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Com a citada modificação, o artigo 544, do CPC, passa a vigorar com a seguinte redação:

Transcrição:

Decisão sobre Repercussão Geral DJe 01/12/2011 Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 12 13/10/2011 PLENÁRIO REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 628.075 RIO GRANDE DO SUL RELATOR : MIN. JOAQUIM BARBOSA RECTE.(S) :GELITA DO BRASIL LTDA ADV.(A/S) : MARCELO SILVA POLTRONIERI E OUTRO(A/S) RECDO.(A/S) :ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ICMS. GUERRA FISCAL. CUMULATIVIDADE. ESTORNO DE CRÉDITOS POR INICIATIVA UNILATERAL DE ENTE FEDERADO. ESTORNO BASEADO EM PRETENSA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO FISCAL INVÁLIDO POR OUTRO ENTE FEDERADO. ARTS. 1º, 2º, 3º, 102 e 155, 2º, I DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ART. 8º DA LC 24/1975. MANIFESTAÇÃO PELA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL DA MATÉRIA. Decisão: O Tribunal reconheceu a existência de repercussão geral da questão constitucional suscitada, vencido o Ministro Marco Aurélio. Não se manifestaram os Ministros Cezar Peluso, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia. Ministro JOAQUIM BARBOSA Relator documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1594776.

Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 12 13/10/2011 PLENÁRIO REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 628.075 RIO GRANDE DO SUL CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ICMS. GUERRAL FISCAL. CUMULATIVIDADE. ESTORNO DE CRÉDITOS POR INICIATIVA UNILATERAL DE ENTE FEDERADO. ESTORNO BASEADO EM PRETENSA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO FISCAL INVÁLIDO POR OUTRO ENTE FEDERADO. ARTS. 1º, 2º, 3º, 102 e 155, 2º, I DA CONSTITUIÇÃO. ART. 8º DA LC 24/1975. MANIFESTAÇÃO PELA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL DA MATÉRIA. M A N I F E S T A Ç Ã O O Senhor Ministro Joaquim Barbosa (Relator): Trata-se de recurso extraordinário (art. 102, III, a, c e d da Constituição) interposto de acórdão prolatado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Em seu acórdão, o Tribunal de origem entendeu ser constitucional e legítima legislações local e federal que permitiriam ao ente federado negar ao adquirente de mercadorias o direito ao crédito de ICMS destacado em notas fiscais, nas operações interestaduais provenientes de estados da Federação que concedessem benefícios fiscais inconstitucionais ou ilegais. Em síntese, sustenta-se que o estorno dos créditos é inconstitucional e ilegal, pois ele: a) Viola a regra da não-cumulatividade, na medida em que impede que o contribuinte credite-se do valor do tributo cobrado na operação precedente (art. 155, documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1594777.

Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 12 2º, I da Constituição); b) Ofende o pacto federativo, dado que nenhum ente federado pode declarar a inconstitucionalidade de legislação de outro membro da Federação (inconstitucionalidade do art. 8º da LC 24/1975 arts. 1º, 2º, 102 e 155, 2º, I da Constituição); c) Adota presunção legal proibida, ao reconhecer sem possibilidade de discussão que todas as operações realizadas com empresas localizadas no Estado do Paraná são beneficiárias de incentivo fiscal viciado (invalidade do art. 16 da Lei estadual 8.820/1989, de acordo com a sistemática de compensação estabelecida na Lei Complementar 87/1996). Ante o exposto, pede-se a reforma do acórdão recorrido, para assegurar o direito ao creditamento integral do valor destacado na respectiva nota fiscal que acoberta a entrada do bem (ICMS), bem como para permitir a utilização dos crédito que teriam deixado de ser aproveitados em razão das ilícitas vedações. A intimação para ciência do acórdão foi publicada em 15.12.2006, portanto, em momento no qual inexigível o requisito da preliminar formal de repercussão geral (Fls. 174). É o relatório. Encaminho aos eminentes pares o exame da repercussão geral da matéria. O tema discutido neste recurso extraordinário é grave. Ele coloca em risco o desenvolvimento de atividades econômicas lícitas, a manutenção de empregos e a harmonia entre entes federados. É lícito presumir que estes casos perdem-se na classificação mais genérica de assuntos normalmente 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1594777.

Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 12 rotulados apenas como ICMS Não Cumulatividade ou ICMS Crédito. Esta Corte recebeu e recebe constantemente inúmeras ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas contra alegadas concessões inconstitucionais de incentivos tributários. Segundo a página de notícias desta Corte na internet, entre novembro de 2010 e janeiro de 2011, onze ações diretas de inconstitucionalidade sobre a concessão ilegal de benefícios fiscais foram protocoladas. Para solucionar o que entendem como lesões aos interesses locais, alguns entes federados têm anulado unilateralmente os efeitos econômicos dos benefícios fiscais, com o uso da autonomia legislativa e administrativa que a Constituição lhes confere. Em resposta, o ente federado concessor do benefício retalia, com similar glosa de créditos, a concessão de mais incentivos ou a colocação de barreiras burocráticas desnecessariamente custosas e lentas. A questão de fundo trazida nestes autos consiste em saber se os entes federados podem reciprocamente retaliarem-se por meio de sua autonomia ou, em sentido diverso, compete ao Poder Judiciário exercer as contramedidas próprias da atividade de moderação (checks and counterchecks). Penso que a matéria transcende interesses individuais meramente localizados e tem relevância institucional incomensurável. Nesse sentido, anoto que é imprescindível determinar se as retaliações unilaterais têm amparo na Constituição, considerados dois valores fundamentais: a autonomia dos entes federais periféricos para dar efetividade à sua vontade política, de um lado, e a harmonia federativa, do outro. 3 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1594777.

Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 12 Também registro que a imprensa tem noticiado o sistemático desrespeito às decisões desta Corte sobre a inconstitucionalidade de benefícios fiscais em matéria de ICMS, situação que afeta diretamente o apelo à retaliação unilateral como forma de se dar efetividade à interpretação que o ente federado faz da Constituição. Por fim, quanto à possibilidade de se conferir a repercussão geral com ênfase no tema, e não na submissão de recurso específico ao requisito, lembro que esta Suprema Corte já considerou a hipótese viável, ao reconhecer a repercussão geral da matéria debatida no RE 242.689-RG, distribuído nesta Corte no ano de 2000. Portanto, proponho à Corte que se reconheça a repercussão geral da matéria constitucional versada nestes autos. Entendo que, no caso dos autos, está presente o requisito da repercussão geral a que fazem alusão os arts. 102, 3º, da Constituição, 543-A, 1º, do Código de Processo Civil, e 323 do RISTF. É como me manifesto. 4 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1594777.

Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 12 REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 628.075 RIO GRANDE DO SUL PRONUNCIAMENTO RECURSO EXTRAORDINÁRIO REGÊNCIA AUSÊNCIA DE CAPÍTULO REFERENTE À REPERCUSSÃO GERAL INSERÇÃO NO PLENÁRIO VIRTUAL INADEQUAÇÃO. 1. A Assessoria prestou as seguintes informações: Eis a síntese do que discutido no Recurso Extraordinário nº 628.075/RS, da relatoria do Ministro Joaquim Barbosa, inserido no sistema eletrônico da repercussão geral às 13 horas e 41 minutos do dia 23 de setembro de 2011. A Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, no julgamento da Apelação Cível nº 70015282189, negou-lhe provimento, mantendo a sentença mediante a qual se afastou o creditamento integral do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ICMS, cobrado e destacado nas notas fiscais, nas operações de compra e venda, realizadas pela recorrente, de pele e de couro provenientes de frigoríficos localizados no Estado do Paraná. Consignou que a redução da base de cálculo do tributo nas operações de saída, versada na legislação do Estado paranaense, configura hipótese de não incidência parcial, estando correta a exigência de estorno proporcional do respectivo crédito, não havendo que se falar em ofensa ao princípio da não cumulatividade, previsto no artigo 155, 2º, inciso I, do Diploma Maior, sendo esse o posicionamento firmado no Supremo. Assentou a constitucionalidade do artigo 16, inciso II, da Lei nº 8.820/89 do Estado do Rio Grande do Sul, cujo teor impede o

Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 12 aproveitamento de créditos fiscais no percentual de 7% quando houver redução de base de cálculo do tributo nas operações interestaduais de saída de mercadorias. Os embargos de declaração interpostos foram acolhidos em parte, somente para correção de erro material. No extraordinário protocolado com alegada base nas alíneas a, c e d do permissivo constitucional, a recorrente argui transgressão aos artigos 1º, 2º e 155, 2º, inciso II, do Diploma Maior. Aduz ter-se, na decisão atacada, ao não se admitir a compensação integral do crédito pleiteado, pago em etapa anterior, violado o princípio da não cumulatividade, resultando em enorme prejuízo, porquanto sofrerá exigência cumulativa do ICMS, conduta vedada pelo Texto de 1988. Diz ser inválida a Lei estadual nº 8.820/89, pois, ao excluir a possibilidade do creditamento integral, contrariou regras e princípios contidos na Carta Federal. Sustenta a inconstitucionalidade do artigo 8º da Lei Complementar nº 24/75, porque não caberia ao Poder Executivo do Estado deixar de aplicar, sem submeter ao Judiciário, normas editadas por outro ente federado, sob pena de transgressão ao princípio da separação dos poderes. Afirma inexistir, na Lei Complementar nº 87/96, dispositivo que autorize o Estado a limitar ou proibir o direito a compensação, quando da realização de operações de compra e venda de mercadorias que resultem em crédito de ICMS. Aponto a ausência da preliminar de repercussão geral, haja vista ter sido o acórdão publicado em 15 de dezembro de 2006, isto é, anteriormente à entrada em vigor do aludido sistema. O Estado do Rio Grande do Sul, nas contrarrazões, defende o acerto do ato impugnado, salientando inexistir ofensa ao princípio da não cumulatividade, ante a falta de 2

Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 12 recolhimento do tributo cujo crédito a recorrente pretende compensar. O extraordinário não foi admitido na origem. O relator deu provimento ao agravo, convertendo-o em recurso extraordinário. Eis o pronunciamento do relator, Ministro Joaquim Barbosa: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ICMS. GUERRAL FISCAL. CUMULATIVIDADE. ESTORNO DE CRÉDITOS POR INICIATIVA UNILATERAL DE ENTE FEDERADO. ESTORNO BASEADO EM PRETENSA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO FISCAL INVÁLIDO POR OUTRO ENTE FEDERADO. ARTS. 1º, 2º, 3º, 102 e 155, 2º, I DA CONSTITUIÇÃO. ART. 8º DA LC 24/1975. MANIFESTAÇÃO PELA EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL DA MATÉRIA. Trata-se de recurso extraordinário (art. 102, III, a, c e d da Constituição) interposto de acórdão prolatado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Em seu acórdão, o Tribunal de origem entendeu ser constitucional e legítima legislações local e federal que permitiriam ao ente federado negar ao adquirente de mercadorias o direito ao crédito de ICMS destacado em notas fiscais, nas operações interestaduais provenientes de estados da Federação que concedessem benefícios fiscais inconstitucionais ou ilegais. Em síntese, sustenta-se que o estorno dos créditos é inconstitucional e ilegal, pois ele: 3

Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 12 a) Viola a regra da não-cumulatividade, na medida em que impede que o contribuinte credite-se do valor do tributo cobrado na operação precedente (art. 155, 2º, I da Constituição); b) Ofende o pacto federativo, dado que nenhum ente federado pode declarar a inconstitucionalidade de legislação de outro membro da Federação (inconstitucionalidade do art. 8º da LC 24/1975 arts. 1º, 2º, 102 e 155, 2º, I da Constituição); c) Adota presunção legal proibida, ao reconhecer sem possibilidade de discussão que todas as operações realizadas com empresas localizadas no Estado do Paraná são beneficiárias de incentivo fiscal viciado (invalidade do art. 16 da Lei estadual 8.820/1989, de acordo com a sistemática de compensação estabelecida na Lei Complementar 87/1996). Ante o exposto, pede-se a reforma do acórdão recorrido, para assegurar o direito ao creditamento integral do valor destacado na respectiva nota fiscal que acoberta a entrada do bem (ICMS), bem como para permitir a utilização do crédito que teriam deixado de ser aproveitados em razão das ilícitas vedações. A intimação para ciência do acórdão foi publicada em 15.12.2006, portanto, em momento no qual inexigível o requisito da preliminar formal de repercussão geral (Fls. 174). É o relatório. Encaminho aos eminentes pares o exame da repercussão geral da matéria. O tema discutido neste recurso extraordinário é 4

Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 12 grave. Ele coloca em risco o desenvolvimento de atividades econômicas lícitas, a manutenção de empregos e a harmonia entre entes federados. É lícito presumir que estes casos perdem-se na classificação mais genérica de assuntos normalmente rotulados apenas como ICMS Não Cumulatividade ou ICMS Crédito. Esta Corte recebeu e recebe constantemente inúmeras ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas contra alegadas concessões inconstitucionais de incentivos tributários. Segundo a página de notícias desta Corte na internet, entre novembro de 2010 e janeiro de 2011, onze ações diretas de inconstitucionalidade sobre a concessão ilegal de benefícios fiscais foram protocoladas. Para solucionar o que entendem como lesões aos interesses locais, alguns entes federados têm anulado unilateralmente os efeitos econômicos dos benefícios fiscais, com o uso da autonomia legislativa e administrativa que a Constituição lhes confere. Em resposta, o ente federado concessor do benefício retalia, com similar glosa de créditos, a concessão de mais incentivos ou a colocação de barreiras burocráticas desnecessariamente custosas e lentas. A questão de fundo trazida nestes autos consiste em saber se os entes federados podem reciprocamente retaliarem-se por meio de sua autonomia ou, em sentido diverso, compete ao Poder Judiciário exercer as contramedidas próprias da atividade de moderação (checks and counterchecks). Penso que a matéria transcende interesses individuais meramente localizados e tem relevância 5

Inteiro Teor do Acórdão - Página 11 de 12 institucional incomensurável. Nesse sentido, anoto que é imprescindível determinar se as retaliações unilaterais têm amparo na Constituição, considerados dois valores fundamentais: a autonomia dos entes federais periféricos para dar efetividade à sua vontade política, de um lado, e a harmonia federativa, do outro. Também registro que a imprensa tem noticiado o sistemático desrespeito às decisões desta Corte sobre a inconstitucionalidade de benefícios fiscais em matéria de ICMS, situação que afeta diretamente o apelo à retaliação unilateral como forma de se dar efetividade à interpretação que o ente federado faz da Constituição. Por fim, quanto à possibilidade de se conferir a repercussão geral com ênfase no tema, e não na submissão de recurso específico ao requisito, lembro que esta Suprema Corte já considerou a hipótese viável, ao reconhecer a repercussão geral da matéria debatida no RE 242.689-RG, distribuído nesta Corte no ano de 2000. Portanto, proponho à Corte que se reconheça a repercussão geral da matéria constitucional versada nestes autos. Entendo que, no caso dos autos, está presente o requisito da repercussão geral a que fazem alusão os arts. 102, 3º, da Constituição, 543-A, 1º, do Código de Processo Civil, e 323 do RISTF. É como me manifesto. 2. Conforme ressaltado nas informações, o acórdão impugnado mediante o extraordinário teve notícia veiculada em 15 de dezembro de 2006, ou seja, em data anterior à entrada em vigor do sistema de repercussão geral. Daí não haver, nas razões do extraordinário, capítulo relativo à matéria. 6

Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 12 3. Pronuncio-me pela inadequação da inserção do processo no Plenário Virtual e, portanto, pela inadequação da repercussão geral vislumbrada pelo relator. 4. À Assessoria, para acompanhar o incidente. 5. Publiquem. Brasília residência, 3 de outubro de 2011, às 19h35. Ministro MARCO AURÉLIO 7