Aula 5 30/09/13 Sumário

Documentos relacionados
ESTRUTURA DAS PROTEÍNAS

BIOQUÍMICA I 1º ano de Medicina Ensino teórico 2010/2011

Peptídeos e Proteínas: Estrutura de Proteínas

Proteínas são organizadas em níveis. Na aula passada... Cadeia polipetídica na conformação estendida

ESTRUTURA DAS PROTEÍNAS

Rafael Mesquita. Proteínas. Estrutura

29/08/2015 QUÍMICA DE PROTEÍNAS. Medicina Veterinária IBGM - IBS. Medicina Veterinária IBGM - IBS

Estrutura Secundária

Proteínas. Proteínas são polímeros de aminoácidos

Universidade de São Paulo QFL0343: Reações de Compostos Orgânicos II e Biomoléculas Grupo 2: Peptídeos e Proteínas - Estrutura de Proteínas

ESTRUTURA DAS PROTEÍNAS

Aula: 18 Temática: Estrutura dos aminoácidos e proteínas parte III

Proteínas São macromoléculas complexas, compostas de aminoácidos, e necessárias para os processos químicos que ocorrem nos organismos vivos

O QUE É UMA PROTEÍNA?

Proteínas. Profa. Alana Cecília

BIOQUÍMICA PARA ODONTO

LIGAÇÕES QUÍMICAS REVISÃO

Aula 1. Referência. Bancos de Dados. Linguagem x Informação. Introdução a Bioquímica: Biomoléculas. Introdução ao Curso: Aminoácidos.

Aminoácidos peptídeos e proteínas

Estruturas β. Cadeias β anti-paralelas φ = -139, ψ= Cadeias β paralelas φ = -119, ψ= +113

PROTEÍNAS AMINOÁCIDOS AMINOÁCIDOS ESTRUTURA DE AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS 31/03/2018

Introdução. Estrutura dos Aminoácidos e Proteínas. Aminoácidos componentes de proteínas. Aminoácidos componentes de proteínas 10/02/2012.

BÁSICA EM IMAGENS. Aminoácidos, peptídeos e proteínas

Interacções em moléculas biológicas

Disciplina de Proteômica. Caroline Rizzi Doutoranda em Biotecnologia -UFPel

Dos genes às proteínas

Bioinformática Estrutural Aula 1

Componentes Químicos das Células

REVISÃO: ENADE BIOQUÍMICA - 1

AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS: ESTRUTURA E FUNÇÕES

Aminoácidos e proteínas

Biologia Molecular (Parte I)

PROTEÍNAS. A palavra proteína derivada de proteos, (grego = primeira ou a mais importante)

LIGAÇÃO PEPTÍDICA. ligação peptídica DIPEPTÍDEO AMINOÁCIDOS

Ligação Iónica. é também superior (993 ºC 800 ºC)

Proteínas. - Revisão - Prof a. Dr a. Elisa d Avila Costa Cavalcanti. Bromatologia EN/UNIRIO

Origem grego (protos) primeira, mais importante

Proteínas FUNDAÇÃO CARMELITANA MÁRIO PALMÉRIO FACIHUS - FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

Tipos de Dados Biológicos e Multimídia

Aminoácidos (aas) Prof.ª: Suziane Antes Jacobs

Macromolécula mais abundante nas células

Proteínas. Prof.: Matheus de Souza Gomes Disciplina: Bioquímica I

Princípios fisico-químicos laboratoriais. Aula 08 Profº Ricardo Dalla Zanna

Estrutura. Estrutura 29/10/2010. Visão Geral Existem 4 níveis de estrutura de proteínas:

Interações de van der Waals. Interações de van der Waals. Interações de van der Waals.

Aminoácidos, Péptidos e Proteínas

Profº Lásaro Henrique

Composição e Estrutura Molecular dos Sistemas Biológicos

Estrutura tridimensional das proteínas

Aula 2: Estrutura e Função de Proteínas

FFI0750 Biologia Molecular Estrutural

PROTEÍNAS. Um polipeptídeo de dimensão macromolecular ou um conjunto de polipeptídeos associados entre si constituem proteínas.

Aula 5 Estrutura e função de proteínas

Proteínas: propriedades conformacionais

Biomoléculas e processos Passivos/Ativos na célula

INTRODUÇÃO Á BIOQUÍMICA

NÓS SOMOS AS NOSSAS PROTEÍNAS

Soluções para Conjunto de Problemas 1

Biomoléculas. * Este esquema não está a incluir as Vitaminas que são classificadas no grupo de moléculas orgânicas. Biomoléculas

PROTEÍNAS PROTEÍNAS PROTEÍNAS FUNÇÃO BIOLÓGICA DAS PROTEÍNAS FUNÇÃO BIOLÓGICA DAS PROTEÍNAS 06/04/15

Rafael Mesquita. Proteínas. Enovelamento, Desnaturação e Função

Biologia e Geologia 10º ano. Natércia Charruadas 2011

IFSC Campus Lages. Tradução. Biologia Molecular Prof. Silmar Primieri

Prof. Marcelo Langer. Curso de Biologia. Aula Genética

- Apresentam uma fórmula básica: um átomo central de carbono onde se ligam:

Proteínas funcionais: hemoglobina e mioglobina

Biomoléculas e processos Passivos/Ativos na célula

Lista de Exercícios de Bioquímica

Caracterização e classificação de proteínas. Desafio de Paracelsus

BIOENGENHARIA I UFPB CT DEQ Prof. Sharline Florentino de Melo Santos

Constituintes básicos de uma célula - Biomoléculas. Biomoléculas

UNIFESO Engenharia Ambiental Prof.: Edson R. Fernandes dos Santos Aminoácidos

São macromoléculas formadas pela união de muitos aminoácidos. Esses aminoácidos estão ligados um ao outro por meio de ligações peptídicas.

ORDEM. Periocidade. SÓLIDO CRISTALINO OU CRISTAL agregado ordenado e periódico de átomos, moléculas ou iões, formando uma estrutura cristalina regular

A célula e seus Constituintes Moleculares

8/30/2010. Aula 4 Interações fracas. Introdução a Bioquímica: Biomoléculas. Intermolecular Intramolecular

Aminoácidos. Prof. Dr. Walter F. de Azevedo Jr. Laboratório de Sistemas BioMoleculares. Departamento de Física. UNESP São José do Rio Preto. SP.

Ciência que estuda a química da vida

Proteínas - I. (Estrutura) Bioquímica Prof. Dr. Marcelo Soares

Proteínas funcionais: hemoglobina e mioglobina

Grupo 14 - Ácidos Nucléicos: Nucleotídeos, DNA e RNA.

Revisão de Química Básica Aplicada à Bioquímica II. Bioquímica Prof. Msc Brunno Macedo

CLASSIFICAÇÃO DAS CADEIAS ORGÂNICAS

Lista de Exercícios Aminoácidos e Proteínas

13/08/2018. Escala de ph. Escala de ph. Crescimento básico. Crescimento ácido. Neutro. básico

Lista de exercícios. Biofísica.

8ª aula teórica Proteínas estruturais: colagénio, queratina e elastina. Bibliografia

Visualização de Hélices

Ciência que estuda a química da vida (características dos seres vivos)

Ciência que estuda a química da vida (características dos seres vivos)

Apostila de Química 04 Compostos Orgânicos

Hidrofobicidade. processo foi sucintamente descrita por G.S.Hartley em 1939:

Módulo 1 - A Ciência e os Blocos Construtores da Vida

Estrutura tridimensional das proteinas

Engenharia de Proteínas 2017 Ciências Biológicas FCAV/UNESP. Prof. Marcos Túlio Oliveira Depto. Tecnologia

14/02/2017. Genética. Professora Catarina

b

EVENTOS CO e PÓS TRADUCIONAIS

Aminoácidos e Peptídeos

Universidade Salgado de Oliveira Disciplina de Bioquímica Básica Proteínas

Transcrição:

Aula 5 30/09/13 Sumário Proteínas Níveis de organização estrutural Estrutura primária Estrutura secundária Hélice, folha, voltas ou loops, random coil Estrutura terciária Motivos, Domínios Estrutura quaternária Forças estabilizadoras da estrutura proteica Ligações não-covalentes Ligações covalentes

Níveis de Organização Estrutural Proteínas Estrutura Primária Sequência de aa Estrutura Secundária Arranjo espacial local da cadeia polipeptídica Estrutura Quaternária Arranjo espacial das diferentes estruturas terciárias Estrutura Terciária Arranjo espacial organizado dos elementos da estrutura secundária

Random Coil Proteínas Estruturas Secundárias Cadeia Voltas ou loops Hélice Estruturas Locais Regulares

Hélices N-terminal Formas mais abundantes Resíduos consecutivos com os ângulos: de 60º e de 50º Ligações de H entre C=O do resíduo n e o N-H do resíduo n+4 (todos os referidos resíduos envolvidos em ligações de H excepto o 1º e o último), ligações intracatenárias Extremidades polares 3.6 resíduos por volta (tamanho médio 10 resíduos) Grupos R orientados para fora da hélice, interacções entre os resíduos podem estabilizar ou não a hélice Ala, Glu, Leu e Met mais favoráveis Pro, Gly, Tyr e Ser menos favoráveis Localização na superfície da proteína com resíduos hidrófilos orientados para o exterior C-terminal

Hélices Enrolamento para a esq. ou para a direita: Mais comum

Cadeia N-terminal Ângulos de torsão adoptam posição mais estendida, impedindo a formação de ligações de H intracatenárias: de 140º e de 130º Cada cadeia constituída por 5-10 resíduos de aminoácidos Os grupos R encontram-se orientados para fora da cadeia, em direcções opostas (não há interacções) Potencial para serem anfipáticas (face polar e face apolar) C-terminal

Folha paralela e anti-paralela Ligações de H: entre o grupo C=O e o grupo N-H de diferentes cadeias (ligações mais curtas do que na hélice ) anti-paralela paralela

Folha paralela e anti-paralela Proteínas Torsão natural

Voltas ou loops 1/3 resíduos fazem parte destas estruturas Alteram a direcção da cadeia polipeptídica Locais de reconhecimento de anticorpos, fosforilação, glicosilação, hidroxilação, etc Mais comuns: voltas e voltas

Envolvem 4 resíduos de aminoácidos Apenas se estabelece ligação de H entre: o grupo C=O do 1º aminoácido e o grupo N-H do 4º aminoácido Os aminoácidos preferenciais são a Gly (pequeno e flexível) e a Pro (configuração cis da cadeia polipeptídica favorável à formação de uma volta) Dividem-se em: Proteínas Voltas tipo I e II voltas tipo I voltas tipo II (3º aminoácido - Gly)

Voltas Constituídas apenas por 3 resíduos de aminoácidos Estabelece uma ligação de H entre: o grupo C=O do 1º aminoácido e o grupo N-H do 3º aminoácido

Frequências relativas dos 20 aa nas diferentes estruturas secundárias

Estrutura terciária O modo como as unidades de estruturas secundárias se associam entre si para originar uma conformação tridimensional Estruturas supra-secundárias (motivos) Domínios

O modo como as unidades de estruturas secundárias se associam entre si para originar uma conformação tridimensional Motivos Domínios

Motivos (ou estruturas supra-secundárias) Combinações de 2 a 4 estruturas secundárias sucessivas que contactam entre si, com um arranjo geométrico específico Podem estar associados ou não a uma função particular Zn finger ( ) Hélice-loop-hélice

Domínios Agrupamento de várias estruturas secundárias formando estruturas locais compactas semi-independentes, geralmente associados a uma função; Suficientemente estáveis para fazerem um folding independente; Quando produzidos independentemente geralmente obtêm-se fragmentos com estabilidade em solução e por vezes com a função original (na proteína full-length) Domínio ACT

Domínios Proteínas Classificação: SCOP (Structural Classification Of Proteins) http://scop.mrc-lmb.cam.ac.uk/scop/

Domínios Proteínas Classificação: SCOP (Structural Classification Of Proteins)

Domínios Proteínas Classificação: SCOP (Structural Classification Of Proteins) All alpha All beta Alpha and beta (a/b) Hemoglobina humana Alpha and beta (a + b) Transtirretina humana Small proteins Triose fosfato isomerase Proteína de ligação à TATA-box Toxina do escorpião

Domínios Vários motivos podem-se agrupar formando estruturas locais compactas semi-independentes Estrutura secundária Estrutura supra-secundária Associações mais alargadas de estruturas supra secundárias (domínios) (só ) (, ) (só )

Estrutura Quaternária O modo como duas ou mais cadeias polipeptídicas (sub-unidades) podem associar-se entre si para formar uma proteína 1 Sub-unidade Prot. Monomérica (não apresenta estr. quaternária) 2 Sub-unidades Prot. Multimérica iguais entre si homomérica diferentes entre si - heteromérica Número de unidades variável (de 2 a centenas) Classificação de acordo com o eixo de simetria apresentado entre as subunidades

Simetria diédrica (D N ): 2xn unidades idênticas em torno de um eixo rotacional Hemeritrina

Simetria octaédrica (O) Simetria tetraédrica (T)

Simetria icosaédrica (I) Vírus da poliomielite Simetria helicoidal Vírus do mosaico do tabaco (2130 sub-unidades idênticas)

Função Proteica Conformação estrutural Capacidade de interacção com o meio envolvente (água, sais, membranas, outras proteínas, DNA, etc) Ligações não-covalentes I. Interacções electroestáticas II. Forças de Van der Waals III. Interacções hidrófobas Ligações covalentes Pontes de Enxofre

I. Interacções Electroestáticas Interacções iónicas ou pontes salinas (entre grupos com cargas diferentes) Salt bridge - when the charged groups are quite far away from each other, for example up to 8 or even 12 Ångström

Pontes de H

Pontes de H (dentro da mesma cadeia polipeptídica)

Pontes de H (entre diferentes cadeias polipeptídicas)

Pontes de H. Envolver os átomos da ligação peptídica. Envolver grupos R de resíduos de AA

II. Interacções de van der Waals Quando dois átomos não carregados se encontram na vizinhança um do outro e a sua nuvem electrónica influencia a outra; leva à criação de um dipolo transitório fazendo com que os núcleos se aproximem um do outro

Interacções hidrófobas Formam-se quando moléculas apolares se juntam para minimizar o contacto com a água Water tends to form ordered cages around non-polar groups (hydrophobic hydration) which leads to a decrease in entropy of the system. These water molecules gain entropy when they are released after hydrophobic surfaces are put in contact with each other. This contributes in a very favorable way to the free energy of stabilisation of the protein. Water is therefore fundamental in protein folding because of its role in defining hydrophobic attractions.

Ligações Covalentes Ligações dissulfureto: Cys-Cys (formando a Cistina) Ribonuclease: Insulina:

Ligação peptídica (covalente) Ligações de H Interacções eleesctrotáticas Interacções hidrófobas Forças de Van der Waals Ligações de S (covalente) Interacções electroestáticas Interacções hidrófobas Forças de Van der Waals Ligações de S (covalente)