Aparecida Gasquez de Sousa- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia-

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Transcrição:

O CURRÍCULO DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DO IFRO-CAMPUS COLORADO DO OESTE: UMA ANÁLISE DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO E CONTRIBUIÇÃO À PRÁTICA DOCENTE Aparecida Gasquez de Sousa- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia- aparecida.gasquez@ifro.edu.br Resumo: O estudo em questão se trata de uma pesquisa de doutorado que está em fase inicial e tem como objeto de estudo um curso de licenciatura em Ciências Biológicas ofertado no Instituto Federal de Rondônia- IFRO, campus de Colorado do Oeste. Desde o início da oferta do curso no ano de 2009 o projeto pedagógico passou por várias modificações. Assim, este projeto de pesquisa tem como principal problema: Como o currículo do curso de licenciatura em Ciências Biológicas vem se desenvolvendo e se modificando desde a sua constituição e como incide no desenvolvimento da prática dos profissionais nele envolvidos? Trata-se de uma pesquisa qualitativa com características de um estudo de caso. As metodologias utilizadas para a produção de dados serão: análise de documentos referentes ao curso como o projeto pedagógico e as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores para a Educação Básica, grupo focal, gravação das reuniões da comissão estabelecida para a reformulação do, com o objetivo de atender as orientações expressas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores para a Educação Básica- DCNs de 2015 e narrativas ou histórias de vida com professores que atuam no curso. Nessa pesquisa o currículo do curso de Ciências Biológicas é compreendido como uma construção social, inserido em um contexto particular. Assim, como propõe Goodson (2012) uma metodologia adequada para a análise e compreensão desse currículo é a história de vida dos professores envolvidos, participantes imersos no processo imediato, de forma a compreender como são negociadas, construídas e reconstruídas as decisões curriculares e quais as repercussões em sua existência profissional. O referencial teóricos para a pesquisa são Lopes e Macedo (2011); Goodson (2012); Day (2000); Clandinin e Connelly (2011); Carvalho e Perez (1992). Palavras-chave: Currículo; Narrativas; Profissionalização docente. 1 INTRODUÇÃO O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia se originou a partir da Lei Federal 11.892/2008, através da junção da escola agrotécnica federal de Colorado do Oeste e da escola técnica federal de Rondônia. A partir desse período a

instituição passou por uma série de transformações a nível administrativo e principalmente no ensino, pois passaram a ser ofertados cursos de várias modalidades, desde técnicos integrados ao ensino médio; técnicos subsequentes; tecnológicos, licenciaturas e bacharelados. A formação de professores pela rede federal tornou-se um tema para estudos, pois se trata de um ambiente institucional diferente do ambiente universitário, desde a estrutura administrativa, passando pelos alunos, até os papeis desenvolvidos pelos profissionais que nele atuam, como os professores que são contratados para atuar em níveis e modalidades diversas de ensino. Assim, este projeto de pesquisa tem como principal problema: Como o currículo do curso de licenciatura em Ciências Biológicas vem se desenvolvendo e se modificando desde a sua constituição e como incide no desenvolvimento da prática dos profissionais nele envolvidos? 2 JUSTIFICATIVA No mestrado desenvolvi uma dissertação que objetivou analisar o processo de criação, implantação e implementação do curso de licenciatura em Ciências Biológicas no campus de Colorado do oeste, bem como de analisar as características do primeiro projeto pedagógico do referido curso. Desde a sua implantação, no ano de 2010, o curso vem passando por modificações, referentes à carga horária de disciplinas, substituição de disciplinas. Outras mudanças foram na oferta do curso, em que havia duas entradas por ano, e desde 2011 passou a ser apenas uma entrada anual. O fator preponderante para tal mudança foi o número de docentes na área de Ciências Biológicas, que seria insuficiente para atender a demanda de entrada de duas turmas anuais. Além das alterações citadas, o currículo do curso em questão terá que passar por uma nova reformulação a partir de orientação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores para a Educação Básica de 2015. Os cursos de licenciatura terão o prazo de dois anos para se ajustarem a modificações. Dessa maneira, justifica-se analisar o processo de construção e reconstrução do currículo do curso de Ciências Biológicas em uma perspectiva de currículo como

construção social, levando em conta as prescrições oficiais, o alunado local, o contexto socioeconômico e as negociações entre os profissionais envolvidos que permeiam as decisões curriculares. Ademais, entende-se que os professores, ao atuar no currículo, contribuem para modificá-lo, e também constituem sua profissionalização e prática docente. 3 OBJETIVOS: 3.1 OBJETIVO GERAL: Analisar as mudanças ocorridas no currículo do curso de licenciatura em Ciências Biológicas, identificando o foco das demandas, e investigar o processo de constituição da prática docente dos professores que atuam no referido curso. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Discutir a concepção de currículo enquanto construção dinâmica e social; Discutir o novo paradigma de Ciências e repercussão nos currículos dos cursos de Ciência e nas necessidades formativas para o professor de Ciências Biológicas; Identificar as orientações expressas pela legislação que influenciaram no processo de construção do curso de licenciatura em Ciências Biológicas, especialmente as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores; Verificar as influências das demandas de acadêmicos no currículo do curso; Analisar as negociações dos profissionais envolvidos que influenciaram no currículo do curso; Analisar a constituição da prática docente dos professores envolvidos no currículo do curso. 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 4.1 A natureza da pesquisa A pesquisa proposta pode ser classificada como qualitativa. Segundo a definição de Bogdan e Biklen (1997) esse tipo de pesquisa apresenta uma série de características singulares, das quais podem ser destacadas: a pesquisa ocorre em ambientes naturais onde o

fenômeno a ser pesquisa ocorre; o investigador tem uma participação ativa e sensibilidade para atuar junto aos investigados. A pesquisa a ser desenvolvida tem características de um estudo de caso. Os resultados da pesquisa, em estudo de caso, podem servir para identificar situações parecidas ou conflitantes com outros casos. Na concepção de Yin trata-se de uma modalidade de pesquisa que investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente evidentes. (Yin, 2010, p.39) 4.2 Técnicas para a Produção de dados Nesta pesquisa serão utilizadas as seguintes técnicas: análise documental, grupo focal, narrativas ou histórias de vida e participação nas reuniões da comissão estabelecida para a reformulação do curso. A pesquisa documental consistirá da leitura e análise de documentos que constituirão fonte rica de informações sobre o objeto de estudo proposto como o Projeto do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e outros. Esse tipo de pesquisa apresenta grandes vantagens, pois se constitui de fonte de exploração e descoberta para o pesquisador e possibilita um resgate histórico do fenômeno a ser estudado. (GIL, 2002) A estratégia de grupos focais permitirá um contato e diálogo com os acadêmicos do curso de Ciências Biológicas do último semestre, no sentido de perceber, compreender os significados e percepções que os mesmos atribuem ao referido curso. Para Goodson (2012) o entendimento do currículo como uma construção coletiva e dinâmica remete à necessidade de ouvir os professores que atuam nesse currículo, através de narrativas autobiográficas, no sentido de verificar como constroem sua profissionalização docente. Na perspectiva de Clandinin e Connelly (2011) as pessoas se modificam ao contar suas histórias e também se educam. Assim, também serão feitas entrevistas com abordagem de narrativas autobiográficas com dez professores que atuam no curso. 5 REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 O currículo Os estudos sobre currículo iniciaram-se no século XX, no entanto, os primeiros registros históricos sobre o termo currículo datam de 1633, quando este surge nas documentações de um curso da Universidade de Glasgow. Esta primeira menção ao termo já é feita relacionando-o a uma sequenciação da experiência educacional ou à ideia de um plano de aprendizagem (LOPES e MACEDO, 2011, p.20). A partir das últimas décadas os estudos sobre o currículo ganham força e a principal pauta de discussão é a necessidade de reformular currículos. Para Lopes (2004) as mudanças curriculares visam atender às atuais exigências do mundo globalizado em que vivemos em que há influências de organismos multilaterais que objetivam homogeneizar o currículo no mundo todo. 5.2 O novo paradigma de Ciência e a repercussão nos currículos de cursos superiores Vivemos atualmente em um período histórico denominado por Boaventura de Sousa Santos de crises de paradigmas científicos que vem promovendo a emergência de novas formas de se conceber a Ciência. Esse período também é denominado por alguns como a era da complexidade. (SANTOS, 1988) Entende-se que essa nova forma de pensar a Ciência repercute diretamente na forma como o conhecimento e a educação são concebidas, fato que incide diretamente nos currículos de cursos superiores, pois se acredita que a universidade é um dos ambientes propícios à produção científica. Carvalho e Perez (1992) destacam que é necessário superar o sentido comum do que é Ciência e do que é ensino e aprendizagem de Ciências nos cursos de formação de professores. Argumentam ainda a necessidade de sólida formação teórica de conteúdos específicos da área e sobre processos de ensino e aprendizagem. 5.3 As Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores para a Educação Básica

A resolução n.2 de 1º de julho de 2015 estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação inicial e continuada de professores para a Educação Básica. (BRASIL, 2015). Os cursos deverão passar por algumas alterações, tais como: aumento da carga horária mínima, que antes era de 2.800 e agora passa a ser de 3.200 horas, podendo ser integralizadas em, no mínimo de 8 semestres ou quatro anos; necessidade de se incluírem no currículo conteúdos relacionados à educação inclusiva; maior articulação entre ensino, pesquisa e extensão, especialmente no que se refere a projetos que envolvam as instituições superiores e escolas da educação básica. Os cursos de licenciatura têm o prazo de dois anos para realizar as alterações. 5.4 A PROFISSIONALIZAÇÃO DOS PROFESSORES Na concepção de Nunes (2001), a partir da década de 1990 as pesquisas relacionadas à formação do professor começaram a valorizar, além da formação acadêmica aquela formação obtida com a prática da docência envolvendo o desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional da profissão docente. Na década de 1990 surgem vários estudos internacionais, como exemplo dos realizados por Nóvoa que procuram dar voz aos professores para entender como constroem a sua profissionalização a partir de sua prática. (NUNES, 2001, p.2) Bueno (2000) ao discutir sobre essa metodologia argumenta sobre o seu caráter formativo, pois quando o professor narra sua história, suas vivências, experiências do passado e do presente, isso o leva a uma reflexão quanto à sua profissionalização, reconstruindo os sentidos de sua prática pedagógica. Assim dá-se prioridade ao professor enquanto sujeito de sua formação. Day (2000) destaca que o desenvolvimento profissional do professor ocorre através do desenvolvimento de parcerias dentro das instituições, através de processos de investigação-ação, atuando em processos de gestão nas instituições, em redes de aprendizagem com outras instituições, ouvindo amigos críticos, e outros. REFERÊNCIAS

BOGDAN, R.C.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Editora Porto, 1997.. Resolução n. 2 de 1º de julho de 2015. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=17719- res-cne-cp-002-03072015&category_slug=julho-2015-pdf&itemid=30192. Acesso em 15 de março de 2016. BUENO, B. O. O método autobiográfico e os estudos com histórias de vida de professores: a questão da subjetividade. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.28, n.1, p. 11-30, jan./jun. 2002. CARVALHO, A. M. P.; PEREZ, D. G. As pesquisas em ensino influenciando a formação de professores. Revista Brasileira de Ensino de Física. Vol.14, n.4, 1992. CLANDININ, D.J., CONNELLY, F. M. Pesquisa narrativa: experiências e história na pesquisa qualitativa. Uberlândia, MG: EDUFU, 2011. DAY, C. Desenvolvimento profissional de professores. Os desafios da aprendizagem permanente. Porto: Porto Editora, 2001. GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GOODSON, I. F. Currículo: teoria e história. 13. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. LOPES, A. Políticas curriculares: continuidade ou mudança de rumos? Revista Brasileira de Educação. Maio /Jun /Jul /Ago 2004, nº 26. P. 109-118. LOPES, A., MACEDO, E. Teorias de currículo. São Paulo: Cortez, 2011. 280 p. NUNES, C. M. F. Saberes docentes e formação de professores: um breve panorama da pesquisa brasileira. Educação & Sociedade, ano XXII, nº 74, Abril/2001. SANTOS, B. S. Um discurso sobre as ciências na transição para uma ciência pós-moderna. Estud. av. vol.2 nº 2 São Paulo May/Aug. 1988. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookmann, 2010.