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Transcrição:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Registro: 2013.0000250943 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 0080413-48.2010.8.26.0002, da Comarca de São Paulo, em que é apelante MANOEL FRANCISCO DE FREITAS (ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA), é apelado AYMORE CREDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S/A. ACORDAM, em do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Julgaram prejudicado o recurso. V. U. Processo anulado, de ofício, a partir da conversão da ação em de depósito.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GILBERTO LEME (Presidente sem voto), CLAUDIO HAMILTON E CAMPOS PETRONI. São Paulo, 30 de abril de 2013 Morais Pucci RELATOR Assinatura Eletrônica

Apelação n 0080413-48.2010.8.26.0002 Comarca de São Paulo - 7ª Vara Cível Regional de Santo Amaro Juiz de Direito Dr. Alexandre David Malfatti Apelante: Manoel Francisco de Freitas Apelado: Aymore Credito Financiamento e Investimento S/A Voto nº 4184 Ação de busca e apreensão de veículo alienado fiduciariamente. Conversão, de ofício, em ação de depósito. Citação por edital. Sentença de procedência. Apelo do réu. Nulidade da decisão que determinou a conversão, de ofício, da ação de busca e apreensão em de depósito. Afronta às regras dos arts. 2º e 128 do CPC. O impulso oficial (art. 262, CPC) diz respeito aos atos processuais. Conversão da ação de busca e apreensão em de depósito implica em alteração do pedido e da causa de pedir. Prerrogativa da parte. Direito disponível. Nulidade da sentença, que julgou procedente a ação de depósito sem pedido do autor. Sentença extra petita (art. 459 e 460, CPC). Processo anulado, de ofício, a partir da conversão da ação em de depósito. Apelação prejudicada. A r. sentença proferida a f. 99/102 destes autos de ação de depósito a que foi convertida ação busca e apreensão de veículo alienado fiduciariamente, movida por Aymoré Crédio, Financiamento e Investimento, em relação a Manoel Francisco de Freitas, julgou procedente o pedido para declarar rescindido o contrato e condenar o réu a devolver ao autor o bem alienado fiduciariamente, ou pagar seu equivalente em dinheiro, consistente no valor de mercado do veículo ou no saldo devedor contratual, o que for menor, no prazo de 24 horas e também no pagamento das custas e despesas processuais e de honorários advocatícios fixados em 10% do valor da execução por quantia certa, ou em R$ 200,00, no caso de haver entrega do veículo. 2

Apelou o réu (f. 112/117), pugnando pela anulação da sentença, alegando, em suma, que: (a) a citação por edital é nula porque não foram esgotados todos os meios para a sua localização; (b) não é possível se afirmar que o réu estava em local incerto e não sabido, pois foram indeferidas as pesquisas pelos sistemas Bacenjud e Infojud. A apelação, isenta de preparo por ter sido interposta pela Defensoria Pública do Estado, foi recebida no efeito devolutivo (f. 118), com oferecimento de contrarrazões (f. 120/124). É o relatório. A sentença foi disponibilizada no DJE em 09/03/2012, mas a Defensoria Pública só foi dela intimada em 17/08/2012 (f. 102). A apelação, protocolada em 24/08/2012, é tempestiva. Nesta ação de busca e apreensão de veículo alienado fiduciariamente, deferida a liminar (f. 28/29), não foram localizados o veículo e o réu (f. 36). O MM Juiz, de ofício, converteu a ação de busca e apreensão em de depósito e determinou a citação por edital (f. 38/39). Manifestou-se a autora informando que não tinha interesse na citação por edital, mas, sim, na efetiva localização do veículo alienado fiduciariamente, e forneceu outro endereço onde ele poderia ser localizado (f. 41/42), diligência essa que restou infrutífera (f. 49). Sobreveio o despacho de f. 50, que concedeu o prazo de cinco dias para a autora fornecer a minuta do edital, observando que no silêncio os autos deveriam retornar para extinção, nos termos do art. 267, III, do CPC. A autora, então, reiterou sua pretensão de localizar o bem alienado fiduciariamente, e requereu a expedição de ofícios ao Bacen e à Receita Federal (f. 52/53), o que foi indeferido pelo MM Juiz, determinando que o processo prosseguisse com o fornecimento da minuta do edital (f. 54). 3

Sobrevieram, então, a citação por edital (f. 69/70), a nomeação de Curador Especial ao réu (f. 73), o oferecimento de contestação (f. 76/82) e a sentença ora apelada. Cumpre observar que este processo padece de nulidade desde a decisão de f. 38/39 que converteu, de ofício, a ação de busca e apreensão em ação de depósito, providência essa que necessitava do requerimento da autora, nos termos do art. 4º do Dec. Lei 911/69. Essa decisão afrontou, de início, a regra prevista no art. 2º do CPC que dispõe que nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer. Nesse sentido, menciono precedente colacionado por Theotônio Negrão, José Roberto F. Gouvêa, Luis Guilherme A. Bondioli e João Francisco Naves da Fonseca, na obra Código de Processo Civil e Legislação Processual em Vigor : Ne procedat judex ex officio. O processo civil rege-se pelo princípio dispositivo (judex secundum allegata partium judicare debet), somente sendo admissível excpecionar sua aplicação quando razões de ordem pública e igualitária o exijam, como, por exemplo, quando se esteja diante de causa que tenha por objeto direito indisponível (ações de estado) ou quando o julgador, em face das provas produzidas, se encontre em estado de perplexidade (...). (verbete 2 ao art. 2º, Saraiva, 42º ed., 2010, pg. 101). Não se olvida a disposição do art. 262 do CPC, que foi, inclusive, invocada pelo MM Juiz na mencionada decisão, no sentido de que o processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. Ora, o impulso oficial aqui previsto diz respeito aos atos processuais necessários ao andamento do processo, não abrangendo a conversão da ação de busca e apreensão em de depósito, que, por implicar em alteração do pedido e da causa de pedir, necessita de pedido da parte. A decisão de f. 38/39 afrontou, também, a regra do art. 128 4

do CPC, que dispõe que o juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, não podendo conhecer de questões não suscitadas, que exigem a iniciativa da parte. Como já salientado, a conversão da ação de busca e apreensão em de depósito, por se tratar de direito disponível da autora, dependia da iniciativa desta. E o que se verifica no presente é que a própria autora se manifestou, mais de uma vez, insistindo na apreensão do veículo, e não na conversão da ação em de depósito (f. 41/42 e 52/53). Menciono os seguintes precedentes deste E. Tribunal, decidindo pela impossibilidade da conversão, de ofício, da ação de busca e apreensão em de depósito: "ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - BUSCA E APREENSÃO - NÃO LOCALIZAÇÃO DO RÉU - CONVERSÃO EM AÇÃO DE DEPÓSITO E CITAÇÃO POR EDITAL - DETERMINAÇÃO, DE OFÍCIO, PELO MAGISTRADO - IMPOSSIBILIDADE - ATOS PROCESSUAIS ANULADOS - RECURSO PROVIDO. O juiz não pode, de ofício, determinar a conversão da ação de busca e apreensão em depósito, pois esta é uma opção do credor, que exige sua iniciativa, conforme emerge claro do art 4 do Dec. Lei n 911/69. (0291985-23.2010.8.26.0000 Apelação; Relator(a): Renato Sartorelli; São Paulo; 26ª Câmara de Direito Privado; 13/06/2012). ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. Conversão em depósito determinada de ofício. Impossibilidade. Princípio dispositivo. Faculdade de agir do autor. Conversão que não se afigura como única opção do autor. Citação editalícia determinada prematuramente. Necessidade de esgotamento dos meios disponíveis para localização do réu. Agravo provido. (0289574-70.2011.8.26.0000; Relator(a): Antônio Benedito Ribeiro Pinto; Comarca: São Paulo; 25ª Câmara de Direito Privado; 30/01/2012). Agravo de instrumento - alienação fiduciária em garantia - ação de busca e apreensão decisão que, de ofício, determina a conversão daquela em depósito por não localizado o bem fiduciariamente alienado - inconformismo do autor - converter uma ação em outra é o mesmo que ajuizar a segunda no lugar da primeira e, assim, exercer direito que não pode ser imposto ao autor; de outra parte, na hipótese em exame, a conversão da busca e apreensão em depósito não é a única opção do credor para obter a satisfação da garantia fiduciária em seu favor prestada, tanto que, desde que naquele feito não citado o 5

devedor fiduciante, possível é convertê-lo em execução - recurso provido. (0289576-40.2011.8.26.0000; Relator(a): Palma Bisson; São Paulo; Órgão julgador: 36ª Câmara de Direito Privado; 15/12/2011). Finalmente, a sentença é nula porque, nos termos dos arts. 459 e 460 do CPC, julgou procedente a ação sem que houvesse pedido do autor no sentido de ser o réu condenado a lhe devolver o bem, no prazo de 24 horas, ou a pagar seu equivalente em dinheiro. Assim, foi proferida sentença a favor do autor, de natureza diversa da pedida, sendo ela, portanto, extra petita. Por tais motivos, de ofício, declaro a nulidade do processo a partir da decisão de f. 38/39, determinando o prosseguimento do feito, e julgo prejudicada a apelação da ré. Morais Pucci Relator Assinatura eletrônica 6