A EDUCAÇÃO PROFISIONAL DESPERTANDO A CULTURA EMPREENDEDORA PARA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA



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Transcrição:

A EDUCAÇÃO PROFISIONAL DESPERTANDO A CULTURA EMPREENDEDORA PARA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA Armando Paulo da Silva 1, Magda Lauri Gomes Leite 2, Luís Maurício de Resende 3 e Sergio Augusto Oliveira da Silva 4 Abstract This article has as its objective to presents the experience accomplished in the Logic discipline with students of the university study of Technology in Automation of Industrial Processes of Cefet-PR for to bring up the enterprising culture at the technological innovation. The students were stimulated to develop projects addressed to the application of the acquired knowledge in the discipline so that the conclusion of the work generated a prototype. The result of that experience was the appearance of several ideas and prototypes for futures works that can be developed through the pre-incubation mechanism in the Incubator of the own institution or even the possibility of the technological appearance of increasing innovations for the company which are linked. It was concluded that the use of education methods that stimulate the students for the application of their knowledge can produce more solid results and contribute for an enterprising professional's formation. Keywords Enterprising Culture, professional education, project. INTRODUÇÃO A educação brasileira no contexto mundial apresenta a característica de formação geral do indivíduo, onde o desenvolvimento do educando tem de permear a concepção dos componentes científicos, tecnológicos, sócio-culturais e de linguagens. Além de que o indivíduo deve ter presente em todos os momentos de sua formação: o aprender a aprender e o aprender a fazer. A política educacional brasileira, a partir da homologação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) [1]. preocupou-se com a preparação do educando para enfrentar os desafios de economias globalizadas e competitivas oferecendo uma educação geral e profissional com condições para superar esses obstáculos. A educação profissional transcende a fase do repetidor de processos para que promova a transição entre escola e o mundo do trabalho, capacitando jovens e adultos com conhecimentos e habilidades gerais e específicas para o exercício de atividades produtivas [2]. Para efetivar essa política educacional, o Ministério da Educação (MEC) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) desenvolve projetos em parceria para disseminação do empreendedorismo nas escolas de educação profissional, por meio de programas como: Programa Integrado MEC/SEBRAE de Técnicos Empreendedores, Programa Jovem Empreendedor, Programa Aprender a Empreender, entre outros. Além de desenvolver esses projetos, preocupa-se com a visão do educador em relação a essa nova realidade da educação brasileira e para isso tem realizado projetos direcionados a esses educadores, afim de que possam difundir melhor essa cultura e através de sua prática pedagógica criar um contexto propício à efetivação desse projeto junto aos educandos. Outra novidade que surge a partir das mudanças proveniente da legislação educacional foi que a educação profissional passa a oferecer a possibilidade do educando realizar a continuidade de sua formação secundária através de cursos técnicos, em nível de pósmédio ou cursos superiores de tecnologia. No caso dos cursos superiores de tecnologia, que apresentam características distintas das graduações tradicionais existentes, a preocupação é formar um profissional que atenda áreas específicas e necessidades do mercado. Vale ressaltar que as inúmeras Instituições Federais de Ensino Técnico (IFETs) existente tomaram direções distintas, apesar de tradicionalmente prepararem profissionais qualificados para atender as necessidades do mercado de trabalho, através do nível secundário e técnicos. A maioria dessas IFETS, por características predominantemente de formação técnica, optaram pela continuidade do trabalho de formação técnica, em nível de pós-médio e as demais por estarem atuando com os níveis: secundário, de graduação e de pós-graduação, passaram a oferecer os Cursos Superiores de Tecnologia (CST). Essa nova característica de graduação se distingue das demais porque passa a propiciar que o educando receba na sua formação as bases da Ciência, da Tecnologia e da Gestão. Essas bases são solidificadas com atividades em laboratórios, atividades complementares de cunho social e de extensão e para conclusão desses cursos necessitam realizar além do estágio supervisionado, um trabalho de conclusão de curso. Essas mudanças aconteceram para acompanhar as transformações naturais do mercado, pois o perfil necessário desse profissional mudou de empregado para empreendedor. Nessa realidade encontra-se o Centro 1 Armando Paulo da silva, Cefet-PR, Av. Alberto Carazzai, 1640, 86.300-000, Cornélio Procópio, PR, Brasil, armando@cp.cefetpr.br 2 Magda Lauri Gomes Leite, Cefet-PR, Av. Monteiro Lobato, km 04, 84.016-210, Ponta Grossa, PR, Brasil, Magda@pg.cefetpr.br 3 Luís Maurício de Resende, Cefet-PR, Av. Monteiro Lobato, km 04, 84.016-210, Ponta Grossa, PR, Brasil, mauricioresende@cp.cefetpr.br 4 Sérgio Augusto Oliveira de Resende, Cefet-PR, Av. Alberto Carazzai, 1640, 86.300-000, Cornélio Procópio, PR, Brasil, augus@cp.cefetpr.br

Federal de Educação Tecnológica do Paraná/Unidade de Cornélio Procópio que oferece Cursos Superiores de Tecnologia nas seguintes áreas: Eletrotécnica, Mecânica e Informática. Os alunos que ingressam nesses cursos são provenientes de diversas realidades, dentre elas predomina as seguintes: trabalham na área e necessitam melhorar sua qualificação profissional; não trabalhar na área e querem se qualificar para ter novas opções no mercado; estão fora do mercado de trabalho e necessitam se qualificar para melhorar suas condições para inserção nesse mercado de trabalho. Conforme diz LOPEZ [8]: a educação, ou reeducação, deverá ser muito mais voltada para o futuro provável do que para a certeza do que já ocorreu no passado. As pessoas terão que aprender a aprender, em lugar de repetir as lições ensinadas. Em função dessa situação, os educadores necessitam prepará-los, independente de sua realidade, para que ao final do curso realizem o estágio supervisionado e desenvolva seu trabalho de conclusão de curso sem frustração e possa se manter ou inserir-se no mercado de trabalho com atitude empreendedora. ALGUNS ASPECTOS DA CULTURA EMPREENDEDORA A realidade que se encontra vigente na área de micro ou pequenas empresas e conseqüentemente na educação brasileira foi prevista por TIMMONS [13] em seus estudos quando escreveu: O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século 21 mais do que a revolução industrial foi para o século 20, e segundo LOPEZ[8]: essa nova realidade obriga a que as empresas avaliem o quanto de trabalho e de mudanças deve ser feito, a partir de sua cultura, passando por estratégias (cada vez mais flexíveis e próximas do nível operacional), até a sistematização dos novos procedimentos, em função unicamente do atendimento à satisfação do mercado. Nesse contexto, as grandes empresas passam a enxugar suas despesas e terceirizar setores da produção para se tornarem mais competitivas. E também, segundo LOPEZ [8]: essa transformação implica passar a ter pessoas muito mais preparadas e atualizadas, com a capacidade de visão e que ajam e se sintam como donos daquele negócio, ou seja, uma parceria completa e profunda. A formação dada pelas instituições de ensino muda seu foco para preparar os futuros profissionais para essa nova realidade. No Brasil, conforme dados do SEBRAE [12], de cada 100 empresas, 98 são micro ou pequenas empresas. Juntas, elas empregam quase 40 milhões de trabalhadores, mais da metade de toda a mão-de-obra do País. Com relação à área de empreendedorismo (entrepreneurship) necessita de ações que visam disseminar a cultura de espírito empresarial entre os jovens, a geração do auto-emprego, a criação de micro ou pequenas empresas, a sobrevivência e a renovação das empresas. No intraempreendedorismo (intrapreneurship) ou estudo do papel do empreendedorismo em grandes organizações necessita de políticas públicas de apoio e suporte à criação de empresas, incluindo ambiência econômica, cultural, legislação, tributação; o estabelecimento de network com universidades e todas as forças sociais. A classificação das fases do processo de criação de empresas, segundo GIBB [6] pode ser apresentada da seguinte forma: desenvolvimento da motivação para a criação do próprio negócio; desenvolvimento da idéia (processo visionário), validação da idéia, definir a escala de operação e identificar os recursos necessários, formatação total do empreendimento como instrumento de negociação interna e externa (plano de negócios), início das operações, consolidação e sobrevivência. Segundo TIMMONS [13] existem alguns mitos a serem superados: empreendedores não são feitos, nascem; qualquer um pode começar um negócio; empreendedores são jogadores; empreendedores querem o espetáculo só para si; empreendedores são os seus próprios chefes e completamente independentes; empreendedores trabalham mais tempo e mais duro do que gerentes em grandes empresas; empreendedores experimentam grande stress e pagam alto preço; começar um negócio é arriscado e freqüentemente acaba em falência; o dinheiro é o mais importante ingrediente para começarse o negócio; empreendedores devem ser novos e com energia; empreendedores são motivados pela busca do todo poderoso dólar; empreendedores buscam poder e controle sobre terceiros; se o empreendedor é talentoso, o sucesso vai acontecer em um ou dois anos; qualquer empreendedor com uma boa idéia pode levanta rum capital e se um empreendedor tem capital inicial suficiente, não pode perder a chance. Diante desses mitos pode-se dizer que leva, em média, 10 anos para que uma pessoa acumule as habilidades, o Know-how, a experiência, para identificar e aproveitar as oportunidades que surgem, além de ter o discernimento da diferença entre idéia e oportunidade. Em pesquisas realizadas de 1997 a 2000, por dois dos principais centros de ensino de empreendedorismo do mundo, o americano Babson College e o inglês London Business School, e publicada pela Revista Exame [11], o Brasil foi incluído no estudo pela primeira vez e estreou tirando o primeiro lugar da turma, entre os 21 países, após entrevistar 43.000 pessoas e comparar o nível empreendedor desses países. Segundo o recém-divulgado relatório do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), patrocinado pela consultoria Ernst & Young e pelo Instituto Kauffman, de cada oito brasileiros adultos, um está envolvido na criação de um novo negócio. Só para comparar: nos Estados Unidos, a taxa é de um para dez. Na Inglaterra, 1 em 33. No Japão, um em cada cem.

Outro dado é que no Brasil a oportunidade de criar e manter um negócio por mais de três anos é relativamente baixo. Segundo dados do SEBRAE [12] de cada 100 empresas abertas no País, 35% não chegam ao final do primeiro ano de vida; 46% não sobrevivem ao segundo ano; e, 56% desaparecem no terceiro ano de vida, segundo analise desses dados o principal motivo para que isso ocorra é a falta de preparo, informação, planejamento e conhecimento específico sobre o negócio. Para superar os desafios e sobreviver no mercado é preciso entender como e por quê as coisas acontecem; quais os comportamentos e atitudes que aumentam as chances de sucesso e conhecer as ferramentas que darão maior controle sobre os resultados. Os empreendedores de sucesso, geralmente, apresentam as seguintes características: assumem riscos calculados, trabalham em equipe, procuram meios para aumentar os rendimentos, ao invés de tirar maior parte dele, em seu negócio há o envolvimento de sócios, investidores, clientes, fornecedores, empregados, credores, entre outros [4]. Em relação à dedicação ao trabalho não existe pesquisa que garanta que um empreendedor trabalhe mais ou menos que um gerente de uma grande empresa. Além de que a satisfação que tem em dedicar-se ao seu negócio faz com que não queira se aposentar, fato que não ocorre com os empregados. Para um empreendedor de sucesso sua empresa pode entrar em falência, mas ele não. Isso somente o alimenta para superar as dificuldades, afinal correr riscos, de preferência calculados, fazem parte de seu negócio e, mesmo que os rendimentos de sua empresa sejam altos, ele irá trabalhar para melhorar e continuar crescendo. A idade é outro fator que não é barreira para um empreendedor, o que importa é o Know-how, as suas experiências e suas relações. Encontramos empreendedores de sucesso desde 35 anos até 60 anos de idade que buscam construir empresas onde possam realizar ganhos de capital, em longo prazo; realização pessoal, controle dos seus próprios destinos e realização de seus sonhos. Para ele o dinheiro é uma ferramenta. Em relação ao poder e controle, o empreendedor busca responsabilidade, realização e resultados. Com relação ao processo de formação do empreendedor, podem ser utilizados os seguintes recursos didáticos-pedagógicos da metodologia enterprise way: seminários, discussão em grupo, revisões críticas, apresentações dos alunos, ensino e aconselhamento pelos pares, resolução de problemas reais, debates, casos, análise de incidentes críticos, imagens de papel e auto-identificação, aprendizagem baseada no projeto, abordagem de consultor/conselheiro, aprendizado experimental, avaliação pessoal ou dos parceiros, investigação e brainstorming. Segundo CANDELORO [3]: o desafio está em absorver que o mercado não permite mais a calma e tranqüilidade decorrente da acomodação. Com a globalização, Internet, Mercosul, queda das tarifas e impostos sobre importados, entre outros, você pode ter certeza de que, neste exato instante, em algum lugar do mundo, alguém está tramando tomar o seu mercado. Parece assustador e meio exagerado, mas é a pura verdade e é por isso que não podemos nos acomodar. Essa é a realidade que espera o empreendedor e uma das armas para auxiliá-lo perante o mercado é a informação. A informação pode evitar que erros básicos sejam cometidos e que enfrentem seus concorrentes sem frustrações. O empreendedorismo é um fenômeno cultural que pode ser definido como a criação de empresas, a geração do auto-emprego, o empregado-empreendedor (intrapreneur) ou um novo profissional com inserção diferencial como ofertante de trabalho[9]. O perfil do empreendedor exige a capacidade para o auto-aprendizado para conhecer o negócio que realizará e o tamanho do desafio, planejar cada detalhe, saber o que precisa e que ferramentas utilizar, encontrar o melhor caminho, estar comprometido com o resultado, ser persistente, calcular os riscos, pesquisar o mercado, preparar-se, acreditar na sua capacidade e começar o seu negócio. Para ter um referencial precisa realizar questionamentos, avaliar a idéia de seu negócio, ser criativo, ouvir outros empreendedores (sucessos e fracassos), testar o seu produto. Assim pode ter seu negócio e obter vantagem competitiva utilizado as estratégias de liderança de custo, diferenciação e enfoque[10]. O perfil do educador para contribuir com a formação de novos empreendedores deve ser aquele que detêm um conhecimento e que não fornece as respostas prontas para as indagações dos educandos, mas os estimulam a formular suas perguntas pertinentes e buscar suas próprias respostas. O networking é fundamental, o professor deve trazer a sua rede de relações para a sala de aula, envolver-se e comprometer-se, além de organizar um ensino multidisciplinar e para melhorar a relação professoraluno e contribuir para que o aluno gere novos conhecimentos. O professor deixa de ser aquele que bombardeia conhecimentos e passa a ser o orientador para a construção dos conhecimentos. O PERFIL DOS PARTICIPANTES DO PROJETO Os alunos que participaram do projeto estavam cursando o segundo período do Curso Superior de Tecnologia em Automação Industrial no ano de 2003, sendo predominante a faixa etária entre 19 a 25 anos e o sexo masculino, em função das características do curso. METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS DO PROJETO A abordagem metodológica adotada neste trabalho foi qualitativa de natureza interpretativa analisando os resultados de forma contextualizada, utilizando-se do processo indutivo. Foram envolvidos no projeto 36 alunos do Curso Superior de Tecnologia em Automação

Industrial do Cefet-PR da Unidade de Cornélio Procópio. Para o desenvolvimento do projeto foi proposto, aos alunos do segundo período do Curso Superior de Tecnologia em Eletrotécnica do CEFET-PR/Unidade de Cornélio Procópio do primeiro semestre de 2002, diversas atividades na disciplina de lógica, com intuito de prepará-los para a execução do trabalho de conclusão de curso e despertar para a cultura empreendedora. Para a realização da experiência propôs um cronograma com datas pré-estabelecidas para o desenvolvimento das atividades e que alunos deveriam formar equipes compostas por três alunos, no máximo. Em função da quantidade limitante de alunos por equipe, formaram-se 12 equipes. A proposta do trabalho em equipe teve como objetivo a preparação dos educandos para a socialização do conhecimento e a interação entre eles, preparando-os para a vida profissional. Para execução do trabalho as equipes deveriam pensar numa situação que envolvesse a aplicação do conhecimento de lógica matemática na sua área de formação: automação de processos industriais. Para essa atividade deveriam cumprir as seguintes etapas: Escrever um pré-projeto com os seguintes itens: título do projeto, objetivo geral, objetivos específicos, justificativa, caracterização do Projeto (descrição, responsável, clientela, recursos físicos, recursos materiais e recursos financeiros), metas, etapas, cronograma de execução e resultados esperados. Além de realizar os testes necessários para execução do projeto e verificar a viabilidade do mesmo; gerar um protótipo do projeto e apresentá-lo em data estabelecida; escrever o projeto final complementando o pré-projeto com os seguintes itens: fundamentação teórica, análise dos resultados, conclusão e bibliografia. Todos as etapas foram cumpridas pelas equipes e dentre os diversos projetos, o resultado foi o surgimento de diversas idéias e protótipos para futuros trabalhos que podem ser desenvolvidos via o mecanismo de préincubação na Incubadora da própria instituição ou até mesmo a possibilidade do surgimento de inovações tecnológica incrementais para a empresa a qual estão vinculados. A experiência foi relevante para que os alunos pudessem despertar para importância do hábito da pesquisa e que pudessem expressar a sua compreensão através da escrita (projeto) e da fala (apresentação). Apesar de alguns projetos apresentarem a mesma idéia, cada equipe teve a sua particularidade na realização dos testes e execução. Fato notável a destacar é que os alunos realizaram suas atividades com o comportamento de empreendedores. Os projetos são a evidência concreta desse comportamento, pois tiveram que: estabelecer suas metas, buscar oportunidades e ter iniciativa, correr riscos calculados, buscar informações, planejar e monitorar sistematicamente, atender a exigência de qualidade e eficiência, persistência, comprometimento, persuasão e rede de contatos, independência e autoconfiança. CONCLUSÃO O processo de aprendizagem do empreendedor, na pequena empresa é essencialmente baseado em ações. Em todo o mundo a participação das pequenas e médias empresas no PIB, criação de emprego, exportação, são extremamente importantes. Pode-se dizer que as mudanças ocorridas na legislação procuram mudar o foco de atuação das instituições de ensino profissional para que ofereçam aos futuros profissionais competências e habilidades, não mais mecanismos de repetição de processos. As instituições de ensino profissional passam a oportunizar ao educando uma visão de que o mercado necessita de profissionais que, empregados, possam estar comprometidos com o sucesso de sua empresa, até mesmo para manutenção de seu trabalho e quando essas portas estiverem fechadas, eles possam buscar recursos para montar o seu próprio negócio e não corram os riscos de aumentarem as estatísticas de empresas que abriram e com menos de dois ou três anos fecharam. Outro responsável por esse processo de formar a cultura empreendedora na educação profissional é o educador, que precisa, através de seu trabalho, proporcionar aos educandos ações que gerem esses comportamentos. Não é possível obter os resultados necessários sem a sua participação, os empreendedores não nascem prontos é preciso despertá-los para esse tipo de cultura. As atividades realizadas com os alunos do 2º período do Curso Superior de Tecnologia em Eletrotécnica, do Cefet-PR/Unidade de Cornélio Procópio, em 2002, foram importantes em relação à cultura empreendedora, pois sem informação não é possível chegar a lugar nenhum, e através dos projetos foi dada oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos nas diversas disciplinas que utilizavam a lógica. O fato de que alguns projetos executados não chegarem aos resultados esperados mostra que o profissional deve sempre melhorar o processo e que nem sempre as idéias se transformam em um excelente negócio. Vale ressaltar que em nenhum momento foi utilizada a palavra empreendedorismo para eles, somente foram propostas as atividades para que executassem conforme o cronograma, e com isso puderam desenvolver o projeto de seu interesse, escolher o professor-orientador, testar os materiais mais apropriados para a sua idéia e formar a sua equipe de trabalho. Afinal as decisões tomadas por cada um refletem a capacidade de empreender em sua própria vida e que não é viável o professor direcioná-las. A partir desse trabalho, o aluno, no primeiro ano de curso, teve a oportunidade de desenvolver atividades e projetos que possam auxiliá-lo no estágio supervisionado em relação aos relatórios que deverão apresentar e no trabalho de conclusão de curso, utilizar o projeto que desenvolveu e a este agregar uma

inovação tecnológica. O trabalho envolveu diversos professores da instituição e o aluno necessitou de pesquisar para obter as informações necessárias. Os resultados obtidos nessa experiência educacional mostram a capacidade natural do ser humano em empreender, bastam que os desafios apareçam. Os caminhos são os mais variados, a escolha compete a cada um e com a orientação correta, pode ser o diferencial para que os profissionais dos Cursos Superiores de Tecnologia obtenham o sucesso em sua carreira profissional. Conclui-se que a utilização de métodos educacionais que estimulem os discentes para aplicação de seus conhecimentos podem produzir resultados mais consistentes e contribuir para a formação de um profissional empreendedor. REFERÊNCIAS [1] BRASIL. Decreto-lei nº 2.208, de 17 de abril de 1997. Regulamenta o 2º do art. 36 e os arts. 39 a 42 da Lei nº 9.394, de 20 dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União. Brasília, 18 abr. 1997. [2]. Lei nº 9.394, de 20 dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União. Brasília, 23 dez. 1996. [3] CANDELORO, R. Mercado diz não à acomodação das empresas. Disponível em: <http://www.geocities.com/eureka/2471/janelamar.html>. Acessado em: 03 out. 2002. [4] DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2001. [5] DRUKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 1987. [6] GIBB,A.A., Enterprise culture-its meaning and implications for education in training, Journal of European in Industrial Training, Monograph, Vol. 11, N º 2, 1991. [7] GERBER, M. E. O mito do empreendedor. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1992. [8] LOPEZ, P. A. Era do Conhecimento já começou. Disponível em: <http://www.geocities.com/eureka/2471> Acessado em 03 out. 2002. [9] PINCHOT, G. Intrapreneuring. São Paulo: Harba, 1989. [10] PORTER, M. E. Vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1989. [11] REVISTA EXAME. Em primeiro lugar. ed. 734. p. 18. 21 fev. 2001. [12] SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br>. Acessado em: 20 out. 2004. [13] TIMMONS, J. A., New Venture Creation, Irwin, Boston, USA,1990.