RIQUEZA CRIADA E AS VARIÁVEIS QUE A INFLUENCIAM NAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS BRASILEIRAS



Documentos relacionados
OBRIGATORIEDADE DA EVIDENCIAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE CUSTOS NA ELABORAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

Princípios de Finanças

Alocação de Recursos em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária: uma abordagem da Teoria do Portfólio

maiores - Vendas ordem por receita líquida

Auditor Federal de Controle Externo/TCU

RESOLUÇÃO CFC Nº /09. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

PALAVRAS-CHAVE Indicadores sócio-econômicos. Campos Gerais. Paraná.

ANÁLISE ECONÔMICO FINANCEIRA DA EMPRESA BOMBRIL S.A.

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO NO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

Reavaliação: a adoção do valor de mercado ou de consenso entre as partes para bens do ativo, quando esse for superior ao valor líquido contábil.

AUDITORIA COMO FERRAMENTA DE CONTROLE. Jackson

INDICADORES FINANCEIROS NA TOMADA DE DECISÕES GERENCIAIS

Principais características da inovação na indústria de transformação no Brasil

COOPERAÇÃO EMPRESAS-LABORATÓRIOS PARA P&D E INOVAÇÃO

Conceito de Contabilidade

10º FÓRUM DE ECONOMIA. Política Cambial, Estrutura Produtiva e Crescimento Econômico: fundamentos teóricos e evidências empíricas para o Brasil

NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária

Bacharelado CIÊNCIAS CONTÁBEIS. Parte 6

Unidade IV. A necessidade de capital de giro é a chave para a administração financeira de uma empresa (Matarazzo, 2008).

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

Demonstrações Contábeis

Potencial Econômico dos Clientes dos Corretores de Seguros Independentes do Estado de São Paulo Francisco Galiza

EVOLUÇÃO DO PIB SETORIAL E TOTAL DAS CIDADES DE HORIZONTINA, TRÊS DE MAIO, SANTA ROSA E SÃO MARTINHO

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO - DVA

Uma análise econômica do seguro-saúde Francisco Galiza Outubro/2005

10º LEVANTAMENTO DE SAFRAS DA CONAB /2013 Julho/2013

Notas metodológicas. Objetivos

Pisa 2012: O que os dados dizem sobre o Brasil

4 Avaliação Econômica

CAP. 4b INFLUÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA

REDUÇÃO DA TAXA DE POUPANÇA E AS EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS:

APOSTILA DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS POR ÍNDICES PADRONIZADOS

ANEXO 2 - INDICADORES EDUCACIONAIS 1

Planejamento Estratégico

COMO ANALISAR E TOMAR DECISÕES ESTRATÉGICAS COM BASE NA ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL DAS EMPRESAS

Gestão de Múltiplos Segmentos e os Desafios para Distribuidores de Insumos

ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS PROGRAMAS DE APOIO ÀS PMEs NO BRASIL Resumo Executivo PARA BAIXAR A AVALIAÇÃO COMPLETA:

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 12 Ajuste a Valor Presente.

2ª edição Ampliada e Revisada. Capítulo 4 Demonstrações Financeiras

CONTABILIDADE SOCIETÁRIA AVANÇADA Revisão Geral BR-GAAP. PROF. Ms. EDUARDO RAMOS. Mestre em Ciências Contábeis FAF/UERJ SUMÁRIO

EDUCAÇÃO SUPERIOR, INOVAÇÃO E PARQUES TECNOLÓGICOS

A DEMANDA POR SAÚDE PÚBLICA EM GOIÁS

ADMINISTRAÇÃO I. Família Pai, mãe, filhos. Criar condições para a perpetuação da espécie

Gráfico 1: Goiás - Saldo de empregos formais, 2000 a 2013

ANÁLISE DE BALANÇO DAS SEGURADORAS. Contabilidade Atuarial 6º Período Curso de Ciências Contábeis

Pesquisa Anual de Serviços

Administração Financeira

Unidade I FINANÇAS EM PROJETOS DE TI. Prof. Fernando Rodrigues

Faculdade de Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Educação RESUMO EXPANDIDO DO PROJETO DE PESQUISA

HETEROGENEIDADE ESTRUTURAL NO SETOR DE SERVIÇOS BRASILEIRO

MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO COM A UTILIZAÇÃO PRÁTICA DA CALCULADORA HP12C E PLANILHA ELETRÔNICA

6 O Papel do BNDES e o Crédito Externo 6.1. O BNDES

Salus Infraestrutura Portuária S.A. (anteriormente denominada RB Commercial Properties 42 Ltda.)

Os investimentos no Brasil estão perdendo valor?

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

ASPECTOS CONCEITUAIS OBJETIVOS planejamento tomada de decisão

Prof. Cleber Oliveira Gestão Financeira

Sumário. (11)

A EVOLUÇÃO DO PIB PARANAENSE A 2014

Boletim. Contabilidade Internacional. Manual de Procedimentos

Aspectos Sociais de Informática. Simulação Industrial - SIND

ESTUDO DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇO PARA EMPREENDIMENTOS DA ECONOMIA SOLIDÁRIA. Palavras-Chave: Custos, Formação de Preço, Economia Solidária

ANÁLISE DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

UM CONCEITO FUNDAMENTAL: PATRIMÔNIO LÍQUIDO FINANCEIRO. Prof. Alvaro Guimarães de Oliveira Rio, 07/09/2014.

4 Metodologia da Pesquisa

XIII Encontro de Iniciação Científica IX Mostra de Pós-graduação 06 a 11 de outubro de 2008 BIODIVERSIDADE TECNOLOGIA DESENVOLVIMENTO

Entenda o IC AGRO. Sobre o Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro)

INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROVIC PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

5 Considerações finais

COLETA DE INFORMAÇÕES E PREVISÃO DE DEMANDA

FATEC Cruzeiro José da Silva. Ferramenta CRM como estratégia de negócios

MATRIZ CURRICULAR CURRÍCULO PLENO

Revisando... Segmentos antes da porteira: Insumos agropecuários Serviços agropecuários

O Comitê de Pronunciamentos - CPC. Irineu De Mula Diretor da Fundação Brasileira de Contabilidade - FBC

NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS LEVANTADAS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2014

PERFIL EMPREENDEDOR DOS APICULTORES DO MUNICIPIO DE PRUDENTÓPOLIS

"Gestão Contábil para micro e. pequenas empresas: tomada

CONCEITOS E MÉTODOS PARA GESTÃO DE SAÚDE POPULACIONAL

DELIBERAÇÃO CVM Nº 731, DE 27 DE NOVEMBRO DE 2014

APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE CUSTEIO: VARIÁVEL E POR ABSORÇÃO, PARA O PROCESSO DECISÓRIO GERENCIAL DOS CUSTOS

TEMA: A importância da Micro e Pequena Empresa para Goiás

Cadastro das Principais

Parecer Consultoria Tributária Segmentos Normas Contábeis ICPC 10 - Interpretação Sobre a Aplicação Inicial ao Ativo Imobilizado

O CENSO 2010: BREVE APRESENTAÇÃO E RELEVÂNCIA PARA A GEOGRAFIA

CONTABILIDADE INTERMEDIÁRIA II APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Unidade IV INTERPRETAÇÃO DAS. Prof. Walter Dominas

Princípios de Finanças

FTAD - Formação técnica em Administração de Empresas FTAD Contabilidade e Finanças. Prof. Moab Aurélio

3 Metodologia 3.1. Tipo de pesquisa

Medidas de Avaliação de Desempenho Financeiro e Criação de Valor: Um Estudo com Empresas Industriais

UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA. Projeto Integrado Multidisciplinar I e II

Gerenciamento de risco de crédito informações de Acesso Público. RB Capital DTVM

Indústria de Transformação Cearense em 2013: Algumas Evidências para os Resultados Acumulados até o Terceiro Trimestre

Comentários gerais. desta publicação. 5 O âmbito de atividades da pesquisa está descrito com maior detalhamento nas Notas técnicas

ATIVO Explicativa PASSIVO Explicativa

IFRS A nova realidade de fazer Contabilidade no Brasil

SETOR DE ALIMENTOS: estabelecimentos e empregos formais no Rio de Janeiro

Transcrição:

RIQUEZA CRIADA E AS VARIÁVEIS QUE A INFLUENCIAM NAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS BRASILEIRAS Autoria: Anelise Krauspenhar Pinto, Sigismundo Bialoskorski Neto Resumo Esta pesquisa tem como objetivo identificar as variáveis que influenciam o riqueza criada das cooperativas agropecuárias brasileiras, de modo a analisar seus resultados e desempenho de forma diferente das demais empresas. Para tanto utilizou-se a riqueza criada como forma de avaliar o desempenho econômico e social. O método utilizado foi a regressão de dados em painel, 2008-2012 aplicado a 34 cooperativas agrícolas, entre as 400 maiores empresas do agronegócio no Brasil. Os resultados evidenciam que existe uma relação entre a riqueza criada e variáveis de tamanho, lucratividade e de rede, que ajudam a explicar o valor gerado pelas cooperativas. Palavras-chave: Riqueza Criada; Cooperativas Agropecuárias; Variáveis. 1. Introdução O agronegócio brasileiro cresceu nos últimos dez anos. Ao analisar o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, que evidencia a produção total da agricultura e pecuária no Brasil, observa-se uma taxa de crescimento médio de 3,18% ao ano, esse fato mostra o crescimento contínuo do setor. O PIB do agronegócio representa, em média, 23,69% do PIB nacional, sendo um setor representativo para a economia brasileira (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada ESALQ/USP, 2012). O Brasil apresentava, em 2006, aproximadamente 7,61% de seus estabelecimentos agropecuários associados em cooperativas. Esses estabelecimentos respondiam por 35% da renda da agricultura no mesmo período, ou seja, menos de 10% do total dos estabelecimentos representaram mais de um terço da renda do setor (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2012). Esses números demonstram a importância das cooperativas as quais impulsionam a atividade agropecuária, agregando valor e renda ao produtor (Bialoskorski Neto e Pinto, 2012). As cooperativas podem possuir estratégias diferentes das demais organizações, apesar de se encontrarem no mesmo ambiente institucional. Pois enquanto nas cooperativas a lógica está na elevação do bem-estar do associado, as empresas de capital possuem como foco principal a maximização do lucro (Bialoskorski Neto, 2002). O fato é que a origem da necessidade da estratégia pode ser diferente, o que não impede essas estratégias de serem semelhantes (Sykuta e Cook, 2001). Como mencionado por Ferreira e Braga (2004) as cooperativas buscam diferentes estratégias para se tornarem competitivas, como a integração vertical e horizontal, alianças estratégicas, (holding ou joint adventure) concentração ou enfoque (cooperativa central) e diversificação de negócios e produtos. Como mencionado por Gimenes e Gimenes (2006), a sobrevivência das cooperativas agropecuárias depende da sua competitividade. As principais cooperativas realizam atividades ligadas às operações de insumos, grãos, processamento e industrialização, sendo que algumas já exportam. Outras, com menor diversificação, atuam como distribuidoras, mas estão focadas em serviços, operação de crédito e atendimento. Essas cooperativas de produção estão concentradas no Sul e Sudeste do Brasil (Consoli e Marino, 2013b). 1

As cooperativas são consideradas organizações econômicas intermediárias sem fins lucrativos. As cooperativas surgem das necessidades dos produtores rurais associados e passam a ter como objetivo suprir seus interesses particulares. De modo que a função da cooperativa consiste na prestação de serviços aos associados, agregando valor e gerando riqueza à esses (Bialoskorski Neto, 2012). Fato este que acontece de maneira diferente nas empresas de capital, cujo objetivo principal é o lucro, onde suas atividades são realizadas para a maximização desse. Dessa forma, avaliar os resultados e o desempenho de uma cooperativa agropecuária do mesmo modo que de uma empresa pode não ser o mais adequado (Bialoskorski Neto, Nagano e Moraes, 2006). Assim, houve a necessidade de buscar outra forma de analisar o desempenho das cooperativas agropecuárias. A riqueza criada é uma maneira de avaliar o desempenho econômico e social de uma organização (Tinoco, 2006). Esta informação é evidenciada na Demonstração do Valor Adicionado, assim como a sua distribuição. Portanto, tem-se como objetivo identificar as variáveis que influenciam a riqueza criada das cooperativas agropecuárias do centro sul do Brasil de modo a identificar se a riqueza criada é uma informação que pode ser utilizada como um indicador do resultado nessas cooperativas. Para tanto, foi utilizado o método estatístico de regressão de dados em painel em uma amostra composta por 34 cooperativas agropecuárias presentes no ranking das 400 Maiores e Melhores Empresas do Agronegócio da Revista Exame, durante os anos de 2008 a 2012. O trabalho propõe a seguinte questão de pesquisa: Quais são as variáveis que influenciam a riqueza criada das cooperativas agropecuárias do centro sul do Brasil? 2. Avaliação de Desempenho Uma forma de avaliar o desempenho empresarial ocorre quando informações são expressas na forma de indicadores, os quais são quantificados e mensurados numericamente, a fim de atribuir eficiência e objetividade à medição do desempenho das atividades de determinada organização (Carvalho, 2010). Para Merchant (2006), a avaliação de desempenho pode ser dividida em três grupos, as medidas de mercado, medidas baseadas em dados contábeis e um misto das duas medidas. O autor menciona que os indicadores contábeis possuem vantagens sobre os demais, pois atendem a critérios de mensuração, possuem comparabilidade, são precisos e compreensíveis. A avaliação de desempenho por meio de indicadores financeiros é uma prática contábil que permite a comparação entre organizações. Os demonstrativos contábeis são um dos meios mais importantes da Contabilidade na área dos negócios e uma das principais fontes de dados utilizados com a finalidade de avaliação de desempenho nas organizações (Iudícibus, 2008). O fato é que a avaliação de desempenho tradicional, utilizada atualmente em uma empresa (sociedade de capital), leva principalmente em consideração o lucro. Sendo o lucro sua finalidade, as atividades são realizadas para a maximização deste, proporcionando maior riqueza aos proprietários/acionistas. De modo que o sucesso de uma organização é medido pelo lucro que esta pode obter no longo prazo (Cançado, Souza e Carvalho, 2013). A diferença entre cooperativas e empresas consiste no fato de que as cooperativas não possuem uma existência anônima e independente de seus associados, como ocorre nas empresas, mas deverão existir como organização econômica intermediária, de modo a prestar serviços aos seus associados, satisfazendo suas necessidades econômicas particulares (Bialoskorski Neto, 2012). O fato é que cooperativas, enquanto organizações, possuem custos, como aluguel, energia elétrica, manutenção de equipamentos, entre outros. Tais custos são de 2

responsabilidade dos associados, que por meio de assembleia ou estatuto definem a cobrança de uma Taxa de Administração, a qual deverá ser paga por cada associado anualmente (Cançado et al., 2013). Dessa forma as sobras devem ser vistas como recursos não utilizados pela sociedade, que devem retornar aos associados, na proporção da utilização de cada um, dos serviços da cooperativa. Fato é que as sobras não são aumentos patrimoniais aos associados, são simplesmente a devolução de um recurso não utilizado (Polonio, 2001). Ao observar a cooperativa, sob a ótica do cooperado, é possível afirmar que poderá haver lucro para o membro associado a uma cooperativa e para o seu negócio particular, mas no empreendimento cooperativo em si não há a existência de lucro (Bialoskorski Neto, 2012, p. 18). O membro associado, em assembleia geral, toma suas decisões de maneira que sejam satisfeitas as suas necessidades, a qual consiste, diretamente, no aumento de sua renda e, indiretamente, na redução de riscos e/ou custos (Bialoskorski Neto, 2012). Além das sobras, que podem passar a ser uma estratégia da cooperativa a partir da necessidade de seus associados, a cooperativa proporciona diversos serviços, agregando valor à eles. As cooperativas prestam serviços aos produtores rurais associados por meio de assistência técnica, orientação, compra de insumos/produtos, além da comercialização e agregação de valor à produção (Bialoskorski Neto e Pinto, 2012). Devido a cooperativa agregar valor ao associado, gerando riqueza à esses não somente pelas sobras, mas muitas vezes, com prestação de serviços, a análise para identificar o resultado e o seu real desempenho pode ser prejudicado quando da utilização de análises tradicionais, ou seja, as mesmas utilizadas pelas empresas, pois estas medem seu desempenho, principalmente, por meio do lucro como já mencionado (Bialoskorski Neto et al., 2006, Vieira e Santos, 2007). Dessa forma, identificou-se a necessidade de buscar outros meios, além da avaliação de desempenho tradicional, que possam ser mais adequados na mensuração do resultado das cooperativas agropecuárias brasileiras. 3. Riqueza Criada Durante a década de 1970, no Reino Unido, há um súbito aumento de interesse a respeito do valor adicionado (value added). O valor adicionado era uma maneira de indicar o valor criado pelas atividades das entidades (sejam elas empresas privadas, governamentais, sindicatos, associações, entre outros) e, também, englobava as diferentes práticas, como relatórios financeiros, sistemas de pagamento, participação no lucro, análises econômicas, assim como informações aos empregados e sindicatos (Hopwood, Burchell e Clubb, 1994). A riqueza criada nada mais é do que o valor adicionado pela empresa aos insumos, ou seja, o quanto de valor é agregado aos insumos adquiridos em um determinado período. O conceito de valor adicionado é utilizado na economia, principalmente na macroeconomia, para mensurar as atividades econômicas de uma nação por meio da apuração do Produto Nacional (De Luca, 1998; Santos, 2003). As empresas são as principais responsáveis pela produção econômica nacional, as quais produzem bens e serviços atendendo às necessidades de consumo (De Luca, 1998). O conceito de valor adicionado utilizado na visão contábil é o mesmo que o utilizado pela visão econômica e distingue-se somente no ambiente em que se aplica. No caso da Contabilidade, limita-se a avaliar as transações econômicas ocorridas somente na empresa (De Luca, 1998). A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) possui informações de natureza econômica, criada para complementar as informações do Balanço Social. A DVA deve ser entendida como a forma mais competente criada pela Contabilidade para auxiliar na 3

demonstração da capacidade de geração, bem como de distribuição de riqueza de uma entidade (Santos, 2003, p. 35). A DVA é um relatório contábil relevante para esclarecer à sociedade sobre a necessidade de existência das organizações (Laureano, 2000), de modo que evidencia o valor da riqueza gerada pela entidade e a distribuição para os elementos que contribuíram para sua geração (Mandal e Goswami, 2008; De Luca, 1998). A demonstração não substitui nenhuma demonstração contábil, ela complementa a Demonstração do Resultado. É uma demonstração preparada a partir dos dados contábeis e, também, a partir dos princípios contábeis assim como as demais demonstrações (Meek e Gray, 1988) Esta demonstração é muito utilizada em países como a Inglaterra, Portugal, França, Alemanha e Itália, por possuir informações econômicas e sociais. A Organização das Nações Unidas (ONU) faz recomendações para o uso dela, fato este que aumenta a sua demanda em nível internacional (Dalmácio, 2004). A DVA surgiu na década de 1970 (Hopwood et al., 1994), devido a necessidade de publicar informações para os stakeholders da empresa (Fregonesi, 2009). De acordo com Cunha, Ribeiro e Santos (2005) seu desenvolvimento foi impulsionado pela urgência na introdução do imposto sobre valor agregado nos países europeus. A evolução econômica e social e as pressões sociais, inicialmente, na Europa e nos Estados Unidos, fizeram com que as organizações se preocupassem em demonstrar a sua capacidade de gerar riqueza e de distribuí-la (Dalmácio, 2004). Na década de 1980, houve a preocupação de padronizar a forma de elaboração da riqueza criada e da sua mensuração (Pong e Mitchell, 2005; Hopwood et al, 1994). Bernard (1979, como citado em Mandal e Goswami, 2008) expõe a fórmula para identificar a riqueza criada (valor adicionado líquido) NVA GVA - D (S IS) - CBGS- D Onde, o Valor Adicionado Líquido (NVA) é igual a diferença entre o valor adicionado bruto (GVA), que equivale a soma das vendas (S) e das receitas com serviços prestados (IS), menos o custo de aquisição dos bens e serviços, menos a depreciação (D) (Bernard, 1979, como citado em Mandal e Goswami, 2008) No Brasil, os estudos sobre a DVA surgiram na década de 1990 (De Luca, 1991; 1996; Santos, 1999) e sua obrigatoriedade para algumas empresas acontece a partir da aprovação da Lei 11.638 de 28 de dezembro de 2007. A DVA, assim como as demais demonstrações contábeis, segue os princípios fundamentais da Contabilidade e pode ser elaborada a partir dos registros contábeis ou das demais demonstrações, principalmente, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Mas, assim como todas as demonstrações, a DVA possui características próprias que não são encontradas nas demais (De Luca, 1998; Santos, 2003; Dalmácio, 2004; Kroetz e Cosenza, 2003). Os primeiros estudos desenvolvidos no Brasil sobre a DVA ocorreram no Departamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). A utilização e a divulgação da DVA pelas empresas, mesmo antes da Lei, se deu devido a inclusão dela no cálculo de excelência empresarial utilizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuarias e Financeiras (FIPECAFI), na edição Melhores e Maiores, da Revista Exame, em 1997 (Santos, 1998). O modelo da DVA a ser adotado pelas entidades pode ser encontrado no Pronunciamento Técnico 09 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). É o mesmo utilizado pelos pesquisadores da FIPECAFI na coleta dos dados necessários para a edição das Melhores e Maiores. O conceito do índice riqueza criada é trazido pela Revista Exame (2013) 4

como o índice que representa a contribuição da empresa para a formação do produto interno bruto (PIB) do país, já deduzida à depreciação. A fórmula do índice riqueza criada é resultante do modelo da DVA (PT 09, CPC): RC Receitas - Insumos Adquiridos de Terceiros - Depreciação, Amortização e Exaustão A riqueza criada pela entidade a que o trabalho se refere é o item 5- Valor Adicionado Líquido produzido pela Entidade, da DVA, no modelo evidenciado no PT 09 do CPC, que utiliza a nomenclatura Valor Adicionado Líquido produzido pela entidade. Que nada mais é que a Receita menos os insumos adquiridos de terceiros, menos a depreciação, amortização e exaustão. 4. Metodologia A metodologia a ser utilizada é a de dados em painel, pois esse é um método que explora a dinâmica da mudança temporal e possui grande poder informativo. Apesar de ser uma técnica formulada e mais utilizada pela área da economia, essa regressão vem sendo utilizada para as áreas de finanças e contabilidade, devido à natureza dos dados disponíveis (Duarte, Lamounier e Takamatsu, 2007). O software utilizado para aplicar os testes necessários e a regressão dos dados em painel será o Regression, Econometrics and Time-series Library, Gretl. Software livre que compila e interpreta dados econométricos. A regressão de dados em painel é um tipo de dado combinado, nos quais a mesma unidade de corte transversal (uma família, uma empresa, um Estado) é acompanhada ao longo do tempo. (Gujarati, 2006, p. 513), o que fornece uma dimensão espacial e temporal à análise simultaneamente. Os dados em painel, também conhecidos como dados longitudinais ou corte transversal de séries temporais, consistem em observações repetidas ao longo do tempo de várias unidades de corte transversal. Essa técnica possui vantagens sobre modelos de séries temporais e cross-section, por exemplo, o maior controle sobre a heterogeneidade dos indivíduos, a melhor inferência dos parâmetros estimados e a facilidade em desvendar as relações dinâmicas entre as variáveis (Rover, Tomazzia, Murcia e Borba, 2012). No trabalho em questão foram inseridas no programa 34 (cooperativas) unidades de corte transversal e, para cada unidade de corte transversal há cinco (anos) observações ao longo do tempo, resultando em um total de 170 observações. Segue abaixo como é representado o modelo geral dos dados em painel: O subscrito i significa os diferentes indivíduos e o subscrito t significa o período de tempo que está sendo analisado. O β 0 refere-se ao parâmetro de intercepto e o β k refere-se ao coeficiente angular correspondente à k-ésima variável explicativa do modelo. O elemento X kit refere-se à k-ésima variável explicativa para o indivíduo i no instante de tempo t. Enfim, β i é a matriz dos parâmetros a serem estimados. Os modelos de dados em painel possuem o controle da heterogeneidade individual, menor colinearidade entre as variáveis e maior número de liberdade, o que aumenta a eficiência na estimação dos modelos (Montebello e Bacha, 2013). 4.1. Modelos de dados em painel O modelo dos efeitos fixos tem como objetivo controlar os efeitos das variáveis omitidas que variam entre os indivíduos e continuam constantes ao longo do tempo (Holland 5

e Xavier, 2005; Montebello e Bacha, 2013). Assim, supõe que o intercepto varia de um indivíduo para outro, mas é constante ao longo do tempo, sendo que os parâmetros de resposta são constantes para todos os indivíduos e em todos os períodos de tempo (Duarte, Lamounier e Takamatsu, 2007). De acordo com os mesmos autores o intercepto do modelo dos efeitos fixos é um parâmetro fixo e desconhecido que capta as diferenças entre os indivíduos que fazem parte da amostra. Assim, as inferências feitas pelo modelo são somente sobre os indivíduos dos quais se dispõe de dados. Sendo essa uma das limitações do trabalho, ou seja, os resultados aqui encontrados não podem ser generalizados para todas as cooperativas agropecuárias do Brasil, mas somente para aquelas que estão presentes no ranking das 400 Maiores e Melhores Empresas do Agronegócio no Brasil. O modelo dos efeitos aleatórios possui as mesmas suposições do modelo de efeitos fixos, sendo que o intercepto varia de um indivíduo para outro, mas isso não ocorre ao longo do tempo, e os parâmetros de respostas são constantes para todos os indivíduos e em todos os períodos de tempo (Duarte, Lamounier e Takamatsu, 2007). Os modelos expostos possuem vantagens e desvantagens devido as suas caraterísticas. O modelo de efeitos fixos possibilita uma análise mais profunda das diferenças entre os indivíduos, não é enviesado quando as variáveis não observadas são correlacionadas com as variáveis explicativas e apresenta melhores resultados quando a amostra não é uma boa representação da população. O modelo de efeitos aleatórios possui maior eficiência, pelo fato de perder menos graus de liberdade, por possuir menos parâmetros a serem estimados, não se estima o α i, por exemplo, e por incorporar as diferenças individuais ao componente de erro (Rover et al., 2012). O Teste Hausman é utilizado para a escolha de qual dos modelos se ajusta melhor aos dados. Se os erros e as variáveis não estão correlacionados, o modelo de efeitos aleatórios pode ser mais adequado, caso contrário, o modelo de efeitos fixos deve ser o indicado, ou seja, a hipótese nula testada é que os resíduos não são correlacionados com as variáveis explicativas, assim, o modelo de efeitos aleatórios é preferível (Hausman, 1978). Portanto, para auxiliar na escolha de qual dos dois modelos utilizar, adotou-se o procedimento do Teste de Hausman cuja hipótese é a seguinte (Montebello e Bahca, 2013): H 0 : Os modelos, efeitos fixos e efeitos aleatórios, não diferem substancialmente. H 1 : Os modelos, efeitos fixos e efeitos aleatórios, diferem substancialmente. Caso haja a rejeição da hipótese nula, o modelo de efeitos aleatórios é o adequado para análise, mas caso a hipótese nula não for rejeitada, o modelo dos efeitos aleatórios não é adequado, sendo indicada a utilização do modelo de efeitos fixos (Hausman, 1978). 4.2. Amostra A amostra se constitui por cooperativas agropecuárias que se mantiveram no ranking das 400 Maiores e Melhores Empresas do Agronegócio da Revista Exame, durante os anos de 2008 a 2012. Foram identificadas 44 cooperativas agropecuárias que se mantiveram esses 5 anos no ranking. As cooperativas identificadas no ranking concentram-se na região centro-sul do país, Sul e Sudeste, onde estão localizadas as cooperativas no centro sul brasileiras. Cerca de 70% das cooperativas da amostra encontram-se localizadas na região Sul do país, enquanto 56% dessas estão no Estado do Paraná. As cooperativas que fazem parte do ranking estão concentradas (aproximadamente 87% delas) no setor de produção agropecuária, onde cerca de 60% dessas cooperativas atuam no segmento de algodão e grãos. 6

Observa-se que a região Sul, de acordo com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em 2012, possui 303 cooperativas agropecuárias. Dessas, encontram-se no ranking nos últimos 5 anos consecutivos, 30 cooperativas, ou seja, 10% das cooperativas agropecuárias da região Sul do país. Somente o estado do Paraná possui 81 cooperativas agropecuárias (OCB, 2012) e, fazem parte do ranking 17 dessas cooperativas, o que corresponde a aproximadamente 21% das cooperativas existentes no Estado, sendo esse o Estado mais representado no ranking. Dentre as 44 cooperativas agropecuárias, foram excluídas da amostra as cooperativas centrais, as cooperativas que não possuíam a informação da riqueza criada na Revista Exame para os anos estudados e, também, aquelas cooperativas que não disponibilizaram o número de associados no final de cada exercício social para os anos de 2008 à 2012, informação esta não disponibilizada pela revista. Devido a importância de tal informação para a pesquisa, entrou-se em contato com cada cooperativa por e-mail e/ou por telefone, quando não encontrada no site. Por fim, permaneceram na amostra apenas aquelas cooperativas agropecuárias singulares que possuíam a maioria das informações necessárias para a realização do estudo, totalizando 34 cooperativas agropecuárias do ranking. A maioria das cooperativas agropecuárias da amostra foi criada na década de 60 e 70, sendo a Batavo a mais antiga, fundada em 1928, e a Integrada a mais nova, fundada em 1995. Existe na amostra, 11 cooperativas agropecuárias com suas atividades principais focadas na industrialização, com valores significativos na venda de produtos industrializados em relação ao faturamento total da cooperativa. Todas são verticalizadas e possuem marcas próprias, a maioria utiliza a estratégia de diversificação concêntrica (mix de produtos), sendo a Copagril e a Cotrisel dois exemplos de exceções, pois a primeira é especializada em cortes de frango in natura e a segunda especializada em arroz. São cooperativas verticalizadas que apresentam parte significativa de seu faturamento com a venda de produtos industrializados na amostra: 4 das 16 cooperativas do SAG de algodãos e grãos, a Cotrisel, localizada no Rio Grande do Sul, a Castrolanda, a Cooperativa Agrária e a Lar, que encontram-se atuando no Paraná; as 3 cooperativas do SAG de óleos, farinhas e conservas, a Comigo, que atua no setor de atacado situada em Goias, a Cocamar, localizada no Paraná, e a Cooperalfa em Santa Catariana; 3 das 6 cooperativas do SAG aves e suínos da amostra, a Coopavel, a Copacol e a Copagril, todas localizadas no Paraná e; 1 cooperativa do SAG de leites e derivados, a Complem, localizada em Goiás. Há, também, na amostra, cooperativas agropecuárias com suas atividades focadas na venda de insumos, que é o caso da Coplacana, da Coopercitrus, e da Camda, todas do SAG de adubos e defensivos e localizadas no estado de São Paulo. Essas cooperativas utilizam a estratégia de diversificação conglomerada, não focam a industrialização e não exportam. As 3 cooperativas estão entre as cooperativas da amostra com maiores números de associados, mas não se destacam com maiores valores de vendas, lucros ou riqueza criada. A Coopercitrus encontra-se entre 25% das cooperativas com maiores valores de ativo total. As demais cooperativas da amostra (20 cooperativas) atuam, além das atividades de venda de insumos, na compra e venda de commodities de seus associados, aproximadamente 50% desse grupo de cooperativas não exportam e, a maioria não utiliza a estratégia de diversificação concêntrica, somente a conglomerada. São cooperativas pertencentes à amostra que atuam na venda de insumos e na compra e venda de commodities: 12 das 16 cooperativas do SAG de algodão e grãos. A Copasul, localizada no 7

Mato Grosso do Sul, a Holambra, de São Paulo, a Copercampos, de Santa Catarina, a Camnpal, a Cotriel, a Cotripal e Cotrisul do Rio Grande do Sul e a Batavo, a Capal, a Coasul, a Cotrisal e a Coagru, do Paraná; 3 das 6 cooperativas do SAG aves e suínos, Auriverde, localizada em Santa Catarina, Agropan, do Rio Grande do Sul e a C. Vale, do Paraná; 3 cooperativas do SAG de café, Cocapec, localizada em São Paulo e a Cooxupé e a Capebe, que encontram-se em Minas Gerais; 1 cooperativa do SAG de sementes, Cotricampo, localizada no Rio Grande do Sul e; 1 cooperativa do SAG de atacado e comercio exterior, a Cooperativa Integrada, do Paraná. Muitas dessas cooperativas industrializam alguns processos e algumas são verticalizadas, mas quando observada as vendas nessas cooperativas o volume mais representativo é o da venda de produtos agrícolas (grãos e sementes). Cooperativas agropecuárias como a Batavo, a Copercampos, a Agropan e a Auriverde não verticalizam todo processo de produção e quem finaliza o produto, no caso da cooperativa Batavo é a Batavo S.A. e no caso das demais é a Cooperativa Central Aurora, sendo essa uma forma de intercooperação encontrada por elas. As cooperativas do SAG de algodão e grãos são a maioria nesse grupo, grande parte delas utiliza a estratégia de diversificação conglomerada, mas não utilizam como estratégia principal a diversificação concêntrica. Tais cooperativas que não aparecem entre 25% das cooperativas com maior riqueza criada, vendas líquidas, patrimônio líquido, ativo total, número de empregados ou mesmo de associados, mas se destacam entre as de menores valores nos indicadores mencionados. 4.3. Índices utilizados Devido ao fato do valor agregado ser uma informação social e econômica relevante atualmente, tanto internamente como, principalmente, externamente às organizações, foi calculado para todas as cooperativas agropecuárias da amostra o índice riqueza criada por associado. Visto que os associados são peça fundamental da existência das cooperativas agropecuárias, muitas vezes, donos, fornecedores e/ou clientes das mesmas. O cálculo da riqueza criada por associado (RC_Assoc) é a relação entre o índice riqueza criada (RC) e a quantidade de associados (Qnt associados) em um determinado período, como segue: RC RC_Assoc Qnt associados Este índice evidencia a contribuição per capita dos associados da cooperativa agropecuária na riqueza por ela gerada. A interpretação é dada da mesma maneira como Dalmácio (2004) interpreta o grau de participação dos empregados. Vale ressaltar que esse índice não evidencia a riqueza criada que é distribuída diretamente aos associados, mas indica, como já mencionado acima, o quanto do valor de riqueza gerada pela cooperativa é representada por cada produtor rural associado a ela. Dessa forma, tem-se a proxy RC_Assoc para mensurar a riqueza criada nas cooperativas agropecuárias, sendo essa a variável dependente, ou seja, a variável a ser explicada. Em relação ao desempenho econômico e financeiro foram selecionados, a partir de um levantamento bibliográfico, aqueles índices considerados relevantes para avaliar o desempenho das cooperativas agropecuárias de acordo com autores que publicaram a respeito 8

do assunto. Tais índices foram retirados ou calculados a partir das informações contidas nas 400 Maiores e Melhores Empresas do Agronegócio da Revista Exame. Buscou-se a relação entre a RC_Assoc e tamanho, rentabilidade, alavancagem, Sistemas Agroindustriais (SAGs) e network (rede). Como proxy para tamanho, houve inicialmente a seleção das variáveis, volume de vendas (Vend_Liq), ativo total (Ativo_Total) e número de funcionários (Num_func). Para rentabilidade foi selecionado inicialmente as variáveis rentabilidade do patrimônio líquido (Ret_PL), rentabilidade do ativo (Ret_At) e a margem de vendas (Mg_V). Como proxy para alavancagem foi selecionado o índice grau de endividamento (Grau_End), por ser um dos índices definidos por Carvalho (2008) e definido por ele como sendo um dos índices indispensável para análise do desempenho de cooperativas agropecuárias. Em relação aos SAGs, foram encontrados na amostra os seguintes: adubos e defensivos, algodão e grãos, atacado e comércio exterior, aves e suínos, café, leite e derivados e óleo, farinha e conservas. Levar em consideração tal informação é relevante, pois cada SAG possui características específicas e suas particularidades. Mas devido a pequena quantidade de cooperativas para cada SAG na amostra tornou-se inviável analisar, com o modelo estatístico proposto, a relação da riqueza criada pelos diferentes SAGs, sendo esta uma limitação do presente trabalho. Como proxy para rede, foi inserida uma dummy (0 e 1), com o intuito de identificar se o fato das cooperativas fazerem parte de uma cooperativa central contribui para explicar a riqueza criada por elas. 4.4. Multicolinearidade Quando se trabalha com diversas variáveis explicativas é necessário observar se elas são correlacionadas. Os termos multicolinearidade e colinearidade são sinônimos e são utilizados quando há forte correlação entre as variáveis explicativas (independentes), fato esse que dificulta a estimação correta dos parâmetros (Gujarati, 2006; Hair et al., 2009). A matriz de correlação evidencia, por meio do coeficiente apresentado entre as variáveis, o grau de relacionamento entre elas. Newbold (1995) define uma escala entre os coeficientes de correlação e, as variáveis inicialmente selecionadas, foram analisadas, por meio da matriz de correlação. Caso os índices apresentem alto grau de correlação, ou seja, estejam superior a correlação positiva ou negativa moderada correlação de 0,5-, deve-se ter o cuidado de não inseri-los ao mesmo tempo na regressão (Newbold, 1995). A correlação entre Ativo_Total e Vend_Liq (0,94) é positiva muito forte (Newbold, 1995). Optou-se pela variável Vend_Liq por dois motivos: pelo fato de que o valor do Ativo pode não demonstrar o tamanho real da cooperativa quando da comparação entre cooperativas de diversos SAG's. E, também, devido a variável Vend_Liq ser o indicador utilizado pela Revista Exame para se definir o ranking das maiores e melhores empresas. As 3 variáveis definidas como proxy para rentabilidade possuem alto grau de correlação entre si e são consideradas por Newbold (1995) como correlações positivas muito fortes. Optou-se pela Mg_V, por ser o índice que não foi descartado por Carvalho (2008) quando analisado os índices no centro sul que as cooperativas do estado de São Paulo devem possuir para monitorar o seu desempenho e, também, por Sabadin (2006) ao analisar os índices para uma avaliação de desempenho favorável para as cooperativas. 4.5. Logaritmo Natural 9

As variáveis foram transformadas em logaritmo natural, conhecido também como neperiano (onde log e x = 1, em que e = 2,718281828). Dessa forma, é possível analisar por meio dos coeficientes das variáveis independentes resultantes da regressão de dados em painel, além dos sinais, a porcentagem de aumento ou diminuição da variável dependente, RC_Assoc, para cada 10% de variação das variáveis explicativas. A utilização das variáveis em logaritmo natural proporciona que os dados estejam em um escala logarítmica e não mais em valores de grandeza propriamente dito, fato esse que diminui a variância das séries e possibilita a análise dos coeficientes estimados como sendo a elasticidade da variável dependente em relação à respectiva variável independente (Rodrigues, 1999). 6. Análises e Resultados Com o objetivo de identificar a relação entre a riqueza criada e a rentabilidade, o tamanho, a alavancagem e a network das cooperativas agropecuárias no centro sul brasileiras utilizou-se a regressão de dados em painel, como já mencionado. O Teste de Hausman apresenta p-valor de aproximadamente 0,5, devido esse ser superior a 0,05, rejeita-se a hipótese nula de modo que o modelo de regressão mais adequado é o de efeitos aleatórios. Tabela 1 Resultado da regressão de dados em painel, modelo de efeitos aleatórios. Efeitos-aleatórios (GLS), usando 140 observações. Incluídas 34 unidades de corte transversal. Comprimento da série temporal: mínimo 1, máximo 5. Variável dependente: l_rc_assoc. Coeficiente Erro Padrão razão-t p-valor const 0,865833 3,47168 0,2494 0,80343 l_mg_v 0,280589 0,0564606 4,9696 <0,00001*** l_vend_liq 0,483219 0,217785 2,2188 0,02818 ** l_num_func -0,336014 0,204743-1,6411 0,10311 l_grau_end 0,155194 0,126994 1,2221 0,22383 Rede 1,34185 0,443658 3,0245 0,00299 *** Média var. dependente 9,260588 D.P. var. dependente 1,303539 Soma resíd. quadrados 144,1566 E.P. da regressão 1,033357 Log da verossimilhança -200,6994 Critério de Akaike 413,3989 Critério de Schwarz 431,0487 Critério Hannan-Quinn 420,5712 Nota. Fonte: Elaborada pela autora. O símbolo de ** indica que a variável é significante a 5%; *** a 1%. Todas as demais variáveis não apresentaram impacto estatístico significativo. Das cinco variáveis inseridas no modelo proposto para regressão, três possuem p-valor inferior a 0,05, o que demonstra que são significantes e contribuem para explicar a variável dependente, RC_Assoc. A primeira variável é a Mg_V, definida como proxy para mensurar a rentabilidade das cooperativas agropecuárias da amostra. Observa-se que a relação entre RC_Assoc e a variável de rentabilidade, Mg_V, é significativa a nível de 1%. A variável encontra-se relacionada positivamente com a RC_Assoc, evidenciando que a cada aumento de 10% na Mg_V a RC_Assoc aumenta 2,8%. Dentre as variáveis inseridas no modelo para mensurar o tamanho das cooperativas agropecuárias estão a Vend_Liq e o num_func, sendo que somente a variável Vend_Liq possui relação significativa (a nível de 5%) com a variável dependente. De modo que para cada aumento de 10% no valor das Vend_liq, a Rc_Assoc aumenta 4,8%. 10

A variável Grau_End, inserida como proxy para mensurar a alavancagem das cooperativas agropecuárias da amostra, também não possui relação significativa com a variável a ser explicada, RC_Assoc. Assim, a partir dos resultados da regressão não é possível afirmar que existe relação entre a riqueza criada e alavancagem nas cooperativas agropecuárias no centro sul brasileiras presentes na amostra. Também foi inserida no modelo uma variável dummy, denominada como Rede, evidenciando aquelas cooperativas agropecuárias que estão inseridas em uma cooperativa central. A variável Rede e a variável dependente, RC_Assoc, encontram-se relacionadas positivamente e significativamente a nível da 1%. Dessa forma, os resultados evidenciam que a RC_Assoc é influenciada pela Mg_V, pelas Vend_Liq e pela Rede, ou seja, há uma relação entre a riqueza criada pelas cooperativas agropecuárias presentes na amostra e a rentabilidade e o tamanho dessas e, o fato delas participarem de uma cooperativa central. Em relação a variável Rede, a partir dos resultados encontrados, pode-se afirmar simplesmente que as cooperativas inseridas nesta forma de intercooperação possuem maior riqueza criada do que aquelas que não se encontram organizadas de tal forma. Mas não se pode afirmar se a geração de riqueza é ocasionada nessas cooperativas por elas estarem em uma cooperativa central ou, de maneira contraria, se a geração de riqueza acontece porque as cooperativas singulares encontram-se bem organizadas, estruturadas e competitivas no mercado, sendo esse o motivo que faz com que elas busquem formas de intercooperação. 7. Conclusão e Considerações Finais O agronegócio é um setor representativo para a economia brasileira. As cooperativas agropecuárias estão inseridas neste setor e impulsionam a atividade agropecuária, agregando valor e renda ao produtor associado. De modo a acompanhar a dinâmica do mercado e manter o seu posicionamento neste, as cooperativas agropecuárias traçam estratégias, que possam agregar valor ao processo, trazendo maiores resultados e, consequentemente, tornando-as competitivas. Uma forte evidencia de que as cooperativas estão inseridas no mercado de forma competitiva é a presença dessas no ranking das 400 Maiores e Melhores Empresas do Agronegócio do Brasil da Revista Exame. Mas as cooperativas são entidades sem fins lucrativos cuja a finalidade está em suprir as necessidades particulares de seus associados e não possuem, simplesmente, à lógica da maximização do lucro, como as demais organizações. Assim, avaliar o resultado de uma cooperativa agropecuária da mesma maneira que ocorre em uma empresa pode não ser o mais adequado. Uma forma de analisar o desempenho econômico e social das organizações ocorre por meio da riqueza criada por elas, informação esta apresentada na DVA. Para tanto, com o objetivo de identificar a relação entre a riqueza criada e as variáveis que a influenciam das cooperativas agropecuárias no centro sul brasileiras, a metodologia aplicada foi a de dados em painel. O resultado da regressão evidencia que há variáveis inseridas no modelo que contribuem para explicar a riqueza criada gerada pelas cooperativas agropecuárias no centro sul. A riqueza criada é explicada pelo tamanho das cooperativas agropecuárias, pela rentabilidade delas e pelo fato delas participarem de uma cooperativa central. Também foi identificado que a alavancagem, mensuradas pela variável Grau_End, não contribui para explicar a riqueza criada pelas cooperativas. Assim como a variável Num_func, utilizada como proxy para tamanho, não contribui para explicar a riqueza criada. 11

A fim de comprovar os resultados encontrados, como sugestão de futuras pesquisas, a aplicação do modelo de regressão proposto em uma quantidade maior de cooperativas agropecuárias de modo que possa ser considerado os SAG s em que elas estão inseridas. A pesquisa em questão buscou contribuir com as cooperativas de modo a identificar as variáveis que influenciam a riqueza criada nas cooperativas agropecuárias, com o intuito de evidenciar se a informação riqueza criada, apresentada pela DVA, pode ser um indicador adequado para avaliar o resultado de uma cooperativas agropecuárias. 12

REFERÊNCIAS Bialoskorski Neto, S. (2002). Estratégias e cooperativas agropecuárias: Um ensaio analítico. In: BRAGA, M.J., REIS, B.S. (Orgs.). Agronegócio cooperativo: reestruturação e estratégias. Viçosa: UFV, 77-97. Bialoskorski Neto, S. (2012). Economia e Gestão de Organizações Cooperativas (2a ed). São Paulo: Atlas. Bialoskorski Neto, S., Pinto, A. K. (2012). Evolução do Agronegócio e do Cooperativismo Agropecuário: uma análise comparativa de desempenho e impacto econômico. Anais do Encontro Brsileiro de Pesquisadores em Cooperativismo, 2, Porto Alegre. Bialoskorski Neto, S., Nagano, M. S., Moraes, M. B. C. (2006). Utilização de redes neurais artificiais para avaliação sócio-econômica: uma aplicação em cooperativas. Revista de Administração (USP), São Paulo, 41 (1), 59-68. Carvalho, F. L. (2008). Indicadores de avaliação de desempenho de cooperativas agropecuárias: um estudo em cooperativas paulistas. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. Carvalho, J. R. M., Santos, W. C., Rêgo, T. F. (2010). Uma análise dos fatores de desempenho financeiro: O Caso das Lojas Americanas S.A. Qualitas Revista Eletrônica. Paraíba, 9 (1), 1-15. Cançado, A. C., Souza, M. F. A., Carvalho, J. E. F. B., Iwamoto, H. M. (2013) Desfazendo um mal entendido: Discutindo a diferença entre lucros e sobras. Administração Pública e Gestão Social. Viçosa, 5 (1), 56-69. Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada ESALQ/USP (2012). PIB do Agronegócio dados de 1994 a 2011. Recuperado em 11 de setembro, 2012, de http://www.cepea.esalq.usp.br/pib/. Cichelero, M. (2004). Medidas de desempenho de empresas e avaliação de pessoas: a contribuição da controladoria. Dissertação de mestrado, Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Consoli, M. A., Marino, M. K. (2013a). Distribuidores e Cooperativas: análises e impressões (parte 1). Recuperado em 20 de julho, 2013, de http://www.agrodistribuidor.com.br/up_arqs/pub_20130401144732_01deabril.pdf Consoli, M. A., Marino, M. K. (2013b). Distribuidores e Cooperativas: análises e impressões (parte 2). Recuperado em 20 de julho, 2013, de http://www.agrodistribuidor.com.br/up_arqs/pub_20130408152754_08deabril.pdf Cunha, J. V. A., Ribeiro, M. S., Santos, A. (2005). A Demonstração do Valor Adicionado como instrumento de mensuração da distribuição da riqueza. Revista de Contabilidade e Finanças USP. São Paulo, vol. 16, n. 37, p. 7-23. Dalmácio, F. Z. (2004). Indicadores para Análise da Demonstração do Valor Adicionado. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília, DF, 1 (1), 89-97. De Luca, M. M. M. (1998) Demonstração do Valor Adicionado: do cálculo da riqueza criada pela empresa ao valor do PIB. São Paulo: Atlas. Duarte, P. C., Lamounier, W. M., Takamatsu, R. T. (2007) Modelos econométricos para dados em painel: Aspectos teóricos e exemplos de aplicação à pesquisa em Contabilidade e Finanças. Anais do Congresso USP de Iniciação Cientifica em Contabilidade, 4, 2007, Faculdade de Economia Administração e Contabilidade, São Paulo, SP, Brasil. 13

Exame. Anuário Melhores e Maiores. São Paulo: Abril, edição especial. Recuperado em 15 de abril, 2013, de http://exame.abril.com.br/negocios/melhores-e-maiores/ Ferreira, M. A. M., Braga, M. J. (2004). Diversificação e Competitividade nas Cooperativas Agropecuárias. Revista de Administração Contemporânea. [online], 8 (4), 33-55. Gimenes, R. M. T., Gimenes, F. M. P. (2006) Um ensaio sobre o desempenho econômico de cooperativas agropecuárias a partir do economic value added. Enfoque Reflexão Contábil, 25 (2), 26-40. Gonçalves, J. S., Vegro, C. L. R. (2004) Crise Econômica e Cooperativismo Agrícola: Uma discussão sobre os condicionantes das dificuldades financeiras da cooperativa agrícola de Cotia (CAC). Revista de Agricultura em São Paulo, São Paulo, 41 (2,) 57-87. Gujarati, D. N. (2006). Econometria Básica (4a ed.). Rio de Janeiro: Editora Campus. Hausman, J.A. (1978). Specification tests in econometrics. Econometrica. New York, 46 (6), 1251-1271. Holland, M., Chavier, C. L. (2005). Dinâmica e competitividade setorial das exportações brasileiras: uma análise de painel para o período recente. Revista Economia e Sociedade, 24, 85-108. Hopwood, A. G., Burchell, S., Clubb, C. (1994) Value-added accounting and national economic policy. In: Accounting as social and institutional practice. Cambridge: Cambridge University Press. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. (2012) Censo Agropecuário 2006. [online] Recuperado em 15 de maio, 2012, de http://www.ibge.gov.br/home/ Iudícibus, S. (2008). Análise de Balanços (9a ed.). São Paulo: Atlas. Kroetz, C. E., Cosenza, J. P. (2003) Considerações sobre a eficácia do valor adicionado para a mensuração do resultado econômico e social. Anais do IX Convenção de Contabilidade do Rio Grande do Sul, Gramado, RS, Brasil. Laureano, W. D. (2000). Analisando a demonstração do valor adicionado. Revista Brasileira de Contabilidade, Brasília, 122, 38-43. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. (2007). Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Brasília, DF: Planalto. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2007/lei/l11638.htm Mandal, N., Goswami, S. (2008). Value Added Statement (VAS) a critical analysis. Great Lakes Herald, 2 (2), 98-120. Meek, G. K., Gray, S. J. (1988) The Value Added Statement: An Innovation for U.S. Companies? Accounting Horizons. Sarasota, 2 (2), 73-81. Merchant, K. A. (2006). Measuring General Managers performances: Market, accounting and combination-of-measures systems. Accounting, Auditing and Accountability Journal, 19 (6), 893-917. Montebello, A. E. S., Bacha, C. J. C. (2013). Impactos da reestruturação do setor de celulose e papel no Brasil sobre o desempenho de suas indústrias. Revista Estudos Econômicos, São Paulo, 43 (1), 109-137. Newbold, P. (1995). Statistics for Business & Economics (5a ed.) New Jersey: Prentice-Hall. Organização das Cooperativas Brasileiras OCB. (2012). Polonio, W. A. (2001). Manual das Sociedades Cooperativas (3a ed.). São Paulo: Atlas. Rodrigues, J. J. (1999) Elasticidade PIB de longo prazo da Receita Tributária no Brasil: 14

Abordagem do índice da divisia. Dissertação de mestrado, Universidade de Brasília, Brasília. Pong, C., Mitchell, F. (2005). Accounting for a disappearance: a contribution to the history of the value added statement in the UK. Accounting Historians Journal. University Heights, 32 (2), 173-199. Rover, S., Tomazzia, E. C., Murcia, F. D., Borba, J. A. (2012). Explicações para a divulgação voluntária ambiental no Brasil utilizando a análise da regressão em painel. Revista de Administração, 47 (2), 217-230. Santos, A. (2005). DVA uma demonstração que veio para ficar. Revista de Contabilidade e Finanças USP. São Paulo, 16 (38), 3-6. Santos, A. (2003). Demonstração do Valor Adicionado: como elaborar e analisar a DVA. São Paulo: Atlas. Santos, A. (1999). Demonstração contábil do valor adicionado DVA. Tese de livredocência, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. Sexton, R. J. (1986) Cooperatives and the forces shaping agricultural marketing. American Journal of Agricultural Economics. Menasha, 68 (5), 1167-1172. Silveira, A. D. M., Barros, L. A., FAMÁ, R. (2003). Estrutura de Governança e Desempenho Financeiro nas Companhias Abertas Brasileiras: Um Estudo Empírico. Revista de Gestão - REGE. São Paulo, 10 (1). Sykuta, M. E., Cook, M. L. (2001). A New Institutional Economics Approach to Contracts and Cooperatives. American Journal of Agricultural Economics, 83 (5). Vieira, P. S., Santos, A. (2007). Um estudo empírico sobre a carga tributária das sociedades cooperativas agropecuárias a partir da demonstração do valor adicionado. Anais do IV Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, São Paulo, SP, Brasil. Tinoco, J. E. P. (2006) Balanço Social: uma abordagem de transparência e da responsabilidade pública das organizações (3a ed.). São Paulo: Atlas. 15