ESTUDOS TÉCNICOS PARA INTERVENÇÕES NA ÁREA DE RESÍDUOS SÓLDOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO



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Transcrição:

ESTUDOS TÉCNICOS PARA INTERVENÇÕES NA ÁREA DE RESÍDUOS SÓLDOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO José Fernando Thomé Jucá (1) Professor do Departamento de Engenharia Civil da UFPE. Doutor pela Universidad Politécnica de Madrid. Coordenador do Grupo de Resíduos Sólidos GRS/UFPE. Coordenador do Programa de Monitoramento dos Aterros da Muribeca-PE. Coordenador dos Estudos para Gestão de Resíduos Sólidos no Estado de Pernambuco. Coordenador dos Estudos para a Elaboração da Política de Resíduos Sólidos do Estado de Alagoas. Consultor do Banco Mundial para o Programa Metrópole Estratégica. Maria Edith Negromonte Engenheira Civil da SUDENE. Mestre em Engenharia Civil pela UFPE. Membro do Grupo de Resíduos Sólidos GRS/UFPE. Coordenadora executiva do Convênio SECTMA-UFPE para diagnóstico de resíduos sólidos no Estado de Pernambuco. Membro da equipe técnica do Programa Metrópole Estratégica. Maria Odete Holanda Mariano Engenheira Civil do Instituto Tecnológico do Estado de Pernambuco (ITEP). Coordenadora do Laboratório de Geotecnia Ambiental do ITEP. Mestre em Engenharia Civil pela UFPE. Especialista em Geotecnia pelo Centro de Estudos e Experimentações de Obras Públicas (Madrid). Consultora do Grupo de Resíduos Sólidos GRS/UFPE. Membro da Equipe Executora dos Estudos para a Elaboração da Política de Resíduos Sólidos do Estado de Alagoas. Alexandrina Saldanha Sobreira de Moura Bacharel em Direto pela UFPE. Mestre em Instituições Jurídicas pela Universidade de Wiscionisin Madison (USA). Doutora em Ciências Jurídicas pela Universidade de Wiscionisin Madison (USA). Professora Adjunta do Mestado de Ciências Políticas da UFPE. Pesquisadora Associada do Departamento de Ciência Políticas da Fundação Joaquim Nabuco. Secretária Adjunta de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco. Ronaldo Câmara Cavalcanti Engenheiro Civil pela UFPE. Especialista em Meio Ambiente da CHESF-PE. Especialista em Gerência de Meio Ambiente (EUA-Canadá) pelo BIRD. Extensão em Sistema de Gestão Ambiental SGA ISSO 14000. Diretor de Meio Ambiente da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco. Endereço (1) : Rua José Nunes da Cunha, 678/1101 Piedade Jaboatão - PE. CEP: 54.410-280 Brasil Tel: (81-271.8222), Fax: (81-271.8205), Email: jucah@npd.ufpe.br RESUMO A partir de 1999, o Estado de Pernambuco, por meio de convênio firmado entre a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (SECTMA) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), iniciou a realização sistemática de diagnóstico de resíduos sólidos, objetivando a princípio elaborar a Política Estadual de Resíduos Sólidos, que se tornou lei em junho de 2001. Neste sentido foram realizados diagnósticos de resíduos sólidos em 72 municípios o Estado, o que abrangeu 86% da sua população urbana. A partir de março de 2001 iniciou-se diagnósticos de resíduos sólidos nos 184 municípios do Estado, os quais estão divididos em 11 Regiões de Desenvolvimento. O atual estudo tem como objetivo a hierarquização de ações e implantação de programas na área de resíduos sólidos em todo o Estado. O objetivo deste trabalho é apresentar a metodologia utilizada para a determinação de ações a serem realizadas por região de desenvolvimento, bem como a hierarquização das mesmas, considerando os aspectos técnicos, sociais, ambientais e culturais que envolvem a questão. PALAVRAS-CHAVE: diagnóstico de resíduos sólidos, metodologia de análise e ações a serem implementadas e hierarquização.

1. INTRODUÇÃO A gestão integrada dos resíduos sólidos se constitui em um dos grandes desafios para o desenvolvimento sustentável das cidades brasileiras. A falta de uma política que regulamente essa gestão tem conduzido a uma má qualidade de vida da população, especialmente nas regiões mais pobres do país, onde se agravam as situações de risco ambiental e insalubridade (Jucá et al, 2000). A necessidade de se propor iniciativas e a implantação de um programa de gestão dos resíduos sólidos visa a minimizar os problemas relativos aos resíduos domésticos, comerciais, industriais, agrícolas e os de serviços de saúde, de forma a induzir uma melhoria na qualidade de vida da população, através do controle da poluição/contaminação do ar, da água e do solo, provocada pela inadequada remoção, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos (jucá et al, 2000). A elaboração destes estudos faz parte de um convênio entre a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco (SECTMA) e o Grupo de Resíduos Sólidos da Universidade Federal de Pernambuco (GRS/UFPE). Esse convênio vem dar continuidade a uma parceria entre essas duas instituições com objetivo de efetuar um Programa de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos em todas as Regiões de Desenvolvimento do Estado. Essa parceria teve início em 2000, com a realização de um inventário dos resíduos sólidos nos municípios do Estado com população urbana acima de 15.000 habitantes, objetivando subsidiar a elaboração da Política Estadual de Resíduos Sólidos, bem como a sua regulamentação. O Estado de Pernambuco possui uma população urbana de mais de seis milhões habitantes e atualmente é formado por 11 Regiões de Desenvolvimento, com características próprias, as quais foram definidas, de forma a facilitar a implementação de ações de governamentais segundo as necessidades da sociedade. Figura 1 Regiões de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco Este documento apresenta o diagnóstico sobre a situação atual dos resíduos sólidos na no Estado de Pernambuco, bem como proposições para a realização de ações que visem o equacionamento a médio e longo prazo das questões referentes à gestão de resíduos sólidos nos municípios dessa região. Para tanto, foram realizados estudos técnicos, que tiveram como base os condicionantes ambientais, sócio-econômicos e da situação dos resíduos sólidos para esses municípios. Foram levantadas, então, informações nos 184 municípios que compõem o Estado de Pernambuco, tendo como objetivos principais: a) a elaboração de um diagnóstico dos serviços de limpeza urbana, com enfoque na avaliação sanitária e ambiental; b) a criação de um conjunto de indicadores que permitam avaliar a qualidade e eficiência da limpeza urbana nos municípios; c) a elaboração de proposições para o equacionamento dos problemas relativos à gestão dos resíduos sólidos nos municípios dessa região. 2. METODOLOGIA 2.1. Aspectos Gerais A metodologia adotada foi dividida em duas etapas. A primeira consistiu no levantamento dos dados e a segunda, na discussão e análise dos dados obtidos e posterior apresentação de sugestões de ações, além de um indicativo de priorização das mesmas. O levantamento de dados foi realizado diretamente nos municípios com visitas técnicas, entrevistas, ensaios de campo e avaliação local das condições da limpeza urbana. A partir de um questionário bastante abrangente (composto de 144 itens), contendo informações gerais do município, aspectos institucionais da limpeza urbana, sistema de coleta e transporte, características dos resíduos sólidos urbanos, sistemas de tratamento, XXVIII Congreso Interamericano AIDIS 2

disposição final dos resíduos, custos e receitas, avaliação do serviço prestado, impacto ambiental, além de aspectos sociais, de educação e de saúde. Os dados de campo foram complementados com informações obtidas de fontes secundarias de órgãos e/ou instituições públicas, tais como: IBGE, CONDEPE, FIDEM, etc... Esses dados foram sistematizados, obtendo-se informações qualitativas e quantitativas dos municípios, que serviram de base para a determinação das propostas para o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Posteriormente foram determinados alguns indicadores como os descritos abaixo: Indicadores sociais: nº de catadores residentes no lixão e nº de catadores não residentes no lixão; Indicadores de limpeza urbana: recursos humanos (nível básico, médio e superior), infra-estrutura física (prédios, oficinas e garagens), infra-estrutura operacional (caçambas, compactadores e containers), custos por funcionário (R$/func/mês), custos por serviço (R$/ton), custos por domicílio (R$/dom), percentual de terceirização, percentual do orçamento destinado ao setor de limpeza urbana, geração de resíduos per capita (kg/hab/dia), nº de funcionários por mil habitantes (NF/1000 hab) e cobertura do serviço (%); Indicadores de destinação final: tipo de destinação (aterro ou lixão), forma de tratamento, proximidade de cursos d água, proximidade de núcleos habitacionais e potencial risco ambiental; Indicador de composição dos resíduos: % de vidro, % de papel/papelão, % de metal, % de plástico, % de matéria orgânica e potencial de recicláveis. A segunda etapa do trabalho consistiu em reuniões com o grupo de consultores que realizaram os diagnósticos de resíduos sólidos nos municípios, onde foram discutidos todos os itens da planilha de campo e determinadas as ações e intervenções cabíveis em cada município, e nas regiões de desenvolvimento como um todo, no intuito de desenvolver ações que proporcionem uma gestão integrada, buscando, sempre que possível, soluções compartilhadas entre os vários municípios. Neste sentido, inicialmente, escolhia-se a de desenvolvimento que seria visitada e os consultores realizavam os diagnósticos de resíduos sólidos sempre no mesmo período. Após esta etapa, foi elaborada uma planilha-resumo da situação de cada município, levando em consideração a análise crítica dos consultores. Após análise detalhada das mesmas, foram discutidas as ações que deveriam ser realizadas em cada município ou em um conjunto de municípios. Essas ações propostas foram, então, pontuadas e hierarquizadas de acordo com critérios estabelecidos pelo grupo de trabalho. Para tanto, foram elaborados 03 (três) quadros para a determinação do tipo de ação que deverá ser realizada por município ou conjunto de municípios. Os quadros contemplam as ações necessárias nos seguintes setores: gestão, tratamento e destinação final dos resíduos. Em seguida, foi definido, para cada item, a hierarquização das prioridades. 2.2 Critérios para definição de prioridades 2.2.1 Gestão de Resíduos Sólidos Para definir as intervenções no setor de gerenciamento dos resíduos em cada município, foram considerados os seguintes critérios: Organização administrativa do setor de limpeza urbana; Necessidade de capacitação dos funcionários do setor de limpeza urbana; Necessidade de organização dos catadores; Necessidade de promover um programa de educação ambiental para os munícipes. 2.2.2 Destinação Final Para a determinação das intervenções no tipo de destinação final a serem propostas para cada município, os seguintes critérios foram observados: Possibilidade de estabelecer uma solução compartilhada com outros municípios, para tanto, foram considerados os fatores vontade política e distância entre os municípios; Condições da área atual do lixão ou aterro existente; Necessidade de instalação de um aterro industrial; Necessidade de promover uma remediação da área degradada pelo atual lixão/aterro. 2.2.3 Tratamento dos Resíduos No que concerne às ações na área de tratamento dos resíduos, foram analisados os critérios a seguir: Necessidade de estabelecer um Programa de Coleta Seletiva no município; Necessidade de instalar uma Central de Triagem; Possibilidade/necessidade de instalar uma Usina de Reciclagem; Necessidade de instalar uma composteira; Necessidade de instalação de um incinerador; Necessidade de instalação de valas sépticas. XXVIII Congreso Interamericano AIDIS 3

2.3 Definição de prioridades Após a definição das intervenções necessárias para cada município em cada setor analisado, foram definidas as prioridades, visando priorizar aquelas ações mais prementes do ponto de vista dos riscos sanitários e ambientais, além dos aspectos sociais (presença de crianças nos lixões) envolvidos no atual cenário encontrado em cada município. Para tanto, foram definidos pelos consultores alguns indicadores a serem analisados e ponderados, de acordo com sua importância, de forma a estabelecer um método padrão para todos os municípios estudados. Cada indicador foi ponderado segundo uma análise qualitativa dos critérios estabelecidos para cada um deles, baseado-se na prioridade de cada ação e na situação encontrada nos municípios. 2.3.1 Indicadores para ponderação de prioridades 2.3.1.1 População urbana Concentração; Taxa de crescimento; Geração de Lixo 2.3.1.2 Riscos Ambientais Área de Proteção Ambiental; Distancia de cursos d água; Proximidade de aglomerados urbanos 2.3.1.3 Aspectos Sociais Número de crianças no lixão; Número de catadores residentes; Número de catadores de rua 2.3.1.4 Apoio a soluções compartilhadas Distancia entre as sedes 2.3.1.5 Ações/iniciativas existentes Experiências existentes; Projetos em fase de elaboração 2.3.1.6 Vontade Política Decisão em realizar a ação 2.3.2 Pesos adotados para cada indicador Os pesos de cada indicador foram estabelecidos segundo a classificação seguinte de prioridades: Prioridade 1 nota 3 (situação critica) Prioridade 2 nota 2 (situação media) Prioridade 3 nota 1 (situação não critica) Prioridade 4 nota 0 (não se aplica a situação) 3. PROPOSIÇÕES A partir da análise dos diagnósticos de resíduos sólidos, bem como da realidade da região de Desenvolvimento, foram determinadas ações nas áreas de gestão, destino final e tratamento. 3.1 Gestão Planos de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PGIRS) para os municípios esta estratégia visa dotar os municípios de instrumentos normativos, operacionais e de planejamento, considerando os aspectos sanitários, ambientais e econômicos para coletar, segregar, tratar e dispor o lixo do município. Para as RD s já estudadas, apresenta-se o Quadro seguinte com um resumo das principais ações na área de gestão. Portanto, propõe-se a elaboração de 93 Planos de Gerenciamento para Resíduos. Quadro 1 Regiões de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco População Urbana Plano de Gestão Agreste Central 707.755 24 Agreste Setentrional 255.347 15 Pajeú-Moxotó 412.134 22 Sertão Central 84.042 8 Araripe 124.513 10 Itaparica 63.901 7 São Francisco 215.876 7 XXVIII Congreso Interamericano AIDIS 4

Programas de capacitação gerencial, funcional e cursos de educação ambiental para os munícipes Esta estratégia visa dotar os gerentes, operadores e os próprios munícipes sobre as ações e operações envolvidas na gestão de resíduos sólidos. Núcleos Socioambientais estrategicamente distribuídos entre os municípios da região, de forma a articular instituições dos Governos Estaduais e Municipais, Conselhos, ONG e Sociedade Civil, Esses núcleos teriam como objetivos específicos: Promover a integração dos comitês locais, para a elaboração de planejamento estratégico; Fomentar parcerias com indústrias recicladoras para apoio aos Programas de Coleta Seletiva e Organização de Catadores; Estimular o mercado de recicláveis, através do incentivo da fabricação de produtos elaborado com material reciclável; Acompanhar a formulação dos planos Diretores Municipais de Limpeza Urbana; Monitorar o processo de inclusão social das crianças, adolescentes e catadores que sobrevivem do lixo; Estimular, através de capacitação, palestras, etc, a criação de Programa de Coleta Seletiva e Educação Ambiental; Promover ações de apoio à organização dos catadores; Implantar um pólo de disseminação de idéias de gestão integrada de resíduos sólidos; Fomentar soluções compartilhadas para gestão dos resíduos; Elaborar e executar plano de inserção de catadores; Elaborar programa de capacitação. Sugere-se a criação de 13 Núcleos Socioambientais, além dos Planos de Educação Ambiental e Capacitação Funcional conforme apresentado no Quadro seguinte. Quadro 2 Ações na área de Gestão Plano de Educação Ambiental / População Núcleo Capacitação Urbana Sócioambiental Técnico População Catador Agreste Central 707.755 25 25 14 6 Agreste Setentrional 255.347 19 19 12 1 Pajeú-Moxotó 412.134 22 21 5 2 Sertão Central 84.042 8 8 1 1 Araripe 124.513 10 10 5 1 Itaparica 63.901 7 7 1 1 São Francisco 215.876 7 7 1 1 3.2 Redução do fluxo de resíduos a serem transportados para o destino final Esta estratégia visa a redução da quantidade de resíduos transportados para o aterro sanitário e consiste no estímulo e apoio à organização de catadores, elaboração e implantação de programas de coleta seletiva e implantação de centrais de armazenamento de recicláveis para posterior venda dos mesmos. 3.3 Tratamento dos resíduos Consiste na adoção de medidas para a correta destinação final dos resíduos de serviços de saúde, bem como o apoio ao tratamento da parcela biodegradável dos resíduos coletados, especificamente no apoio a implantação ou reativação de unidade de compostagem nos municípios onde serão implantados os sistemas de destinação final. No Quadro seguinte, são mostradas as principais ações de tratamento propostas para as Regiões de Desenvolvimento já estudadas. XXVIII Congreso Interamericano AIDIS 5

Aterro Compartilhado Aterro I ndividual Aterro Manual Composteira Usina de reciclage m Quadro 3 - Ações para redução e tratamento dos resíduos Coleta Seletiva Tratamento Central de Triagem Coleta seletiva Usina de Reciclagem Compostagem Incineração Valas Sépticas Agreste Central 22 20 5 5 1 18 Agreste Setentrional 9 19 2 1 0 18 Pajeú-Moxotó 13 23 3 6 0 20 Sertão Central 1 8 0 0 0 8 Araripe 1 5 0 1 0 10 Itaparica 6 6 0 0 0 7 São Francisco 4 6 0 2 0 6 TOTAL 56 87 10 15 1 87 3.4 Destinação final A estrutura operacional do sistema de destinação final foi definida por meio de um arranjo institucional e descentralizado, adotando, sempre que possível, soluções compartilhadas. Após analisar as atuais condições técnicas e geopolíticas dos municípios, foram propostas soluções para cada um deles, conforme mostra o Quadro 1. Quadro 04 - Proposta de ações para destinação final Aterro Sanitário Aterro Aterro Recuperação Individual Compartilhado Manual Industrial de Lixão Agreste Central 7 7 4 1 21 Agreste Setentrional 3 4 6 0 16 Pajeú-Moxotó 6 3 8 0 2 Sertão Central 1 0 7 0 8 Araripe 1 2 4 0 10 Itaparica 2 0 5 0 4 São Francisco 3 0 3 0 5 TOTAL 23 16 37 1 66 A Figura seguinte apresenta as propostas de destinação final para os municípios já diagnosticados. Aterro Manual Aterro Individual Aterro Compartilhado Aterro Sanitário Aterro Sanitário Manual Sede de Aterro Sanitário Compartilhado Figura 2 - Proposição para a destinação final dos resíduos em PE XXVIII Congreso Interamericano AIDIS 6

4. PRIORIZAÇÃO DAS AÇÕES 4.1 Implantação de aterros sanitários No que se refere à destinação final dos resíduos, e de acordo com os critérios pré-determinados, além dos pesos atribuídos pela equipe de trabalho, pode-se montar a planilha abaixo para a hierarquização dos subsistemas. A pontuação foi dada de forma tal que aqueles municípios que apresentem maiores problemas na destinação final dos resíduos sejam prioritários para um programa de gestão de resíduos sólidos nessa região. 4.2.Elaboração de Planos de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Com o objetivo de tornar as ações sustentáveis e mais eficazes, considerando também as atuações existentes nos municípios a hierarquização da elaboração dos Planos de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PGIRS) segue a seguinte ordem. 4.3 Implantação de Núcleos Socioambientais Objetivando a aplicabilidade e conscientização da população, no que se refere aos resíduos sólidos e o papel que cada pessoa, seja gerente, agente de limpeza, catadores ou o próprio munícipe, a implantação dos núcleos socioambientais segue a prioridade de população atingida e ações efetivamente já realizadas nos municípios. Neste sentido, o Quadro 19 apresenta a hierarquização da implantação dos núcleos. 4.4 Implantação de Coleta Seletiva, Centros de Triagem e Usinas de Compostagem Com o objetivo de tornar as ações sustentáveis e mais eficazes, a hierarquização da implantação de coleta seletiva nos municípios, bem como unidade de triagem e armazenamentos dos mesmos e a implantação de unidades de compostagem, esta atividade segue a mesma priorização da implantação dos aterros sanitários. 5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA a) Plano de Gestão para a s de Desenvolvimento do Agreste Central. Grupo de Resíduos b) Plano de Gestão para a s de Desenvolvimento do Agreste Meridional. Grupo de Resíduos c) Plano de Gestão para a s de Desenvolvimento do Araripe. Grupo de Resíduos Sólidos (GRS/UFPE). Recife-PE, 2001 d) Plano de Gestão para a s de Desenvolvimento do São Francisco. Grupo de Resíduos e) Plano de Gestão para a s de Desenvolvimento do Sertão Central. Grupo de Resíduos f) Plano de Gestão para a s de Desenvolvimento do Pajeú/Moxotó. Grupo de Resíduos g) Diagnóstico de resíduos Sólidos do Estado de Pernambuco. Grupo de Resíduos Sólidos (GRS/UFPE). Recife-PE, Maio, 2000 h) Estudos para uma Proposta de Gestão de Resíduos Sólidos no Estado de Pernambuco- Subsídios para Elaboração de uma Política Pública. Jucá, J.F.T, Mariano, M.O.H & Cavalcanti, R.C. XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental. Porto Alegre-RS. Dezembro, 2000. i) Política de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos para o Estado de Pernambuco. Sobreira de Moura, A. S., Mariano, M.O.H., Cavalcanti, R.C Santos, S.M & Jucá, J.F.T. XXI Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Setembro, 2001. João Pessoa-Paraiba. j) Diagnóstico de Resíduos Sólidos no Estado de Pernambuco. Jucá, J.F.T, Mariano, M.O.H, Sobreira de Moura, A. S & Cavalcanti, R.C. XXI Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Setembro, 2001. João Pessoa-Paraiba. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao apoio do grupo de consultores que nos ajudou na elaboração das atividades descritas acima, além da troca de experiência durante todo o processo de construção do plano de gestão de resíduos sólidos para o Estado de Pernambuco. Este grupo foi composto pelos seguintes membros: Augusto Rodrigues de Souza; Bertrand de Alencar Sampaio; Carlos Henrique da Costa Guilherme; Elizabeth Domingos; Francisco Humberto de Carvalho Júnior; José Dantas de Lima; Josué Peixoto Flores Neto; Maria Auxiliadora Vasconcelos XXVIII Congreso Interamericano AIDIS 7