TCPO X REALIDADE: UM ESTUDO COMPARATIVO EM EMPRESAS DE EDIFICAÇÕES VERTICAIS DE JOÃO PESSOA - PB



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1. Introdução Neves et al. (2002) afirma que atualmente têm sido marcante, em todos os setores industriais, a necessidade das organizações se posicionarem estrategicamente frente a seus objetivos e repensarem o seu modo de agir. Os princípios gerenciais estão sendo revistos e modificados, o alinhamento entre os objetivos estratégicos e as ações práticas tem sido buscado, a diminuição dos custos e eliminação das perdas têm sido constantemente foco de atenção de diretores e proprietários. Contudo, pouco tem sido feito com sucesso, pois é comum que, nesta busca por melhoria, muitas empresas adotem e implementem novas técnicas de gestão, obtenham ganhos significativos e logo após, sem motivo aparente, abandonam tais idéias. Neste aspecto, também as empresas de construção civil vêm buscando formas de aprimorar seus processos produtivos e gerenciais. A busca pela implementação de seus processos visa à melhoria de seus produtos finais com conseqüente acréscimo no valor percebido de seu produto, pelo cliente final. De acordo com Knolseisen (2003), determinar custos de bens e de serviços, procurar medidas para reduzir o seu valor e analisar as várias decisões tomadas pelas empresas são questões sempre discutidas por empresários e acadêmicos, não só do ramo da construção civil como de qualquer outro onde há empresas interessadas cada vez mais na competitividade, buscando também qualidade nos seus serviços. A construção civil brasileira tem evoluído gradativamente nos últimos anos, devido à modernização de alguns processos construtivos e, paralelamente a esses processos, surge a necessidade de se estabelecer o preço real dos serviços, que influem diretamente no custo total da obra. Segundo Cabral (1988), os custos podem ser classificados de acordo com o grau de média (custo total ou unitário), variabilidade (variável, fixo ou semi-variável), facilidade de atribuição (direto ou indireto) e momento de cálculo (histórico ou pré-determinado). As empresas de construção civil atuam em dois sistemas administrativos, sistema de administração central, onde os custos são chamados de custos empresariais e sistemas de produção, onde os custos são os custos de produção (LIBRELOTTO, 1998). Os custos empresariais são constituídos pelas despesas administrativas, comerciais e financeiras, enquanto os custos de produção são formados por cinco elementos primários, materiais, mão-de-obra, equipamentos, custos gerais diretos da obra e custos indiretos de produção. O levantamento desses custos pode ser realizado através de orçamentos ou estimativas. (FORMOSO, 1986). Na construção, nem sempre é dada à devida atenção em relação ao Orçamento, bem como ao controle dos custos. Este descaso, conforme Vieira Neto (1993), cria dificuldades financeiras e chegam a ser o motivo pelo qual algumas empresas tornam-se insolventes. Segundo Solano & Picoral (1996), o setor de Orçamentos e Controle de Custos é fechado às inovações e à divulgação de seus métodos, com cada interveniente tomando decisões isoladas, segundo suas experiências. Dessa forma, muitas empresas optam por fazer estimativas. Identifica-se uma negatividade no controle de custos para o setor. De um modo geral, há uma variação entre os custos orçados e os custos reais de obras de edificações (KNOLSEISEN, 2003). O orçamento é uma peça básica no planejamento e programação de um empreendimento. A partir dele é possível fazer: 2

Análise da viabilidade econômico-financeira do empreendimento; O levantamento dos materiais e dos serviços; Levantamento do numero de operários para cada etapa de serviços; Cronograma físico ou de execução da obra, bem como o cronograma físico-financeiro; Acompanhamento sistemático da aplicação de mão-de-obra e materiais para cada etapa de serviço, etc. O orçamento é uma ferramenta de fundamental importância para a indústria da construção civil, sendo o mesmo baseado em Composições de Preço Unitário (CPUs) de cada serviço. Uma CPU utiliza custos relativos à: mão-de-obra, materiais, equipamentos, leis sociais e Bonificação de Despesas Indiretas (BDI). Custos estes presentes em todo o processo construtivo, estando, dessa forma, relacionados diretamente com a produtividade da empresa. A variação da composição dos custos depende, basicamente, da variação do indicador de produtividade adotado, tanto para o material quanto para a mão-de-obra. Tal consideração faz com que os autores questionem a adoção de valores médios de produtividade/perdas na formulação de um orçamento, uma vez que diversas pesquisas realizadas no Brasil apontam uma grande variabilidade dos indicadores de consumo de materiais (SOIBELMAN, 1993; AGOPYAN et al., 1998; SOUZA et al., 1998) e produtividade de mão-de-obra (SOUZA et al., 1999; SOUZA et al., 2001) em função, dentre outros motivos, das características do canteiro e dos serviços em execução. Atualmente, as obras existentes na cidade de João Pessoa possuem seus orçamentos elaborados de acordo com as composições constantes no livro TCPO (Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos) da editora PINI, devido à falta de composições adequadas à realidade da construção civil local, ou até mesmo regional. Haja vista que em regiões diferentes existem materiais diferentes bem como equipamentos e modos de produção distintos. Esse procedimento favorece a existência de distorções entre os valores realmente obtidos e os orçados, uma vez que as composições constantes no TCPO têm como referencial as especificidades da região sudeste. Diante do exposto, este trabalho visa elaborar um estudo comparativo entre os custos apurados com a elaboração de composições baseadas nas especificidades das empresas construtoras pesquisadas com as constantes no TCPO 12 (PINI, 2003), para os serviços regularização de piso, execução de reboco em paredes internas, revestimento cerâmico em piso e revestimento cerâmico em parede abordando questões quanto aos insumos utilizados e seus respectivos consumos. Além de discutir os métodos utilizados para o serviço de assentamento de forro de gesso, bem como quantificar a produtividade dos trabalhadores e o consumo de materiais. 2. Metodologia O universo desta pesquisa limitou-se ao conjunto de empresas de edificações verticais da cidade de João Pessoa, todas estas filiadas ao SINDUSCON-JP ( Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa). Para composição da amostra a ser estudada, foram avaliados diversos critérios, entre os principais destacamos: possuir, ao menos, uma obra em execução; e consentir a realização da pesquisa em seus canteiros. Estas empresas foram escolhidas aleatoriamente. A amostra foi composta de quatro empresas, em que foram observados as etapas construtivas e os serviços/atividades que estavam sendo executados no momento. 3

Para o levantamento dos dados foram elaborados formulários e roteiros de observação, os quais foram submetidos aos responsáveis pela execução e gerenciamento dos serviços/atividades. 3. Estudo de caso 3.1. Empresa A 3.1.1. Características dos insumos empregados na execução dos serviços O serviço de regularização de base para revestimento de piso é efetuado a partir de uma equipe composta por um pedreiro e um ajudante, empregando-se uma argamassa de cimento e areia sem peneirar, no traço 1:4, com espessura de 4 cm.(tabela 1). O reboco nas paredes internas da edificação é realizado com equipes de um pedreiro e dois ajudantes, com cimento, cal e areia no traço 1:2: 10 e espessura de 2 cm. 3.1.2. Levantamento de dados Para o serviço de regularização de piso, foi constatado que a equipe adotada para realizar o serviço é composta de um pedreiro e um servente; ou seja, para cada pedreiro existe um servente trabalhando. Esse fato leva a uma grande ociosidade do servente durante a realização do seu trabalho se comparado com equipes de 1 servente para cada dois pedreiros onde teríamos um aumento de 100% na produtividade do servente, passando o seu consumo a ser 0,075 h por cada m² de regularização de piso. O consumo de mão de obra citado pelo TCPO é aproximadamente 67% maior que o da empresa (Tabela 2). A empresa utiliza um traço de 1:4 (cimento: areia) e admite como 4 cm a espessura mínima para regularização de piso, uma vez que na composição do TCPO apresenta uma espessura de 3 cm, mesmo utilizando o mesmo traço o consumo de materiais é diferenciado. Em relação ao consumo de cimento a obra estudada tem um acréscimo de 37,7% quando comparado com a composição utilizada pela empresa. O mesmo fato é observado no consumo de areia, onde o acréscimo é de aproximadamente 11%. Isto pode ser explicado devido à espessura adotada pela empresa que difere da apresentada pelo TCPO. Apesar destas diferenças, o custo unitário total da empresa é da ordem de R$ 0,18/m² maior, que o da composição prevista pelo TCPO. Cimento Kg 15,08 0,27 4,07 Areia m³ 0,04 26,00 1,04 Pedreiro h 0,15 8,66 1,29 Servente h 0,15 1,83 0,27 Total 6,67 Tabela 1 Composição de Preço Unitário elaborada na empresa pesquisada para o serviço regularização de piso no traço 1:4 (cimento: areia) com espessura de 4 cm m² Cimento Kg 10,95 0,27 2,95 Areia m³ 0,036 26,00 0,93 Pedreiro h 0,25 8,66 2,16 4

Servente h 0,25 1,83 0,45 Total 6,49 Tabela 2 Composição de preço unitário fornecida pelo TCPO- 2003 para o serviço de regularização de base para revestimento de piso, empregando argamassa de cimento e areia sem peneirar no traço 1:4, espessura 3 cm m² Para a execução do reboco em paredes internas a empresa estudada utiliza o traço 1: 2:10, com espessura de 2,0 cm cujos consumos obtidos podem ser observados na Tabela 3, e o custo total é da ordem de R$ 14,65 /m², porém este tipo de traço não é encontrado no TCPO, mas, mesmo assim, a empresa utiliza do TCPO para elaborar seus orçamentos, sabendo da falta destes indicadores. Acarretando assim, em uma incompatibilidade do custo real do serviço que fora executado, com o que fora orçado anteriormente. Cimento Kg 4,03 0,27 10,09 Cal Kg 3,23 0,40 1,30 Areia m³ 0,03 26,00 0,78 Pedreiro h 0,32 6,84 2,19 Servente h 0,16 1,83 0,29 Total 14,65 Tabela 3 Composição de Preço Unitário elaborada na empresa pesquisada para o serviço de reboco em parede interna no traço 1:2:10 (cimento:cal:areia) com espessura de 2,0 cm. m². 3.2. Empresa B 3.2.1. Características dos insumos empregados na execução dos serviços O revestimento cerâmico utilizado (placas de 31 x 31 cm), tanto em pisos quanto em paredes, foi aplicado com argamassa colante AC-I e espaçamento de 3 mm entre as placas, envolvendo as atividades de limpeza da superfície para assentamento, execução da argamassa colante e o assentamento propriamente dito. 3.2.2. Levantamento de dados Adotando como preço unitário o custo de cada insumo adquirido pela empresa, obtem-se como resultado um custo de R$ 10,68/m² para revestimento cerâmico em piso e R$ 9,49/m² para revestimento cerâmico em parede, respectivamente, como mostram as Tabelas 4 e 5. Piso cerâmico m² 1,19 7,00 8,33 esmaltado liso brilhante Argamassa préfabricada kg 4,40 0,24 1,05 de cimento colante Ladrilhista h 0,44 2,05 0,90 Servente h 0,22 1,83 0,40 Total 10,68 Tabela 4 Composição de Preço Unitário fornecido pelo TCPO 12 (PINI, 2003) para o serviço de piso cerâmico esmaltado 30 x 30 cm assentado com argamassa pré-fabricada de cimento colante m 2. 5

Revestimento m² 1,05 7,00 7,35 ceramico esmaltado liso Argamassa préfabricada kg 4,00 0,24 0,96 de cimento colante Ladrilhista h 0,40 2,05 0,82 Servente h 0,20 1,83 0,36 Total 9,49 Tabela 5 Composição de Preço Unitário fornecida pelo TCPO 12 (PINI, 2003) para o serviço de revestimento cerâmico comum em parede com placa de 20 x 20 cm, assentada com argamassa pré - fabricada de cimento colante m 2. Analisando o serviço de revestimento cerâmico em piso com argamassa de cimento colante verificou-se que na obra estudada existe um consumo de 1,02 m² de revestimento cerâmico esmaltado, 4,08 kg de argamassa de cimento colante, 0,23 h de ladrilhista e 0,12 h de servente para cada m² de revestimento. No revestimento cerâmico em parede, assentado com pasta de cimento colante foi constatado que na obra existe um consumo de 1,02 m² de placas cerâmicas, 4,08 kg de pasta de cimento colante, 0,24 h de oficial e 0,12 h de servente para cada m² de revestimento assentado, como mostram as Tabelas 6 e 7. Piso cerâmico m² 1,02 7,00 7,14 esmaltado Pasta de cimento kg 4,08 0,24 0,97 colante Ladrilhista h 0,23 2,05 0,47 Servente h 0,12 1,83 0,22 Total 8,80 Tabela 6 Composição de Preço Unitário elaborada na empresa pesquisada para o serviço de piso cerâmico com placas de 31 x 31 cm esmaltado assentado com pasta de cimento colante m². Placa cerâmica m² 1,02 7,00 7,14 Pasta de cimento kg 4,08 0,24 0,97 colante Ladrilhista h 0,24 2,05 0,49 Servente h 0,12 1,83 0,22 Total 8,82 6

Tabela 7 Composição de Preço Unitário elaborada na empresa pesquisada para o serviço de revestimento cerâmico em parede assentado com pasta de cimento colante m ² Em se tratando de revestimento cerâmico de piso, os valores obtidos através de observação/mensuração in loco indicam a redução de R$ 1,88/m² em relação ao TCPO 12 (2003). Os insumos que apresentam reduções mais significativas são: piso cerâmico esmaltado (R$ 0,17/m²) e ladrilhista (R$ 0,21/m²). Para revestimento cerâmico em parede, constatou-se que existe uma redução de R$ 0,67/m² em relação ao TCPO 12 (2003). Em termos percentuais, há uma redução de 7,06%. Os insumos que apresentam reduções mais significativas são: placa cerâmica (R$ 0,21/m²) e ladrilhista (R$ 0,33/m²). Embora na composição do TCPO não conste a utilização de placas de 31 x 31 cm em parede, a qual é adotada pela empresa, a empresa utiliza a composição para o serviço de revestimento cerâmico comum em parede com placa de 20 x 20 cm, para elaborar seu orçamento. 3.3. Empresas C e D 3.3.1. Características dos insumos empregados na execução dos serviços Para realização do serviço de assentamento de forro de gesso, as empresas trabalham com placas de 0,60m x 0,60m, sendo essas placas amarradas na laje através de arames galvanizados e plastificados de nº. 18 e pinos de aço, os quais são cravados na laje. A amarração das placas é dada através do sistema de placas do tipo macho-fêmea e também pela aplicação de gesso misturado com fibras de sisal nos encontros das placas. O rejunte das placas também é feito com gesso. 3.3.2. Levantamento de dados Para a realização do serviço de assentamento de forro de gesso, as empresas pesquisadas utilizam procedimentos e materiais semelhantes, com exceção do uso de mão-de-obra, onde a empresa C vem realizando este trabalho com equipes de apenas um gesseiro, enquanto que a empresa D realiza este serviço com equipes compostas por dois gesseiros e um ajudante. Nas composições das duas situações pode-se perceber as magnitudes das diferenças existentes (Tabelas 8 e 9). Placa de gesso m 2 1,10 2,30 2,53 Gesso em pó kg 2,50 0,09 0,22 Pino de aço cravado un 3,50 0,06 0,21 Arame galvanizado kg 0,10 9,75 0,97 plastificado nº 18 Gesseiro h 0,81 1,84 1,49 Total 5,42 Tabela 8 Composição de Preço Unitário, na empresa C, para o serviço de execução de forro de gesso prémoldado, com placas de 0,60m x 0,60m, utilizando-se apenas a mão de obra do gesseiro m ². Placa de gesso m 2 1,08 2,30 2,48 Gesso em pó kg 2,50 0,09 0,22 Pino de aço cravado un 3,50 0,06 0,21 Arame galvanizado plastificado nº 18 kg 0,10 9,75 0,97 7

Gesseiro h 0,26 5,76 1,49 Ajudante h 0,13 1,98 0,25 Total 5,62 Tabela 9 Composição de preço Unitário, na empresa D, para o serviço de execução de forro de gesso prémoldado, com placas de 0,60m x 0,60m, utilizando-se a mão de obra dos gesseiros e do ajudante m ² Pode-se perceber que o desperdício das placas é de aproximadamente 2% menor no caso do serviço ser executado com a ajuda do servente. O custo total de execução utilizando-se a mãode-obra de um ajudante para cada dois gesseiros é de aproximadamente 3,7% maior que o do serviço executado apenas com um gesseiro. Porém, a produtividade na execução do serviço é cerca de três vezes maior, passando de 0,81h/m² para 0,26h/m², possibilitando, assim, que o serviço seja terminado em tempo muito menor e que os serviços que o sucede, como pintura e acabamentos de um modo geral, sejam elaborados. A composição para o serviço de assentamento de forro de gesso elaborada pelo TCPO (PINI, 2003) possui a presença do ajudante, porém apresenta resultados de consumos bastante diferenciados dos obtidos nas empresas C e D, tanto para materiais como para mão-deobra (Tabela 10). Placa de gesso m 2 1,08 2,30 2,48 Gesso em pó Kg 4,00 0,09 0,36 Pino de aço cravado un 4,00 0,06 0,24 Arame galvanizado Kg 0,10 9,75 0,97 plastificado nº 18 Gesseiro h 1,20 1,25 1,50 Ajudante h 1,20 1,98 2,37 Total 7,92 Tabela 3 Composição de preço unitário, fornecida pelo TCPO (PINI, 2003), para o serviço de assentamento de forro de gesso, do tipo macho-fêmea, placas de 0,60m x 0,60m m². Se compararmos o custo unitário obtido a partir da composição do TCPO com a empresa C, percebe-se um aumento de aproximadamente 46% e com a empresa D um aumento de 50%. Os insumos que apresentam diferenças mais significativas são: o consumo de mão de obra de gesseiro 0,39h/m² a mais que a empresa C e 0,94h/m² a mais que a empresa D ; o gesso em pó que apresentam 1,50kg/m² a mais que os consumos nas empresas pesquisadas. Pode-se perceber, também, que a empresa D e o TCPO apresentam a mão-de-obra do ajudante enquanto que a empresa C opta pela realização do serviço utilizando apenas a mão-de-obra do gesseiro. Sabendo que as empresas construtoras pagam o equivalente a R$ 1,50/m² de revestimento de forro de gesso e que o consumo do gesseiro é de 1,20h/m², tem-se o valor do preço unitário da hora do gesseiro inferior a do servente, ou seja, R$ 1,25/h. Isso nos mostra, mais uma vez, que o uso do TCPO é, em alguns casos, inviável para ser utilizado pelas empresas construtoras de João Pessoa. 4. Conclusão Considerando-se que atualmente o mercado torna-se a cada dia mais competitivo, as empresas que conseguirem diminuir, ao máximo, seus custos, e principalmente suas perdas, ganharão mais espaços. Tal fato nos leva a repensar que a composição de indicadores próprios para a 8

confecção de seus orçamentos deve ser a decisão mais correta a ser tomada, uma vez que, quanto mais preciso for o orçamento, mais fácil será conseguido o controle dos custos. Tal situação pode ser alcançada à medida que as empresas, ao executarem seus serviços/atividades, montem um banco de dados, a partir de outras obras já executadas, para elaborar indicadores próprios de forma a garantir uma maior precisão nos seus orçamentos. Pode-se perceber, através desse estudo, que existem bastantes diferenças em relação ao consumo de mão-de-obra e dos principais insumos, utilizados na execução dos serviços, quando comparado com o TCPO (PINI, 2003). Independentemente das magnitudes dessas diferenças, as empresas construtoras da grande João Pessoa utilizam o TCPO 12 (2003) para elaboração de seus orçamentos, correndo um sério risco de obterem resultados bastante diferenciados dos seus verdadeiros consumos (custos). As diferenças encontradas comprometem os planejamentos obtidos pela construtora, principalmente os planejamentos financeiros, fazendo com que os valores dos produtos das empresas lançados no mercado sejam menos competitivos. A utilização de indicadores de mercado diferem dos dados obtidos nas obras. Pois, existem métodos e materiais diferentes para a execução de uma mesma atividade, devido às diferenças existentes em cada região do Brasil, desta forma a utilização do TCPO, torna-se em parte inviável, uma vez que, as composições nele contidas, são elaboradas de acordo com as peculiaridades das empresas do eixo Sul e Sudeste do país. Mas, mesmo assim as empresas de João Pessoa as utilizam. Referências. AGOPYAN, V.; SOUZA, U. E. L.;PALIARI, J. C.; ANDRADE, A. C.. Alternativas para a redução do desperdício de materiais nos canteiros de obras. Brasil - Porto Alegre, RS. 2003. Inovação, gestão da qualidade e produtividade e disseminação do conhecimento na construção habitacional. Porto Alegre, RS: ANTAC, 2003. cap. 10. p. 224-249. AVILA, A.V.; JUNGLES, A.E. Apostila de BDI. UFSC, Florianópolis/SC, 2003. CABRAL, E.. Proposta de Metodologia de Orçamento Operacional para Obras de Edificação, Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis/SC, UFSC, 1988. FORMOSO C. T.. Estimativas de Custos de Obras de Edificação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Caderno técnico do curso de pós-graduação em Engenharia Civil, 1986. KNOLSEISEN, P. C.. Compatibilização de Orçamento com o Planejamento do Processo de Trabalho para Obras de Edificações. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis/SC, 2003. LIBRELOTTO, L. I. ; FERROLI, P. C. ; VARVAKIS. G.. Custos na Construção Civil: Uma Análise Teórica e Comparativa. In: ENTAC98, 1998, Florianópolis - SC. VII Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído / Qualidade no Processo Construtivo, 1998. v. 1. p. 399-406. NEVES, R. M.; COELHO, H. O.; FORMOSO C. T.. Aprendizagem na implantação do PCP. Anais do Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 22º, 2002, Curitiba, 2002. PINI. TCPO 12 - Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos. São Paulo: PINI, 2003. SOIBELMAN, L.. As perdas de materiais na construção de edificações: Sua incidência e controle. Porto Alegre, 1993. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. SOLANO, R.S.; PICORAL, R.B.. Orçamento: Indutor da qualidade dos projetos de edifícios. In. CONGRESSO TÉCNICO CIENTÍFICO DE ENGENHARIA CIVIL, Anais, Florianópolis, abril, 1996. 9

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