TEORIA POSITIVA DE CONTABILIDADE SEGUNDO WATTS & ZIMMERMAM (CAP. 8, 9, 10 E 11)



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Transcrição:

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - UERJ FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E FINANCAS - FAF PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS DISCIPLINA TEORIA POSITIVA DE CONTABILIDADE I TEORIA POSITIVA DE CONTABILIDADE SEGUNDO WATTS & ZIMMERMAM (CAP. 8, 9, 10 E 11) PROF. DR. ADOLFO HENRIQUE COUTINHO E SILVA Rio de Janeiro 2011

Teorias Utilizadas em Estudos Contábeis Perspectivas: (Watts e Zimmerman, 1990, p. 132) Contratual Informacional Perspectiva Contratual (Teoria Contratual da Firma) A firma é encarada como um conjunto de contratos, explícitos (formais) ou implícitos, entre as partes interessadas na empresa, tal como acionistas, administradores, credores, fornecedores, clientes, governo e outros. Assim, cada participante contribui com algo para a firma e em troca recebe uma contrapartida (SUNDER, 1997, p. 5) Existem custos de transação (custos contratuais) Perspectiva informacional Assumindo a ausência de custos de transação e custos informacionais (custos de obtenção e processamento da informação), investiga a relação entre os números contábeis e o preço de mercado das ações (Watts e Zimmerman, 1990, p. 132)

Teoria Contratual da Firma W&Z Hypothesis Acionistas Fonte: Elaboração Própria Restrictve debt covenants Credores Empresa - Sistema Contábil Administradores Bonus plans Political Costs Governo Empregados Stakeholders Conjunto de contratos implícitos e explícitos Sistema de incentivos sujeito a conflito de interesses (agency theory) Problema de assimetria de informações entre os agentes (Os administradores possuem em geral informações previlegiadas)

Tipos de Custos Contratuais da Firma Os custos contratuais consistem em: (Watts e Zimmerman, 1990, p. 134) Custos de transação: Custos de avaliar, negociar e escrever os contratos, incluindo as taxas de negociação Custos de agência: Custos associados à captação de recursos Custos de informação: Custos de se manter informado sobre o desempenho dos contratos Custos de renegociação: Custos para reescrever os contratos existentes Custos de falência: Custos da implementação e administração da falência Classificação Alternativa: (Holthausen e Leftwith, 1983, p. 83) Custos de contratação (que inclui custos de renegociação) Custos de monitoração (Tipologias distintas)

Custos de Agência Origem: Separação da propriedade e do controle dos recursos da empresa Conseqüência: O administrador adquire informação privilegiada sobre o desempenho atual e provável desempenho futuro da empresa em relação à informação adquirida pelo acionista ou credor. Essa assimetria de informações pode gerar diferenças na percepção de valor da empresa. Tipos de Custos de Agência Custo de Agência do Capital (Acionista vs Administrador) Custo de Agência da Dívida (Credor vs Administrador / Acionista) Composição dos custos de Agência: (Jensen e Meckling, 1976, p. 308) Gastos de monitoramento pelo principal: Custo de auditoria e de contratação de agentes fiduciários, necessários à avaliação do cumprimento dos contratos Gastos de captação pelo agente: Custos para preparar relatórios contábeis periodicamente Perdas residuais: Diferença entre os custos e os benefícios da contratação

Premissas Subjacentes Premissas da Teoria Contratual da Firma e Teoria da Agência: (HOLTHAUSEN e LEFTWITH, 1983, p. 80) Existem custos contratuais (contratação, monitoração e outros) e estes são finitos Externalidades potenciais e falhas de mercado para informações contábeis são ignoradas Os agentes econômicos se comportam racionalmente (*) Os administradores agem em seu próprio interesse, buscando maximizar seus benefícios (Conflitos de interesses) Os administradores são capazes de formar expectativas sobre os benefícios futuros de forma não viesada, e, naturalmente, com maior precisão do que as demais partes interessadas, especialmente acionistas e credores (*) Existem estudos, denominados como Behavioural Accounting, que estudam os números contábeis além do escopo racional do agente econômico. Notadamente, a premissa do comportamento racional do agente econômico ainda é predominante nos estudos de contabilidade. Para Holthausen e Leftwith (1983, p. 79) as teorias baseadas no comportamento racional do agente econômico possibilitam previsões consistentes com comportamentos observados entre outras aplicações, especialmente na moderna teoria de finanças.

Relação Entre Escolhas de Práticas Contábeis x Custos Contratuais da Firma De acordo com a Teoria Contratual da Firma a contabilidade é vista como: (Sunder, 1997, p. 5) um sistema para implementar contratos ou como um sistema de prestação de contas, devendo funcionar efetivamente em um ambiente imperfeito e também com informações incompletas. Hipótese dos Custos Contratuais: (Holthausen e Leftwith, 1983, p. 82) Na presença de custos contratuais, as mudanças nas regras utilizadas para apurar os números contábeis têm conseqüências econômicas porque elas alteram a distribuição do fluxo de caixa esperado da empresa ou tem impacto nos benefícios das várias partes interessadas nesse fluxo de caixa (acionistas, credores, governo, etc). Mudanças de práticas contábeis: apresentam conseqüência econômica sobre os benefícios das partes interessadas podem surgir conflitos de interesses entre as partes.

Relação Entre Escolhas de Práticas Contábeis x Custos Contratuais da Firma 2 Hipótese da Ausência de Efeito (No-effects Hypothesis): (Holthausen e Leftwith, 1983, p. 81) Em um mundo onde o custo de contratação e monitoramento é zero, os usuários da informação contábil podem avaliar sem custos adicionais os números contábeis, e, conseqüentemente, as escolhas de práticas contábeis não têm efeito sobre os benefícios dos usuários das demonstrações contábeis. Se as práticas contábeis são alteradas, os usuários reavaliam suas análises prévias e negociam alterações nos contratos, sem custo, incorporando novas medidas contábeis e reestabelecendo o equilíbrio original. Características: Originalmente utilizada em estudos que trataram da associação entre os números contábeis e o preço de mercado das ações Implica que, em mercados perfeitos e completos onde não existem custos de transação e assimetria informacional, as mudanças de práticas contábeis não produzem efeitos sobre os benefícios econômicos das partes interessadas, exceto pelos efeitos tributários decorrentes das mudanças de práticas contábeis Não permite a previsão de quais práticas contábeis disponíveis serão adotadas por um grupo específico de empresas ou indústria Não existe demanda para informações contábeis e regulação contábil

Relação Entre Escolhas de Práticas Contábeis x Custos Contratuais da Firma Limitações da Hipótese dos Custos Contratuais: Mesmo que existam custos contratuais é possível que algumas partes interessadas não sejam afetados por alguns tipos de alterações nas práticas contábeis, seja pela imaterialidade ou seja pelo fato do contrato prever a exclusão do efeito de uma determinada prática alternativa Para Holthausen e Leftwith (1983, p. 108) as escolhas contábeis não são o maior determinante do valor da empresa, relativamente a outras decisões que os administradores tomam, tal como, por exemplo, decisões de investimentos. Assim, se a magnitude da hipótese das conseqüências econômicas não são grandes e o poder do teste é baixo, a ausência de significância estatística dos resultados pode ser interpretada como inconsistência com a teoria da conseqüência econômica ou como um simples reflexo do baixo poder do teste. Recomendação: Os pesquisadores devem se concentrar no estudo das escolhas contábeis que tem um grande impacto sobre os contratos relacionados com os números contábeis e sobre as mudanças esperadas pelos investidores.

Relação Entre Escolhas de Práticas Contábeis x Custos Contratuais da Firma Hipóteses que auxiliam na explicação das escolhas de práticas contábeis: (Watts e Zimmerman, 1986) Hipótese do plano de remuneração dos administradores Hipótese dos Covenants Contratuais Hipótese dos custos políticos As escolhas contábeis podem ser utilizadas para influenciar um ou mais contratos da firma (perspectiva de múltiplos objetivos) Podem existir potenciais conflitos entre vários objetivos na escolha de métodos contábeis (os administradores darão atenção para as questões mais relevantes sob sua ótica) Motivos para os administradores realizarem escolhas de práticas contábeis: (Fields et al., 2001) Contratos (incluindo contratos de dívida e de compensação dos administradores) Precificação de ativos Influenciar partes externas (governo e outros)

Abordagens da Teoria Contratual da Firma Abordagem da Eficiência Contratual: (Emanuel, Wong e Wong, 2003, p. 150) Assume que as empresas são respostas eficientes para o ambiente. O principal fator para a existência das organizações e suas estruturas de controle são as economias de custos de transação, isto é, a eficiência contratual. Pode ser usada para explicar detalhes na formação das estruturas dos contratos da organização (inclusive a inclusão de covenants nos contratos de dívida) o desenvolvimento de contratos de compensação e as escolhas de métodos contábeis. Watts e Zimmerman (1990) descrevem as escolhas contábeis como eficientes porque elas formam parte dos contratos da empresa (Firm s Contrating Technology), que envolvem decisões de investimento, produção, estrutura de capital, compensação e de controle que maximizam o valor da empresa. Os contratos são desenvolvidos ex ante para aliviar problemas associados com os alinhamentos de incentivos ex post Objetivo: escrever contratos ótimos entre as várias partes contratantes No entanto, para English (1987, p. 45) qualquer esforço para desenhar contratos perfeitos é oneroso. Assim todos os contratos são necessariamente incompletos e requerem ajustes ex post.

Abordagens da Teoria Contratual da Firma Abordagem oportunista: (EMANUEL, WONG e WONG, 2003, p. 150) é largamente baseada em termos ex post. As políticas contábeis (ou as mudanças de políticas contábeis) são examinadas após a definição dos contratos, e são explicadas em termos de algumas variáveis, onde as variáveis são selecionadas de uma abordagem oportunista, por exemplo, baseado na proximidade de quebra de um covenant fixado em um contrato de empréstimo A negociação de um conjunto de métodos contábeis para todas as possíveis ocorrências pode ser proibitivamente caro. Adicionalmente, a aplicação de muitos métodos depende do julgamento dos administradores que são difíceis ou impossíveis de preestabelecer As escolhas contábeis ex post são aquelas realizadas depois que os contratos são formalizados. Essas escolhas são geralmente classificadas como oportunistas, mesmo sendo realizadas dentro dos limites existentes e aceitos nos contratos. Watts e Zimmerman (1990) indicam que em alguns casos é difícil distinguir entre oportunismo (ex post) e eficiência (ex ante) na explicação da escolha contábil, isso acontece por que as características utilizadas como proxy para oportunismo também podem ser proxy para eficiência. Para Emanuel, Wong e Wong (2003, p. 163) invariavelmente algum oportunismo existirá, mas não significa que o sistema contábil e as escolhas contábeis não foram desenvolvidas dentro de uma estrutura conceitual baseada em contratos eficientes.

Conceitos e tipo de escolhas de práticas contábeis Definição de Escolhas de Práticas Contábeis (Accounting Choice): (Fields et al, 2001, p. 256) Uma escolha contábil é qualquer decisão cuja a finalidade seja influenciar (tanto na forma quanto na essência) a saída do sistema contábil de uma maneira particular, incluindo não somente às demonstrações contábeis publicadas de acordo com os princípios contábeis, mas também a carga tributária e os relatórios para fins regulatórios. Abrangência da Definição: (a) escolhas de métodos diferentes entre empresas e indústrias (LIFO e FIFO para avaliação de estoque, por exemplo); (b) mudanças de práticas ou estimativas contábeis; (c) escolhas de níveis de evidenciação; (d) escolhas do momento de adoção de uma nova norma contábil (quando permitido pelo órgão regulador); e (e) escolhas reais com o objetivo de afetar os números contábeis (reduzir gastos com pesquisa e desenvolvimento para aumentar os resultados, por exemplo).

Conceitos e tipo de escolhas de práticas contábeis Tipos de Escolhas de Práticas Contábeis: (Holthausen e Leftwith, 1983, p. 94) Métodos de depreciação (depreciação acelerada versus linha reta) Tratamento dos juros (capitalizar ou despesa) Avaliação de ativos (PEPS ou UEPS/Média Ponderada) Tratamento dos créditos fiscais diferidos (diferimento ou não) Custos de exploração de óleo e gás (full cost versus succesful efforts) Obrigações atuariais não cobertas (prazo de amortização) Leasing (capitalização e não capitalização) Método de conversão das demonstrações contábeis (corrente ou temporal). Particularidades: Práticas Contábeis Voluntárias ou Obrigatórias? Análise de métodos contábeis específicos ou múltiplos Flexibilidade do arcabouço contábil Monitoramento dos auditores externos Particularidades da modelagem: Modelo OLS, Probit ou Logit (análise dos efeitos ou estratégias) Accruals Discricionários Problema de endogeneidade