O Teorema de Pitágoras segundo a dialética ferramenta-objeto. Le théorème de Pythagore selon la dialectique outil-objet



Documentos relacionados
EXPLORAÇÕES EM GEOMETRIA ESPACIAL COM O SOFTWARE CABRI 3D

Conceitos e fórmulas

CONTEÚDOS DE GEOMETRIA NAS AVALIAÇÕES DA APRENDIZAGEM NO COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ, NAS DÉCADAS DE 60 E 70.

FAZENDO DIFERENTE: ENSINO FUNDAMENTAL COM MATERIAIS MANIPULÁVEIS


Bases Matemáticas. Aula 2 Métodos de Demonstração. Rodrigo Hausen. v /15

ESCOLA E.B. 2,3 D. AFONSO III. Planificação da disciplina de Matemática - CEF - 2º Ano Ano letivo de 2014/2015

1 Módulo ou norma de um vetor

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DR. VIEIRA DE CARVALHO

Avaliação 1 - MA Gabarito. Sendo dados os segmentos de medidas a e b, descreva como construir com régua e compasso a medida ab.

UNIDADE DE ENSINO POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVA PARA TÓPICOS DE MECÂNICA VETORIAL

MATEMÁTICA Abril 2015

A TEORIA DAS SITUAÇÕES DIDÁTICAS E A DIALÉTICA FERRAMENTA-OBJETO: UM QUADRO COMPARATIVO

Investigando números consecutivos no 3º ano do Ensino Fundamental

A mobilização de conhecimentos matemáticos no ensino de Física

PIBID Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência Subprojeto: Matemática Ensino Fundamental. Desenvolvimento de atividades

Resgate histórico dos ternos pitagóricos como ferramenta pedagógica para o ensino do Teorema de Pitágoras

Explorando a geometria com as crianças das séries iniciais do ensino fundamental

GEOMETRIA LÚDICA: DESCOBRINDO A ÁREA DE FIGURAS PLANAS

A noção de função é imprescindível no decorrer do estudo de Cálculo e para se estabelecer essa noção tornam-se necessários:

UMA ABORDAGEM DE ENSINO-APRENDIZAGEM DO CONCEITO DE ÁREA

Fórmula versus Algoritmo

FUNÇÕES POLINOMIAIS DO SEGUNDO GRAU MEDIADOS PELO SOFTWARE GEOGEBRA NA PERSPECTIVA DOS REGISTROS DE REPRESENTAÇÃO SEMIÓTICA

Plano Curricular de Matemática 9º ano /2015-3º Ciclo

O B. Podemos decompor a pirâmide ABCDE em quatro tetraedros congruentes ao tetraedro BCEO. ABCDE tem volume igual a V = a2.oe

Equações do segundo grau

Palavras-chave: Educação Matemática; Avaliação; Formação de professores; Pró- Matemática.

O NÚMERO DE OURO E SUA RELAÇÃO COM A BELEZA E HARMONIA DOS OBJETOS. GT 10 - Docência em Matemática: desafios, contextos e possibilidades

TRIÂNGULO RETÂNGULO. Triângulo retângulo é todo triângulo que tem um ângulo reto. O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos são:

MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO E ENSINO SUPERIOR: OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO MÉDIO (PCNEM)

REGISTROS DE REPRESENTAÇÃO SEMIÓTICA E O ENSINO DAS NOÇÕES DE ÁREA E PERÍMETRO

GAAL /1 - Simulado - 1 Vetores e Produto Escalar

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática

Relações Métricas nos. Dimas Crescencio. Triângulos

TOPOGRAFIA. Áreas e Volumes

Andriceli Richit Unesp /Rio Claro: Rosana G. S. Miskulin Unesp/Rio Claro:

TERNOS PITAGÓRICOS: UMA FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO DO TEOREMA DE PITÁGORAS

A METODOLOGIA DE.ENSINO-APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ATRAVÉS DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS: INTERDISCIPLINARIDADE E O USO DA MATEMÁTICA FUNCIONAL.

Triângulo Retângulo. Exemplo: O ângulo do vértice em. é a hipotenusa. Os lados e são os catetos. O lado é oposto ao ângulo, e é adjacente ao ângulo.

a = 6 m + = a a + m = 18 3 a m 3a 2m = 0 = 2 3 = 18 a = 6 m = 36 3a 2m = 0 a = 24 m = 36

Prof. Dra. Vera Clotilde Garcia, Acad. Fabiana Fattore Serres, Acad. Juliana Zys Magro e Acad. Taís Aline Bruno de Azevedo.

A abordagem do assunto será feita inicialmente explorando uma curva bastante conhecida: a circunferência. Escolheremos como y

Fonte:

Um espaço colaborativo de formação continuada de professores de Matemática: Reflexões acerca de atividades com o GeoGebra

Qual é Mesmo a Definição de Polígono Convexo?

115% x + 120% + (100 + p)% = % y + 120% + (100 + p)% = x + y + z = 100

A função do primeiro grau

Por que o quadrado de terminados em 5 e ta o fa cil? Ex.: 15²=225, 75²=5625,...

Objetivos. Apresentar as superfícies regradas e superfícies de revolução. Analisar as propriedades que caracterizam as superfícies regradas e

CONSTRUINDO A GEOMETRIA COM O ORIGAMI

AV1 - MA (b) Se o comprador preferir efetuar o pagamento à vista, qual deverá ser o valor desse pagamento único? 1 1, , , 980

Projeção ortográfica da figura plana

Nível B3 TRIGONOMETRIA DO TRIÂNGULO RECTÂNGULO

Qual o Teorema que você conhece?

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E ENSINO DE FÍSICA E AS NOVAS TECNOLOGIAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Semelhança e Congruência de Triângulos

Jardim de Números. Série Matemática na Escola

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PIBID-PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA PROVAS E DEMONSTRAÇÕES EM MATEMÁTICA

Ensino de Geometria: Possibilidades didático pedagógicas de uso do geoplano

APOSTILA TECNOLOGIA MECANICA

O problema do jogo dos discos 1

PROFº. LUIS HENRIQUE MATEMÁTICA

Simulado OBM Nível 2

ROTEIRO DE ESTUDO VP4 MATEMÁTICA 3 a ETAPA 6 o ao 9º Ano INTEGRAL ENSINO FUNDAMENTAL 1º E 2º ANOS INTEGRAIS ENSINO MÉDIO

MATEMÁTICA E ENEM. Luiz Henrique Almeida de Souza do Nascimento UFMS luiz_g4@hotmail.com. Nathalia Teixeira Larrea UFMS nathalia_tl@hotmail.

O olhar do professor das séries iniciais sobre o trabalho com situações problemas em sala de aula

O SOFTWARE EUCLIDEAN REALITY AUXILIANDO NA CONSTRUÇÃO DO TEOREMA DE PITÁGORAS

1 TEOREMA DE TALES 2 APLICAÇÃO PARA TRIÂNGULOS 3 TEOREMA DA BISSETRIZ INTERNA. Matemática 2 Pedro Paulo

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP

Trabalhando Matemática: percepções contemporâneas

ITA º DIA MATEMÁTICA BERNOULLI COLÉGIO E PRÉ-VESTIBULAR

INVESTIGANDO REGULARIDADES DA MULTIPLICAÇÃO POR 99 A PARTIR DE UM PROBLEMA Ana Regina Zubiolo Rede Pública Estadual Paranaense zubieng@hotmail.

GDC I AULA TEÓRICA 09

ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO PREFEITO WILLIAMS DE SOUZA ARRUDA PROFESSOR: PEDRO ROMÃO BATISTA COMPONENTE CURRICULAR: MATEMÁTICA

POR QUE INVERTER O SINAL DA DESIGUALDADE EM UMA INEQUAÇÃO? GT 02 Educação matemática no ensino médio e ensino superior.

Aula 10 Triângulo Retângulo

no de Questões A Unicamp comenta suas provas

CAP. I ERROS EM CÁLCULO NUMÉRICO

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES 1

EXPLORANDO OS CONTEÚDOS MATEMÁTICOS ENVOLVIDOS NA CONSTRUÇÃO DE UMA CASA

Anexo B Relação de Assuntos Pré-Requisitos à Matrícula

Comunicação estratégica como diferencial competitivo para as organizações Um estudo sob a ótica de Administradores e Relações Públicas

Experimento. Guia do professor. Qual é a área do quadrilátero? Secretaria de Educação a Distância. Ministério da Ciência e Tecnologia

Os Problemas de Natureza Econômica

PROVA DO VESTIBULAR DA FUVEST ª etapa MATEMÁTICA. RESOLUÇÃO E COMENTÁRIO DA PROFA. MARIA ANTÕNIA GOUVEIA.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE MATEMÁTICA 5 0 Encontro da RPM TRANSFORMAÇÕES NO PLANO

APRENDER A LER PROBLEMAS EM MATEMÁTICA

Matriz de Referência de Matemática da 8ª série do Ensino Fundamental. Comentários sobre os Temas e seus Descritores Exemplos de Itens

Cotagens especiais. Você já aprendeu a interpretar cotas básicas

Questão 1. Questão 3. Questão 2. alternativa E. alternativa B. alternativa E. A figura exibe um mapa representando 13 países.

PROVA DE MATEMÁTICA DA UFBA VESTIBULAR a Fase. RESOLUÇÃO: Profa. Maria Antônia Gouveia.

MENINO JESUS P R O B L E M Á T I C A Calcule as potências e marque a alternativa que contém as respostas corretas de I, II

1. (Unesp 2003) Cinco cidades, A, B, C, D e E, são interligadas por rodovias, conforme mostra

Prova Final ª chamada

Oficina: Os Números Reais em Ambientes Virtuais de Aprendizagem

C Curso destinado à preparação para Concursos Públicos e Aprimoramento Profissional via INTERNET RACIOCÍNIO LÓGICO AULA 9

A EXTENSÃO EM MATEMÁTICA: UMA PRÁTICA DESENVOLVIDA NA COMUNIDADE ESCOLAR. GT 05 Educação Matemática: tecnologias informáticas e educação à distância

Teorema de Pitágoras. Módulo 1 Unidade 10. Para início de conversa... Matemática e Suas Tecnologias Matemática 1

A influência das Representações Sociais na Docência no Ensino Superior

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS - DCET GEOMETRIA ANALÍTICA ASSUNTO: CÔNICAS

Transcrição:

O Teorema de Pitágoras segundo a dialética ferramenta-objeto Ana Paula Jahn anapjahn@gmail.com UNIBAN/SP Vincenzo Bongiovanni vincenzo.bongiovanni@uol.com.br UNIBAN/SP Resumo: neste artigo, descrevem-se sinteticamente as fases de organização para a construção de conceitos matemáticos segundo a dialética ferramenta-objeto introduzida por R. Douady. Esse tipo de organização enfatiza a importância de se alternar, no ensino, os aspectos ferramenta e objeto de uma dada noção matemática, fornecendo ainda princípios metodológicos interessantes para o professor. Um exemplo de tal organização é apresentado no campo da Geometria, e mais precisamente, relativo ao Teorema de Pitágoras. Palavras-chave: Didática da Matemática; Dialética ferramenta-objeto; Teorema de Pitágoras. Le théorème de Pythagore selon la dialectique outil-objet Résumé : dans cet article, les phases d organisation pour la construction de concepts mathématiques selon la dialectique outil-objet, introduite par R. Douady, sont décrites de manière synthétique. Ce type d organisation souligne l importance, dans l enseignement, de présenter les aspects outil et objet d une notion mathémtiques visée, en fournissant quelques principes méthodologiques pour l enseignant. Un exemple de telle organisation est présenté dans le cadre de la Géométrie et plus précisément concernant le théorème de Pythagore. Mots clés : Didactique des Mathématiques; Dialectique outil-objet ; Théorème de Pythagore. 78 REVEMAT - Revista Eletrônica de Educação Matemática. V3.7, p.78-83, UFSC: 2008.

Régine Douady, pesquisadora francesa, na sua tese de doutorado intitulada Jogo de quadros e dialética ferramenta-objeto 1 (Douady, 1986) apresenta uma organização para a construção de conceitos em Matemática. Podemos resumir esta organização da seguinte maneira: uma seqüência de atividades fazendo alternar os aspectos ferramenta e objeto da noção visada, uma fase de institucionalização, seguida de exercícios variados de familiarização que necessitam das noções recentemente institucionalizadas e sua reutilização em uma nova situação. De acordo com a autora, essa organização pode ajudar na construção de conhecimentos matemáticos pelos alunos. Nessa perspectiva, descrevemos abaixo as fases para a construção de um conceito: Fase 1: Inicialmente, o problema apresentado deve mobilizar conhecimentos antigos dos alunos. Mas, tais conhecimentos se mostram insuficientes para resolver completamente o problema. Em outras palavras, os alunos devem usar conceitos e ferramentas explícitas (já conhecidas) para resolver parte do problema. Fase 2: O problema proposto necessita de um novo conceito para ser resolvido. O novo conceito é a ferramenta adequada para resolver o problema. Uma mudança de quadro nessa fase desempenha um papel importante no desenvolvimento da dialética e pode favorecer a ampliação dos conhecimentos antigos dos alunos para produzir o conceito novo. Fase 3: Institucionalização do objeto a ser ensinado a partir das soluções e das produções dos alunos em situação. Esta fase é chamada de institucionalização local e é baseada na discussão das resoluções dos alunos, devidamente explicitadas e registradas. Fase 4: É a fase na qual o professor identifica os conhecimentos que podem constituir novos saberes. Institucionaliza-se o objeto a ser ensinado dando-lhe status de objeto matemático. Com isso, o que era ferramenta (implícita) passa a ser objeto. Nessa fase, o conceito é descontextualizado. Fase 5: Utilizam-se as noções institucionalizadas como ferramentas para resolver novas situações. 1 Traduzido por nós do original em Francês. 79 REVEMAT - Revista Eletrônica de Educação Matemática. V3.7, p.78-83, UFSC: 2008.

Fase 6: Reutiliza-se o conceito como ferramenta numa situação mais complexa. Essas duas últimas fases correspondem à familiarização e re-utilização das ferramentas, bem como à complexificação da tarefa ou a proposição de um novo problema. Neste artigo, pretendemos apresentar uma organização dessa natureza no quadro da Geometria. O assunto a ser ensinado refere-se ao teorema de Pitágoras e uma situação inicial é proposta a seguir. a) Construir um triângulo retângulo de catetos 2 cm e 3 cm. A seguir, obter um valor aproximado da hipotenusa. b) Obter o valor exato da hipotenusa de um triângulo retângulo de catetos 2 cm e 3 cm. A partir daí, é possível analisar diferentes fases que podem ser desenvolvidas segundo a dialética citada. Fase 1: O problema apresentado mobiliza alguns conhecimentos antigos dos alunos, supondo que estes saibam construir um triângulo retângulo de catetos 2 cm e 3 cm e utilizar uma régua para obter um valor aproximado (via medida) da hipotenusa. Mas, tais conhecimentos mostram-se insuficientes para resolver completamente o problema, pois a estratégia para o primeiro item, não permite obter o valor exato da hipotenusa no segundo. Fase 2: O problema proposto necessita de um novo objeto para ser resolvido, no caso, uma nova propriedade. Essa propriedade é o teorema de Pitágoras que se supõe ainda não conhecido dos alunos. Uma mudança do quadro numérico para o quadro geométrico é desejável, pois pode favorecer a ampliação dos conhecimentos antigos dos alunos para produzir o novo. O professor pode provocar essa mudança de quadro propondo a atividade a seguir. 80 REVEMAT - Revista Eletrônica de Educação Matemática. V3.7, p.78-83, UFSC: 2008.

Calcular a hipotenusa de um triângulo retângulo de catetos 2 cm e 3 cm utilizando a figura ao lado que foi construída justapondo 8 triângulos retângulos de catetos 2 cm e 3 cm e um quadrado de lado 1 cm conforme. A solução esperada envolve a determinação de áreas de sub-figuras. A área do quadrado ABCD é 25 cm² e a área do triângulo retângulo é 3 cm². A área do quadrado MNPQ é 25cm²- 12cm²=13cm². Portanto, o lado do quadrado é 13 cm. Fase 3: Nesta fase de institucionalização local, pode-se enfocar o desenvolvimento abaixo, introduzindo um registro algébrico das relações e cálculos efetuados na fase anterior. bc A área do quadrado ABCD é (c+b)² cm². A área do triângulo retângulo é cm². A área do 2 bc quadrado MNPQ é (c+b)²- 4., isto é, b²+c². Portanto, o lado do quadrado será b ² + c². 2 Fase 4: Institucionaliza-se para um triângulo retângulo qualquer. Sendo a a medida da hipotenusa e b e c as medidas dos catetos de um triângulo retângulo, numa mesma unidade de medida, temos 81 REVEMAT - Revista Eletrônica de Educação Matemática. V3.7, p.78-83, UFSC: 2008.

que a= b ² + c² ou que a²=b²+c². Portanto, em qualquer triângulo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é igual à soma dos quadrados das medidas dos catetos. Aqui, o trabalho deve focar a propriedade como objeto de estudo. Fase 5: Uma vez introduzida e formulada a nova propriedade, essa deve ser usada como ferramenta na resolução de um novo problema. Por exemplo, num sistema de coordenadas cartesianas, construir um ponto de abscissa 13. Nessa situação, as áreas desaparecem para dar importância ao comprimento da hipotenusa, em um quadro analítico (sistemas de eixos e coordenadas de pontos). Fase 6: Nesta etapa, objetiva-se a reutilização da propriedade em uma situação mais complexa. Uma possibilidade pode ser implementada em relação ao problema citado abaixo. Uma formiga mora na superfície interna de um cubo de aresta 1 m. Qual é a menor distância a ser percorrida pela formiga para ir do vértice A ao vértice oposto G? Uma estratégia para determinar o caminho mais curto é rebater a face ABCD no plano frontal e aplicar o teorema de Pitágoras no triângulo A GH. Os cálculos mostram que A G= tem A G²=A H² + HG²=2² + 1². 5 cm, pois se 82 REVEMAT - Revista Eletrônica de Educação Matemática. V3.7, p.78-83, UFSC: 2008.

Temos apresentado e discutido o interesse ou potencial desse tipo de organização em algumas experiências de formação continuada de professores de Matemática, visando à concepção colaborativa de seqüências de ensino. Com este tipo de proposta simplificando o modelo para torná-lo mais funcional - é possível focar o papel do professor, em particular na fase de institucionalização, normalmente interpretada de forma equivocada pelos professores. Além disso, na concepção das atividades das diferentes fases, o professor é incentivado a refletir sobre a articulação de diferentes quadros e representações, bem como sobre diferentes aplicações dos conceitos e das propriedades em estudo. Em termos metodológicos, julgamos este aspecto bastante favorável para o desenvolvimento profissional docente. Referências bibliográficas REGINE, D. (1986) Jeux de cadres et dialectique outil-objet. Recherches en Didactique des Mathématiques (RDM), Vol. 7.2, pp. 5-31. MARANHÃO, M. C. S. A. (1999) Dialética Ferramenta Objeto. In Machado, S. A. D. (org.) Educação Matemática: uma introdução. 1ª Ed. São Paulo: EDUC, pp. 115-134. 83 REVEMAT - Revista Eletrônica de Educação Matemática. V3.7, p.78-83, UFSC: 2008.