmente em caso de provimento do presente apelo. Em contrarrazões ao apelo fls.87196-, a apelada requer o não seguimento do recurso pela ausencia de dialeticidade; no mérito ataca o apelo argumentando a manutenção da sentença por seus próprios fundamentos e acrescenta que a comprovação do nascimento com vida do filhe apelada não pode ser tratada em sede de recursal, nos termos do rt.515, 1 do CPC. 2
Por fim, às fls.103/105, parecer ministerial sem conteúdo meritório, por entender falecer interesse público que exija sua intervenção. É o relatório. nir,,ir7r1flipyiqligrtriffdiodià uhiájdne wly P Inicialmente é imperioso analisar a estrita obserância dos requisitos recursais, os quais foram cumpridos, notadamente no que tange à dialeticidade apontada pela apelada. É que o apelante trouxe arrazoado novo na peça recursal ao tratar do principio da razoabildiade/proporcionalidade, não merecendo acolhimento a tese de que a peça foi cópia fiel da contestação, motivo pelo qual se passa à análise meritória. Malgrado o zelo e a combatividade do digno procurador, oficiante neste feito, entende-se, com a devida vênia, que o recurso interposto não reúne condições de ser provido. Senão, vejamos. Pretende a autora, ora apelada, com a presente demanda, ver-se indenizada pelos prejuízos de ordem Material que lhe foram causados, em razão de sua exoneração do cargo comissionado que exercia, durante o período em que se encontrava grávida. O artigo 39, 3, da Constituição Federal autoriza sejam aplicados aos servidores públicos alguns direitos sociais previstos em seu artigo 7, dentre eles a licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com duração de cento e vinte dias (art. 7, XVIII, da CF). Desse direito decorre a estabilidade provisória, prevista no disposto no artigo 10, do ADCT, inciso II, alínea "b", que assim dispõe: "Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7, I, da Constituição: "(...). "H fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: "(...). "b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto" (grifamos). Embora seja cediço que o servidor que ocupe na Administração cargo em comissão possa ser exonerado ad nutum (art. 37, II, da CF), há a exceção para a dispensa a partir do início da gravidez, que é vedada, conforme as normas constitucionais mencionadas. A ocupante de cargo em comissão não tem a estabilidade dos servidores efetivos e concursados, mas adquire a 3
estabilidade provisória não em razão da natureza do cargo, mas devido à natureza de sua condição de gestante. Neste sentido julgado uníssono deste Egrégio Tribunal de Justiça Paraibano, bem como entendimento consolidado do STF extendendo a aplcabildiade do art.10, inciso II, alínea 'b' da ADCT. A questão trata PRELIMINAR. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. AUTORIDADE COATORA QUE PRESTA INFORMAÇÕES SOBRE O MÉRITO DA QUESTÃO. it:oria DA ENCAMPAÇÃO. REJEIÇÃO. - Tem legitimidade passiva ad causam a autoridade coatora que, qualificada na petição inicial, vem a juízo e presta as informações sobre o ato impugnado. Aplicação da teoria da encampação, adotada pela jurisprudência do STJ. AGRAVO INTERNO EM MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDORA PÚBLICA. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. GRAVIDEZ. DEMISSÃO SEM JUSTA CAUSA. ILEGALIDADE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA E LICENÇA MATERNIDADE. DIREITO GARANTIDO. ART. 10, INCISO II, ALÍNEA B DO ADCT. PEDIDO DE LIMINAR. DECISÃO CONCESSIVA. FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORA. CONVERGÊNCIA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES. OCORRÊNCIA. DESPROVIMENTO. A concessão de liminar de natureza acautelatória nos autos de mandado de segurança pressupõe a satisfação concomitante de dois requisitos o fumus boni uris fumaça do bom direito e o periculum in mora perigo da demora. São reconhecidos às funcionárias públicas em geral, inclusive às designadas a título precário, os direitos à licença gestante e à estabilidade provisória, mediante a aplicação do art. 70, XVIII e do art. 39, 3, todos da Constituição Federal, e do art. 10, do ADCT. TJPB - Acórdão do processo n 99920100002685001 - Órgão (TRIBUNAL PLENO) - Relator DR. CARLOS EDUARDO LEITE LISBOA - j. Em 01/12/2010. A estabilidade provisória advinda de licença-maternidade decorre de proteção constitucional às trabalhadoras em geral. O direito amparado pelo art. 7 0, XVIII, da CF, nos termos do art. 142, VIII, da CF/1988, alcança as militares." (RE 523.572-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 6-10-2009, Segunda Turma, DJE de 29-10-2009.) No mesmo sentido: AI 811.376-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 1-3-2011, Segunda Turma, DJE de 23-3-2011. "O STF fixou entendimento no sentido de que as servidoras públicas e empregadas gestantes, inclusive as contratadas a título precário, independentemente do regime jurídico de trabalho, têm direito à licença-maternidade de 120 dias e à estabilidade provisória desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, nos 4
termos do art. 7 0, XVIII, da CB e do art. 10, II, b, do ADCT. Precedentes." (RE 600.057-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 29-9-2009, Segunda Turma, DJE de 23-10-2009.) No mesmo sentido: RE 634.093-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 22-11-2011, Segunda Turma, DJE de 7-12-2011; RE 597.989- AR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 9-11-2010, Primeira Turma, DJE de 29-3-2011; RE 287.905, Rel. p/ o ac. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 28-6-2005, Segunda Turma, DJ de 30-6-2006; RMS 24.263, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 1-4-2003, Segunda Turma, DJ de 9-5-2003. Vide: RE 523.572- AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 6-10-2009, Segunda Turma, DJE de 29-10-2009; RMS 21.328, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 11-12-2001, Segunda Turma, DJ de 3-5- 2002; RE 234.186, Rel. Min. Sepillveda Pertence, julgamento em 5-6-2001, Primeira Turma, DJ de 31-8-2001. "Servidor Público. Demissão. Comissão disciplinar presidida por Promotor de Justiça, que se enquadra no conceito lato sensu de servidor público. A demissão da impetrante grávida baseou-se em justa causa. Legalidade do ato de demissão. (MS 23.474, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 14-9-2006, Plenário, DJ de 23-2- 2007.) "Estabilidade provisória decorrente da gravidez (CF, art. 7 0, I; ADCT, art. 10, II, b). Extinção do cargo, assegurando-se à ocupante, que detinha estabilidade provisória decorrente da gravidez, as vantagens financeiras pelo período constitucional da estabilidade." (RMS 21.328, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 11-12-2001, Segunda Turma, DJ de 3-5-2002.) "Estabilidade provisória da empregada gestante (ADCT, art. 10, II, b): inconstitucionalidade de cláusula de convenção coletiva do trabalho que impõe como requisito para o gozo do benefício a comunicação da gravidez ao empregador. O art. 10 do ADCT foi editado para suprir a ausência temporária de regulamentação da matéria por lei. Se carecesse ele mesmo de complementação, só a lei a poderia dar: não a convenção coletiva, à falta de disposição constitucional que o admitisse. Aos acordos e convenções coletivos de trabalho, assim como às sentenças normativas, não é lícito estabelecer limitações a direito constitucional dos trabalhadores, que nem à lei se permite." (RE 234.186, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 5-6-2001, Primeira Turma, DJ de 3 1-8- 2001.) No mesmo sentido: AI 448.572-AgR-ED, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 30-11-2010, Segunda Turma, DJE de 16-12-2010; AI 277.381-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 8-8-2006, Sugunda Turma, DJ de 22-9-2006; RE 259.318, Rel. Min. Ellen Grade, julgamento em 14-5-2002, Primeira Turma, DJ de 21-6-2002. 5
, DISPOSITIVO Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO MONOCRÁTICO AO APELO para manter a sentença vergastada em seus própios termos, em face de sua observância fiel à Jurisprudência consolidada deste Eg. TJPB e STF, nos termos do art.557, caput do vigente CPC. P.I. João Pessoa, 15 de janeiro de 2013. i' Des. J lator 6
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