CENTRALIDADE POLINUCLEADA: UMA ANÁLISE DOS SUBCENTROS POPULARES DE GOIÂNIA O CASO DO SETOR CAMPINAS



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Transcrição:

CENTRALIDADE POLINUCLEADA: UMA ANÁLISE DOS SUBCENTROS POPULARES DE GOIÂNIA O CASO DO SETOR CAMPINAS Flavia Maria de Assis Paula 1,3 Elaine Alves Lobo Correa 2,3 José Vandério Cirqueira Pinto 2,3 RESUMO É no espaço urbano que as ações da sociedade aparecem materializadas e os processos que lhe dizem respeito instaurados. Dentre tais processos destaca-se os ligados a polinucleação e à multiplicidade da centralidade intra-urbana. Em Goiânia, principalmente a partir de meados de 1980, se dá a descentralização das atividades características do Centro Tradicional para áreas adjacentes a ele. Neste contexto, distingue-se na capital goianiense uma variedade de subcentros que concentram uma diversidade de comércio e serviços. Contudo, tais centralidades possuem características intrinsecamente ligadas à sua clientela alvo. Nesse caso, Campinas se destaca como subcentro de comércio e serviços populares. Compreender o funcionamento das atividades desenvolvidas nesse setor, em questão, o comércio, os serviços, as atividades culturais, o lazer, o usuário e moradia, bem como mapear a distribuição das principais áreas de concentração de atividades, são objetivos almejados nesta análise do espaço intra-urbano de Goiânia. Palavras-chave: intra-urbano-centralidade-subcentro Introdução O espaço urbano é um produto social, resultado de ações acumuladas através do tempo, e engendradas por agentes que produzem e consomem espaço (CORRÊA, 1995, p. 11). Em contrapartida o espaço intra-urbano remete-se a compreensão interna da estrutura urbana de uma cidade. Essa análise interna evidencia as condições de deslocamento casa/trabalho seja enquanto consumidor (...), deslocamento casa/compras, casa/lazer, escola, ¹ Pesquisadora Orientadora ² Voluntário Iniciação Científica PVIC/UEG ³ Curso de Licenciatura Plena em Geografia, Unidade Universitária de Ciências Sócio -Econômicas e Humanas, UEG.

etc. (VILLAÇA, 1998, p. 20). Nessa ótica, a análise intra-urbana atem-se a mobilidade das classes e as forças que se instauram no bojo da apropriação do espaço. Continuando com Villaça (op.cit, p, 277), onde coloca que na década de 1960 as metrópoles brasileiras como as cidades médias deram início ao desenvolvimento de subregiões urbanas de comércio e serviços voltadas as camadas de alta renda fora do centro tradicional. Esse fenômeno, no qual, as classes abastardas abandonam o centro principal formando o chamado Centro Novo, compreende-se na decadência da área central. A descentralização da cidade acirra a fragmentação do espaço intra-urbano, consequentemente a formação de novas centralidades. Beltrão Sposito (2001, p. 236) argumenta, que o processo de fragmentação promove novos fluxos na cidade, permitindo a emergência de uma centralidade múltipla e complexa, no lugar de uma centralidade principal. Essas centralidades podem ser também diversificadas, ou seja, voltadas ao público alvo sendo denominada de centralidade polinucleada (BELTRÃO SPÓSITO, Op.Cit). A reestruturação do espaço urbano torna-se cada vez mais complexo através da formação dos núcleos secundários. Corrêa (2001) defende que a descentralização está ligada as deseconomias das áreas centrais e ao crescimento demográfico e espacial da cidade. Goiânia por sua vez, na década de 1980 desenvolveu o processo de decadência do seu centro tradicional (PAULA, 2003), desencadeando a formação do Centro Expandido (PDIG- 1992), onde compreende os setores, Centro, Oeste, Bueno, Marista, Como também, Pedro Ludovico, Vila Nova, Aeroporto, Campinas, Coimbra e Sul. A descentralização da capital goiana tornou o espaço intra-urbano cada vez mais dividido quanto aos usos das diferentes classes sociais. Enquanto os setores Bueno, Oeste e Marista concentram atividades comerciais e de serviços voltadas às classes abastardas (PAULA, Op.Cit), os setores Aeroporto, Vila Nova e Campinas estão direcionados ao comércio e serviços de cunho popular. No bojo da centralidade polinucleada de Goiânia, evidencia o papel do Setor Campinas como um subcentro. Que segundo Villaça (1998), é compreendido como uma réplica em tamanho menor do centro, mas com os mesmos requisitos de diversidade e acesso do centro principal. O Setor Campinas sobressai como um subcentro popular por estar direcionado ao público de menor poder aquisitivo mas desempenha papel relevante como polo comercial da cidade, pela enorme diversidade e existência de ruas especializadas. Objetivos

- Geral Analisar a dinâmica sócio-espacial do Setor Campinas enquanto subcentro destinado a atender à população goianiense de menor poder aquisitivo. - Específico(s) Compreender o funcionamento das atividades desenvolvidas nesse setor caracterizando-as quanto aos tipos de comércio, de atividades culturais e de lazer, usuários e moradia. Mapear a distribuição das principais áreas de concentração de atividade localizadas no Setor Campinas. Material e Métodos Os passos metodológicos que foram desenvolvidos para a realização dessa pesquisa foram: 1. Revisão Bibliográfica: Bibliografia Técnica Pesquisa documental para reconstituição do processo de formação e produção dos setores estudados. Legislação oficial pertinente ao zoneamento local, planodiretor, pesquisa junto aos órgãos municipais competentes (COMDATA, Secretaria de Finanças, SEPLAM, etc.) além de outras fontes ( jornais e revistas locais). Bibliografia teórica A pesquisa de textos teóricos visou propiciar um maior embasamento teórico-metodológicos acerca dos processos e fenômenos ocorridos no espaço intra-urbano e destacados neste projeto de pesquisa, o que certamente contribuiu para a apreensão e o entendimento do processo de espraimento das atividades de comércio e serviços no espaço intra-urbano goianiense. 2. Pesquisa de Campo: A pesquisa de campo se deu com o objetivo de observar as áreas de estudo, caracterizando e catalogando as atividades nelas existentes por meio de fotografias e anotações. É preciso ainda destacar a importância da elaboração de modelos de questionários e formulários para entrevista com os diferentes tipos de usuários dos setores estudados nesta pesquisa. Para esta fase foram necessários três momentos: I Levantamento e caracterização da área foi feito com o intuito de catalogar quais as atividades instauradas nos setores Campinas e Vila Nova, bem como de enumerar quais suas principais características; II Aplicação de questionário/entrevista a ser aplicado a os usuários dos setores analisados (sejam eles consumidores, trabalhadores ou moradores) durante a execução do projeto;

III Aplicação de questionário/entrevista aos usuários do setores estudados. 3. Análise e interpretação dos dados coletados: Foram agrupados, tabulados todos os dados, com o intuito de verificar repetições e variações para a confecção de mapas, tabelas e gráficos. 4. Redação do Relatório de Pesquisa: De posse da tabulação dos dados coletados e de suas respectiva análises, as conclusões foram desenvolvidas e apresentadas de forma escrita. Resultados e discussões Para conclusão desse trabalho, foram aplicados 61 questionários visando traçar um perfil das pessoas que freqüentam esse subcentro, bem como a produção de um mapa da distribuição espacial das atividades comerciais e de serviços e da renda (ainda em confecção). O trecho percorrido compreende a Avenida Anhanguera e Avenida 24 de outubro, as ruas especializadas, locais de maior concentração comercial e de serviços. Esses foram subdivididos em três categorias: usuários (28), trabalhadores/proprietários (25) e moradores (08), dos quais constituíam os seguintes itens: Ident ificação e Caracterização Sócio- Econômica; Aspectos do Cotidiano; Imagem do Bairro e da Cidade. Para o grupo de trabalhadores/proprietários adicionou-se um item específico: caracterização do tipo de estabelecimento comercial. A maioria dos entrevistados possuía de 15 a 25 anos e quanto ao nível de escolaridade, 39% concluíram o Ensino Médio. A faixa salarial variou de R$ 250,00 a mais de R$ 3.500,00, sendo que 5% ganhavam menos que R$ 250,00. A maioria dos entrevistados tinha renda mensal de R$ 251,00 a R$ 500,00 (51%), 28% de R$ 501,00 a R$ 1.000,00. Uma pequena parcela possuía entre R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00 (10%), 3% de R$ 2.001,00 a R$ 3.500,00 e apenas 2% ganhavam acima de R$ 3.500,00. Isso evidencia o Setor Campinas como um local que atende as classes de menor poder aquisitivo em todas as categorias analisadas. Outro aspecto importante é no que se refere a profissão dos entrevistados, visto que 38% eram vendedores, fato que caracteriza-o como pólo comercial e de serviços. As pessoas que freqüentam o Setor Campinas são oriundas de toda a capital goiana e da Área Metropolitana. Parte dos usuários residem na Região Noroeste de Goiânia, considerando-o como centro da cidade, pois encontram de tudo, desde bancos, lojas, ruas especializadas, o que proporciona comodidade, diversificação e acessibilidade. Os

estabelecimentos comerciais se instalam nesse local devido ao movimento, a concentração do comércio e a acessibilidade. Ao analisar o número de estabelecimentos comerciais e de serviços existentes no Setor Campinas, constata-se que ele ocupa o segundo lugar como pólo comercial, sendo que o setor de comércio ultrapassa a quantidade existente no Centro. Segundo dados da SEPLAM (2002) coloca que o total de estabelecimentos no Setor Campinas corresponde a 4.789, sendo que 3.336 é comercial e 875 serviços, e no Centro são 7.470, no qual 2.975 é comercial e 3.763 serviços. Contribuindo para essa posição de destaque em números de estabelecimentos, o setor possui vias com diversidade comercial e de serviços: Avenida 24 de outubro, que disponibiliza desde serviços bancários à Lojas de Eletrodoméstico; Avenida Anhanguera que possui significativa diversificação e uma pequena coesão de Lojas de Auto-peças e couros e a Avenida Castelo Branco que é especializada em produtos agropecuários. Discutindo acerca do processo de coesão, Corrêa (1989, p.57) diz que: A conseqüência deste processo é a criação de áreas especializadas, tanto na Área Central como em outros setores da cidade. (...) tornando-os de fato mais complexos, assim como a organização espacial intra-urbana. Encontra-se de tudo no Setor Campinas: as Ruas Santa Luzia, Minas Gerais são especializadas em malhas/tecidos/aviamentos, a Rua Benjamim Constant em bijuterias, Ruas Senador Jaime, Pouso Alto, São Paulo abrigam as lojas de móveis usados (pregões) e a Rua Jose Hermano aluguel de roupas finas (noivas). Diante desses aspectos é que Campinas se destaca no setor de comércio em Goiânia, visto que 39,3% das pessoas entrevistadas disseram que o bairro é o que mais se destaca na capital. Cabe ressaltar que, 39,3% consideram Campinas como outro centro principal. Em Goiânia existem várias outras centralidades que atendem a classes diferenciadas, e o Setor Campinas tem papel fundamental na análise do espaço intra-urbano goianiense. Conclusão Acerca das observações feitas empiricamente, conclui-se que o Setor Campinas é um subcentro voltado às classes populares. O espaço intra-urbano de Goiânia necessita de uma discussão mais profunda, acerca do entendimento dessas multiplicidades de áreas centrais e suas funcionalidades. Olhar a cidade é vê-la como sendo um espaço fragmentado e articulado, uma sociedade dividida por classes que possuem espaços diferenciados, mas interdependentes, um local de disputa por um ponto privilegiado no espaço intra-urbano. Na cidade capitalista a classe de menor poder aquisitivo não vive de fato a cidade, mas sim fração dela, conseqüentemente a classe abastada tem total acesso aos equipamentos

urbanos e de serviços, sendo que, estes são mal distribuídos em detrimento do capital. Isso acentua a ação dos agentes imobiliários, que especulam a terra e contribui para a segregação sócio-espacial, em que a classe de menor poder aquisitivo fica cada vez mais distante da área central, não exercendo de fato a cidadania. Destarte, essas centralidades múltiplas e polinucleadas existentes em Goiânia, à divide em várias cidades dentro de uma única cidade, cada uma com sua funcionalidade e atendendo a distintas classes sociais. Referências Bibliográficas BELTRÃO SPÓSITO, M. E. Novas formas comerciais e a redefinição da centralidade intraurbana. In: (Org). Textos e Contextos para a leitura geográfica de uma cidade média. Presidente Prudente: [ s.n.]. 2001. CORRÊA, R. L. Trajetórias Geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.. O Espaço Urbano. São Paulo: Ática, 1995. PAULA, F. M. A. Descentralização e Segregação Sócio-Espacial em Goiânia: uma análise da Centralidade dos Setores Bueno, Oeste e Marista. 2003. 202. f. Dissertação (Mestrado em Geografia) Instituto de Estudos Sócio-Ambientais, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2003. PLANO de Desenvolvimento Integrado de Goiânia 2000. Goiânia: Instituto de Planejamento Municipal da Prefeitura Municipal de Goiânia, 1992. SEPLAM, Radiografia Sócio-Econômica de Goiânia 2002. Goiânia: Secretaria Municipal de Planejamento da Prefeitura de Goiânia, 2002. VILLAÇA, F. Espaço Intra-Urbano no Brasil. São Paulo. Studio Nobel: FAPESP: Lincolm Institute, 1998.