A discussão resultou nos pontos sintetizados abaixo:

Transcrição

1 Oficina em Ilhabela Relatoria da Plenária Final Esta oficina, realizada no dia 28 de março de 2012, no Hotel Ilhabela, na sede do município, faz parte do processo de escuta comunitária no âmbito do projeto Litoral Sustentável Desenvolvimento com Inclusão Social, que vem sendo realizado pelo Instituto Pólis, em convênio com a Petrobras. Participaram cerca de 20 pessoas, representando entidades de classe e organizações socioambientais e culturais. As questões propostas para a discussão foram: 1. Fragilidades e potencialidades do município; 2. Perspectivas de desenvolvimento sustentável; 3. Questões que devem ser consideradas para o desenvolvimento sustentável do município. A discussão resultou nos pontos sintetizados abaixo: Fragilidades: Com a instituição da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RM Vale) os quatro governos do Litoral Norte estão se enfraquecendo e diluindo-se numa Região Metropolitana com 39 municípios, incluindo grandes pólos industriais. Falta de interesse e vontade política para realizar os planejamentos urbanos municipais e regionais. Falta de envolvimento e de interesse, por parte do Poder Público, nesses processos de planejamento. No atual momento, o seu foco está direcionado às eleições municipais. Problema de Governança: existem vários fóruns de discussão, mas é preciso que eles estejam coordenados. São sempre as mesmas pessoas que atuam nesses espaços. É preciso saber onde serão instalados os programas propostos por esses fóruns. Rua Araújo, 124, Centro 1 CEP São Paulo SP Brasil Tel.: Fax:

2 Recursos naturais: esta é uma fragilidade que se apresenta diante do crescimento do consumo. Faltam recursos hídricos para abastecimento da população de Ilhabela e áreas territoriais adequadas à construção de moradias. Planejamento: na região; - Não há uma articulação entre os diferentes diagnósticos realizados no município e - Os órgãos licenciadores estão completamente desestruturados. A Cetesb deveria licenciar e não o faz. Os relatórios de avaliação, como a Avaliação Ambiental Estratégica da Dimensão Portuária, Industrial, Naval e Offshore do Litoral (PINO), não são levados em consideração pela prefeitura. Nem sequer lêem o material. - A Estrada do Contorno não foi pensada em consonância com o trabalho da Secretaria de Habitação, que construiu uma vila no local onde agora a estrada vai passar. Resíduos sólidos: - Resíduos sólidos: o lixo do Litoral Norte sobre a serra. - As áreas de preservação ambiental do Litoral Norte impedem ou dificultam que se construa uma área para destinação dos resíduos na região. É importante que se busque uma solução em âmbito regional. - Buscar aproveitar os recursos energéticos dos resíduos. - Coleta seletiva: na Ilha, há um trabalho sendo iniciado junto à Prefeitura. Falta espaço adequado para a seleção do material e os caminhões não são preparados; é preciso que haja um processo de educação da população e dos coletores em relação à coleta seletiva. Nas épocas de alta temporada, a situação piora muito. Apenas 10 % dos resíduos são selecionados e destinados à reciclagem. - Animais mortos são descartados em lixões. Sugere-se que haja uma máquina de incineração dos animais, para que isso não comprometa o lençol freático. Políticas Públicas diversas: 2

3 - É preciso que os diferentes serviços públicos existentes no município sejam articulados entre si. - Segurança pública é um problema que está intimamente ligado às drogas. - Mobilidade é um problema, pois não há como expandir a malha viária; é necessário estimular novas formas de transportes, como o hidroviário. Propõem à Petrobrás a construção dos atracadouros que Ilhabela demanda. - O aeroporto de São José dos Campos pode servir à região do Litoral Norte, mas seria preciso construir um tipo de transporte mais rápido e eficiente de lá até o litoral. Habitação: - Déficit habitacional: falta área adequada para construir moradias; atualmente, o déficit é de 600 habitações populares. Abastecimento: - Não existe nenhum incentivo público para a produção pesqueira. A prefeitura não contribui, só fiscaliza. - Falta um centro de processamento do pescado. - O problema de abastecimento parece estar atrelado à questão da acessibilidade e da mobilidade local e regional. Cenário Sociocultural - Migração de famílias de baixa renda para Ilhabela: estas famílias demandam programas sociais com foco na mulher, família e infância e juventude. - Os processos migratórios enfraqueceram as tradições caiçaras locais. Não existe um plano que fortaleça a cultura caiçara presente no município. Rua Araújo, 124, Centro 3 CEP São Paulo SP Brasil Tel.: Fax:

4 - A chegada de muita gente de fora traz uma sensação da falta de pertencimento a esse lugar. A cultura local fica difusa no cenário que se consolida com a chegada do fluxo de turistas. - Economia com foco no turismo pode ser vista como uma fragilidade, pois nada no município é pensado para aqueles que vivem no lugar, e sim para o visitante. - O turismo pode ser excludente se não gerar emprego e renda para todos. É preciso buscar alternativas de turismo e explorá-lo pelos moradores de comunidades. - O fato Ilhabela de ser um arquipélago não permite que o desenvolvimento chegue a alguns rincões; as populações tradicionais desses lugares vivem de forma humilde, com falta de recursos básicos, como água encanada, luz e telefone. Há uma desigualdade social muito grande que perpassa a realidade dos moradores de pequenas ilhas e os visitantes/turistas da Ilhabela. - Os jovens e as crianças dessas comunidades mais remotas estão saindo destes lugares para estudar, ou para buscar outros meios de vida, mas saem de lá numa situação de vulnerabilidade grande. A pesca é cada vez menos vista como opção para as gerações mais jovens, pois além de ser pouco fomentada pelo poder público local, requer muitos sacrifícios. - Faltam oportunidades para os jovens. Seria preciso incrementar o mercado de serviços, fomentar a instalação de centros de formação e de indústrias não poluentes voltadas à economia criativa, como a de desenvolvimento de softwares. Potencialidades: Natureza, recursos naturais, beleza natural. Abundância de pescados. Aquicultura. Comunidade caiçara pode ser um braço do turismo. 4 É necessário experimentação e inovação para solucionar problemas locais de defesa civil, energia eólica, produção de alimentos orgânicos, na construção de moradia, aproveitando o conhecimento caiçara.

5 Grandes Projetos, como porto de São Sebastião, pré-sal, gasoduto, ampliação rodoviária e os royalties: Não existe um planejamento integrado sobre o conjunto das obras e seus respectivos impactos que estão por vir na região. Existem EIA - RIMAs de obras isoladas, como a ampliação do porto, rodovia, pré-sal. São impactos menores que são aprovados, mas que não são somados ao final. O conjunto dos empreendimentos que está chegando faz parte de uma tomada de decisão política aconteceu há algum tempo. A ampliação do píer da Transpetro já está em curso e a população de Ilhabela não foi consultada. A audiência pública de ampliação do porto foi muito crítica, a sociedade civil protestou muito e não houve retorno, nem resposta da parte da Companhia Docas de SP (Codesp). A ampliação do porto de São Sebastião não traz nenhum tipo de royalties ou compensação ambiental para Ilhabela. Atualmente, a Ilha recebe uma pequena quantidade de royalties por conta do Tebar. Falta uma maior qualificação sobre a gestão dos royalties, voltado ao Poder Público. Hoje, o município recebe em torno de R$30 milhões, que são diluídos no orçamento geral. Desse modo, fica difícil monitorar o gasto desse recurso. Não há autorização para ampliação do porto de São Sebastião. O porto não tem a primeira licença para o seu funcionamento. O estudo ambiental para ampliação do porto não estudou a fundo a biodinâmica e a biodiversidade marinhas; não há interesse em aprofundar esses aspectos. Rua Araújo, 124, Centro 5 CEP São Paulo SP Brasil Tel.: Fax:

6 A ampliação do porto não considerou as áreas de preservação que existem na região. Nenhum gestor de Parque Estadual da Ilhabela foi consultado. Por exemplo: a Ilha de Alcatrazes é rota de navio e vai ser impactada com certeza. A Companhia Docas considera que o canal de Ilhabela é abrigado, mas, na prática, existem muitas dificuldades. É preciso que a Prefeitura assuma o compromisso de destinar parte dos royalties à infraestrutura urbana do município. Na Lei de Responsabilidade Fiscal não entra o pagamento de convênios. A verba deveria vir carimbada socialmente. A Petrobras deveria promover programas de incentivo aos órgãos fiscalizadores. Essa idéia deve ser levada para discussão nos âmbitos do Ceds e Comdial. No município existem posições favoráveis à completa desativação do porto de São Sebastião por considerá-lo atividade geradora de impactos irreversíveis. Esta proposta é justificada pela qualidade de vida da população. Como alternativa ao espaço hoje ocupado pelo porto, propõem-se projetos de recuperação do canal pela Petrobras, o que resultaria em grande projeção mercadológica em nível internacional. Observações finais: Plano Gestor do Turismo encontra-se disponível no site do Instituto Ilhabela Sustentável. O Documento contestatório da ampliação do Porto também está disponível no site do Instituto Ilhabela Sustentável. Em vez da realização de um Plano Regional Integrado de Desenvolvimento Sustentável do Litoral Paulista foi sugerido o desenvolvimento de um programa no âmbito da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RMVALE) e Sub- Região Norte. Deveria haver uma interlocução do Projeto Litoral Sustentável com a RM Vale 6