RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA RELATÓRIO Trata-se de apelação interposta pelo INSS (fls. 83/90), em face da sentença (fls. 79/80), que julgou procedente o pedido de aposentadoria rural em favor da autora. Condenou, ainda, a autarquia previdenciária no pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações vencidas e custas processuais. Preliminarmente, o INSS requer o pagamento do preparo somente no final do processo, conforme disposto no artigo 27 do CPC. No mérito, a autarquia previdenciária requer a extinção do feito uma vez que aduz não ter havido ilegalidade no ato administrativo que negou o benefício à requerente, uma vez que a documentação comprobatória só teria sido juntada na esfera judicial. Caso a sentença seja mantida, requer a modificação do termo inicial do benefício e a isenção do pagamento das custas processuais. Contrarrazões apresentadas (fls.92/98). É o relatório. Pág..1/5
RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA VOTO No que tange à questão preliminar, assiste razão ao INSS, uma vez que conforme o teor do art. 27 do CPC, o INSS, por ser equiparado à Fazenda Pública, só realiza o pagamento das custas e emolumentos processuais, se vencido, ao final do processo. Não merece prosperar a alegação do INSS de que o feito deve ser extinto em face da inexistência de ilegalidade no ato administrativo que indeferiu o benefício requerido pela ora apelada. Com efeito, em que pese não ter sido juntada cópia da Certidão de Casamento na esfera administrativa, mas apenas em sede de processo judicial (fl. 14), é sabido que o referido documento, por si só, não é capaz de comprovar a qualidade de segurado especial. Nessa linha, observo que o Magistrado a quo analisou o conjunto de todos os demais documentos acostados aos autos e já anteriormente apresentados na esfera administrativa para formar o seu convencimento quanto à condição de segurada especial da autora. Isso posto, é devido o benefício de Aposentadoria Rural por Idade desde a data do requerimento administrativo, haja vista que foi possível verificar o preenchimento dos requisitos para obtenção do benefício desde então. No que toca à isenção de custas, a Lei 9.289/96, em seu art. 1º, 1º prevê o seguinte: Rege-se pela legislação estadual respectiva a cobrança de custas nas causas ajuizadas perante a Justiça Estadual, no exercício da jurisdição federal. Pág..2/5
Como na presente demanda a tramitação ocorreu originalmente na Comarca de Umbaúba em Sergipe, observa-se que, mesmo estando o juízo de primeiro grau investido de jurisdição federal, será aplicada a legislação estadual em relação às custas, nos estritos termos do dispositivo legal acima invocado. Com efeito, analisando a questão estadual acerca das custas judiciais, Lei nº 5.371/04, conclui-se que não existe qualquer previsão de isenção em favor da autarquia federal (INSS), de forma que deve ser mantida a condenação da apelante também nesse ponto. Ressalte-se, ainda, que o benefício da assistência judiciária gratuita concedido à suplicante só a ela beneficia, de forma que, sendo vencida na ação intentada, estará isenta de custas. De outra forma, sendo vencida a autarquia previdenciária, e correndo a ação na justiça estadual, deve ela arcar com as custas do processo, nos termos da legislação especifica estadual. Pelo exposto, dou parcial provimento à apelação do INSS apenas para reconhecer a prerrogativa do Instituto de realizar o pagamento das custas processuais ao final do processo. É como voto. Recife, 16/12/2014 Des. Federal ROGÉRIO FIALHO MOREIRA Relator Pág..3/5
RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA EMENTA PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. PRELIMINAR. PAGAMENTO DE CUSTAS AO FINAL DO PROCESSO. CABIMENTO. EXTINÇÃO DO FEITO. NÃO CABIMENTO. CUSTAS PROCESSUAIS. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. 1. Conforme o teor do art. 27 do CPC, o INSS, por ser equiparado à Fazenda Pública, só realiza o pagamento das custas e emolumentos processuais, se vencido, ao final do processo. 2. Trata-se de processo que julgou procedente o pedido de aposentadoria rural em favor da autora, extinguindo o processo com resolução do mérito, apoiado no art. 269, I, do CPC, acolhendo o pedido da autora. 3. Em que pese não ter sido juntada cópia da Certidão de Casamento na esfera administrativa, mas apenas em sede de processo judicial (fl. 14), é sabido que o referido documento, por si só, não é capaz de comprovar a qualidade de segurado especial, tendo o Magistrado a quo, no caso concreto, analisado o conjunto de todos os demais documentos acostados aos autos e já anteriormente apresentados na esfera administrativa para formar o seu convencimento quanto à condição de segurada especial da autora. 4. Devido o benefício de Aposentadoria Rural por Idade desde a data do requerimento administrativo, haja vista que foi Pág..4/5
possível verificar o preenchimento dos requisitos para obtenção do benefício desde então. 5. Como a ação tramitou originalmente na Comarca de Umbaúba SE, será aplicada a legislação estadual em relação às custas, nos termos do art. 1º, 1º da Lei nº. 9.289/96. Analisando-se a legislação estadual acerca das custas judiciais, Lei nº. 5.371/04, conclui-se que não existe qualquer previsão de isenção em favor da autarquia federal (INSS), de forma que deve ser mantida a condenação do apelante no pagamento das custas. 6. Apelação parcialmente provida apenas para reconhecer a prerrogativa do Instituto de realizar o pagamento das custas processuais ao final do processo. ACÓRDÃO Vistos, etc. Decide a Quarta Turma do, à unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO à apelação, nos termos do voto do relator, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Recife, 16/12/2014 Des. Federal ROGÉRIO FIALHO MOREIRA Relator Pág..5/5